Os corpos suados e nus de Dominique e James pareciam ter sido feitos um para o outro. Encaixavam-se perfeitamente um no outro, haviam uma sintonia maravilhosa. Não que estivessem apaixonados; longe disso. Mas deviam admitir que suas estruturas físicas eram como esculturas.

Essa atração vinha desde o começo da adolescência, com os hormônios “agitados”. Por serem primos, não aceitaram isso por um tempo, mas finalmente tomaram uma atitude no começo do sétimo ano em Hogwarts  — teriam uma relação casual. Sempre que os dois sentissem uma vontade mútua de transarem, transariam, até um deles achar alguém que realmente gostasse. Não conversaram com ninguém mais sobre aquilo, afinal queriam que ficasse em segredo e não queriam ninguém falando “mas isso nunca vai dar certo!” ou “algum de vocês dois vai acabar se machucando!”. A paz era requerida pelos dois; e assim a tiveram.

Após muita satisfação, James Sirius levantava-se da cama pertencente a loira; desde que se formaram em Hogwarts, tudo ficara mais fácil – não tinham que ficar fiscalizando seus dormitórios ou indo para a Sala Precisa. Com seus próprios trabalhos, conseguiram apartamentos próprios e tinham menos risco de serem pegos.

— Você realmente tem que ir? – Dominique, que ainda estava deitada e bruços na cama e completamente feliz e relaxada, perguntava enquanto fazia um beicinho.

— Só porque nossa família derrotou Voldemort não quer dizer que crimes ainda não existem. – James respondeu, referindo-se a sua profissão de Auror – Mas hoje foi realmente muito bom.

— Eu sei. – Dominique piscou e pulou para fora da cama, logo procurando por suas lingeries. Potter admirava o corpo natural dela enquanto ainda podia. Ela o alcançou sua camisa que James anteriormente parecia procurar.

A loira não se preocupou muito em se vestir e apenas colocou um robe de cetim verde para abrir a porta para James. Ajudou ele a amarrar a gravata do terno – algo que o Potter se recusava a aprender por sua complexidade – e a ajeitar a gola da camisa.

— Como estou? – Ele perguntou fazendo uma expressão como se fosse um executivo milionário.

Dominique riu e deu leves batidinhas no seu peitoral.

— Bem, Sr. Potter, sou suspeita para falar. Afinal, acabamos de transar. – Ela fez uma careta divertida, o que fez James rir também. Dominique foi até a porta e abriu para que ele saísse. – Tenha um bom dia.

— Você também.

James Sirius acenou com a cabeça e saiu dali, deixando Dominique sozinha para saltitar pela casa de felicidade. Mesmo sabendo que teria que ir para o trabalho em dentro de meia hora, sexo matinal sempre deixava o resto do dia uma maravilha, nem se ela fosse atropelada por um ônibus seu astral acabaria.

Após comer seu iogurte de cereais de sempre, cantarolar, escovar os dentes e colocar uma camisa social abotoada azul e uma calça preta, fez o seu caminho até o trabalho. Era sua rotina fazer tudo isso; além da pequena parada para comprar um café e ir tomando-o até o prédio d'O Profeta Diário, é claro.

Dominique era a encarregada pelo caderno de moda no jornal. Ela era estilista e muitas vezes os modelos mostrados foram desenhados pela própria. Embora sua marca ainda fosse pequena, já estava quase a ponto de deixar O Profeta Diário e montar sua empresa. A loira podia jurar que sua vida não poderia estar mais perfeita — era apreciada na mídia, tinha um trabalho bom, e estava há quase três anos escondendo seu “relacionamento” com James Sirius de todo mundo. Isso era um recorde, já que ela não conseguia manter nenhum tipo de segredo.

Mas aquilo era pelo seu próprio bem. Se ela quisesse sentir prazer sem ninguém ficar zunindo no seu ouvido, era obrigatório esconder seus encontros casuais com o próprio primo. E tudo estava ótimo do jeito que funcionava.

— Bom dia, senhorita Weasley. — A assistente de Dominique, Kelly, a cumprimentava com um sorriso simpático no rosto e algumas pastas apoiadas no braço.

— Bom dia Kelly. — Dominique cumprimentou-a de volta. — Já temos resultados finais para a coleção outono-inverno?

Kelly, além de auxiliar a Weasley com o jornal, também a ajudava com a linha de roupas. Dominique considerava a garota baixinha de cabelos roxos de extrema confiança. Foi muito sua amiga nos tempos em Hogwarts e tinha uma dedicação perante o trabalho incontestável.

— A “DW” nunca teve resultados tão impressionantes, Dominique. — A assistente respondeu com uma felicidade perceptível. — Muitas lojas querem vender suas roupas pois perceberam o sucesso delas. No total, vendemos dez mil trezentas e cinquenta e nove peças de roupas até agora. E olha que elas ainda não saíram da prateleira.

Dominique era capaz de pular de tanta alegria. Mas não querendo fazer tanto escândalo, apenas agradeceu a Kelly educadamente e foi coordenar um ensaio fotográfico que estava em andamento.

XX

— Onde esteve, cara? Te liguei umas três vezes durante a madrugada. — Fred II perguntava enquanto via o primo Potter chegando para o trabalho.

James Sirius ajeitou a gravata e sentou-se na cadeira de couro extremamente confortável.

