◽oito anos depois◽

Fevereiro, Califórnia

Sara

Eu tinha a certeza agora. O meu sonho não tinha acabado apenas tinha sido finalmente realizado. Aquele mês foi o melhor de todos os meses que já vivi em toda a minha vida. Eu conheci a minha banda preferida, o que poderia uma fangirl pedir mais? Em vez de chorar como uma garota patética, eu agora sorrio ao lembrar desses momentos. O meu sonho foi realizado.

A minha grande duvida era o que fazer depois disso. Se eu tinha realizado o meu sonho o que raio eu ia fazer depois?

Bastava-me arranjar outro sonho.

Depois de acabar o secundário concorri por um lugar em dezenas de faculdades no exterior enviando o meu portefólio para as mesmas.

Não, não fui aceite em todas elas mas por sorte fui aceite numa espetacular.

The California College of the Arts.
Fiz o curso de Artes e Design e bem, foi muito dificil: adaptar-me a um novo pais, estar longe da familia...
Mas eu sou feliz aqui. Trabalho em Emeryville, nos estúdios da Pixar. Exatamente,na industria dos filmes animados. Quem diria? Mas não se entusiasmem demais, ainda sou uma simples assistente.

Eu já disse que adoro a América?
Neste momento estou a comprar pizza, duas caixas onde estão deliciosos discos de massa fermentada de farinha de trigo, cobertas com molho de tomate e os ingredientes variados que normalmente incluem algum tipo de queijo, carnes preparadas ou defumadas e ervas, normalmente orégão ou manjericão, acabadas de sair do forno.

Não, não vou comer duas pizzas inteiras. Só vou comer uma. A outra destina-se ao meu colega de quarto, Logan. As despesas não se pagam sozinhas por isso como já nos conhecíamos da faculdade resolvemos alugar um apartamento juntos.

Depois de pagar as pizzas fui para casa, esforçando-me ao máximo para não abrir uma das caixas e comer ferozmente uma ou duas fatias de pizza...ou a pizza toda?

—CHEGUEI LOGAN! -praticamente gritei pousando as chaves na mesinha alta do hall de entrada.

—Sabe que eu amo a sua voz. -ele falava da cozinha. -Mas não precisa gritar.

—Desculpe. -ri.

—Estava agora mesmo a começar a fazer o jantar.

—Não precisa. -falei da porta da cozinha sorrindo. -Olhe o que eu trouxe.

O rosto de Logan encheu-se de felicidade e ele correu até mim.

—Até lhe dava um abraço, -ele tirou-me uma das caixas.- mas estou com muita fome.

—Eu compreendo. -sentei-me ao pé dele, na mesa da cozinha. -Depois de uma semana de comida saudável.... -fiz uma pausa para trincar uma fatia. -A gente merece.

Não, nós não somos dois gordos a fazer uma dieta -mesmo se fosse-nos não havia problema- apenas preferimos comer comida saudável diariamente. Mas há aqueles dias em que podemos fazer exceções. Grandes exceções.

—Hm...amor? -Logan falou enquanto saboreava a fatia de pizza.

—Me fala.

—Tem uma coisa para você no meio das coisas do correio.

—Se esta tentando a arranjar uma maneira de eu pagar a conta da luz...não vai funcionar.

—Não. -ele riu. -Era uma espécie de convite. Eu não percebi bem porque não estava em inglês.

Esperei acabar de jantar para ver o que raio era aquilo de que o Logan tinha falado. Apesar de ter esperado a minha vontade era de ter corrido logo no momento em que recebi a notícia.

Encontrei o tal de convite no meio de umas cartas e publicidades.

O envelope era branco mas na ponta do "triângulo" trazia um coração dourado. Estavam estampadas três letras: N & F.

Não era preciso abrir o envelope para saber o que era, mas eu fiz questão de o fazer.

"Valentinna Bartoli e Martinelle Riva e Vito Nostra Stracci e Salvatore Bellini avere il onore di invitare tuo eccellenza per prestare attenzione il nozze di loro bambini Núria Stracci e Frederico Bellini, che se svolge giorno 12 di luglio di 2027, da 14 ore in il chiesa di Santi Quattro Coronati, in Roma. Grazie conferma finché a il giorno 20 di maggio di 2027."

