Amnésia escrita por SugarBitch


Capítulo 11
Mãe louca, caixas, fotos e muita dor de cabeça.


Notas iniciais do capítulo

Vamos lá ;)



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Abri os olhos de manhã e aquela dorzinha de cabeça ainda estava lá. Mais fraca, mas estava. Pelo menos era sábado e eu não teria que ir pra escola.

Me sentei na cama ainda curtida de preguiça observando o quarto. Eu realmente precisava arrumar essa zona. Não só pelas dezenas de vezes que ouvi minha mãe dizer isso durante a semana mas também porque até eu mesma estava me incomodando. Estava pensando por onde começar quando o celular tocou. Era Kentin.

— Oi, Kentin, bom dia.

— Bom dia, meu amor. Já se levantou?

— Criando coragem ... – respondi meio sonolenta e ele riu.

— Acabou tarde ontem?

— Cheguei em casa por volta das dez.

— Me desculpa por não poder ter ido te ajudar, Lynn, é que era muito importante mesmo...

— Tudo bem, eu entendo.

— Mas e aí? Estava muito difícil? Não teve nenhum problema?

— Sim... – respondi depois de hesitar por alguns segundos. Achei melhor não comentar nada sobre o apagão ou o esbarrão com Lysandre, não queria preocupa-lo nem levar mais um sermão da importância de se manter distancia daquele garoto.

— Ah, que bom, meu amor. Eu estava afim de ir dar uma volta no shopping agora, vamos?

— Ir ao shopping agora?

— Não! Nem pensar! – minha mãe apareceu na porta do nada aos berros me fazendo pular de susto. – Desculpa, Kentin, mas a Lynn não vai arredar o pé dessa casa hoje antes de arrumar esse zona que  ela chama de quarto!

— Mãe! Você estava ouvindo minha conversa atrás da porta?! – indaguei inconformada.

— Talvez. – ela respondeu descaradamente, confesso que chegou até soar engraçado.

— E a tal da privacidade?!

— Deve estar no meio desse lixão! Você não vai sair antes de arrumar esse quarto, ouviu?! – ela berrava enquanto descia as escadas e eu voltei minha atenção ao Kentin que ainda esperava no telefone.

— Ouviu? – perguntei num suspiro.

— Ouvi. – ele riu – Quer que eu vá até aí te ajudar?

— Duvido que a dona Lucia deixaria você me ajudar.

— Eu também...

—Pois é...

— Bom, mais tarde, quando você acabar de arrumar tudo aí, você me liga  e a gente vai, pode ser?

— Claro, pode sim.  – concordei, mas confesso que não estava com vontade alguma de sair  ou talvez fosse apenas preguiça matinal.

— Então tá, boa sorte aí.

— Obrigada, eu vou precisar mesmo ...- ri e ele também.

— Então tchau. Eu te amo.

— Eh... tá, tchau... – desliguei.

Eu gostava do Kentin, mas ainda não o bastante pra dizer que o amava. Pelo menos pra mim isso é algo que se deva dizer quando realmente se sente. Mas também isso não era culpa dele, se não fosse a droga dessa amnésia talvez meus sentimentos estivessem muito mais claros quanto a isso.

Enfim, não era hora de pensar nisso agora, até porque minha mãe estava com a macaca e dava pra ouvir os gritos dela por qualquer coisa pela casa. Me levantei e fui até a cozinha onde encontrei meu pai tomando café em meio a longos suspiros.

— Não vai trabalhar hoje, pai? – perguntei.

— Claro que não, Lynn. Eu não trabalho aos sábados, esqueceu?

Nossa, que mancada!

— Ah, é... Acho que ainda estou dormindo... – tentei rir.

— Me surpreende você ainda estar dormindo com todo esse escândalo da sua mãe.

Levamos um susto com o barulho de uma porta batendo com força vindo de cima.

— Se bem que não seria má ideia dar um tempo no escritório hoje... – ele suspirou e eu ri enquanto pegava uma maçã. – Não vai tomar café?

