Just U escrita por Amarulla


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Pus tanto aviso, mas nem é tão pesado assim.
Só quis garantir hahaha. Aviso: tem referência para KuroKen.

Céus, estou tanto tempo sem postar nada aqui que vim numa onda de coragem jogar Just U e sair correndo!
Não escrevo há meses hahahah. Sou nova no fandom de Haikyuu também!

Espero que gostem~
Boa leitura! :3

Obs.: reli a fic por alto, mas se houver erros, avisem-me. Provavelmente haverá no uso dos porquês ♥
(Isso eu pretendo corrigir assim que der~)



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Oikawa não tinha nada contra mulheres – elas eram legais, até.

Haviam as chatas, claro, mas haviam as divertidas também. Oikawa simpatizava com as garotas divertidas.

Seu último relacionamento acabara há sete dias atrás. Meiko tinha estágio em uma clínica e Tooru terminou por telefone, no dia do primeiro aniversário deles. Um mês.

Um mês de namoro e ele pegara algumas manias da futura profissional.

Como por exemplo, Meiko tentava de tudo para ser sua psicóloga. Basicamente o deitava no sofá-cama do apartamento que dividia com uma colega, apelidando-o de “Divã para os íntimos”.

Ela pegava sua prancheta, sóbria como deveria ser. E ouvia, cada drama, concluindo coisas sem sentido. As vezes eles ficavam no sofá mesmo, as vezes nada acontecia. Foi nessa época que o apelido de Drama Queen se espalhou pelo campus – e Tsukishima, de alguma forma bisonha, ficou sabendo.

Deus salve a Rainha” ele dizia, trajando aquele sorrisinho que, sinceramente, Tooru não sabia como Yamaguchi aguentava olhar todos os miseráveis dias de sua vida. Ah, pobre Yamaguchi. Mortais não são mesmos capazes de entender certas coisas...

Bom, fora Meiko quem o fizera relembrar o passado.

Fora ela quem descobrira o que “Iwa-chan” significava, em todo seu glamour com cheiro de terra molhada e sangue na boca. E, no fatídico dia do término, Meiko perdeu o resquício de diversão que ainda tinha com uma única frase.

Iwa-chan-san está esperando, Tooru.”

Ele revirou os olhos, batendo a caneta repetidamente contra as folhas. No quadro algumas equações, na boca do professor de meia idade palavras desconexas. Na mente de Oikawa, porém, uma única resolução: mulheres não eram dignas de pronunciarem aquele apelido.

Agora, a lista divagava, querendo sair dos confins de sua perturbada cabeça.

Porque, como já foi dito, manias foram absorvidas.

Não é que não gostasse de garotas.

É que, por exemplo, elas tinham seios.

Oikawa demorou para perceber. Quer dizer, as glândulas mamárias foram apresentadas a si ainda no ensino básico, nas aulas de biologia em que falaram de mamíferos. Quando estava com o time, podia ouvir conversas sobre garotas peitudas e gostosas. No início, ele até participava, se gabando por ter um encontro com uma dessas e coisas assim.

Porém, sua perspectiva mudou. Pouco a pouco Oikawa começou a dar preferência para meninas com poucos seios. Ninguém entendia o porquê, diziam até que era uma gentileza da parte dele. Mas, em um belo dia de educação física, ele vira mulheres no treino de atletismo.

Só de lembrar dava certo nojo.

Os garotos, babões, não entendiam nada de estética. E por tal, comemoravam a cada movimento deles, desorganizados, mexendo-se de lá para cá. Mas, por Deus, ricocheteavam com tanto afinco que, argh, chegava a dar náuseas.

Seios não são bonitos.

Parados, talvez, tinham até alguma harmonia. Deixavam a silhueta agradável ao olhar, tudo bem, mas só. Era, resumidamente, um completo desastre.

Meiko tinha seios grandes.

Ela colocava sua cabeça neles, dispondo-os como um travesseiro aconchegante. Apesar de serem úteis para isso, Oikawa passou uma vida inteira sendo consolado por uma superfície rígida. Era como se os gestos gentis existissem, mas, em contrapartida, o corpo de Hajime o lembrasse de que a vida não era fácil.

E ele, tão cético, preferia a verdade em vez de gloriosas mentiras.

O segundo problema fora descoberto antes mesmo do primeiro, por pura ironia. Por causa da criação que tivera, junto com a dos demais homens, foi estipulado uma máxima. Tal regra deveria ser respeitada até o fim, nunca esquecida ou desprezada.

Era uma convenção que incomodava Tooru.

Por que, veja bem, por vezes ele queria chorar. Quando pequeno, sabe? Queria chorar alto, fazer birra e exigir mimos, mas não podia. Era repreendido pelos adultos sempre que tentava conseguir atenção por que só as garotas eram sensíveis.

