Tempestta escrita por Krika Haruno


Capítulo 8
Capitulo 8: Viagens


Notas iniciais do capítulo

E alguns dourados começam a suas jornadas nos outros planetas de GS.
Boa leitura!



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Iskendar tinha acordado cedo. Não tivera uma boa noite de sono, já que sonhara com a mãe, já falecida. Não tinha ido para sua casa e sim ficado na casa de Dara. Com a expressão fechada foi para o jardim.

— Pensei que fosse dormir mais. - o loiro brincava com um cão.

— Eu trabalho esqueceu? - parou ao lado dele. - obrigado por me deixar ficar aqui.

— Pela sua cara teve uma noite péssima. - o fitou. - fantasmas te assombrando?

— Sim. - respondeu seco. - alguma noticia do pirralho?

— Voltou seguro para a casa. Graças a você. - a voz saiu divertida.

— Posso perguntar algo?

— Se eu puder responder...

— Quem mais tem acesso a essas informações?

Dara ficou em silêncio por alguns segundos.

— Tem coisas que melhor não saber. Para a sua própria segurança.

— Tudo bem. - não ficou com raiva. - quando puder me conta.

— O que irá fazer agora?

— Voltar ao meu posto. - vestiu a jaqueta da polícia. - até mais. - foi saindo.

— Iskendar.

Ele parou, mas não olhou para trás.

— Realmente é para sua segurança. Sabe disso não é?

— Eu sei. - sorriu. - tenho total confiança em você.

Acenou, partindo. Dara sorriu. Ele não era seu filho biológico, mas o tinha como tal.

O.o.O.o.O

Saga, diferente dos demais, não pegou nave e sim  um carro com o emblema da família real. Pela janela o geminiano olhava o vai e vem dos demais carros e dos monotrilhos. Marius também seguia com ele.

— Fico imaginando se algum dia as cidades na Terra serão assim. – disse fitando o céu com seu transito organizado.

— Foi um processo longo e árduo. – começou Marius. – nossa história não é muito diferente da de vocês. Enfrentamos guerras, epidemias, mas aprendemos que brigar entre si não levaria a nada. A partir do momento que começamos a nos ver como um único povo os avanços vieram.

— Essa realidade é ainda distante para nós.

— Não somos perfeitos, prova disso é o nosso conselho. Ainda temos uma longa caminhada.

— Eu terei acesso ao conhecimento sobre hadrens? – Saga o fitou.

— Tudo que desejar saber. Há várias academias espalhadas pela galáxia com alto grau de conhecimento sobre os hadrens, mas em Ranpur temos a mais importante. Soren fazia questão de acompanhar de perto.

Saga meneou com a cabeça, será que os conhecimentos que fossem adquiridos poderia aplicar em seu golpe de forma a aperfeiçoá-lo? Sua indagação foi interrompida pela parada do carro. Os olhos verdes fitaram o exterior ficando impressionados.  Eram duas torres que se erguiam a metros de altura e o carro tinha parado exatamente no meio delas, numa pista suspensa. O cavaleiro desceu e caminhou até a beirada. O chão estava cem metros abaixo.

— Vamos Saga? – Marius o chamou.

Concordou seguindo com ele.  Se não fosse pela coloração azul de seu cabelo, o grego passaria despercebido pelos corredores movimentados, pois usava vestimentas típicas de Ranpur. Marius o levou até o ultimo andar, onde ficava a sala do administrador do CEPHA, Centro de Pesquisas de Hadrens.  A secretária indicou o caminho e em segundos estavam numa sala ampla toda revestida por vidros e de onde se tinha uma esplêndida vista da capital.

— Chanceler. – um senhor alto apertou sua mão. – é um prazer receber sua visita.

— Prazer em revê-lo Craig. – Marius retribuiu o cumprimento. – esse é o garoto que te falei.

— Ah sim. – virou-se para Saga, com curiosidade. – conhecer humanos de VL não é um fato corriqueiro. Prazer, - estendeu a mão. – Craig. – era um senhor de pouco mais de sessenta anos, cabelos grisalhos e olhos negros. Alto e com porte.

— Saga.

— Ensine tudo o que puder Craig, - disse Marius. – deixe-o em suas mãos.

O chanceler despediu-se dos dois.

— Muito bem Saga. – o administrador mostrou uma cadeira. – Marius me deu uma explicação rápida sobre seu poder, muito interessante por sinal.

— O que ele lhe disse?

— Tem a aptidão de manifestar o poder de um elementar e que isso lhe da a capacidade de enviar algo ou alguém para outra dimensão.

— Exato.

— E o onde seria essa outra dimensão? – indagou interessado.

— Seria o mesmo que enviar alguém para um buraco negro, ou para outra galáxia.

— É uma pena que nunca alguém tenha voltado para contar como foi a experiência. – brincou Craig. (obs.: não é bem mentira se levarmos em conta as batalhas em CDZ, mas para fins didáticos, ninguém voltou...)

— Verdade, mas acho que para hadren é um pouco diferente.

— Bem diferente.  – o senhor levantou caminhando até as janelas. –o hadren funciona como um túnel que liga dois pontos no universo, no nosso caso na galáxia. Além de diminuir a distancia ele nos permite utilizar velocidades acima da luz.

— Eu não entendo muito de física, mas essas viagens não deveriam afetar as naves? Não tem também o aspecto do tempo?

— Tem. – o fitou. - É por isso que as naves criam em torno de si um campo gravitacional, assim protegendo dos efeitos de espaço e tempo.  Venha comigo.

Craig não o conduziu pela porta que tinha passado anteriormente e sim para um elevador interno.  O cavaleiro sentiu o aparelho descer numa velocidade anormal para elevadores. Depois de segundos a porta metálica abriu-se.  Saga arregalou os olhos.

Era um amplo salão, todo branco e acinzentando. As pessoas iam e viam, mas sem confusão.  Do lado esquerdo de quem entrava havia varias bancadas com computadores e grandes telas.

— Parece a sala de controle da agência espacial da Terra. – comentou Saga.

— Aqui monitoramos todos os hadrens que existem em GS.   – disse voltando a caminhar pela sala.

— E são quantos? – mesmo caminhando o cavaleiro não tirou a atenção dos monitores.

— Temos catalogados mil hadrens em toda a extensão, classificados em:trezentos ativos, cem em fase de teste,  cinqüenta que serão inutilizados e cinqüenta vermelhos. – Craig parou diante de uma porta de aço. Ele aproximou de um pequeno painel que fez a leitura de sua íris. Após esse procedimento adentraram num longo corredor branco. – trezentos perdemos antes mesmo de termos conquistado o espaço e o restante foi destruído na guerra. Deve ter ouvido falar.

— Sim. O que levou o príncipe a Terra entra em qual classificação?

— No de fase de testes. Como demorou quinze anos para ele tornar aparecer, precisamos verificar se ele é seguro.

— Caso seja, poderá ocorrer o transito daqui para lá.

— Exatamente.

Ao final do corredor uma nova porta. Craig fez o mesmo processo e uma sala quadrada abriu-se para os dois, contudo ao contrário da primeira, o espaço entre a porta e uma parede de vidro era pequeno. Encostado a ela uma bancada com quatro computadores.  O senhor pediu para Saga aproximar da parede. O cavaleiro ficou pasmo tanto que não conseguiu dizer nada nos primeiros segundos.

— O que é isso? – fitou o administrador imediatamente.

— É aqui que estudamos um hadren.

O.o.O.o.O

A Euroxx estacionou na estação espacial que ficava na órbita de Maris. De lá Mask e os demais pegaram uma nave menor em direção ao planeta. Altamira era uma cidade grande e bastante semelhante a Shermie. Os prédios praticamente tocavam o céu. Tinha uma temperatura um pouco mais elevada que Ranpur, mas nada que incomodasse. E ao contrário do planeta-capital, a gravidade era igual a da Terra.

A nave sobrevoou a cidade e depois fez uma curva acentuada para a direita, a medida que o transporte fazia a curva Giovanni e os demais viam uma grande estrutura despontar na paisagem. A estrutura parecia um iglu chegando a vários metros de altura, rodeada por um grande lago artificial e a cada cem metros erguia-se grandes portões no formato das entradas de iglu. A medida que a nave aproximava a construção parecia aumentar de tamanho.