— Não, preciso arrumar meu quarto antes que ela surte mais ainda, se é que isso é possível.

— Até parece que não conhece mais sua mãe, Lynn. Ela não vai parar enquanto não desabar em choro.

— É, verdade... – Droga! Mais uma mancada.

— Bom... ele se levantou e pegou as chaves do carro – Eu vou comprar uma caixa de chocolate gigante pra tentar acalmar a fera. Quer uma também?

— Eu não me importaria não. – ri

— Claro, claro... Branco com meio amargo, certo?

— É... Sim... – quer dizer, espero que sim.

— Então tchau, eu já volto. – ele  disse e saiu.

Subi para o quarto novamente e fechei a porta, melhorando consideravelmente os gritos da minha mãe agora vindos da cozinha.

Olhei em volta e a pergunta que não queria calar era por onde começar. Talvez pelos livros espalhados pelo chão e pelos móveis. Aparentemente eu gostava muito de dramas mas havia um de romance e ficção em cima do criado mudo. Ladrão de Almas. Eu devia estar lendo antes de perder a memória pois havia um monte de marcações e frases grifadas.. Abri na página do último marcador e comecei a ler, mas não cheguei nem no fim do primeiro parágrafo e minha mãe abre a porta do nada, me assustando como se eu estivesse fazendo algo errado.

— Lynn! O que você está fazendo?! Serio que você vai parar pra ler agora?! Quer chá com bolacha também?!

— N-Não, mãe, eu só estava...

— Enrolando! Mas será possível?! É tudo eu nessa casa...! – ela desceu as escadas aos berros novamente sem nem me dar a chance de me explicar.

É, hoje vai ser difícil.

De qualquer forma realmente agora não era hora pra leitura, até porque se quisesse entender qualquer coisa do livro teria que começar do início novamente, então esse eu deixei no criado mudo mesmo e os outros guardei na estante.

Coloquei as roupas sujas no cesto  e as limpas de volta no guarda roupa, aliás esse estava um caos então uma hora inteira foi dedicado somente a ele. Minha penteadeira também não estava nada organizada então lá se foi mais meia hora.

Passei um pano nos móveis e agora só faltava passar no chão. Quando passei com rodo debaixo da cama encontrei uma caixa de madeira entalhada muito bonita. Eu queria abrir para ver o que tinha dentro mas minha mãe estava andando para lá e para cá pelo corredor reclamando sobre algo que eu não estava prestando atenção. Resolvi não tentar a sorte naquela hora então deixei a caixa em cima da cama para ver mais tarde.

Assim que terminei desci para ajudar minha mãe na cozinha que, claro, continuava falando mesmo depois que a casa estava toda limpa, então eu simplesmente subi para o meu quarto. A caixa ainda estava lá assim como minha curiosidade.

Assim que abri encontrei um diário com detalhes dourados mas possuía tranca e um pequeno cadeado. Procurei pela chave dentro da caixa e é claro que eu não encontrei. Qual seria a finalidade de se trancar um diário e deixar a chave ao lado? Teria que encontrar outra maneira de abri-lo, talvez eu encontre a chave quando não estiver procurando. É sempre assim.

De qualquer forma deixei o diário de lado e voltei minha atenção aos outros objetos da caixa, como as muitas fotos que havia lá. Devia ser no mínimo trinta, isso explica a polaroid na minha estante. Eu devo ser muito boa com fotografias.

Muitas eram minhas junto com Rosalya, outras com as meninas, todas aparentemente na escola mas o ambiente das imagens parecia mais com uma festa. Devia ser o tal show que elas estavam comentando essa semana.

Tinha muitas com Kentin também. Algumas no parque outras na loja de doces e até mesmo uma de quando éramos pequenos de mãos dadas que, obviamente não fui eu quem bateu a foto, mas pude identificar pois atrás estava escritos nossos nomes com a letra da minha mãe. Devíamos ter uns sete anos acho. Não deu pra ver muito meu rosto pois estava virado mas dava pra ver que as bochechas do Kentin deviam estar ardendo na hora de tão vermelhas.

