Tempestta escrita por Krika Haruno


Capítulo 6
Eron Tempestta




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Marius foi o primeiro a pisar na tribuna, a câmara fez silêncio e as imagens transmitidas para a galáxia.

— Boa noite a todos. Sou Marius Kaimah, chanceler do planeta Ranpur e membro do conselho. - a voz ecoou por todo o lugar, todos podiam ver seu rosto através do telão. - a quinze anos atrás, nossa galáxia sofreu duras penas devido a guerra contra S1, felizmente vencemos mas a custa de muitas vidas. E uma delas, como todos bem sabem foi a do rei Soren Tempestta que regia toda a galáxia. Com a baixa da maioria dos nossos líderes políticos decidimos criar um conselho até que o herdeiro legitimo de Soren aparecesse.

Com a pausa, houve vários burburinhos, as pessoas espalhadas em seus planetas ou em transito no espaço assistiam atenciosamente.

— Ficou acordado, - retornou a palavra. - que no prazo de quinze a dezesseis anos se o descendente de Soren não reclamasse o trono, a monarquia que rege GS seria desfeita e o conselho se tornaria um órgão permanente.

O painel que ficava no palanque de Marius emitiu uma luz vermelha. Alguém pedia a autorização para falar.

Apertou o botão autorizando. No telão apareceu a imagem de um homem alto e robusto.

— Peço permissão, Skip Anesha presidente de Clamp.

— Concedido.

— Senhor chanceler, todos sabemos dessa resolução e ao longo dos anos meu povo e de toda GS alimenta a esperança que o filho de Soren irá sucedê-lo ao trono, contudo nossas buscas por ele tem sido infrutíferas.

O vozerio aumentou diante das declarações. Marius o fitou. Skip era um dos mais fieis a monarquia dos Tempesttas, era natural que começasse a questionar. Clamp seria muito prejudicado caso instalasse um conselho. Nos bastidores, Mask acompanhava. Estava nervoso, muito nervoso.

Marius levantou a mão, todos silenciaram.

— Sei disso senhor presidente. Temos normas e elas devem ser seguidas, mas por esse motivo que vossa majestade, a rainha Lirya convocou essa reunião. E a ela que peço a gentileza de entrar e falar diretamente a vocês.

Nos bastidores...

— Mãe. - Mask segurou a mão dela.

— Quando eu disser seu nome entre. Pode se sentir intimidado, mas lembre-se quem você é. Ou como brinca seu amigo Gustavv, não é um morto de fome e sim um príncipe. - disse sorrindo.

— Está bem. - sorriu.

Lirya entrou no recinto, os presentes, com exceção de Alisha, prestaram reverencia.

— Boa noite. - a imagem dela começou a ser transmitida. - agradeço a presença de todos nesta noite. Tive a liberdade de convocar essa assembléia com a ajuda do presidente da polícia galáctica o senhor Rihen Mark, para fazer um pronunciamento. Como bem explicou meu chanceler, estamos próximos da grande votação a respeito da manutenção da minha casa real perante a galáxia. Não há necessidade de dizer o que aconteceu ao rei e ao meu filho na guerra, pois todos sabem dos fatos. A questão é...

Quando Lirya iria continuar a luz do painel acendeu. Ela apertou o botão autorizando.

 - Peço permissão. Serioja Stunp, premier de Yumeria.

— Concedido.

Rodhes, Simon e Alisha trocaram olhares.

— Realmente sabemos de tudo majestade. - a voz saiu polida. - e todos sabem que o maior desejo desse conselho era que o filho do rei Soren voltasse ao poder, mas precisamos aceitar a realidade. O príncipe Eron está morto. - a fitou cinicamente.

Novo vozerio.

— Qual é dessa cara? - indagou Kanon.

— Ele é um dos líderes anti- monarquia Tempestta. - falou Beatrice.

— Vai se ferrar quanto ver o Mask. - disse Shura.

— Shura, modere as palavras. - pediu Shion.

— Desculpe.

Lirya levantou a mão. Como queria sorrir diante daquela face e ao mesmo tempo dizer algumas palavras. Se Serioja estava no conselho era graças a sua aproximação com Soren.