A nave diminuiu a velocidade, até parar em frente a um dos portões. Etah que estava com o grupo pediu autorização para a nave entrar.

— Eu pensei que fosse uma escola. - comentou Shura, diante da segurança.

— Mas é. - Etah o fitou. - só que estamos entrando numa área restrita.

O portão acinzentado começou a abrir, permitindo a passagem. A nave sobrevoou uma espécie de hangar até pousar. Um grupo de policiais estava a postos.

— Comandante. - um senhor aproximou. Os dourados fitaram as inúmeras insígnias que ele usava.

— Tenente Sttup. - Etah bateu continência. - vossa alteza deseja tomar aulas de pilotagem.

O rapaz afastou um pouco. Giovanni aproximou do tenente. A expressão de Sttup foi de surpresa a seriedade.

— As imagens não mentiram. - disse, estendendo a mão. - seja bem vindo a academia de policia alteza. Meu nome é Sttup e sou o diretor dessa instituição.

— Obrigado senhor Sttup. - devolveu o aperto. - espero que possa ajudar aos meus amigos e a mim.

— É sempre um prazer servir a família real, alteza.

— Sem formalidades. Apenas Eron.

Sttup sorriu. Ele era muito parecido com o rei.

— Venha comigo.

O grupo foi conduzido pelas dependências da academia. Sttup contou sobre como a academia funcionava e sua história. Ele os levou para ala de treinamento de pilotos.

— Isso deve deixar qualquer base militar no chinelo. - disse Dohko.

— Não tem como não dizer que estamos em outra galáxia. - comentou Afrodite.

— Muito bem senhores. - disse Sttup parando em frente a uma porta de aço. - esse é um dos nossos mais modernos simuladores.

— É aqui que se aprende a pilotar os Legos? - indagou Miro.

— Miro! - Kamus deu um cutucão nele.

— Ai.

— Na próxima ala. - Etah sorriu. - prefere aprender a pilotar um Lego?

— Mais é claro.

— Não vejo problema. - disse Sttup. - Etah poderá ensiná-lo perfeitamente.

— Então venha.

— Não se contenha em chamar a atenção dele se precisar Etah. - disse Mask.

O escorpião mostrou o dedo do meio para ele. Kamus e Dite balançaram a cabeça negativamente. Etah e Sttup ficaram sem entender.

O comandante mais Miro seguiram pelo corredor e os demais entraram na sala.

A sala era grande, dividida em vários setores. Em cada setor seis cadeiras similares a poltronas de naves.

— Podem acomodar-se no setor dois. - Sttup apontou.

— A academia está de férias? - indagou Kamus por não ver nenhum estudante.

— Não. Apenas mandei fechar a sala para o uso do príncipe.

Mask não gostou nada.

— Senhor Sttup, - aproximou. - agradeço a disposição em me ajudar, mas não quero privilégios. - disse enfático. - quero aulas como qualquer aluno e ser tratado como tal, então da próxima vez quero ver a sala cheia.

Sttup ficou surpreso. Não esperava ouvir aquilo vindo do príncipe. De impressionado, sorriu.

— Como quiser Eron.

Dite sorria internamente, aos poucos o orgulhoso Mascara da Morte dava lugar a humildade.

Etah e Miro atravessaram um longo corredor até chegarem a sala destinada a treinamento de Legos. O escorpião não conteve a felicidade ao ver vários protótipos dos robôs.

— Esses são os Legos usados para treinamento.

— Tem idéia de como isso é legal? - os olhos até brilharam.

— Tenho. Tive a mesma reação quando cheguei perto de um. Venha.

Havia cinco protótipos em cada lado. Para levar os pilotos até a área destinada a eles, subiram uma escada que saia num corredor que passava por trás de cada robô acoplado. Etah apertou um botão na parede, fazendo um closet aparecer. Pegou uma muda de roupa.

— Essas sãos as roupas que usamos dentro do lego. São resistentes caso algo aconteça. - entregou a Miro. - Na Terra existe algum simulador que utilize sensor de movimento?

— Não que eu saiba... - murmurou Miro vestindo a roupa. - temos videogame.

Diante da expressão de Etah, o grego explicou rapidamente sobre o aparelho.

— Ótimo que tenha noção disso. - disse Etah. - os Legos funcionam da mesma forma. Usando os movimentos dos braços e pernas, movemos essas partes do Lego. As demais funções são sob comando de voz. Vou levar um para o centro de treinamento.

Depois de apertar alguns botões, a plataforma abaixo do Lego começou a se mover, primeiro para frente e depois para baixo, quando um portão no chão se abriu.

A sala abaixo era tão grande quanto a de cima, contudo estava vazia.

— A primeira parte do treinamento começa com gravidade e a segunda sem ela. Como é principiante eu controlarei parte dos comandos.

— Tudo bem.

Etah apertou o botão de entrada do Lego. Miro mal se continha e quando entrou ficou bastante surpreso. Havia uma espécie de chão, onde podia ficar de pé. Enxergava tudo na sala através dos olhos do robô. Do seu lado direito uma tela verde apareceu e do esquerdo uma espécie de monitor.

— Isso é muito melhor que videogame! - exclamou.

— Pode me ouvir Miro?

— Posso. O que eu faço agora?

— Diga acionar.

— Tudo bem. Acionar.

O painel acendeu, assim como apareceu alguns dizeres na tela verde.

— Para acostumar, apenas caminhe até o final da sala e volte.

Ele obedeceu. Miro ensaiou um passo e com isso sentiu o robô mexer. Assustado com o movimento parou.

— Não se preocupe. - disse Etah. - estou vigiando.

— Vamos lá...

Miro começou a "andar". Ele via o balançar do robô exatamente igual o balançar de uma pessoa. Não era difícil, mas sentia seus membros rígidos.

— Isso é normal. - o jovem de Ranpur adivinhou a preocupação dele. - até acostumar sentirá seus músculos rígidos.

O cavaleiro continuou dando passos ora largos ora curtos. Etah acompanhava com um sorriso. Até que o rapaz levava jeito.

Sttup esperou todos acomodarem nos simuladores para começar a falar.

— Em VL19 tem transportes semelhante aos nossos?

— Sim senhor Sttup. – disse Dohko. – carros, ônibus, aviões etc...

— Ótimo, basicamente é a mesma coisa.

— Só tem um problema senhor. – Shura levantou a mão.

— Qual?

— O único que sabe dirigir aqui é o Giovanni e o Kamus. – Dohko, Afrodite concordaram. Aquilo era profundamente corriqueiro no mundo de Atena. Seus cavaleiros eram treinados para combater e não tirar carteira. Até o final da batalha contra Hades os únicos que tinham carteira eram Giovanni, Kamus e Hyoga. Ao final da batalha, apenas Aioria e Aiolos tinham apreendido. Atena já estava providenciando para os outros, mas não houve tempo.

Sttup franziu o cenho. Com o príncipe e Kamus seria mais fácil, mas com os outros teria que começar do zero.

— Teremos que ter dois programas diferentes. – disse. – Kamus e Eron, por favor, sentem-se naquele setor. Os demais aguardem.

O aquariano e Giovanni seguiram para o setor ao lado acompanhado por Sttup.

— Basicamente é como dirigir um carro. Nesse primeiro modulo terão aulas teóricas, sobre o funcionamento das naves e o comportamento delas no espaço. – foi até o painel que ficava do lado de fora do setor e carregou um programa no sistema. – qualquer dúvida podem me chamar.

Sttup foi para perto do outro grupo.

— Muito bem rapazes. Vamos aprender a dirigir.

O.o.O.o.O

Na órbita de Ranpur as pequenas naves tomaram rumo das naves maiores. Shion e Mu foram para a nave real de Alaron. Ela era bem diferente da Euroxx e da Galaxy. Sua aparência era como as naves de extraterrestres eram vistos na Terra: dois pratos juntos. Os dois arianos foram conduzidos até os aposentos da princesa.

A viagem foi feita em uma hora e quinze minutos, com a nave posicionando-se na órbita de Alaron. A princesa e sua comitiva foram levados para uma nave menor. Shion e Mu não controlavam o nervosismo. A nave aproximou-se de uma grande cidade, levando os dois cavaleiros a irem para a janela. Os dois arianos olharam perplexos para a paisagem. Vanahem, a capital de Alaron, era tão grande quanto Shermie, mas tinha a arquitetura completamente diferente. Não havia prédios tão altos e denso tráfico aéreo, ao contrário, parecia uma pacata cidade do interior.