Valentinna Bartoli e Martinelle Riva e Vito Nostra Stracci e Salvatore Bellini têm a honra de convidar vossa excelência para assistir ao casamento dos seus filhos Núria Stracci e Frederico Bellini, que se realiza dia 12 de Julho de 2027, pelas 14 horas na Igreja de Santo Quattro Coronati, em Roma. Agradecemos confirmação até ao dia 20 de Maio de 2027.

Bloqueio a tela do telemóvel, e agradeço mais uma vez à pessoa -que eu não faço a mínima ideia quem seja- que criou o Google Tradutor.

Respirei fundo e formei um sorriso largo na minha cara. Finalmente tinha chegado o momento. O momento em que iria poder rever caras já conhecidas -já que agora a única coisa que faço é ver caras novas.

Momentos
A vida é feita deles.
Alguns trazem mágoa.
Outros felicidade.

Mas eu tenho a certeza que será um momento feliz.

Guardei com cuidado o papel dentro do envelope e voltei para perto de Logan.

—O que acha de umas férias em Itália? -dei um sorriso sincero e recebi um rosto confuso.

—Mas ainda estamos em fevereiro. -ele riu.

—Não agora idiota. -bati no ombro dele. -Em Julho! Uma amiga minha vai se casar e eu pensei que te pudesse apresentar...como meu namorado.

—É um convite muito tentador. -ele disse perto da minha boca deixando depois um beijo na mesma.

E que beijo.

⏩⏩⏩

Julho, Roma

—Tem a certeza que fica bem aqui sozinho? -perguntei enquanto ajeitava a alça do vestido vermelho.

—Claro que sim. -ele tirou o olhar da Tv e virou-o para mim. -Agora não tenho muita certeza. -ele olhou-me de cima a baixo, mordendo o lábio. -Meu deus do céu. Eu vou deixar você sair assim. -vi no reflexo do espelho que ele saiu da cama, abraçando-me pela cintura.

—Eu sabia. -fiz cara triste. -Estou muito mal.

—Nada disso. Olha para você. -ele apontou para o espelho. -Tu está deslumbrante.

—Não sei...eu não costumo usar vestidos...é muito estranho.

—Sara? -ele puxou o meu queixo com delicadeza para perto da sua boca. -Tu estás linda.

Eu amava, amava quando ele me fazia corar assim. Era simplesmente espetacular.

—Obrigada. -a minha palavra morreu nos seus lábios suaves. -Adoro-te.

—Também te adoro. -sorriu.

—Bem...eu tenho uma despedida de solteira agora mesmo, sabias? Por isso para de ser tão sedutor.

—Desculpa. -ele riu. -Acho que não consigo evitar.

Antes de sair do quarto dei um ultimo beijo na boca de Logan, seguindo depois em direção à porta de saída do hotel.

Olhei em volta: as luzes deixam as ruas de Roma ainda mais bonitas.
Foi impossível não relembrar certas coisas, certos momentos, certos beijos...

Chamei um taxi e em poucos minutos ele apareceu. Minutos que eu usei para afastar as memorias passadas -pelo menos aquelas que eu exigi não lembrar à muitos anos atrás.

Não tardou e eu cheguei na discoteca onde ia decorrer a despedida de solteira.

O cheiro a álcool e a suor -devido às muitas raparigas que dançavam tresloucadamente- foi a primeira coisa que senti ao entrar.

Eu estava completamente perdida. Como é possível a Núria conhecer tanta gente? Imagina de estivesse aqui os de sexo masculino também.

Fui até à bancada e pedi uma coca-cola.

—Coca-cola? -o barmen ,que estava com muita pouca roupa, perguntou olhando sério para mim. -Sabes que estás numa despedida de solteira? Não tens de ter vergonha de pedir algo mais forte. -o seu sorriso tornou-se atrevido.

—Obrigada, mas eu estou bem assim.

—Gostas? -uma voz apareceu ao meu lado. -Trouxe-o de propósito para ti já que é o único que sabe falar inglês.

—Nuria?

—Oi. -ela sorriu. Nuria estava ainda mais bonita que da última vez que a vi, e isso foi à dez anos atrás.

—Olá. -sorri.

—Já passaram quê? Trinta anos?

—Quase. -ri -Que saudades. -disse a abraçando.

—Mesmo.

—Meu deus, soube que estás noiva!