— Entendo seus questionamento premier. Afinal é a pergunta que todos fazemos, eu principalmente: onde está Eron? Vivo ou morto? Mas tenho o prazer de anunciar que nossas angustias acabaram. Graças ao empenho de grandes homens, nossas dúvidas chegaram ao fim.

— Como assim majestade? – a expressão de Serioja foi tencionando.

— Ele não foi encontrado de imediato, pois tinha sido mandado para uma galáxia distante da nossa. Tenho a felicidade de anunciar, aos membros da polícia, aos membros do conselho e a todos os povos de GS que minha busca chegou ao fim. Dêem as boas vindas ao príncipe Eron Certatto Tempestta.

Mask sentiu o coração parar ao escutar seu nome. Precisou de um “empurrãozinho” de Célica para se mexer. Na câmara ao invés de vozerio, fez-se um profundo silêncio. Giovanni subiu os degraus segurando a respiração, aquilo era pior que a véspera de uma batalha. Quando ele pisou na tribuna, alguns olhos arregalaram, como no caso de Serioja e da maioria dos membros do conselho. Niive e Urara olharam entre si. Stiva e Athos ficaram pálidos e Iskendar deu um sorriso.

— “O pirralho voltou mesmo.”

— Boa noite. – Mask disse a todos.

O painel acendeu.

— Skip. – disse de cara. – não tem como não dizer que não é filho de Soren. É a cara dele quando na sua idade.

As luzes começaram a piscar e a medida que a palavra era autorizada eram felicitações e desejo de boas vindas. Aos mais antigos era incontestável que aquele rapaz era filho de Soren. Lirya sabia que várias daquelas palavras eram verdadeiras, mas muitas eram falsas apenas para manter a diplomacia. Para calar de vez, a insinuações de uma possível fraude, ela tinha um truque na manga.

— Quando Eron sumiu, contava apenas com nove anos e hoje volta como um adulto. E sabemos que alguns compatriotas podem querer provas. Natural, já que está em jogo o futuro da galáxia. Por isso, diante de vós, faremos o teste que consta no código.

Aquilo pegou todos de surpresa, inclusive Marius que nada sabia. Contudo ele não se importou. Lirya estava certa em se cercar de cuidados.

— Não há necessidade disso majestade. – disse Serioja, aquilo não estava nos seus planos.

— Claro que há premier. Mandei amostras para o laboratório credenciado do conselho e a resposta...

Todos olharam para o telão. Lirya aproximou do filho.

— Desculpe por não ter te revelado isso. – disse em tom baixo.

— Não se preocupe mãe. Estou gostando da ideia de calar a boca de alguns. – sorriu. – não fui com a cara daquele sujeito. – apontou discretamente para Serioja.

— Tome cuidado com ele.

Não era só dele que Giovanni tinha antipatia. Não conhecia a maioria das feições, mas tinha raiva daquelas pessoas.

O resultado apareceu no telão, dando a confirmação que ele era um Tempestta. Mask foi ovacionado e em todos os lugares fora da sede o sentimento foi o mesmo.

— Saúdam o príncipe Eron! – gritou um dos conselheiros.

O.o.O.o.O

As reuniões e debates ocorridos na sede da polícia geralmente não eram transmitidos ao público comum, contudo a soberana de Ranpur havia pedido que essa apresentação fosse transmitida a toda galáxia. Rihen, como presidente da polícia, autorizou o procedimento e o departamento de comunicação da sede estaria encarregado de fornecer as imagens aos meios de comunicação espalhados por GS.

Bhaskára, planeta Obi...

O povo Eiji era governado por um conselho composto de doze pessoas e naquele momento estavam reunidos assistindo a confirmação que o herdeiro Tempestta tinha voltado.

— Nem havia a necessidade do teste. Ele se parece muito com o Soren. - disse uma senhora.

— A rainha não queria deixar brechas. - Noah fitava a imagem de Mask. - ele tem a aparência de Soren, mas será que a mesma firmeza?

— Isso será testado brevemente. - disse outro senhor.

Eire, planeta Sidon...