A cidade era praticamente toda plana e do alto via-se que ela era planejada em formato circular. Ao centro do “circulo” uma espécie de ilha, contornada por um canal e ligado a “terra” por oito pontes.

O transporte foi perdendo altura e pousou numa grande pista. De lá pegaram um veiculo pequeno, seguindo uma das pontes. Elas eram altas, acima dos prédios.

— Mestre... – Mu o fitou.

Shion não tinha palavras para descrever a beleza da cidade. A arquitetura lembrava muito a arquitetura grega, claro com detalhes de alta tecnologia.

— Vanahem é muito bonita não é? – Alisha aproximou dos dois.

— É linda princesa. – disse Mu.

— Estamos indo para a área central, onde fica o palácio.

Em dez minutos desciam na área central de Vanahem. As construções eram belacíssimas e nas cores brancas ou acinzentadas.

Um grupo de soldados aguardavam a descida da princesa. Shion e Mu trocaram olhares ao verem as pintas lemurianas nas faces.

— Alteza.

Uma voz feminina chamou a atenção deles. Ao virarem, viram uma moça alta de longos cabelos ruivos e olhos arroxeados. Acima deles duas marcas roxas.

— Rana.

A jovem curvou-se.

— Rana, esses são Shion e Mu. Os atlantiks de VL19.

A jovem os fitou, mas o olhar demorou em Shion mais especificamente nos cabelos dele. O grande mestre notou na hora.

— Muito prazer senhores.

Os dois limitaram-se a sorrir.

Alisha os levou para a área do palácio, tão encantador quanto o exterior. Shion e Mu não paravam de olhar os lemurianos que cruzavam o caminho. Era muito estranho vê-los.

— Alisha isso tudo é um pouco perturbador. – brincou Shion. – não estamos acostumados a ver tantos lemurianos.

— Deve ser impactante mesmo, mas logo você se acostuma. – o fitou sorrindo.

Rana que seguia ao lado de Mu o fitou.

— Quando a princesa disse sobre vocês pensei que seriam esquisitos.

— Esquisitos?

— Perdemos contato há tanto tempo... mas você é um autentico atlantik. – sorriu fitando o cabelo dele. – a tonalidade lilás nos cabelos é a predominante aqui.  – ela estendeu a mão. - prazer.

— Prazer senhorita Rana. – retribuiu.

— Espero que goste do nosso planeta.

— Já estou. – sorriu de volta.

Os dois foram conduzidos para uma grande sala de estar, onde havia um pequeno grupo de pessoas aguardando-os. Assim que eles viram a princesa reverenciaram.

— Alteza.

— Como vai Magni?

— Muito bem e animado pela volta do príncipe Tempestta. – era um senhor com a aparência de setenta anos. Os cabelos eram brancos presos por um coque e os olhos violetas. – vejo que trouxe visitas. – fitou os cavaleiros.

— São os atlantiks de VL. Shion e Mu ele é o conselheiro real.

O senhor os fitou atentamente. Sem dúvidas, os dois descendiam  de sua raça. E mesmo com o passar dos séculos o sangue lemuriano não tinha se perdido, prova disso era as marcas na testa e especialmente a tonalidade do cabelo de Shion.

— É um prazer conhecê-los. – disse.

— O prazer é todo nosso. – disse Shion. – conhecer sobre nossa raça é um privilégio. Quase não temos registros.

— Pode me contar o que sabe? – indagou.

— Claro.

Alisha indicou que era para sentarem. Assim que as demais apresentações terminaram, ela deu a palavra.

Shion sentou-se de frente para todos, tendo Mu ao seu lado.

— Nossa raça vivia num continente no setor meridional do planeta. Era uma civilização avançada em comparação aos demais habitantes. – iniciou. – houve um cataclismo e a região afundou. Salvou-se muita gente e eles seguiram para a região setentrional. Um local chamado Jamir.  A partir daí o número foi reduzindo, até chegar apenas três nos dias de hoje.

O relato de Shion era o mesmo relato dos que vieram de VL.

— Tudo que disse bate com os nossos registros Shion. – disse Magni. – os atlantiks foram para VL graças aos elementares puros e logo após a catástrofe eles voltaram. Como os elementares deixaram a galáxia e nessa época não tínhamos tecnologia o contato se perdeu.

— A princesa nos disse que podemos fabricar o oricalco. – falou Mu.

— Sim.

— Rana, por favor. – pediu a princesa.

A dama real fez uma reverencia e saiu. Segundos depois voltou trazendo alguns objetos, colocando-os sobre uma mesinha. Eram três tigelas.

— Estamos estudando a relação do Oricalco com a nossa raça, - disse Magni. – sabemos que é uma faculdade que os elementares possuíam e foram repassadas para nós, mas não sabemos exatamente como esse evento ocorre. – foi até a mesinha. – mas apenas um atlantiks consegue fazer. Oricalco é encontrado apenas em Alaron, onde é extraído, mas se estamos num ambiente que não tenha, podemos fabricá-los. - agachou ao lado da mesinha. - misturamos algumas substancias... - Shion e Mu viram ele pegar uma das tigelas que continha um pó azulado e despejar numa terceira, em seguida  pegou a tigela que tinha um pó avermelhado e também despejou na terceira tigela. - e amassamos.

Ele pegou a mistura e começou a amassá-la, a medida que a força era empregada, os dois arianos podiam ver o brilho amarelo acobreado.

— Não fica um oricalco puro, mas chega-se a oitenta por cento.

Ele mostrou o resultado.

— Isso é fantástico! – exclamaram os arianos.

O.o.O.o.O

Dentro da estação orbital, Shaka foi levado para onde Urara estava.  A diretora terminava uma pequena reunião e o indiano achou melhor esperá-la do lado de fora. Quando Urara saiu da sala ficou surpresa ao vê-lo.

— Senhorita Urara. - cumprimentou de forma cortes.

— Deveria ter dito que estava aqui. - sinalizou para ele lhe acompanhar.

— Não quis importuná-la. - caminhava ao lado dela. - já está sendo prestativa em me levar até  Obi.

Urara o fitou diretamente, ele tinha uma seriedade anormal para sua idade.

— Será um prazer levá-lo. - disse por fim.

Os dois foram para o hangar onde a nave dela estava. Shaka fitou o objeto em formato de tartaruga.

— Em uma hora e quinze minutos estaremos lá. Por favor entre.

Ela o conduziu até a cabine, Shaka sentaria onde ficava o co-piloto. Depois de receber a ajuda dela para colocar os equipamentos de segurança ficou em silêncio. Urara ligou a nave e depois de autorizado a partida decolou virando a estibordo.

Sessenta segundos para hadren. - uma voz mecânica avisou.

O cavaleiro viu uma luz azulada aparecer na sua frente. Ela se transformou círculos e quando a nave passou os feixes de luz transformaram em tentáculos de um polvo...

Durante os primeiros quinze minutos os dois permaneceram num profundo silêncio.

— Você disse que o seu povo pode prever o futuro.

— Exatamente. - respondeu sem olhá-lo.

— E o que eles disseram sobre a volta de Eron?

Urara não respondeu de imediato. O conselho ainda não tinha deslumbrado o futuro de GS, apenas a volta do herdeiro.

— Ainda não temos uma previsão.

— E o que você acha que vai acontecer?

— Eu não previ nada.

— Não digo previsão e sim sua intuição. Você parece ter muita experiência, sabe analisar uma situação como essa.

Urara o fitou.

— Existem muitas variáveis. A favor e contra o príncipe. Ainda é cedo para dizer algo. - a atenção voltou para o painel.

Shaka não fez mais perguntas.

Como ela havia dito, chegaram exatamente no horário. A nave entrou no planeta azul, cruzando sua atmosfera.

O cavaleiro olhou bem para a imagem que surgia diante de seus olhos.

— É a nossa capital, Bháskara.

A cidade literalmente era de um mundo Scifi. Era toda plana com enormes arranha céus em formato de agulhas. A cor predominante era cinza e azul claro. Inúmeras naves transitavam de forma organizada. Urara não seguiu o curso dessas vias e sim sobrevoando mais alto.  A viagem demorou mais cinco minutos até que ele começou a avistar em meio aos prédios, uma construção de arquitetura singular. Arcos de quilômetros de largura sobrepunham uns aos outros num total de três. Lembrava muito a letra A.

