Jardim de Infância Maldito escrita por darkita


Capítulo 1
Capítulo 1 Depois do funeral


Notas iniciais do capítulo

É minha primeira fic de Steven universo , e também nesse gênero, foi inspirada e adaptada na história de Stephen king o Cemitério



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Greg, parou sua van no estacionamento do lava-rápido, o sol começava a se pôr, pintando o céu de vermelho por entre as nuvens espessas de chuva. Ele passou a mão no rosto, o nariz vermelho, olhos inchados de tanto chorar. Estava caprichosamente metido no seu melhor paletó, parecia até elegante, embora estivesse entorpecido pelo choque dos acontecimentos recentes, nunca imaginou que usaria aquele paletó para um funeral. O funeral e enterro de seu filho.

Sua mente rodopiava num turbilhão de emoções, era uma dor tão grande que ele estava desorientado, nem soube como chegou. O senhor Maheshwaren se ofereceu para acompanha-lo, ele gentilmente negou, precisava ficar sozinho. Agora estava sozinho.

Já anoitecia, seus olhos percorreram o painel da van até encontrar a foto do Steven, seu pequeno Steven, ele segurou com a mão tremendo as lagrimas voltaram a brotar de seus olhos, era tão difícil acreditar que ele se fora, que foi arrancado tão violentamente da vida dele que por inúmeras vezes pensou que estava tendo um terrível pesadelo que tudo aquilo não foi real, debruçou-se no volante e recomeçou a chorar até adormecer.

Acordou com batidas no vidro, lá fora estava Peridot. Apesar de não precisar dormir ela também estava muito abatida.

— Oi Peridot – cumprimentou com a voz um tom de papel amassado.

— Vim ver como está- disse ela um pouco constrangida.

— como você acha? – Respondeu atravessado – ontem foi o funeral do meu filho, meu único filho, perdi a mãe dele e agora... – a frase ficou no caminho apertada na garganta.

— Eu estava preocupada com você, só isso – disse com a voz embargada – lá no templo o clima está pesado, todas estão reclusas em seus quartos a casa está tão silenciosa...

—Isso se chama luto sabia? – Retrucou, mas logo se arrependeu Peridot não tinha culpa, estava confusa não entendia muito dos rituais terrestres como nascimento e morte - desculpa, Peridot é que geralmente quando a sua raça se fere gravemente volta para se regenerar na sua pedra. Mas Steven não era um gem puro era meio humano.

Peridot olhava para o chão, queria dizer algo, mas evitava olhar diretamente para Greg. Mexia as mãos nervosamente para finalmente encará-lo com olhos suplicantes.

— O que houve com ele poderia ter sido evitado -  murmurou ela com os olhos enchendo-se de lágrimas.

Greg viu a ondulação convulsa no peito dela e percebeu que Peridot lutava para não chorar.

— Ele sabia dos riscos – limitou-se a dizer. Ele mesmo sabia dos riscos, mas nunca imaginaria que um dia aconteceria, ou tão cedo, sempre alimentou a impressão que tudo sempre dava certo, afinal ele confiava a segurança do filho deles as Cristal Gems.

— Não! – Protestou ela – eu percebi que havia algo de errado com a pedra dele, ele não se importou com aquilo, mas se a pedra não tivesse com problemas ele poderia ter se defendido!

Aquelas palavras mais soavam como um desabafo, agora arfava numa mistura de desespero, revolta e dor. Greg suspirou tentou sair da van, estava todo dolorido e amarrotado por ter dormido naquela posição.

— Estou exausto Peridot, foi uma fatalidade, estou tentando me conformar com isso – ele parecia ter envelhecido uns dez anos, olheiras profundas a pele flácida do rosto, a barba desgrenhada -  agradeço sua atenção, mas não preciso de nada, o que eu preciso ninguém pode trazer de volta. 

Ela pareceu entender, deu meia volta cabisbaixa. Antes de sair comentou.

— Pérolaqueria vir se desculpar pelo inconveniente da tarde de ontem, ela sente muito.

Inconveniente? O correto seria a cena vergonhosa que elas promoveram no funeral. A última coisa que ele queria no momento era ver as Gems, principalmente depois do que houve, onde Ametista e Pérolapraticamente travaram uma luta, culpando uma a outra pelo que aconteceu com Steven.

— Acho que todos estavam abalados – limitou-se a dizer tentando inutilmente apagar aquilo da sua memória. Infelizmente a cena insistia em se repetir pela sua mente como um filme por mais que quisesse esquecer.

 Greg parecia ainda flutuar numa espécie de limbo, em sua mente ainda estava fresca a cena do dia anterior. Lá estava ele na sala onde acontecia o funeral de seu filho, alguns amigos chegavam e davam as condolências, num canto Connie não parava de chorar nos braços da mãe, no meio do recinto a urna, fechada, pois não era possível que ficasse aberta depois de tudo que aconteceu. Todos os amigos de Steven estavam lá, menos Lars que estava fora da cidade, Saddie tentou avisa-lo, mas seu celular não atendia, devia estar fora de alcance.

Vidália se aproximou de Greg para dar um abraço. Antes ela tentava consolar sem sucesso Ametista que estava inconformada num canto da sala.

