Encontro Marcado escrita por Jessica Calazans


Capítulo 34
Capítulo 34




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Emília estava tensa depois de mais uma reunião com o procurador. Além de estar com um pepino do Tribunal do Juri nas mãos. Mas ok, ela nem podia reclamar disso, era a titular da vara. Agora também tinha nas mãos o processo originado inquerito polical que prendeu mais de 8 grandes nomes do tráfico do Rio Janeiro, inclusive o chefe do “Comando Vermelho”  que tem como apelido Luizinho Onda do Mar.  Emília ganhou de lambuja esse processo graças ao fato de estar assumindo uma das varas de criminais, já que o colega teve que ausentar para tomar posse da coordenadoria!

O estresse desses casos são as ameças que se recebe, a segurança excessiva ….  Mas ela não tinha muito para onde correr.

Emília voltou e foi direto para a sua sala. Graças aos Deuses hoje não era dia de atendimento.

Estava analisar o processo do pai que matou e estuprou a filha  de 7 anos, ou ao menos tentando até onde a dor permitisse… Mas Emília se atentava a cada detalhe, a cada prova, mesmo sem saber de onde lhe vinha forças para ler aquele tipo de coisa… Ela não queria deixar passar nada! Não queria deixar uma brecha para defesa!  

Até que foi interrompida pela chegada de Rosa que adentrou a sala depois de algumas batidas

 

— Desculpe, Doutora! Só vim avisar que falta um pouco mais de uma  hora para sua consulta, como me pediu! –

— Ah, Sim! Obrigada, Rosa! Já até tinha esquecido.  Eu volto hoje ainda, tá? Mas não precisa me esperar!

— Não devia aguardar para ver o que o médico vai dizer? Ouço a senhora reclamar de dor e a acho muito pálida! –

— Tenho certeza que não é nada!  Só vou mesmo por prevenção! E também porque  minha…– Ela se calou antes de completar, assustada pela palavra que estava prestes a sair

— Dona Emília, está tudo bem? – Rosa perguntou, se preocupando com a mudança repentina de Emília que parecia perdida

— Eu? Estou bem, estou bem! Só me distraí. Enfim, não me espere, ok? Não me perdoaria se você perdesse  a formatura daquela princesa –

— Se a Senhora diz… Qualquer coisa estou a disposição

— Obrigada, Rosa –

 

E depois de despachar a funcionária que tinha sair mais cedo para formatura da filha que estava indo para a primeira série,  Emília voltou sua atenção para o autos que estavam sobre a mesa. Mas não demorou muito para que fosse interrompida novamente.

 

— Desculpe, Dra! Mas querem falar com a senhora. –

— Quem? Perguntou ainda com os olhos vidrados no processo –

— Dona Vitória! –

 

Emília se dispôs a fitar Rosa, como um olhar recriminador por sobre os óculos, como se tivesse escutado a maior ofensa do mundo!

 

— Tudo bem! Mande-a entrar –

 

Rosa viu Emília voltar sua atenção para o processo, e de imediato foi cumprir sua ordem. Mas antes mesmo de chegar a porta, foi chamada pela promotora.

 

—  Espere, Rosa!  –  A Beraldini respirou fundo, chegando a fechar os olhos por um momento, até u retirar os óculos para acariciar as vitas e pareceu titubear antes de falar —  Diga que não posso atendê-la, que estou  ocupada! Se ela quiser que deixe recado. E me avise quando ela sair. —

 

Rosa não entendeu muita coisa, mas aprendeu pelo tempo de convivência com a Sartorini, que era melhor não questionar!