Tinha algumas com meus pais também e outras com uma doida de cabelo rosa que sempre fazia caretas nas fotos, devia ser a tia Agatha de quem eles vivem falando.

Eu estava morrendo de rir passando as fotos dela quando a seguinte me fez tomar expressão seria. Era uma foto de Lysandre fantasiado de alce. Por que raios eu teria uma foto dessa nas minhas coisas? Isso não fazia o menor sentido. Será que Rosalya deixou aqui nas minhas coisas? Não...

Eu queria tentar encontrar uma explicação mais coerente para quilo mas a dor de cabeça resolveu me visitar novamente, aparentemente muito mais forte que a de ontem. Deixei a foto em cima do criado mudo. Depois resolveria o que fazer com ela. Respirei fundo ignorando a dor e continuei procurando por outras coisas na caixa como um lenço de bolso verde que exalava um perfume creio que impossível de se descrever, mas era algo hipnotizante ou até mesmo excitante; era algo familiar...

Aproximei o lenço do meu rosto e inspirei todo aquele perfume. Era tão envolvente que fazia com que os pelos do meu corpo inteiro se arrepiassem. Era tão viciante que achei que meus pulmões pudessem explodir, mas era mais provável que isso acontecesse com minha cabeça já que a dor ficou no mínimo dez vezes pior.

Caramba, que dor! Eu precisava de um remédio urgente.

Guardei tudo novamente e fechei a caixa. Irônico é eu ouvir berros a manhã inteira e o que me dá dor de cabeça é o cheiro de um perfume suave.

Desci as escadas com a mão na têmpora e lá estava minha mãe chorando no ombro do meu pai e devorando uma caixa inteira de chocolate ao mesmo tempo.

— Lynn, querida – ela disse em meio aos soluços – me desculpe por gritar com você, meu amor. Mamãe não quis dizer todas aquelas coisas

— Tudo bem, mãe, eu sei...

— Não, não está tudo bem! Eu sou uma mãe e uma esposa horrível! – ela se pôs a chorar ainda mais.

— Não, não é, querida. Lynn e eu já estamos acostumados com seus surtos de tpm  todo mês... – meu pai acariciava os cabelos dela como se já tivesse passado por dias assim um milhão de vezes.

— É, mãe, está tudo bem. – sorri pra ela.

— Você quer um bombom? – ela me ofereceu um da caixa

— Não precisa querida, eu trouxe uma caixa pra ela. – meu pai disse.

— Eu sei, mas eu comi... – ela começou a chorar mais ainda. Acharia a cena engraçada se não estivesse trincando de dor.

— Tudo bem, mãe. Me contento com uma aspirina pra enxaqueca, você tem?

— Tenho sim, filha, pega ali na minha bolsa na cozinha. – ela me disse soluçando e assim o fiz.

Tomei dois logo de uma vez pra garantir que essa dor sumiria o quanto antes possível e subi para o quarto enquanto minha mãe choramingava algo sobre estar enorme de gorda.

Coloquei o celular no silencioso e me joguei na cama. Não queria falar com ninguém nem pensar em nada até aquela dor passar, o que parecia impossível já que foto do Lysandre em cima do criado mudo fazia com que eu eu ficasse me perguntando qual o motivo de eu tê-la.

Trouxe-a mais para perto de mim e a encarei. Parando pra pensar ele ficou muito engraçado nessa foto de alce, até mesmo um tanto... fofo. Não pude deixar de escapar um riso frouxo, era uma pena ele ser um babaca... Ai, que droga! Essa enxaqueca não me deixa em paz!

Coloquei a foto de volta no criado mudo e me virei do outro lado fazendo um sanduíche com o travesseiro em volta da minha cabeça até adormecer.


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Notas finais do capítulo

Capítulo sujeito a alterações em alguns elementos do quarto da nossa Lynn, mas se isso ocorrer vocês serão notificados. bjo bjo ♥



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