— Sinto muito Greg – começou a dizer - pobrezinho tão jovem. — Graças a Deus, ele não sofreu, pelo menos foi rápido.

Sim, foi rápido, não se preocupe, Greg pensou em dizer — ah, como aquilo desarmaria completamente o rosto de Vidália e como ele sentiu uma urgência doentia em dizê-lo, simplesmente borrifar-lhe as palavras na cara.- Foi rápido, isso não há dúvida. E é por isso que o caixão está fechado, nada podia ter sido feito de Steven mesmo se eu achasse que os mortos da família devem ser vestidos com o máximo de apuro. Foi rápido, minha querida senhora. Num instante ele estava lutando com uma gem mutante e no instante seguinte estava caído no chão, mas lá na frente do Big rosquinhas. A coisa bateu nele, matou-o, depois o arrastou, e é melhor você imaginar que foi rápido. Uns cem metros ou um pouco mais, eu corri atrás dele, senhora, saí gritando sem parar o nome dele. Como se eu ainda esperasse que estivesse vivo. Corri dez metros e lá estava o chinelo, corri mais vinte e lá estava o outro corri mais quarenta metros. As pessoas estavam saindo para saber o que acontecia e eu continuei gritando o nome dele, e na marca dos cinquenta metros lá estava a jaqueta virada pelo avesso e depois, lá estava Steven.

— Obrigada por ter vindo – limitou-se a dizer apesar de querer desabafar tudo aquilo.

Foi quando de repente a confusão começou.

—  olha só a droga que aconteceu! – Rosnou Ametista se levantando do canto que estivera indo em direção a pérola.  estava bem alterada.

— Onde você estava? – Gritou Ametista furiosa para Pérola-  Sentada de bunda no chão enquanto ele lutava com aquele monstro? Pensando em suas estúpidas estratégias perfeitas? O que você estava fazendo, sua bosta? Sua inútil! Você permitiu que ele morresse como um animal!

 Ali estavam as duas, Pérolae Ametista frente a frente. Péroladeu as costas para Ametista. Mas a outra a puxou pelo ombro obrigando a encara-la.

— Eu disse que era para atacar aquelas coisas! – Continuou Ametista se alterando cada vez mais - mas não!  Você com sua idiotice se achava no controle olha no que deu sua desgraçada! Está satisfeita?  Tai o resultado dos seus “planos meticulosos”.

Pérola apertou o punho, tentou se segurar, mas não deu. No instante seguinte viu seu braço avançar e entrar em contato com o rosto da outra gem.  Ametista oscilou para trás. Seu braço bateu de lado no caixão de Steven. Um dos vasos repletos de flores caiu com ruído. Alguém gritou. Era Connie, debatendo-se nos braços da mãe que tentava puxá-la para trás. Todos que lá estavam — um total de dez ou quinze pessoas — pareceram petrificados entre o susto e o constrangimento. Ametista se virou contra Pérolaatingiu-a no pescoço. Ela apoiou-se no tapete para não cair de barriga no chão.

— Você não presta pra nada sua inútil , está feliz? Por acaso pensou que Rose ia voltar se ele morresse! — Ametista gritou com uma fúria frenética. Chutou novamente Pérola, ela se virou com dificuldade e sentou-se no chão. Então chutou-a mais uma vez, mas Pérolapegou-lhe o pé com as duas mãos, e puxou o mais forte que pôde.  Ametista foi arremessada para trás, berrando, rodopiando com os braços abertos para tentar manter o equilíbrio. Caiu sobre a urna funerária de Steven

O caixão caiu do cavalete com um enorme estrondo. A ponta esquerda caiu primeiro, depois a direita. O trinco estalou. Apesar dos gritos e choros, apesar dos berros das duas discutindo Greg ouviu o trinco estalar. O caixão não chegou a abrir, espalhando no chão, para horror de todos, os restos feridos e lúgubres de Steven. Mas Greg teve a mórbida certeza de que só foram poupados do espetáculo pelo modo como o caixão caiu. Podia muito bem ter caído de outro jeito. Mesmo assim, na fração de segundos antes da tampa encaixar de novo no trinco quebrado, ele viu alguma coisa cinzenta — a roupa que tinham trazido para envolver o corpo de Steven. E uma ponta rosada. Talvez a mão do menino. Sentada ali no chão, Pérolatapou o rosto e começou a chorar. Ametista recuou e depois saiu correndo, Peridot apavorada agarrara-se a perna de Garnet que também estava sem reação. Desde o incidente Garnet parecia ter perdido a noção de tudo, como estivesse concentrada numa luta interna para se manter unida.

Connie gritava sem parar. Pérolatapou o rosto com as mãos, não querendo que ninguém mais a visse, que vissem sua face manchada de lágrimas, que vissem sua ruína, sua culpa, sua dor, sua vergonha. Também se afastou, mas´ para Greg o estrago estava feito, o funeral de seu único filho foi palco de um embate de ressentimentos e acusações.

— Greg? – Peridot o chamou tirando-o de suas amargas lembranças

—Hã? –

— Tem certeza que quer ficar sozinho.

— Tenho Peridot – respondeu entrando na pequena sala que ele fazia de escritório – eu preciso.

E fechou a porta, deixando a gem do lado de fora, também sozinha.


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