— A sede do conselho. - disse, percebendo a curiosidade dele. - os conselheiros querem conhecê-lo.

Shaka apenas meneou a cabeça. Urara pediu autorização para pousar, na pista que ficava a frente do prédio. Quando o virginiano pisou em solo, sentiu a brisa fresca, a temperatura era muito agradável e o ar bastante leve, assim como a gravidade.

— Seu corpo irá acostumar. - disse. - venha.

Abaixo dos arcos havia um grande lago artificial ligado por pontes. Shaka via o vai e vem das pessoas, todas trajadas com túnicas brancas. Todos, tinham os cabelos loiros, alguns quase brancos e pele alvíssima. Eram também bem altos para o padrão terrestre. As pessoas que passavam pelos dois, os fitavam com curiosidade, principalmente para Shaka. O tom de loiro dele era bem escuro em comparação a eles.

— Me sinto completamente estrangeiro aqui. - disse. - mesmo dizendo que pareço um eiji.

— Eijis que moram em outros planetas são ligeiramente mais morenos. Eles pensam que mora em outro planeta.

— Qual o motivo?

— A luz do sol chega bem fraco aqui. Estamos no verão, mas a temperatura é mais baixa que por exemplo em Ranpur.

A caminhada terminou num portão branco. Os guardas que vigiavam deixaram os dois passar, fazendo uma reverencia para Urara.

O cavaleiro achou que encontraria um lugar místico, mas ficou surpreso ao ver que não era diferente de uma sede de governo comum. Tudo continha placas, indicando os vários departamentos.

— A sala do conselho fica no ultimo andar.

Pegaram um elevador panorâmico, com vista para a cidade. Quando chegaram, a porta do elevador dava de cara com uma majestosa porta dourada.

Dois guardas a reverenciaram e em seguida abriram-na para a passagem.

Um salão enorme despontou-se para o cavaleiro. Não havia luz, a não ser o brilho dourado que emanava das vestes de doze pessoas, reunidas em circulo no centro do salão.

Shaka jamais tinha visto tal coisa. O brilho dourado parecia cosmo, mas não sentia a energia em si, contudo o corpo ficou rígido, como se estivesse num local proibido a pessoas comuns.

Urara aguardou ser chamada.

Um dos doze abandonou o circulo e foi até eles. Como Urara tinha se curvado, Shaka fez o mesmo.

— É tão conselheira como nós Urara. - disse o homem. - não há necessidade disso. - ele fitou Shaka. - e você também servo de Atena.

Shaka o fitou imediatamente. Como ele sabia disso? Urara...

— Ela não nos deu esse detalhe. Mas pude ler seu coração. - sorriu. - eu sou Noah.

— Shaka.

— O humano que tem aparência Eiji. Não só aparência, consigo intuir que também tem os nossos poderes.

— Ele está aqui por causa disso. - disse a diretora. - a rainha achou por bem ele conhecer nosso planeta.

— Ela fez bem. Venha, rapaz.

Noah o conduziu até a bola azul, os demais conselheiros não mostraram-se surpresos com a presença dele e Urara achou o fato curioso.

O.o.O.o.O

Ao contrário de Shion que seguiu numa grande nave, as naves de Urara e Niive eram pequenas.  Elas estavam estacionadas na estação orbital de Ranpur. Aldebaran, Célica e Kanon foram conduzidos para o hangar.

— Nave legal. – disse Kanon.

A nave tinha linhas arrojadas em formato de T.

— Obrigada. – respondeu a contra gosto. Não queria que ele fosse. – vamos.

Os três acompanharam a diretora. Ela os acomodou no pequeno quarto e minutos depois entrava num hadren com destino a Clamp.

Célica perguntava a Aldebaran coisas sobre a Terra e Kanon aproveitou a deixa para ir atrás de Niive. A diretora estava concentrada que nem notou a aproximação dele. O marina chegou sorrateiramente e parou atrás dela.

— Oi.

Tudo que Kanon sentiu foi a face arder no lado direito, o marina desequilibrou com a força do tapa e foi ao chão, não sem antes bater com a cabeça numa parte do painel.

— Seu idiota!! – berrou a diretora assim que o viu. - Kanon?

O grego estava no chão com os olhos fechados.

— Kanon. – chamou mais uma vez. – pare de brincadeiras. - Niive ajoelhou diante dele. – Kanon.

Nada de resposta. Ela ficou preocupada. E se a pancada tivesse sido forte?

— Não bati com tanta força... Kanon, acorda. Kanon. – tocou o rosto dele. – Kanon, por favor.

O cavaleiro estava acordado o tempo todo, apenas testando a reação dela. Ficou surpreso com o toque. Ele abriu um grande sorriso.

— Ficou preocupado comigo.

Ela percebeu que foi truque.

— Estúpido! Eu preocupada e você me fazendo de idiota!

— Eu não resistir.

— Deveria ter batido com mais força! – exclamou irritada.

— Aí você me mataria.

— Seria perfeito.

— Pode me ajudar a levantar? Minha cabeça dói. – ele tocou na nuca, sentindo algo errado. – está sangrando.

— Você é um grande estúpido. – o ajudou a sentar. – vou buscar minha maleta, pode ter lesionado alguma coisa.

Ela foi até o compartimento de carga pegando uma maleta preta. Kanon estava sentadinho e com os olhos fechados.

— Kanon.

Ele os abriu, passando a fita-la. Niive mirou os olhos verdes, mas desviou rapidamente.

— Fique quieto.

Ela pegou um dispositivo do tamanho de um smartphone e passou rente a cabeça dele, como se estivesse passando uma escâner. Não notou nada de anormal.

— Foi apenas um corte. – guardou o objeto na maleta. – nada grave.

— Menos mal... – murmurou. – esqueci que você é forte. – sorriu.

— O que veio fazer aqui?

— Só queria conversar. – sorriu ainda mais.

— Você é irritante.

— Eu sei.

No quarto, Deba relatava sobre sua vida. Célica escutava, mas estava pensando em outra coisa.  Com certeza Kanon iria demorar, já que se passara alguns minutos e Niive não o tinha expulsado.

A morena levantou de repente indo até a porta certificar que ela estava trancada. Niive teria que esperar. Ela caminhou de volta parando de frente para ele.

— Algum problema Célica?

— Pode me chamar de Cely. – sorriu. – não é exatamente um problema... – aproximou um pouco mais dele. – vou direto ao assunto, - parou bem próximo. – quero transar com você.

A expressão de Deba foi de incredulidade, não tinha escutado direito, ou tinha?

— Como é? – indagou.

— Quero transar com você. Simples assim.

O taurino ficou em choque, ainda não acreditava. Célica o olhava fixamente, analisando-o. Aldebaran era o tipo bom moço. Poderia fingir está apaixonada e enganá-lo, mas não era do seu feitio. Queria ficar com ele as claras.  Abriu um grande sorriso.

— Está pálido.

— Eu? – gaguejou. – não. É que... – estava desconcertado.

— Estava brincando. – disse, já arquitetando um plano.

Ele começou a rir completamente sem graça e surpreso.

— Brincadeira...

— Como é o seu país? – indagou mudando radicalmente de assunto.

Deba a fitou sem entender. O que se passava na mente dela?

— Bem...

Kanon tinha vencido Niive pelo cansaço e agora ela explicava o funcionamento da nave. Como a viagem demoraria duas horas eles teriam um longo tempo.

O.o.O.o.O

A nave que conduzia Aioria partiu da estação indo em direção a nave oficial do governo de Orion. A medida que se aproximava, o grego percebeu que ela não tinha traços elegantes como a Euroxx, ou requintados como a de Alaron. Ela parecia um charuto.

Depois de acoplar naquela nave, o cavaleiro foi conduzido a presença do presidente Stiepan Cassie.

— Seja bem vindo a Titan.

— Obrigado senhor.

— Vem, vou lhe mostrar os nossos geradores de energia. Teremos muito tempo, pois a viagem durará quatro horas.

Stiepan autorizou a partida e segundos depois a Titan entrou num hadren.

— Sentiu mais descargas elétricas?

— Não.