—Sério? Como soubeste? -ela perguntou entrando na brincadeira. -Olha-me este anel. -ela mostrou-me a mão esquerda e no seu dedo anelar estava um lindo anel que parecia brilhar mais que o sol.

—Meu deus. Isso são diamantes?

—Shhhh! -ela deu-me um tapa no braço. -Se te ouvem ainda sou assaltada.

—Desculpa. -ri. -Estás feliz?

—Muito. -ela sorriu e juro que nunca a vi com um sorriso tão grande. -Eu vou casar com o homem que mais amo no mundo. Eu sei que amanhã vai ser um dia memorável, provavelmente uma das minhas tias vai esconder doces na bolsa para depois levar para casa...mas eu sei que vai ser memorável.

—Imagino. -sorri fraco. -Deve ser incrível estar noiva.

—É lindo...mas diz-me, -ela fez uma pausa e bebeu qualquer coisa que estava no copo dela. -Como vão as coisas com o Logan?

—Vão lindamente. -sorri. -Ela é muito talentoso, simpático e...ele é muito lindo. Nem sei como arranjei um homem assim.

—Tu mereces. -ela agarrou uma das minhas mãos. -Mesmo. -sorriu. -Mal posso esperar para conhece-lo amanhã. Barman? Um copo de vodka preta para a minha amiga aqui.

—És doida...

—Ainda bem que esqueceste o Luke Hemmings. -ela bufou. -Em dez anos ele andou com quantas? Umas nove?

—Deve ter sido um recorde. -ri. -Ele deve se ter esforçado.

—Elas também. -ela observava o barman que deitava algo num copo pequeno. -Aturar o Luke Hemmings...Deve ser do pior. -ela pegou no copo que o barmen tinha preenchido antes.

—Pois...deve ser. -suspirei.

—Vá...toma isto. -ela deu-me o copo para a mão. -Tudo de uma vez.

—Não sejas louca. -disse enquanto olhava o copo. -Eu não costumo beber.

—É pena a Sofia não estar cá, não é?

Apesar de termos resolvido as coisas, eu já não falo com desde que aquilo aconteceu...Nós seguimos caminhos diferentes, diferentes e muito afastados.
Tudo o que me resta são algumas notícias na web e em poucas revistas, onde ela está com a sua perfect family.

—Emfim...pelo menos vem ao casamento.-ela suspirou. -Eu sei que o tempo que passamos juntas não foi muito e que é um bocado repentino mas...eu gosto muito de ti e quero que sejas uma das minhas damas de honor. Aceitas?

—Vai ser uma honra.

⏩

Era muito tarde quando cheguei ao hotel.
Logan já dormia obviamente. Tirei os saltos de 10 cm. Sinceramente? Só cai umas três vezes enquanto estava sóbria. Enquanto estava bêbada? Eu sei lá. Despi o vestido com dificuldade já que o fecho estava colocado nas costas. Depois de tirar as lentes de contacto vesti apenas uma t-shirt. Tenho apenas duas horas para dormir.

É melhor aproveita-las.

Nuria

—Concentração Nuria, concentração.

—Eu não me consigo concentrar com esta dor de cabeça. -disse virada para a minha mãe.

—Não bebesses tanto ontem! -ela deu-me um tapa no rabo.

—Mas mãe...

—Shhhh...Vamos, veste o vestido.

—Sim mãe.

A porta do meu quarto abriu-se, mostrando assim a silhueta de uma Sara sonolenta.

—Bom dia noiva. -ela sorriu tirando os óculos de sol que usava.

—Bom dia dama de honor. -sorri. -Mãe, podes ir preparar o véu?

—Sim, mas despacha-te porque a cabeleireira está à espera.-ela disse saindo dali em apenas segundos.

—Com que então não costumas beber hein? -eu perguntei enquanto enfiava o grande vestido no corpo.

—Ontem foi uma exceção. -ela riu. -Deixa-me ajudar-te.

Depois de o vestido estar bem colocado a Sara apertou-mo.

Um frio apareceu na minha barriga à medida que eu ficava pronta. Eu vou me casar. É agora Nuria.
Não pude resistir e procurei um espelho que não estivesse tapado e assim que vi o meu reflexo sorri.

