“Você estava olhando atenciosamente para o professor. Eu sabia que havia algo errado. Não havia um sorriso estampado em seu rosto, sua marca registrada de felicidade constante, mas eu não queria te interromper. Estava tão focada.

Você estava escapando pelos meus dedos. As conversas constantes que possuíamos sobre como íamos passar nosso futuro se tornaram escassas, e agora não existiam mais. Seus dedos encostavam-se aos meus sem a mesma firmeza daquele dia na chuva. Seus lindos olhos verdes se tornaram uma incógnita.

E não adiantava eu te perguntar se estava tudo bem. Você sempre me dizia que sim, segurava a minha mão e me falava para eu não ficar me preocupando com aquilo. Quinn, como eu não me preocuparia? Você era a minha vida.

Eu pensava que as coisas não seriam tão serias quanto foram e hoje eu me arrependo. Passaram-se quase dez anos, e agora, que eu sei não posso mais ver o seu sorriso, a ficha me caiu. As coisas não vão bem. Sophia me perguntou por que eu levantei ontem de madrugada chorando. Chega a ser irônico que eu tenho que dizer pra ela que estou triste porque a minha ex morreu. E você não só morreu Q. Você tirou sua própria vida.

Demorou. Mas eu finalmente entendi que não fui eu que tirei o brilho dos seus lindos olhos.

Me desculpa por isso. Não ter lutado mais para ver aquilo que eu considerava um paraíso pessoal. Por não ter me agarrado a cada oportunidade de tentar reaver o brilho. Por não ter perguntado mais se estava tudo bem. Por ter desistido de nós. Por ter te deixado prestar atenção naquela aula.”