— Em todo caso, use isso. - Cassie lhe deu um par de luvas. - não queremos um acidente. - sorriu.

— Tem toda razão.

O.o.O.o.O

Estava sentado de frente para a janela do seu escritório, no penúltimo andar da sede da polícia galáctica. As grandes janelas conferiam uma visão encantadora do espaço.

Rihen estava perdido em seus pensamentos. Lembrava-se do ultimo dia da guerra contra S1. O governante da galáxia S1 estava em vias de assinar o tratado de rendição, completamente cercado pelas tropas de GS. A vitória estava coroada quando S1 deu a última cartada...

Rihen seguia apressado para a sala onde o tratado seria assinado, quando foi interceptado por um soldado que transmitia as ultimas informações.

— Mas a guerra acabou. – disse alarmado com as notícias de confrontos próximos a Ranpur.

— Sim senhor, mas tivemos uma baixa.

— Baixa??- berrou assustado. -  Que baixa?

— A Euroxx. Ela foi completamente destruída.

O presidente abriu os olhos. Mesmo depois de quinze anos, a destruição da maior nave militar de GS causava-lhe perplexidade. Se naquela época S1 já tinha um poder de fogo tão grande, imagine agora? Claro que GS também tinha desenvolvido. Contavam com três grandes naves.

— Se uma guerra começar teremos dificuldades... – murmurou, com os olhos perdidos na imensidão negra. – “isso se não levarmos em conta uma guerra interna... Serioja pode se tornar um inimigo perigoso.” – pensou.

Rihen tinha consciência que já algum tempo, forças poderosas começavam a se mexer em direção a destruição do status quo. Era até previsível como poderia terminar , contudo com o herdeiro do trono de volta a Ranpur, muitas outras variáveis entravam no jogo o que impedia um previsão.

— “Não devo me preocupar. – levantou, parando de frente a janela. – estarei do lado do vencedor.”

O.o.O.o.O

O olhar de Saga atravessou o vidro, vendo que a sala descia alguns metros abaixo. Era toda revestida por um material branco e não havia ninguém, mas o mais surpreendente era um mini hadren de mais ou menos três metros de comprimento flutuando no meio da sala. O formato de cano do hadren estava perfeito, mas a coloração num azul mais claro.

— Isso é uma replica de hadren. – Craig aproximou do vidro. – ele não é perfeito, pois é artificial. Deve saber que os hadrens são eventos naturais da nossa galáxia e ainda não possuímos tecnologia para criar um. Esse foi o mais perto que chegamos.

— Isso é fantástico! – exclamou.

— A partir desse modelo é que realizamos nossas pesquisas e desenvolvemos tecnologia de navegação. - escutaram um barulho na porta, era um jovem. - Saga, esse é o nosso cientista chefe, o senhor Anick. Anick, esse é Saga, amigo do príncipe.

— Prazer. – apertaram as mãos.

— O senhor Craig deve ter lhe explicado que os ativos, - começou a falar. – são todos os utilizados como vias de locomoção. Em fase de testes, estão sendo examinados se são possíveis se tornarem vias. Inutilizados, estão perdendo suas propriedades o que torna perigo ao tráfego e por últimos os vermelhos.

— Vermelhos?

— Temos conhecimentos sobre hadrens vermelhos através dos escritos dos elementares puros, - disse Craig. – temos provas que levam a crer na existência deles, contudo nunca tivemos prova física. Nem mesmo quando Soren era vivo conseguimos ativar um hadren vermelho.

— E ele era o único que poderia acionar, caso pudesse. – disse Saga. – e qual a diferença?

— Basicamente a função de um hadren é unir dois pontos. Acreditamos que eles tem as mesmas propriedades de um hadren comum, mas como não tivemos a oportunidade de estudar um fisicamente não sabemos precisar até qual ponto são iguais. – Graig olhava através do vidro. – e sé é possível utilizá-lo.

— Interessante... – murmurou.

— Com a volta de Eron é possivel que novos hadrens sejam ativados. - disse Anick. - Marius disse que tem habilidades de elementares? – indagou interessado.

— Pode se dizer que sim. – Saga ficou um pouco sem graça.

— Será que poderia nos demonstrar? – pediu o jovem.

— Não vejo problema, mas preciso que seja num local seguro ou poderá ocorrer um acidente.

— Temos um ótimo lugar para isso. – Craig também queria ver o tal poder elementar.

Os três deixaram a sala, pegando o longo corredor branco. Passaram pela sala de controle e o elevador, subindo alguns andares. Chegaram numa sala semelhante a do hadren.

— Essa também é sala de testes. – Anick ligou os computadores.  –tudo aqui é blindado. Contra temperaturas, eletricidade, radiação etc,então não se preocupe.

— Desça até o final. – Craig abriu uma porta lateral.

Saga desceu a escada que era grudada na parede posicionando-se no meio dela.

— Está pronto? – indagou o cientista através de um microfone.

O cavaleiro fez sinal de Ok.

Com os computadores prontos para analisarem os dados, Anick sinalizou para o grego.

Saga começou a liberar seu cosmo. Na sala de comando, os dois acompanhavam com atenção os monitores. Os níveis de energia começaram a subir.

— Nunca tinha testemunhado isso... – murmurou Craig. – olha aquela aura ao redor dele!

— O mais impressionante é a quantidade de energia desprendida.

Como o geminiano não parava de elevar seu cosmo, os níveis de energia só subiam.

— Marius disse que eles podem destruir átomos sem quebrá-los. – Craig olhava o monitor.

— Muito interessante.

Na parte de baixo, Saga esperou seu cosmo chegar a certa proporção e lançou o “outra dimensão” numa parede.

Craig e Anick arregalaram os olhos ao verem uma fenda dimensional abrir na parede.

— Isso é fantástico! – exclamou o jovem. – seria um novo tipo de hadren.

Saga cessou seu cosmo, pois tinha receio que algo acontecesse a estrutura do prédio. Tomou o rumo das escadas voltando para a sala de controle.

— Isso foi fantástico! – Anick pegou na mão dele visivelmente admirado. – nunca imaginei que poderia testemunhar algo assim. Saga você tem um grande poder.

— Obrigado.

— Ele tem razão. – Craig aproximou. – nós coletamos dados sobre seu “outra dimensão” para analise, espero sinceramente que possa nos ajudar.

— Ficaria honrado.

— Tem algo mais que sabe fazer?

— O “outra dimensão” não é minha técnica máxima. Minha maior habilidade chama-se “explosão galáctica.”

— E no que consiste?

— Eu concentro meu cosmo e lanço contra um alvo, criando uma explosão. Como se fosse o impacto de uma galáxia explodindo.

— Eu gostaria de ver isso. – disse Anick imaginando a cena.

— Tem que ser um local afastado. Executar isso dentro do prédio não é seguro.

— Saga, posso fazer um pedido incomum?

— Claro senhor Craig.

— Nossos geneticistas podem colher amostra do seu sangue? Sei que biologicamente somos iguais, mas seria interessante estudar o sangue de um humano de outra galáxia.

— Eu não vejo problema algum.

— Verei isso com o Marius.

— E arrumar um local afastado. Quero ver a “explosão galáctica.” – brincou Anick.

O.o.O.o.O

Miro já estava conseguindo movimentar-se mais rapidamente com o Lego. Ganhando confiança já fazia vários movimentos com as pernas e braços.

— Muito bem Miro.

— Isso é muito legal! – exclamou.

— Agora que virá a parte legal. – Etah foi até o computador. A sala emitiu um barulho. Do chão, ao redor da sala, começaram a subir paredes brancas. O jovem pegou um gancho, amarrando-se a si na barra ao lado do computador. – cuidado com o teto. – sorriu.

O grego não entendeu a frase, mas sentiu seu corpo ficar leve e de repente ser suspenso contra o teto. O Lego fez um barulho com o impacto.

— Por Atena! – berrou. – o que foi isso?

— Tirei a gravidade. No espaço precisamos de motores para não perdemos o rumo.

— E como se controla essa coisa? – mexia os braços e pernas, mas não saia do lugar.

— Concentre-se no movimento. – disse Etah. – e mexa-se vagarosamente.

— Mas é difícil.

— Mas necessário Miro. Se algo der errado, precisa aprender a controlar minimamente seus movimentos.