Ao retornar e ver o sorriso tão bonito da mulher a sua espera, a funcionária quase sentiu pena de ter lhe dar a negativa

 

—  Senhora, me desculpe! Mas a Doutora Beraldini não pode atender. Gostaria de.. Gostaria de deixar algum recado? —

—  Ela  não quer me atender não é? –  O sorriso de imediato se desfez. Rosa ia tentar ser diplomata, mas Vitória fez um gesto para que a funcionária desistisse –  Olhe, não precisa mentir. Mas eu queria muito que me ajudasse. Eu sei que pode parecer um pouco descabido, meio fora de propósito, mas… Eu sei que ela quer falar comigo –  Rosa se perguntou como Vitória sabia disso já não comentou nada sobre a mudança de ideia repentina da chefe – Então.. se você puder me dizer onde ela costuma almoçar e…  –

 

—  Senhora eu sinto muito, mas eu não posso lhe dizer isso –

—  Oh, Deus!  Como posso dizer sem contar toda a verdade.. Olhe.. Tá! Pode parecer absurdo o que vou dizer, mas eu… Eu sou a mãe da Emília.  A históra é muito longa e íntima! Mas por favor, lembre-se o quanto fiquei preocupada quando Emília passou  mal ali mesmo, naquela sala. É uma mãe que tá pedindo. Acredite, é apenas um problema familiar  –

 

Rosa não sabia se fechava a boca ou piscava os olhos… de tão impressionada.  E por mais que a curiosidade e até mesmo aquela história parecesse estranha, no fundo ela sabia que Vitória não mentia.

 

—  Por favor, se ela suspeitar que.. –

—  Eu juro, juro que ela não saberá de nada –

—  Está bem! Ela costuma ir nesse Grill aqui em frente quando vai almoçar sozinha. Mas hoje ela almoçou mais cedo, tem uma consulta num hospital do bairro aqui próximo. Ela só está esperando que vá embora. Por favor, Dona Vitória, ela não pode sequer pensar em desconfiar –

—  Nunca, nunca! Mil vezes obrigada, Rosa –

 

E se Rosa tinha alguma dúvida se fizera o certo, o sorriso de contentamento de Vitória já eliminava por si só!

Já Vitória, a única certeza que ela tinha, era que acompanharia Emilia ao médico e rezava a Deus que seu plano desse certo. Seu Ariel parecia ser tão bom rapaz nas poucas vezes que teve sua companhia. O que faria?

Por mais que Emília tentasse disfarçar, as dores em seu ventre estavam mais frequentes e agudas, algumas fisgadas chegavam a lhe roubar o ar. Como agora ao ter que fechar os olhos e respirar fundo antes de levantar.

Tentou manter a mesma expressão irredutível ao sair, se despediu de Rosa.

Ao vê-la, Ariel já estava indo ao seu encontro para acompanha-la até ao carro, mas a Beraldini fez um gesto circular com o indicador, e ele sabia que  isso significava que ele deveria dar meia volta, entrar no carro e já ir ligando o motor. Ela estava com pressa para formalidades.

 

 

 

—______________________________________________________

 

A viagem era pra ter sido agradável, mas a dor estava conseguindo roubar sua paz. Em um momento, a fisgada foi tão forte que ela se envergou todinha, chegando a perder a cor e chamando a atenção de Ariel.

 

— Dona Emília, está tudo bem? –

— Sim, Seu Ariel! Eu só … – seu próprio gemido a interrompeu deixando o chofer ainda mais preocupado.

 

Ariel estava exatamente no local combinado com Vitória, ele estava quase desistindo da tramóia quando recebeu a mensagem da comparsa dizendo que já estava chegando… então, ele parou o carro!

 

— Seu Ariel, o que houve? – Emília perguntou ao ver o motorista sair do carro

— Vou dar uma olhada, Dona Emília! –

 

Ariel fingiu examinar o carro tempo suficiente para que a Beradini não desconfiasse.

 

— Dona Emília, acredito que o combustível que a senhora colocou na ultima vez era adulterado, ou então, foi a bomba –

— Ah não! Não creio nisso! Mas o posto era confiável, Seu Ariel!

— Acontece, Dona Emília! Vou ficar aqui fora esperando um táxi.