A tradição italiana diz que a noiva é proibida de se ver ao espelho e que caso isso aconteça a noiva teria de retirar algo do seu traje. Chamei a Belinda -uma das damas de honor que se encontrava na casa- e pedi para que me tirasse a tiara que eu estava a usar.

—ONDE ESTÁ O BUQUÊ SEUS ATRASADOS MENTAIS? -a minha mãe gritava furiosa.

—A irmã do noivo ficou de o trazer. -algum dos meus parentes disse.

—Calma senhora Bartoli. -Belinda disse trazendo um conjunto de orquídeas brancas. Ele conhece-me tão bem.—Estão aqui.

—São lindas. -Sara falou observando as flores que estavam finalmente na minha mão.

—É...foi o noivo que escolheu.

⏩

—Por favor conduza mais depressa. -falei para o meu pai, que conduzia no banco da frente do carro.

—Para quê a pressa filha? É normal as noivas chegarem atrasadas.

—Não quero que ele espere muito. Ainda pensa que eu não vou aparecer.

—Tá calada menina. - a minha mãe puxou-me uma das orelhas.

—Não tentes apressar a situação. Isto é um momento único, não o apresses. -o meu pai falou.

Em poucos minutos chegamos à igreja. É agora.

Uma criança bonitinha -que provavelmente é um dos meus muitos primos- amarrou nas pontas da longa cauda do meu vestido com a ajuda da minha avó.

Toda a família tinha ido para o interior da igreja deixando apenas o meu pai, eu e a criança que amarrava o meu vestido no exterior.

—Pronta?

—Pronta. -sorri para o meu pai que agarrou-me pelo braço.

As portas foram abrindo lentamente dando-me uma ampla visão das muitas pessoas que se encontravam na cerimónia. O caminho até Frederico parecia o caminho mais longo que eu ia percorrer na vida, e o tempo que ia demorar até chegar a ele parecia infinito.

A melodia lenta começou a soar e mesmo de longe eu pude ver o sorriso mágico e viciante de Frederico.

Segundos passaram -aquele segundos que eu pensava que iam durar horas - e eu estava finalmente frente a frente com o meu noivo e futuro marido.

O meu pai deu-me um abraço com cuidado, talvez para que coisas como o vestido, penteado e maquilhagem ficassem no mesmo sítio.

O Frederico amarrou-me pelas mãos.

É agora. Este é o momento.

Sara

A cerimonia já estava no fim e eu ia poder ver finalmente a cena mais esperada do casamento: quando os dois se aceitam e colocam as alianças um no outro. Não que eu nunca tenha visto uma cena assim ou que nunca tenha ido a um casamento, apenas porque desta vez era particularmente diferente. Tudo ia ser dito em italiano e isso era novo para mim.

—Dal momento che è vostra intenzione di contrarre il sacro vincolo del matrimonio , unito le mani a destra e manifestare il suo consenso davanti a Dio e alla sua chiesa.—o padre disse e Nuria e Frederico uniram as suas mãos direitas com um sorriso no rosto.

—Ho Federico Bellini , che si ottiene per mia moglie, è Nuria Stracci , e prometto di essere fedele a te , ti amo e ti rispetta , nella gioia e nel dolore, nella salute e nella malattia , ogni giorno della nostra vita .

—I Nuria Stracci , ti ottenere per il mio sposo , è Federico Bellini , e prometto di essere fedele a te , ti amo e ti rispetta , nella gioia e nel dolore, nella salute e nella malattia , ogni giorno della nostra vita . -quando me apercebi já estavam os dois a beijaram-se docemente. Isto é, realmente, um grande momento.

⏩

Aquela mesa estava cheia de comida que parecia deliciosa, desde pastas a variados queijos.

—Isto é tipo saudável né? -Logan perguntou olhando para mim.

—Eu não quero saber, só quero comer.

Eu e Logan trouxemos toda a comida que pudemos para a nossa mesa, comendo com calma já que tínhamos a tarde e a noite toda. Se eu pretendia passar toda a festa de casamento a comer? Exatamente.

—Sara? -Logan cutucou-me o braço apontando com a outra mão para o que estava atrás de mim. O que poderia ser assim tão importante para interromper o que eu estava a ter com aquela lasanha?

Revirei os olhos e mastiguei o resto de comida que tinha na boca, afinal não queria parecer uma ursa num casamento chique como este.