O cavaleiro pensou que aquilo seria difícil. Estava acostumado a outro tipo de treinamento e situações, mas Etah tinha razão. No espaço as condições eram muito piores.

Enquanto isso, Kamus e Giovanni escutavam atentamente as lições sobre naves, no outro setor os dourados tinham aulas de direção.

— Tomem cuidado com a velocidade e não saiam da pista para não colidirem com os prédios. – disse o diretor.

Afrodite tentava manter o carro na linha, não seria muito difícil se estivesse na Terra, mas a cidade retratada no monitor  não era como as cidades no seu planeta natal. Não havia demarcações e as vias passavam por entre prédios.

— Não sei o que é mais difícil: batalha ou isso. – comentou.

— Acha isso difícil? – Dohko estava tirando de letra. – é muito fácil.

— Também estou achando. – completou Shura.

Sttup acompanhava a evolução dos três. Realmente Dohko e Shura estavam se saindo melhor que Gustavv.

O.o.O.o.O

Dara estava trancado em seu quarto. Não tinha ido ao seu bar, tão pouco ao seu gabinete. Estava sentado numa cadeira confortável, apenas admirando o entardecer de Sidon. Apesar do cenário tranqüilo, sua mente estava agitada. A aparição de Soren era um fato completamente anormal e aquilo poderia mudar o rumo das coisas.

Havia abandonado as crenças de sua raça, mas tinha que reconhecer que elas tinham sido úteis. Ainda mais agora. Tinha certeza que o conselho de Obi sabia dessa volta de Eron antes mesmo dela acontecer.

— "Será que tinham contado para a rainha?" - levantou. - "não, eles não fariam isso. Seria contra as normas."

Sua cabeça dava um nó, ainda mais que se lembrou de um fato. Um sonho. Se aquilo acontecesse poderia mudar radicalmente o rumo das coisas. Poderia até antecipar uma guerra.

Só tinha um meio de descobrir e teria que recorrer a uma pessoa. Foi até o closet onde pegou uma muda de roupa. Saindo as pressas.

— Vai viajar senhor Dara? - indagou uma emprega ao vê-lo passar apressado.

— Sim. Será por dois ou três dias. Avise os meninos para tomarem conta de tudo. Se por acaso Iskendar ligar, diga que converso com ele na volta. Até mais.

A emprega apenas acenou.

Dara foi para o hangar, onde uma nave em formato de caça estava guardada. Ela não trazia emblema algum indicando que era uma nave sem identificação, o que era um risco no espaço aéreo mais a oeste, onde ficava os grandes planetas. Mas aquilo não era um problema para ele. Pararia num pequeno planeta, onde tinha terras e que continha outro tipo de nave. Bem mais aceitável para os padrões de segurança.

O.o.O.o.O

Shion e Mu ficaram impressionados com a demonstração.

— Será que podemos aprender? – indagou o ariano mais jovem.

— Com o devido treinamento. – Magni voltou para o seu assento. -  Deve levar certo tempo, pois nós aprendemos a fazer isso ainda criança, mas creio que conseguirão.

— Se puder me ensinar serei eternamente grato.

— Quantos anos tem meu jovem?

— Vinte e um. – disse Mu.

— E você? – ele fitou Shion.

— É uma boa pergunta senhor Magni. – brincou.

— Por que? – indagou Alisha, ligeiramente interessada.

— Minha verdadeira idade é duzentos e sessenta e dois anos.

Todos na sala ficaram surpresos, a idade não combinava com a feição.

— Quero conhecer essa fonte da juventude! – exclamou o senhor com um sorriso. – tenho duzentos e cinqüenta anos e olha a minha aparência! Como pode?

Shion narrou os acontecimentos de um ano atrás.

— Esse corpo jovem foi o revivido por Atena. Uma elementar. Tenho "dezenove" anos.

— Isso explica muita coisa. – disse Rana. – só um elementar para fazer isso.

— Compreendo. Nós , atlantiks, crescemos fisicamente até os dezoito anos, após isso entramos no segundo estágio. Envelhecemos como as demais raças até os trinta, logo após isso nosso envelhecimento se torna tardio. Podemos viver em média trezentos anos.

Shion e Mu ficaram surpresos com a revelação.

— Falta trinta para eu morrer. - disse  Shion.

— Foi agraciado com o poder de uma elementar. Na condição que está agora vai viver mais duzentos e sessenta tranquilamente.

— Verdade? - indagou pasmo com a revelação.

— Sim. Alisha contou-os sobre nossas faculdades?

— Sim. É semelhante as nossas.

Magni fitou os cabelos esverdeados.

— Sua coloração é tão rara. – apontou para os fios.

— A princesa me disse. – ficou sem jeito.

— Espero que não reparem, mas eu preciso ir. A nossa princesa mostrará a vocês a cidade. Espero vê-los logo na academia de ciência, lá poderei ensiná-los sobre a técnica.

— Agradecemos o convite. – Mu disse pelos dois.

— Vou levá-los para conhecer o palácio. - disse Alisha levantando.

Como ocorreu anteriormente, Shion e a princesa seguiam na frente e Mu e Rana atrás. A dama real não parava de olhar para os dois. Sua princesa estava mais animada do que o normal. Subitamente ela pegou no braço de Mu virando no primeiro corredor que surgiu.

— Mas...

— Shiii... - levou o dedo indicador a boca.

— O que foi?

— Deixe os dois. Venha.

Rana arrastou o cavaleiro por um corredor, até chegarem a um grande jardim.

— Senhorita Rana...

A voz se perdeu quando ele fitou a árvore que ficava no meio. Tinha a maior copa que já vira, com delicadas flores lilases caindo como cachos.

— Que arvore bonita... - murmurou.

— Chama-se Nias. São muito especiais para o povo de Alaron. - disse Rana. - só há duas arvores assim no planeta e cada uma tem mil anos.

— Mil? - Mu a fitou impressionado.

— Sim.

Ela caminhou até a arvore, parando embaixo dela. O vento suave balançava os cachos de flores levando algumas pétalas. Mu olhava fascinado. Sem dúvida era de uma beleza única.

— Disse que é especial para o nosso povo?

— Há cerca de setecentos anos, enfrentamos um clima muito hostil no planeta, as temperaturas aumentaram bastante e muitas espécies de plantas morreram. Notou que o clima aqui é mais frio do que Ranpur?

— Notei. - o cavaleiro ergueu o braço tocando um cacho.

— Muitas Nias morreram por serem antigas, mas duas jovens sobreviveram. E por sua fortaleza elas tornaram-se símbolos de resistência. Tanto que o palácio foi construído aqui.

— E onde fica a outra?

— Numa cidade que se chama Sora.

— Bonita história. - ele a fitou. Era estranho conversar com outro lemuriano que não fosse Shion e Kiki.

— O que faz em VL, Mu?

— Como posso explicar...

— Vamos sentar.

Ela o levou até um banco de mármore. Mu começou a contar sobre sua vida, sem omitir qualquer detalhe. Rana ouvia atentamente.

— Que honra! - exclamou. - você serve a uma elementar!

— Realmente me sinto muito honrado. - sorriu.

— Posso perguntar algo?

— Claro.

— Shion tem algum relacionamento?

— O que?? - berrou. - Mestre Shion?

— Sim.

— Ele não tem... - a resposta saiu embaraçada. - relacionamentos não são permitidos, bem não eram...

— Isso é ótimo! - exclamou animada.

— Ótimo?

— Acho que a princesa se interessou por ele. E pelo que me contou, Shion seria um bom partido para ela.

— Bem... - Mu coçou a cabeça. - não sei se isso dará certo... Mestre Shion é muito centrado em seu dever.

— Assim como Alisha.  Será perfeito. A princesa de Alaron casando com o grande mestre de VL.

O ariano franziu o cenho.

Enquanto isso no castelo, Alisha seguia contando a história de Alaron e Shion sequer tinha dado falta do discípulo. A cada palavra que ela dizia ficava cada vez mais encantado. A caminhada terminou em outro jardim. Sentaram embaixo de um telhado feito de trepadeiras.

— Espero sinceramente conseguir fabricar oricalco.

— Vai conseguir Shion. Tenho certeza.

Sem querer segurou a mão dele. A princesa corou na hora.

— Como era seu pai? - Shion indagou rapidamente, pois também ficara vermelho.