Por causa da nevasca que caia, o bar estava praticamente vazio. Dara, que tinha chegado a pouco, fitava o aparelho transmissor.

— Algo mais senhor Dara? - indagou a garçonete, com uma bandeja nas mãos.

— Não Lisa.

A jovem voltou o olhar para o aparelho.

— Ele é até bonitão. - disse ao ver a imagem de Mask. - a mulherada vai cair matando.

Dara sorriu com o comentário. A informação passada por Jhapei estava correta, o pequeno Tempestta estava de volta.

— Não sabe a carga de problemas que herdou, garoto.

Algum ponto, não muito distante dali...

A imagem de Mask era refletida num telão, na sala, ninguém emitia som algum. Um par de olhos frios, fitava com interesse o jovem cavaleiro.

— Teremos mais informações amanha, provindas de Jhapei e dos demais, senhor.

— Ele tem os mesmos traços de Soren. - gargalhou. - mas não passa de um garoto assustado.

— O que pensa em fazer senhor Haykan?

— Por enquanto nada. Deixe-o ter o seus momentos e na hora certa esmagaremos a família real e tudo que a cerca.

O.o.O.o.O

A recepção calorosa o desarmou um pouco. Giovanni sorriu, nem imaginando que o jogo de xadrez começara e que ele era uma peça importante...

Logo após o pronunciamento, todos queriam cumprimentar o príncipe. Como ocorre no mundo político, alguns realmente estavam felizes pela volta dele, outros apenas por interesse.

Serioja aproximou do pequeno cortejo.

— Alteza. - fez uma reverência exagerada. - não sabe como estou alegre que tenha voltado ao lar.

Giovanni o fitou friamente.

Non disprezzare un nemico prima di tutto. — disse Dite em italiano e baixo o bastante para apenas Mask ouvir. (Não desdenhe de um inimigo perante todos).

— Agradeço as felicitações. - estendeu a mão, munido do melhor sorriso.

Serioja retribuiu o gesto.

— Como membro do conselho, espero que me ajude na minha adaptação. - a voz saiu tão espontânea que todos ali acreditaram no pedido, inclusive o próprio.

— Serei seu humilde servo.

O conselheiro fez uma mesura e saiu sorrindo. Dite aproximou.

— Por que em italiano? - indagou Mask referindo-se ao recado.

— Uma língua que ninguém conhece e por cosmo poderia ser perigoso. Deve tomar cuidado com esse cara.

— Percebi.

— Não vá querer eliminá-lo como Mascara da Morte faria.

— Eu não disse que quero que ele me ajude? - o fitou. - amigos pertos, inimigos mais perto ainda.

— Estou surpreso.

— Já li Maquiavel.*

A conversa foi interrompida pela chegada de Lirya e um homem.

— Eron, esse é Skip Anesha, presidente de Clamp.

— Sem tanto cerimonialismo majestade, - brincou o homem alto, bem acima dos dois metros de altura, cabelos cumpridos negros e olhos cor de âmbar. - eu vi esse pirralho nascer.

Giovanni não esperava que fosse abraçado pelo homem.

— Seja bem vindo Eron!

— Obrigado. - só conseguiu respirar quando foi solto.

— Eu era amigo do seu pai. Grande homem!

— Desculpe não me lembrar do seu rosto.

— Tudo bem. Era muito pequeno. Aguardo uma visita ao meu planeta, dos dois. - fitou Lirya.

— Iremos sim.

Skip saiu e duas mulheres apareceram.

— Alteza. - as duas reverenciaram.

— Filho, - disse a rainha. - essa é Urara Trieste, diretora da área 5. Niive você já conhece.

— Muito prazer. - disse cortes a Urara. – como vai Niive?

— Muito bem alteza.

As duas apenas acenaram saindo.

— Majestade. - Athos curvou-se.

— Como vai Athos? - indagou Lirya. - Eron, esse é o senhor Athos Eduk, diretor da área 2.

— Prazer. - os dois deram as mãos.

— Deixe-me apresentar Stiva Fianna, superintende da área 46.

— Alteza. - Stiva fez uma mesura.

— É um prazer senhor Fianna. - disse Mask.