Já no colegial, ele brincara com o sentimento de uma. A capitã do grupo do teatro. Ela era estrangeira, da Bulgária ou algo assim, mas se encantara por ele do mesmo jeito que qualquer japonesa. Oikawa, cego pelo orgulho e sadismo, concluíra que não tinha nada demais em fazê-la sofrer um pouquinho. Só um pouquinho, por diversão.

Algumas fãs aprovaram. Ah, qual é, a maioria dos alunos gostou.

E essa foi a causa da pior briga que tivera, até hoje, com Iwaizumi.

Ele sequer o deixou se explicar! Invadiu sua casa, entrando pela janela do segundo andar, só para socá-lo no rosto. Duas vezes, para deixar visível e levemente desfigurado. Trocaram golpes mais bobos, algumas ofensas e até lágrimas, mas, mesmo diante de um frágil e arrependido Oikawa jogado no chão, Hajime teve a coragem de ser irredutível. “Garotas são sensíveis, Trashkawa”

E havia tanta raiva e desprezo que até o time fora prejudicado.

Conclusão: odiava a sensibilidade que empurravam para as mulheres.

Porém, nem tudo era ruim. Seus hormônios estavam em alta e não podia negar: tinha vontade de olhar debaixo da saia escolar. Os garotos faziam malabarismos insanos só para tirar e compartilhar fotos entre si, colecionando calcinhas e expulsões.

Apesar de não se prestar a esse papel, sentia-se bem representado pelo desejo dos garotos. Não olhava imagens, já que aquilo era para os fracos. Ele ia a caça, jogando charme e piscadelas, arrancando suspiros e botões.

Só que, depois de um tempo, tratava-se de um fetiche desgastado. Não tinha como encontrar nada além de pano e pele, afinal. Podia ser divertido para quem não conseguia ir além, tudo bem, mas não era seu caso.

O interesse se perdeu até a formatura.

Como em outras escolas, os professores sugeriram um festival com uma atração diferente. As turmas votaram e assim surgiu o Maid Café, tendo os alunos do terceiro ano vestidos de maid.

Tratava-se de uma brincadeira, claro.

E Oikawa aceitou imediatamente, disposto a usar uma roupa cheia de babados e fluflus. Achou-se atraente naquelas vestes e arrancou corações de admiradoras no dia, assim como reclamações dos colegas briguentos.

Mas, bom, algo eternizou o festival em sua memória.

Não, não fora o professor de Literatura Japonesa Clássica bebendo demais e fazendo striptease.

Fora Iwaizumi Hajime de maid, particularmente irritado por ter sido obrigado a participar.

Céus. Oikawa Tooru nunca ficou duro tão rápido em toda sua vida.

Oh, sim.

Disso ele se lembrava com uma clareza de detalhes dolorosa.

Sorriu, sentindo o arrepio correr pela espinha.

Fora ali, naquele fatídico momento de despedida, que descobrira não poder mais mentir para si mesmo. A resolução o tomou com um tapa forte na cara, ardido e vermelho.

Por que, sim, ele gostava de bundas.

Bundas femininas eram bem atraentes! Mas, oh, coxas masculinas conseguiam superar qualquer ranking. Coxas masculinas definidas, então, como resistir?

Talvez fosse por isso que, quando Iwaizumi saia de toalha do box, Oikawa tinha sérios problemas para se manter distraído. A boca salivava e o pescoço teimava em querer virar, só para dar uma boa olhada naquele par de coxas deliciosas e apetitosas – mas a consciência impedia, camuflando seus desejos, enquanto os olhos continuavam focados em qualquer outra coisa.

O engraçado é que, certa vez, tivera a má sorte de ver as coxas de Kuroo. Isso em uma festa dos times, no qual ele e Kenma foram convidados para prestigiarem sei lá quem. Num amaldiçoado beco, estavam os jogadores do Nekoma.

Oikawa pensou em levar a garota da vez para lá, a princípio, mas quase vomitou todo o álcool quando vira as coxas de Kuroo. A pélvis também, junto com a bunda. E a calça abaixada. As pernas do Levantador pro alto e... Uma sessão animalesca de vai e vem.

Torceu a expressão, ouvindo o professor liberar a turma.

Aquele dia fizera Tooru concluir que não bastavam qualquer par de pernas. Não, não.

Tinham que ser bem treinadas, firmes, com um desenho dos músculos bonito de se ver. E, claro, com um bronzeado mínimo para não lembrar um certo Capitão.

Guardou o material, mantendo a folha da lista ainda vazia em mãos. Fechou a mochila e levantou, andando automaticamente para a saída.