Bebi um gole de água e preparei-me para o que raio estava atrás de mim.
Virei o rosto sorrindo.

Era ela.

Um sorriso estava estampado no seu rosto, o que não se apresentava na criança que amarrava a sua mão. A menina estava atenta a observar-me com uma expressão neutra.

—Olá Sara. -tudo nela estava diferente: o corte de cabelo e a cor do mesmo, o seu estilo, a sua altura -graças aos sapatos altos que usava - e principalmente a barriga enorme. Mas eu sabia, era ela.

—Menina Irwin. -continuei sorrindo. -Tudo bem?

—Sim. -ela riu. -Estou a viver o sonho. -ela passou a mão pela sua barriga que mais parecia um ovo kinder, aqueles grandes da páscoa. -Este é o Robert.

—Robert hein? Vai ser um parte corações? -engoli em seco. Toda aquela conversa, embora ainda pequena, já me estava a deixar deprimida por dentro. Ela está a viver o sonho. Um sonho bem real, cheio de momentos mais reais que aqueles eu jamais viverei.

—Se sair ao padrinho. -ela riu. -E a tua vida vai bem?

—Vai...não estou casada com um famoso mas o meu sonho não é mais esse. -ri.

—Pois...-ela olhou para a menina que agora estava escondida atrás de sua perna. -Tenho de ir procurar o Thomas. Gostei de rever-te. Até te abraçava mas...com esta barriga. -ela ria.

—É...deixa lá. -disse a vendo ir embora.

Thomas, Robert...qual seria o nome da menina? Gordon?

Suspirei de alívio enquanto Logan olhava-me curioso.

—Eu não percebo muito de português mas a conversa não pareceu muito animada. -apenas suspirei uma segunda vez e prometi a mim mesma engolir a magoa que estava quase a sair para fora. Eu pensei que ao rever Sofia iria fazer deste momento um bom momento. Eu enganei-me. -E não me apresentas-te à tua melhor amiga de adolescência. -ele riu.

—Desculpa.

Provavelmente Logan não iria acreditar mas eu nem me tinha lembrado que tinha namorado naquele momento. Eu esqueci-me completamente da minha vida, só me conseguia aperceber da vida perfeita que Sofia agora tinha. Casada com o Ashton Irwin, membro de uma banda famosa, -o que pelo menos era à uma dezena de anos atrás - de onde tinha saído três crianças bonitas e o nome delas eram uma espécie de homenagem a Calum Hood, Luke Hemmings e Michael Clifford. Era de loucos mas parecia uma vida feliz retirada de um filme romântico que acabou muito bem.

E eu? Eu era feliz?

O meu sonho realizou-se. Eu trabalho no sitio mais fantástico do mundo, tenho um namoro estável com um homem que me trata bem. Eu não podia estar mais feliz, pois não?

—Oh, eu conheço esta musica. Não me disseste que esta banda vinha. -Logan disse e os seus lábios rapidamente começaram a dublar palavras numa forma melódica.

Keep on whispering in my ear

Tell me all the things that I wanna hear

'Cause it's true, that's what I like about you

Luke

Eu sabia que ela ia estar aqui.

E agora, é exatamente onde ela está, à minha frente.

—Esta foi a "What I like about You", uma surpresa do Frederico para a Nuria.—Michael dizia perto do microfone. —Parabéns pelo casamento. Frederico, queres vir dizer algumas palavras?

O noivo acenou em confirmação e eu e os rapazes descemos do pequeno palco improvisado, ficando assim onde o resto do publico estava.

Frederico discursava qualquer coisa, certamente algumas lamechices para a noiva. Eu não tenho a certeza, afinal não estou assim tão atento. Olho a expressão assustada de Sara...é um pouco engraçada.

Ah, talvez não a tivessem avisado sobre isto. Se a avisassem, provavelmente, ela nunca teria aparecido.

Calum cutucou o meu braço fazendo com que a minha atenção virasse para ele.

—Aquela ali...-ele apontava. -Não é aquela miúda? A Sara?

—Não...ela já não é aquela miúda. -sorri.

—Percebo o que dizes. -Calum fez um sorriso torto. -Vais fazer alguma coisa?

—Certamente.

—Vai correr bem?

—Provavelmente não. -ri.

—É esse o espírito.