 

Com expressão de dor, a Beraldini só concordou.

 

Não demorou muito tempo para que o carro de Vitoria surgisse na estrada, parando bem em frente ao carro de Emília

 

— Seu Ariel? O que faz aqui? Algum problema? Onde está Emília ?  - Perguntou Vitória ao sair do carro, fingindo surpresa, fingindo também não saber que Emília está no local.

— Boa tarde, Dona Vitória!  O carro deu um probleminha. Dona Emília não se sente bem, está dentro do carro, estou aqui esperando um taxi –

 

Vitória estranhou as falas do Ariel, algumas não estavam no script… Como assim Emília estava passando mal? Numa pergunta muda, ela arqueou as sobrancelhas  em confusão, mas o chofer assentiu em confirmação.

 

Preocupada se dirigiu até filha, sem qualquer encenação dessa vez.

 

— Emília, o que você tem? O que sente? – Com suas habilidades médicas, já foi testando a temperatura, apesar da resistência da Beraldini

 

— Nada, estou bem! Seu Ariel exagerou. Pode seguir seu caminho –

— Como nada? Está tão quentinha… Deve estar com febre. E você está pálida, minha filha, como não é nada?

— Não me chame ass…. – Emília teve que se segurar para não gemer de dor - Não me chame assim –

— Seu Ariel, para onde ela estava indo ? – Vitória se dirigiu ao motorista, ignorando a birra de Emília, seguindo o plano

— Para o Hospital, Dona Vitória – A Beraldini estava prestes a dizer pra ele não contar, mas não deu tempo

— Me ajude a leva-la até o meu carro, por favor – E antes que a filha dissesse algo, Vitória fixou o olhar nos olhos amêndoas – E eu espero Emília que não seja necessário um guindaste para tira-la daí – E pela expressão severa de Vitória, ela parecia não estar brincando.

— Mas eu estou bem, posso perfeitamente esperar um... – Antes que concluisse , foi interrompida pela mãe

— Por favor, você não vai querer agir como uma criança birrenta, mas não vai mesmo!  Se está bem, ok! Levante-se sozinha se é isso que seu orgulho quer, mas vou te levar ao médico e nao adianta discutir.

 

No fundo, Emília agora sabia de quem herdou toda teimosia, e por isso, sabia que nada faria Vitória sair dali, e já estava perto do horário da sua consulta. Então, a única coisa que fez foi criar forças para levantar e seguir até o carro de Vitória com uma cara nada satisfeita

Vitória esperou Emília entrar no carro para agradecer a Ariel. E quando Vitória e Emília desapareceram da estrada, o chofer finalmente pode partir.

 

 

—_____________________________________________________

 

 

Já era final de tarde quando a cirurgia finalmente teve fim. Cirurgia a qual Emília teve que submeter para a retirada dos restos do feto que estavam ocasionando todo o mal estar.

Vitória velava o sono da filha. Emília teve que tomar anestesia, e por isso, a Ventura foi obrigada a pedir um colega que trocasse de plantão.

Mas isso não a incomodou, estava esperando a filha acordar para leva-la pra casa, e enquanto isso, acariciava as madeixas quase tão claras como as suas. Emília assim quietinha não podia repudiar, então aproveitava para esboçar todo seu carinho. Mas os gestos tão ternos pararam quando ela sentiu algo apertar a outra mão que estava livre e ouvir a palavra mãe. Por um momento seu coração pulou de alegria ao imaginar que aquele som viera de sua filha de modo tao espontâneo. Mas Emília apenas balbuciava, ainda dormindo. De qualquer modo, a emoção tocou seus olhos claros, marejados de alegria.. Pelo menos, ainda que nos sonhos, Emília a chamava de mãe.

Foi dispersa das próprias emoções quando ouviu umas batidinhas e om
medico adentrar. Nem era necessários os anos de experiências para saber que algo nao estava indo bem....

 


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