Encontro Marcado escrita por Jessica Calazans
Notas iniciais do capítulo
Nesse capítulo, devo agradecer a autora Tatah Madeira que me ajudou e muito ♥
— Ah….Isso foi mais do que desunir uma casal, Emília. Isso me desgraçou por completo.. –
— Fala do bebê? – Emília não aguentou a curiosidade – Desculpe, você deu a entender que teve um filho –
Vitória assentiu, fechando os olhos por um momento, tentando controlar as lágrimas
— Descobri que estava grávida perto do 2º mês, não muito antes de receber a tal carta. Contei pra minha sogra e ela pareceu contente por ser avó. Porém, no mesmo dia que a carta chegou, ela me expulsou de casa. Eu implorei para que ela não fizesse isso. Mas nem mesmo o fato de estar grávida da neta dela foi o bastante para comovê-la. Me expulsou como cão sarnento…. Eu gastei minhas últimas economias indo até o Rio de Janeiro, para o endereço que estava na carta. Eu precisava do pai da minha filha, precisava da sua ajuda.... Quem me atendeu foi uma moça que disse ser a companheira dele e que ele não estava. Fui embora quase no mesmo instante. Na verdade, foi mais uma armação da minha sogra. A carta, o endereço, a companheira…Nada era verdadeiro.. Mas eu só descobri isso tarde demias, tarde demais...Tive que pedir carona para poder voltar pra São Paulo e não mendigar nas ruas. Eu não tinha mais dinheiro... – Sem que se desse conta, Emília enxugava suas lágrimas outra vez
— Não chore, por favor. Me angustia vê-la assim – Os braços da Beraldini envolveram a cintura de Vitória, num abraço apertado. Sentia-se tão solidária com sua dor
— Desculpe. Só de lembrar é difícil. Você não sabe o que sofri. A desgraçada mexeu todos os pauzinhos para as famílias mais tradicionais não me dessem emprego. Disse barbaridades ao meu respeito, que eu seduzi o filho dela. Me mudei pra Capital, somente com a mala. E o único lugar que encontrei foi um quartinho que eu compartilhava com uma mulher de vida fácil. Mas muito bondosa Fiquei em pouquíssimos empregos, e mesmo assim, fui sendo demitida quando a barriga começou a crescer. Só consegui mesmo numa fábrica de tecido, sendo obrigada a ficar mais de 8 horas em pé. Emagreci muito, a barriga parecia pesar mais do que eu. De qualquer modo, tudo era pra ela, e somente pra ela. Até mesmo engoli o orgulho e mais tentei contato com o pai dela, escrevendo uma carta pra aquele endereço que eu acreditava ser verdadeiro, mas a carta voltou com o carimbo de mudou-se –
Emília apertou ainda mais o abraço, tentando lhe dar certo conforto já que nada podia dizer. Vitória fez o mesmo, aconchegando-a ainda mais em sem braços.
— Então chegou o grande o dia, ela nasceu, e era a bonequinha mais linda que eu tinha visto. Os olhinhos castanhos a me observar pareciam duas pequenas amêndoas. Ela era a minha felicidade plena. Não tinha cansaço, dor.. tudo, tudo foi esquecido quando a minha menina nasceu –
— Você não ficou com ela, não é? – Os mesmos olhos castanhos que a observavam agora... Vitória jamais esqueceria
— Eu não pude ficar – Sorriu meio triste - Eu fiquei doente, perdi o emprego, meu leite secou ….Não sabia onde achar o pai dela... Eu não podia sacrificar a minha menina Emília. Eu não podia. Ela era tão pequena… Chorava de fome…. Deus….
Vitória perdeu totalmente o autocontrole, e por mais que levasse as mãos aos lábios, não conseguia abafar os soluços. Emília teve que ampará-la, foi a vez dela de aconchegá-la em seus braços. Afagava suas costas, tentando acalmá-la, preocupada com a força dos seus soluços
— Você não teve escolha, você fez o que qualquer mãe faria. Não se angustie, por favor – Sem entender o porquê, ela também chorava
— Ela me odeia, Emília, me odeia. Mas eu juro, foi tudo para não vê-la morrer em meus braços –
— Olha pra mim – Emíilia pediu e Vitória não pode deixar de fitar a sua menina de olhos amêndoas – Você sacrificou o seu bem maior, o seu próprio amor, o amor da sua menina. E não há coisa mais maternal do que isso –
E por mais que Emília tivesse diversas dúvidas, acreditava não ser o momento oportuno.
Vitória chegou a esboçar um pequeno sorriso com as palavras da filha, que tiverem efeito até mesmo até mesmo calmante.
— Acha que ela me perdoaria? – Ela pode sentir os músculos da Beraldini se enrijecerem numa tensão perceptível com a pergunta, quase de imediato.
— O que foi? Está tensa. Pensou no lado dela, não foi? – Voltou a perguntar com o silêncio da Emília, observando-a contrair os lábios, demais pensativa.
— Me perdoe, mas foi quase impossível. Eu não posso falar por ela, é muito fácil dizer que sim. Mas nem eu mesma sei se perdoaria a mulher que me gerou. Passei por tanta coisa, ela me fez tanta falta, e ainda faz. Sabe o que é se olhar no espelho, em fotos.. e quer se reconhecer em alguém? –
— Entendo você –
— Mas não a tome por mim. Você é adorável. Conquista, fácil, fácil - Brincou, e ela adorou o som que saiu dos lábios de Vitória –
— Tenho comigo essa esperança, a coisa mais sagrada que ainda tenho –
— E você sabe como ela está agora? Nem o nome dela pode me dizer? –
— Um dia eu direi, prometo! – Se tinha algo de dúbio na promessa, a Beraldino não reparou– Ah… eu sei dela sim. Ela está muito bem profissionalmente, muito bem casada. É um tanto teimosa. Puxou a mim, reconheço. É uma mulher linda... – E Vitória não escondeu o sorriso aberto ao falar da filha
— Mais teimosa do que você? Acho que só eu – Ambas riram com aquela piada, tendo para Vitória um outro efeito.
— Eu espero que você pense bem no que vai fazer com esse serzinho que está para nascer. Um filho é uma dádiva, Emília. É uma benção que Deus nos dá para aprendermos o que é amar –
— Vitória, você tinha certeza de que fazia o bem para sua filha. Quem sabe, eu não esteja fazendo o mesmo?
— Um bom argumento. E o que pretende fazer?
— Eu quero que você, que você faça o meu aborto, Vitória –
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Então, só escrevi até aqui. Essa semana estou fazendo provas, então só devo voltar a escrever a partir da semana que vem! Bju