— Era uma pessoa espetacular. - o tom de voz mudou. - muito sábio, justo, brincalhão. Era um excelente pai. Sinto muita falta dele.

— Eu sinto muito.

— Obrigada. Eu perdi minha mãe quando tinha três anos, desde então ele foi meu pai e mãe. Também contava com o apoio do tio Soren e da tia Lirya. Foi muito difícil quando ele e meu pai morreram.

— Imagino.

— E Eron também tinha sumido... de repente me vi completamente sozinha.

— Você tem laços muito fortes com o Giovanni não tem? - calou-se ao terminar a pergunta. Por que tinha dito aquilo?

— Aquilo era uma peste. - sorriu. - temos a mesma idade então brincávamos juntos. Não tem ideia de como ele aprontava! - o fitou, os olhos brancos pareciam cintilar. Shion interpretou a seu modo. - Eu gosto muito dele.

— Natural, já que cresceram juntos... - as palavras de Marius vieram-lhe na sua mente.

— Como era a sua vila?

— Pequena. - levantou, ficando de frente para ela. - mas muito unida. Tenho saudades daquele tempo...

O olhar se perdeu no horizonte. Alisha o fitava de forma contemplativa, ainda mais que o vento balançava graciosamente as madeixas esverdeadas. Shion era um dos atlantiks mais bonitos que já vira.

Shion virou o rosto para ela. A princesa o fitava fixamente, com a atenção realmente voltada para ele. Mirou os olhos brancos. Era tão claros que via perfeitamente o contorno da íris. Os olhares sustentaram-se por mais alguns segundos, até que Shion os desviou. Aquilo estava errado.

— Qual a história desse palácio? - indagou para mudar o rumo da conversa.

— Ele foi construído a setecentos anos, em torno da árvore Nias.

— Nias?

Alisha explicou a ele sobre a arvore.

— Que ver?

— Adoraria.

Os dois seguiram para o jardim. Shion arqueou a sobrancelha ao ver Mu conversando com Rana. Só então se deu conta dele.

— "Já estou ficando sem atenção." - pensou.

— Vejo que já fez as honras. - disse Alisha, aproximando dos dois.

— Acabamos parando aqui, alteza. - Rana sorriu mais que o normal.

— Realmente é um espetáculo da natureza. - Shion olhou toda a extensão da copa.

— Elas são muito preciosas para nós.

— Não deixa de ser para nós também. Afinal viemos daqui. - disse Mu.

— E nada melhor que apreciarmos um chá embaixo dela. - Rana levantou. - não demoro.

— Ela parece ser uma boa menina. - comentou Shion.

— Ela é. Tem sido minha companheira em todos os momentos.

Não demorou dez minutos para Rana voltar acompanhada de uma serviçal. O chá foi servido numa mesa próxima a arvore e a pauta da conversa foi a Terra.

O.o.O.o.O

Shaka olhava aquela bola azul semi translúcida. Sentia fracamente uma energia vinda dela.

— Percebo que pode sentir a energia vinda do objeto. - disse Noah.

— Vocês não? - o fitou.

— Infelizmente. Não temos a energia de um elementar, como você tem. - explicou. - apenas podemos prever o futuro.

— Eu não tinha isso na Terra, no entanto aqui, já tive duas visões.

— Acreditamos que seja por causa da aproximação com o planeta dos elementares. - disse um senhor ainda mais velho que Noah. - e isso o afetou, menino Shaka.

— Então se eu voltar para a Terra perco essa habilidade?

— Não sabemos o quanto Ikari pode te influenciar. Pode ser que perca ou não.

O indiano voltou o olhar para a bola azul.

— As previsões se mostram aqui?

— As principais. - respondeu Noah. - todas que envolvem o coletivo são mostradas aqui.

— Então previram a volta de Eron.

— Sim, mas não sabemos como será o desenrolar dos acontecimentos.

O olhar do indiano continuou cravado naquele azul. Estavam tão concentrados que parecia não ter ninguém ao redor dele. Urara notou o súbito silencio. Foi para tocá-lo mas Noah a segurou delicadamente, indicando que não era para fazer nada.

Shaka ergueu um pouco um braço abrindo a mão. Ele iria tocar a bola. A diretora o fitou intrigada, pelo que sabia, ninguém poderia tocá-la, mas parecia que Noah e os demais não ligavam apenas assistiam a ação em silencio.

O cavaleiro continuava a olhar para o objeto. Ele o atraia de tal forma que lhe era irresistível. Tinha que tocar...

A mão tocou a bola. Urara arregalou os olhos ao ver uma luz dourada sair das mãos dele,  percorrendo todo o objeto. A luz dourada passou pela bola, propagando como onda por todo o salão como um feixe de luz, depois retornou pelo mesmo caminho. Ao entrar na bola, emitiu um novo brilho.

Urara estava perplexa, mas não teve tempo para pensar. Assim que a luz voltou foi em direção a mão de Shaka, ao se encontrarem houve um forte impacto que projetou o virginiano contra uma parede. Ele caiu desmaiado.

— Shaka! - gritou Urara.

Noah e os demais conselheiros apenas trocaram olhares.

— Shaka. - ela correu até ele. - Shaka.

— Ele está apenas inconsciente.

— O que aconteceu Noah? - o fitou.

— Explicarei depois. Leve-o para sua casa, ele não deve acordar por agora.

Urara voltou o olhar para o virginiano. O que tinha acontecido?

Noah que fitava os dois teve a atenção chamada por uma linha vermelha, ela saia do dedo mindinho de Urara e amarrada ao dedo mindinho de Shaka. Ele apenas sorriu.

O.o.O.o.O

Niive preparava a nave para sair do hadren, Kanon num canto estava calado. Fazendo os últimos procedimentos a nave da diretora saiu entrando na órbita de Clamp. O marina ficou surpreso com o tamanho do planeta. Célica e Deba que haviam sido avisados, foram até a cabine.

— Bem vindos ao meu planeta. – disse animada.

— O presidente irá nos recepcionar.  – Niive traçou a rota.

A medida que a nave aproximava, mostrava aos dourados o tráfico aéreo do planeta, bastante movimentado por sinal. Entraram na atmosfera, rumando para a capital Bright.

Quando a cidade despontou para eles, ficaram surpresos. Era completamente diferente de Ranpur. A cidade era enorme e predominantemente plana. Nas cercanias via uma densa floresta e ao norte uma elevação e um rio que passava mais ao norte.

A nave fez duas curvas, antes de pousar numa pista.

Os cavaleiros assim que pisaram sentiram a temperatura do planeta.

— Que calor. – disse Kanon.

— Estamos no inverno. – disse Niive de forma seca. – vinte e oito graus no momento. Mas vai se sentir melhor quando adentrarmos na cidade.

— Diretora Niive. – um soldado bateu continência. – o senhor presidente os aguarda.

— Ótimo.

Eles entraram numa espécie de vagão de trem. E como Niive tinha dito, assim que entraram no perímetro urbano, sentiram a temperatura cair. Era como se toda a cidade estivesse dentro de um ar condicionado.

A arquitetura era algo singular. Misturava construções baixas com altos arranha-céus.  Havia também muitas arvores e grandes jardins. A linha do trem serpenteava entre os prédios.  Deba olhava impressionado, o lugar lhe era tão familiar que se sentia praticamente em casa.

— Gostei daqui.

— Vai gostar ainda mais da minha cidade. – disse Cely.

A viagem durou vinte minutos e o vagão parou diante de um parque.  Os cavaleiros viram ao fundo uma construção semelhante uma construção da Terra. Era um retângulo tendo uma fonte bem a frente, alimentada por duas estruturas laterais do prédio que jorravam água.

Níive os conduziu pelo jardim, repleto de plantas e pessoas. Pegaram uma via que conduzia a uma das laterais do prédio, passando bem ao lado da fonte.

Pedras vermelhas serviam como espécie de tapete sendo contornadas por várias estátuas.

— São as nossas personalidades. Pessoas que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento de Clamp. – disse Niive.

Passaram pelo “tapete vermelho” até chegarem ao topo de uma escada, onde uma grande estatua em oricalco, suspensa por quatro hastes verticais, coroava os que chegavam até o local. Era um homem, usando roupas militares e carregando uma espada. Deba e Kanon olharam para a estátua.