— Porque eu sei que quando você me liga é pra falar sobre como seu cachorro fica fofo fantasiado de abelha. — James respondeu com humor na voz, embora tudo que ele acabara de falar fosse verdade.

— Mas dessa vez era algo sério! — Fred fazia birra — A nova Auror virá hoje. E cara, ela é linda!

— Fred, você é gay.

— Eu sei. Mas eu ela é tão maravilhosa que eu viraria hétero por ela… — Ele fez uma cara pensativa — Talvez.

James Sirius riu. Fred, além de ser seu primo, era seu melhor amigo desde que eles foram capazes de expressar sílabas sem sentido um para o outro. Embora ele também fosse o melhor amigo de Dominique também, eles não contaram nem para Fred sobre o que rolava entre os dois.

— Ah, James, vamos lá! Faz quanto tempo que você não sai com uma garota? Acho que desde o sétimo ano. Qual é a sua? Tem alguém na sua vida que você não me falou?

O Potter suspirou. Era verdade, ele não havia saído com ninguém — além de Dominique as escondidas — mas não se sentia bem chamando garotas que mal conhecia para sair. Afinal, ele já tinha Dominique para o sexo.

— Olha, Fred, eu estive bem ocupado desde lá. Eu tive N.I.E.Ms, depois o curso para Auror e agora o trabalho. Convenci a mim mesmo que só sairia com uma garota se eu realmente gostasse dela. — James tentava inventar desculpas, mas via que o amigo suspeitava de alguma coisa. Ninguém, nunca, deve subestimar Fred Weasley II.

— Mas agora sua vida está menos agitada, certo? Então deixa que eu vou te apresentar ela, você a leva pra comer alguma coisa no almoço e todos saímos ganhando. — O sorriso no rosto dele era maior do que um caminhão — Afinal, eu adoro bancar o cupido.

James não queria, mas acabou cedendo. Só estava curioso para saber no que aquilo daria.

Não demorou muito para que Fred aparecesse com ela, é claro. Mas não era nada do que James esperava; ela era fogo. E além do mais, era muito simpática. Apesar do seu corpo maravilhosamente chamativo, parecia ser uma pessoa tímida e reservada.

— É um prazer conhecê-lo, James. — Ela estendeu a mão e James cumprimentou-a. — Sou Jill Rivers.

James nunca pensou que gostaria de alguém daquele jeito em um tempo tão curto de conversa. Descobriu algumas coisas; ela era Irlandesa, torcia para o Chudley Cannons, era fascinada por trouxas e por justiça. Ele definitivamente ficou interessado em conhecer Jill melhor, por isso adaptou a ideia de Fred e a convidou para almoçar. E tinha certeza que não se arrependeria.

XX

Dominique ficara tão distraída com o ensaio fotográfico maravilhoso que acontecia, que até esqueceu que já era quase meio-dia e tinha marcado de almoçar com Fred II e Albus Severus. A modelo tinha ficado tão bem na sua nova coleção de verão e a loira não queria deixar o trabalho, mas compromisso era compromisso. Pediu para que deixassem aquilo para mais tarde e se desculpou, com muita dor no coração, mas a fotógrafa e a modelo aceitaram tranquilamente.

Ao sair do elevador do prédio, via que os dois já esperavam por ela, o que não foi o combinado. Fred, do jeito que era fofoqueiro, precisava falar algo “importante”.

— E aí, nossa grande empresária?! — Albus lhe abraçou forte e quase a levantou do chão. Aquele era o cara mais feliz que ela já tinha visto.

Fred não falou nada, mas também a abraçou.

— Então, o que vocês têm pra me contar? — Dominique perguntou, curiosa e sorridente. O olho de Fred chegou a brilhar com a rapidez da curiosidade da prima.

— Nosso querido James está crescendo, Niquezinha. — Fred disse com as duas mãos no peito e com uma expressão de “pai orgulhoso”, fazendo Dominique franzir o cenho e estranhar o que estava acontecendo.

— Como assim? — Perguntou, confusa.

— Bem, nós temos uma nova Auror na área. Pesquisei um pouco sobre ela e descobri que além de bonita, ela é legal! E já que sou gay e ela não é meu tipo, claramente, eu a apresentei para James e adivinhe: ele adorou ela. — Ele parecia muito feliz — Imagine só! Depois de três anos na seca.

Dominique quase engasgou com a própria saliva. Essa era com certeza a reação que nem ela, nem seus primos esperavam com essa notícia. Ela abriu um sorriso e bateu palmas, fingindo a felicidade. Mas no fundo, nem sabia o que estava acontecendo.

Ok, eles tinham feito o acordo de que “se alguém se apaixonar por outra pessoa, vão parar de transar”, mas já faziam quase três anos do seu pseudo relacionamento, então ela se acostumou com tudo aquilo e era estranho saber que James parecia ter gostado de uma outra garota.

Se ela tinha consciência de que seu “contrato” acabaria uma hora ou outra, por que a ficha ainda não caíra? Na verdade, ela não caiu até o fim do dia. Durante o almoço, a tarde, a noite, ela ficou pensando sobre isso. E segundo Fred, “além de bonita ela é legal”.

E mesmo com o sexo matinal, tais pensamentos foram capazes de baixar seu astral.

Só não esperou que todo mundo repararia.