Os dourados, com exceção de Afrodite que disse que precisava viajar Giovanni de perto para o risco de alguma falta de educação, estavam num canto mais reservado apenas acompanhando o vai e vem das pessoas.

— Quanta gente diferente. - disse Aioria. - e bem vestida.

— Está no meio da high society como diria o Dite. - brincou Shura.

— O mundo político e econômico é assim Shura. - disse Saga. - pode esperar mais eventos como esse, ainda mais com a repercussão da volta do Mask.

— Tinha vários canais de TV. - comentou Miro.

— É um evento social. Mask será pauta nas rodas políticas, econômicas, sociais e até as de fofoca se aqui tiver. - disse Shion, olhando as pessoas. O olhar parou em Alisha, que estava do outro lado da sala. - Mu, venha comigo.

Praticamente saiu puxando o ariano.

— O mestre foi tratar de assuntos pertinentes. - disse Deba.

— Ele só vai sossegar quando conhecer o planeta dele. - falou Dohko, observando-o.

— Eu vou circular. - Kanon saiu de perto.

— Kanon! - Saga o chamou. - ele vai aprontar.

— Pode deixar que vou atrás, esse lugar está abafado.

Shaka foi atrás dele.

Kamus em silêncio, apenas observava seu alvo. Este se locomoveu em direção a ele.

— O que acharam rapazes? - Beatrice indagou a todos, mas não olhando o aquariano diretamente.

— Uma grande experiência. - respondeu Miro.

— Na outra sala está acontecendo uma recepção, não gostariam de participar?

— Claro. - Shura puxou a fila.

Saga franziu o cenho, gostaria de saber o que Kanon estava aprontando, mas deixar os cavaleiros só na responsabilidade de Kamus não seria boa idéia. Decidiu por acompanhá-los.

Não longe dali...

Iskendar acompanhava os cumprimentos feitos a Giovanni. Ruri aproximou.

— O que faz aqui? - indagou.

— Apenas olhando a movimentação.

— Não vai até o príncipe? Pedirei a princesa Alisha para me apresentar.

— Puxa saquismo não combina com você. - Iskendar o fitou.

— Não é isso. Sempre escutei histórias sobre ele. Estou curioso para saber quem é o dono de tudo.

— Faz bem, aproveite que tem respaldo de uma autoridade, já que eu não tenho.

— Pode pedir ao nosso diretor.

— Não faço questão, sou apenas um superintendente de uma área nos confins da galáxia. Estou até indo embora.

— Como quiser. Apareça de vez em quanto. - deram as mãos.

— Pode deixar.

O.o.O.o.O

Alisha conversava com alguns membros da polícia quando notou a aproximação de Shion e Mu.

— Senhor Shion, senhor Mu. - sorriu.

— Alteza. - os dois reverenciaram.

— É um prazer revê-los.

— O prazer é nosso, princesa. - disse Shion com um leve sorriso. - espero que o convite de conhecer Alaron continue de pé.

— Claro. Ficarei em Ranpur por dois dias, poderemos combinar.

— Isso seria perfeito.

— O que achou das nossas instalações?

— Uma ótima estrutura. - olhava ao redor. - nem se compara com a da Terra.

— Espero que na sua estadia possamos compartilhar conhecimento sobre a nossa raça. – ela sorriu.

— Sim, especialmente sobre o oricalco. Eu não sabia que podemos produzir.

— É algo inerente a nós...

Mu ficou olhando os dois conversarem. Parecia que tinham se esquecido dele.

O.o.O.o.O

Kanon circulava por entre as pessoas com um sorrisinho bobo. Ver tantas mulheres uniformizadas o deixava animado. Os lábios curvaram-se ainda mais quando fitou Niive. A diretora conversava com alguém. Quando deu um passo, sentiu algo segurar seu braço.

— Onde pensa que vai?

— Socializar buda. - respondeu entediado. - não vamos ficar aqui um mês? Então.

— Sei muito bem o significado socializar.

— Então venha comigo se dúvida das minhas intenções.

Kanon puxou o braço saindo, Shaka não teve alternativa a não ser segui-lo.