— Certo, vamos ver. Hmmm~ - sibilou, meio cantarolando. - “Seios” é o primeiro item. Sensibilidade exagerada vem logo depois... Fantasias, é! - arrumou o óculos para leitura, nem percebendo que falava sozinho pelos corredores cheios – Coxas, tem que ter coxas.

Parou, sendo alvo de empurrões pelo ato repentino.

Faltava um item.

Suspirou dramaticamente, perguntando-se como poderia ter esquecido logo daquilo.

Alguns alunos o olharam, estranhando as poses e expressões.

O último motivo não perdia para nenhum outro, muito pelo contrário.

Sim, eles foram para universidades diferentes. Oikawa começou a cursar astronomia e Iwaizumi, direito. Ambos treinavam vôlei e talvez fossem adversários futuramente, mas o sentimento de saudade era recíproco. A amizade deles permaneceu igual, com mensagens infinitas e visitas dramáticas.

Ou, ao menos, até Oikawa convencer Hajime de ir na chopada no quinto período. Há meses não se viam e todo aquele papo exagerado e irritante. Resultado: o moreno dormiria no apartamento de Tooru.

O problema começou com eles voltando a pé para o tal apartamento, bêbados e felizes demais. Oikawa com marcas de batom vermelho pela boca e pescoço, Hajime descabelado e sem blusa. Os músculos ali, a ausência de pessoas na rua e o alto teor de álcool só podia resultar em um desastre irrecuperável.

Começou com as costas de Tooru contra um poste. Ele gemeu, sentindo o roçar da pele quente do amigo de infância contra o tecido da blusa. E foi evoluindo, com direito a tropeções e gargalhadas aconchegantes.

Depois, ao chegarem no pequeno prédio, o porteiro estranhou. Ambos visivelmente excitados e alterados, respirando sem ritmo algum. Jogou uma piada sobre as jovens de hoje em dia e Iwaizumi complementou, falando alguma coisa sobre ter esquecido as camisinhas.

Quase fizeram nas escadas. O lugar não tinha elevador.

E, perdido entre as mãos firmes de Hajime e a simulação de penetração, Oikawa teimava em fugir e caçar as chaves no bolso traseiro. Com mais uma risada alta ou outro beijo malicioso, a porta do pequeno lar fora escancarada.

No outro dia, às sete e meia da manhã, Tooru acordou. A visão dos músculos das costas de Iwaizumi, tão delineados pela luz natural do sol, o fez sorrir. Um sorriso bem cruel, de lado, cheio de malícia e desejo.

Acordou o amigo de infância com chupões e arranhões – e desde aí tudo desandou.

Eles fingiram não ter acontecido nada demais, a princípio. Nada demais, mesmo que houvessem preservativos pelo chão, roupas rasgadas e o estrado da cama rangendo. As memórias, no entanto, os perturbava a cada dia, com uma lembrança de um prazer jamais conseguido com outro alguém.

Passou um ano após isso.

Oikawa, quem deu a ideia de ignorarem o ocorrido, realmente tentou. Mergulhou em um ritmo furioso de tentativas, levando mulheres com uma frequência maior do que podia administrar para o apartamento. Chegou ao cúmulo de convidar até um outro homem.

Então, concluiu que, se fosse gay, era apenas por ele.

E Meiko veio, desenterrando todo o avalanche de verdades.

Iwa-chan-san está esperando, Tooru.”

Saiu do P2, respirando o ar quase puro. A noite exibia uma brisa fresca e o movimento ruidoso das árvores do campus. Sacou o telefone, encaixando-o entre o ombro e o ouvido, enquanto jogava a lista e a caneta dentro da mochila de qualquer jeito.

— Iwa-chan, vou dormir aí~ - disse assim que o interlocutor atendeu.

— Oi, Oikawa! - Hajime chamou, tentando acordar. Estava dormindo em cima do livro de direito penal, na biblioteca, até o celular tocar.

— Dispense seu amiguinho, Iwa-chan, eu garanto sua satisfação! - ignorou a entonação cheia de implicância de Tooru, ainda querendo entender a motivação para a ligação.

— Hoje? Shittykawa, eu tenho prova de dire-

— Hoje e sempre, Iwa-chaan~ - e desligou, repentinamente, fazendo Iwaizumi xingá-lo dos nomes mais inimagináveis possíveis.

O ex-Capitão correu para o pequeno lar, se arrumando ao som da música pop do rádio.

Encheu-se de charme, perfume e roupas limpas. Ajeitou o cabelo e pegou a carteira, trancando o lugar com chave.

Ele podia não saber de muita coisa sobre o comportamento humano, mas Meiko parecia ter razão. Das várias dúvidas dessa vida, Iwaizumi Hajime nunca deixaria de ser uma impiedosa certeza.


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Notas finais do capítulo

Gente, que vergonha hahahahah
Mereço reviews? :3