— Foi o primeiro a governar Clamp.  Seu nome era Lothus. – explicou Cely.

Eles passaram por baixo da estátua parando diante de uma grande porta de madeira.

— Bem vindos ao palácio do governo.

A melhor descrição do lugar era suntuosidade. O teto era alto e todo adornado por alto relevos. Obras de artes estavam espalhadas pelo salão, onde dezenas de pessoas iam e viam devidamente uniformizadas. Uma jovem aproximou do quarteto indicando que era para eles a seguirem. Passaram por esse salão, pegando um elevador ao final dele. Ela passou o crachá para liberar a entrada e depois de quatro andares, saltaram. O ambiente era totalmente diferente do salão. Era todo minimalista e poucas pessoas circulavam. Eles avançaram por um corredor parando diante de uma porta de vidro onde dois homens faziam a segurança. Acostumada aos procedimentos de segurança, a mulher sujeitou-se a biometria ocular, tendo o acesso liberado. Andaram mais um pouco até chegarem a uma porta de madeira.

— O senhor Anesha os aguarda.

Niive abriu a porta. A sala do presidente era retangular, no primeiro nível uma mini sala de estar e logo após uma parede de vidro o gabinete. O presidente levantou assim que os viu.

— Sejam bem vindos. – disse sorridente.

— Obrigada senhor. – Niive disse por todos. – creio que já conhecem os amigos do príncipe.

— Sim. Na cerimônia. Por favor, sentem-se. – indicou as cadeiras aveludadas. – a senhora Lirya me disse que queria mais informações sobre os kalahasti. – fitou Deba.

— Sim.

— Saberá de tudo e conhecerá nosso planeta. – disse animado. – bebem algo?

Ele nem esperou resposta. Apertou um botão sobre a mesa e dois segundos depois apareceu um mordomo trazendo uma bandeja.

Assim que foram servidos, Anesha começou a contar sobre a história de Clamp. Seus feitos heróicos em prol dos demais povos e sua aliança inquestionável com Ranpur.

— Eu tive a honra de conhecer o rei Soren. – disse colocando sobre a mesa uma xícara. – e prezo nossa aliança acima de tudo.

— A rainha sabe disso, senhor. – disse Célica. – e agradeço o apoio incondicional.

— Vamos precisar um dos outros a partir de agora. O conselho tem alguns membros...

— Enfrentaremos uma batalha, mas não há com que se preocupar senhor. – Niive se pronunciou. – temos a policia do nosso lado.

— Ainda bem. – sorriu. – mas não vamos falar de política! – exclamou animado. – nossas habilidades. - fitou o brasileiro. - creio que elas já te disseram.

— Sim senhor.

— Nosso corpo produz uma substancia capaz de curar ferimentos de leves a medianos e ajudar no caso dos mais graves. Todo Kalahasti nasce assim. Além disso temos uma força foram do comum, suportamos dores e conseguimos agüentar temperaturas muito altas. Um ser humano comum suporta até cento e vinte sete graus por vinte minutos, nós conseguimos por duas horas.

— Kamus morre no primeiro minuto. - comentou Kanon.

— Verdade.

— Como não é um kalahasti de nascimento sua variação pode alterar. Precisamos fazer testes.

— Eu quero.

— Iremos testar sua regeneração, sua força e resistência. Já providenciei um laboratório e Célica poderá lhe levar. Após isso, - sorriu. -  preparei uma viagem pelos pontos principais de Bright. Quero que suas estadias sejam as melhores.

— Agradeço por tudo presidente. – disse Deba.

— Ficarão numa casa, na área sul da cidade, bem próxima a minha para fácil locomoção. Terão transportes a disposição e guias.

Skip explicou como seria a programação daquele dia e depois dos detalhes acertados, o grupo seria levado para o local de hospedagem.

Na porta do palácio, um carro os aguardava.

— Célica, quando estiver voltando para Ranpur me avise. – disse Niive.

— Não seguirá conosco?

— Claro que não. Eu trabalho esqueceu?

— Ah é... – murmurou entediada. – te aviso então.

— Obrigado por nos trazer senhorita Niive. – disse Aldebaran.

— Foi um prazer. – a voz saiu amena. – até mais. – olhou duramente para Kanon.

Ele apenas acenou com um sorrisinho nos lábios. O marina mal esperou entrar no transporte para perguntar a Célica sobre Niive.

— Tem o endereço dela?

— Kanon... – murmurou o brasileiro. – não vá procurar confusão.

— Só quero fazer uma visita de cortesia.

— Eu peço o motorista que o deixe lá na volta. – disse Célica dando um grande sorriso. – ela vai amar sua visita. – queria ver a cara de Niive ao dar de cara com ele.

— Serei eternamente grato. – beijou-lhe as mãos.

Deba balançou a cabeça negativamente. Aquilo não daria boa coisa.

O.o.O.o.O

Giovanni e Kamus voltaram para Ranpur pois o príncipe tinha um compromisso e Kamus resolveu acompanhá-lo, os demais ficaram para ter mais lições na parte da tarde.

Saga foi levado para um laboratório, onde teria seu sangue analisado.

— Muito bem Saga. - disse Anick que o tinha acompanhado. - sua amostra será analisada.

— Estou curioso para saber o resultado.

— Também estou. - o fitou. - quero saber como é o sangue de VL19-3.

— Posso perguntar algo?

— Claro.

— Tem algum significado VL e os numerais? - já queria perguntar aquilo há muito tempo.

— Sim. VL é a sigla que demos a sua galáxia. Dezenove é a posição que o seu sistema ocupa nela, segundo nosso estilo de posição. Três é a disposição do planeta a partir do sol. A classificação vai de VL19-1 a VL19-8.

— Interessante.

— Irei lhe mostrar nosso mapa das galáxias.

Saga sorriu. Aproveitaria cada minuto para aprender.

O.o.O.o.O

Beatrice andava apressada pela sala de reunião da sede do governo de Ranpur. A reunião entre o príncipe e os políticos não demoraria a começar. Era uma sala ampla, com janelas em vidro mostrando a cidade ao fundo. Havia uma mesa semi oval no centro, com capacidade para trinta pessoas. Beatrice olhou, dando um sorriso de satisfação ao ver tudo em ordem. Adorava aquele emprego, mesmo que sacrificasse muitas vezes sua vida pessoal.

— "Não importa." - sorriu, pensando. - "eu escolhi essa vida e estou feliz com ela."

— Senhorita Vronsk, - uma moça devidamente uniformizada entrou. - os ministros já chegaram.

— E a rainha?

— Sua nave está aterrissando agora.

— Ótimo. Mande-os entrar e chame o senhor Kaimah.

— Sim.

A moça foi cumprir as ordens, segundos depois homens trajando túnicas brancas entraram no recinto, sentando em suas respectivas cadeiras. Marius chegou logo após, também assumindo seu posto.

Dois policiais abriram a porta dando passagem a Lirya, Giovanni e Kamus. Os presentes assim que os viram levantaram fazendo reverencia.

— Sentem-se. - pediu Lirya.

Beatrice olhou surpresa para Kamus. Não esperava que ele estivesse ali. A principio Kamus disse não ao pedido de Giovanni em acompanhá-lo. Era assuntos de Estado que não lhe diziam respeito, mas mudou de ideia ao escutar o nome de Beatrice.

— Agradeço a presença de todos. - disse Giovanni assumindo seu lugar. - como sabem, passei anos fora de Ranpur e não faço ideia de como anda nosso planeta. Por isso os convoquei para que possam me ajudar a inteirar nos assuntos.

— Será uma honra alteza. - disse Craig sentado na pasta do ministério de Hadren. - seu amigo se mostrou muito interessado nos hadrens.

— Saga gosta dessas coisas.

— Ele mostrou sua capacidade de abrir "hadrens". Disse também que tem a habilidade de criar uma explosão a nível de big bang. Pena que não quis usá-lo.

— Nem poderia senhor Craig. - sorriu. - O senhor não faz ideia do poder que ele tem.

— É tão grande assim? - indagou Marius curioso.

— Não imagina o poder destrutivo. - sorriu ao lembrar dele quando nervoso. - aquilo é uma bomba ambulante.

O chanceler ficou surpreso, assim como Beatrice, que fitou o aquariano. Qual seria a habilidade dele?

— Senhores, comecem por favor. - pediu o canceriano.


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