Os dois passaram pelas pessoas até atingir Niive. A morena assim que o viu soltou um suspiro desanimado.

— Boa noite senhorita Niive. - Kanon sorriu.

— Boa noite Kanon.

A mulher que estava com ela, virou-se para ver quem era o homem. O olhar foi de Kanon para Shaka em segundos. O virginiano abriu os olhos na hora.

— Não apresenta a sua amiga? - indagou o marina.

— Urara, esses são Kanon e Shaka. São amigos do príncipe.  - olhou para Kanon. - Urara Trieste, diretora de policia.

— É um prazer conhecê-la. - estendeu a mão.

Ela apenas acenou, pois o olhar estava em Shaka, era ele o rapaz que vira em suas visões. O indiano estava igualmente surpreso, sem dúvidas ela era a mulher que vira em sua mente.

A pele era alva, os cabelos desciam longos e num tom loiro bem claro. Os olhos eram azuis também claros. Tinha o mesmo tamanho de Shaka e o corpo era bem esguio. Pelas suas feições notava-se que ela era mais velha que os três outros.

— É de VL19-3? - indagou a ele.

— Sim. Meu nome é Shaka de Virgem. - estendeu a mão.

— Urara. - retribuiu.

Niive ficou de boca aberta. Urara não era de contatos físicos com estranhos e muito mesmo sustentar o olhar por tanto tempo. Kanon pensava a mesma coisa. Shaka ofertar a mão?

— Acho que ele a interessou mais. - disse baixinho a Niive.

— Não tenho a menor dúvida. - respondeu sem perceber a aproximação do grego.

— Vem. - a puxou, não com o intuito de fazer algo, mas sim porque queria ver o comportamento de Shaka. Niive concordou.

— A Urara conversando com alguém é um fato inédito.

— Posso dizer o mesmo de Shaka. Ele se fecha no mundo dele, completamente anti-social. - disse Kanon.

— Os dois se parecem então. - ela o fitou. - ele até parece um Eiji.

— É a tal raça descendente dos elementares?

— Isso.

— Do jeito que as coisas são, vai ver que ele também é um alienígena. - brincou.

— Para você eu sou uma? - fechou a cara. - você que é um!

— Um bonito, diga-se de passagem. - deu um sorriso lavado.

Niive olhou bem para ele. Preferia os humanos de sua raça, mas ele tinha uma beleza diferente. E seus olhos eram bonitos. Era raro, pessoas de olhos verdes na galáxia.

— É um tipo normal. - disse com desdém.

— Normal? - Kanon aproximou-se bem dela. - de onde venho, muitas mulheres me desejam.

— Disse bem, no seu mundo. - afastou um pouco, aquela aproximação a incomodou. - não pense que somos como vocês.

— Claro que não é. - não se intimidou com o afastamento dela. - você é muito mais bonita que elas.

Foi para tocar o rosto dela, mas Niive segurou o pulso dele e apertou.

— Não me toque. - a voz saiu fria.

— Não ia... - a voz saiu num fiapo, pois a força que ela empregava era muito forte e olha que era um marina. - eu não toco nun-ca mais.

Ela soltou. O pulso de Kanon ficou vermelho por causa da força.

— Você é forte.

— Não viu nem metade da minha força. Se não quer apanhar ou ir preso, contenha seus atos.

— Pode deixar, capitã. - bateu continência.

— Idiota. - saiu de perto indo em direção a amiga.

— Tem quantos anos? - Kanon foi atrás.

— Vinte e oito.

— Um a mais. – ele respondeu.

— Parece que tem quinze.

— Minha pele é jovem. - sorriu.

— Mentalidade de quinze anos. - irritou-se.

Enquanto isso Shaka e Urara se encaravam.

— A julgar pelas roupas tem um cargo importante. - disse.

— Sou diretora e coronel. Pertenço ao planeta Obi.

— Então a senhorita é a representante de lá. A auxiliar do senhor Marius havia me dito. - lembrou-se desse fato.

— Eu sou a porta voz do conselho de Obi perante a galáxia.

— Um cargo muito importante, para uma pessoa jovem.

— Agradeço as palavras, mas não sou tão jovem assim. Já tenho alguma experiência de vida. E o que faz em seu planeta? - indagou com curiosidade.

— Sou um servidor do que vocês chamam de elementar puro.

— Não imaginava que existia isso num lugar tão distante. Realmente nosso universo é cheio de segredos.

— Com certeza. Jamais me imaginaria num lugar como esse. Ainda mais com Giovanni sendo um rei. - notou a confusão dela. - Eron. Giovanni é o nome dele terrestre.

— Foi surpresa para nós, ele ter vivido fora da nossa galáxia e...

— Urara, já estou indo. - disse Niive parando ao lado dela e interrompendo a frase. - vai voltar para Obi ou ficar por aqui?

— Ranpur. Tenho assuntos a tratar lá. E você? - a olhou.

— Também estou indo para lá. Quer uma carona?

— Eu quero. - disse Kanon.

— Kanon. - Shaka o fitou seriamente.

— É brincadeira.

— Foi um prazer revê-la senhorita Niive e um prazer conhecê-la senhorita Urara. - Shaka pegou o braço do marina. - até breve.

— Devagar Shaka. Tchau meninas. - acenou e não deixou de dar uma piscadinha para Niive.

— Abusado!

— Não dê importância. - disse Urara, ainda com o olhar em Shaka. - tem mais informações sobre esses amigos do príncipe?

— Pelo que Beatrice me disse, eles servem a um elementar puro em VL19-3, mas acho que é mentira.

— Algo a se averiguar. - fitou a amiga. - Vamos?

— Claro.

 

 

O.o.O.o.O

Os cavaleiros estavam provando tudo que lhe eram oferecidos. Saga e Kamus apenas acompanhavam com o olhar.

— Parece um bando de mortos de fome. - Saga foi atrás para contê-los.

Beatrice aproximou trazendo duas taças.

— Onde ele foi?

— Contê-los. - disse Kamus.

— Eu trouxe para vocês. - mostrou as taças.

— Esquece o Saga. - pegou uma taça. - o que é isso?

— Vocês chamam de espumante. Prove.

O aquariano olhou para o liquido azulado, cheio de borbulhas. Cheirou e gostou do aroma.

— Meio adocicado.

— O nome dessa bebida é Cruzer e a marca Mastah. É produzido no planeta Lain. É um dos melhores da galáxia.

— Muito bom. Um brinde?

Ela estendeu a taça.

— A Eron. - ouviram o tilintar.

— Os dias ficarão movimentos de agora em diante. - comentou Beatrice.

— E o que faz nas horas livres? - Kamus a fitou.

— Não costumo ter horas livres, preciso dedicar a minha carreira. E você?

— Eu também vivia assim. - desviou o olhar. - Focado no meu trabalho. Mas andaram acontecendo algumas coisas que me fizeram repensar. - olhava o salão. - ainda sou devotado ao meu trabalho, mas tento aproveitar a vida. A vida é preciosa e só temos uma.

Beatriz o fitava visivelmente interessada.

— Quantos anos têm? – o rosto jovem não conduzia com as palavras.

— Vinte e um.

— Apenas um ano mais velho. – disse pensativa. - O senhor Marius disse que já morreu é verdade?

Kamus olhou as iris castanhas.

— Três vezes.

Ela arregalou os olhos.

— Como? Mas isso é impossível.

— Não é. - deu um leve sorriso. - talvez se tiver um tempo livre, possa te contar.

Beatrice sorriu.

O.o.O.o.O

Lirya soltou um suspiro cansado. Não estava acostumada a eventos.

— Está cansada? - Mask deu lhe o braço.

— Um pouco.

— Podemos ir embora, se não temos mais compromissos.

— Não se importa? É uma boa maneira de conhecer as pessoas.

— Terei tempo senhora Lirya. - sorriu, acariciando o rosto dela. - Vamos.

— Vou comunicar a Marius e Rihen. Não demoro.

Ela o deixou. Mask começou a procurar os companheiros, mas nenhum sinal deles, até que se sentiu observado. Olhava para todas as direções de forma discreta, mas não conseguia ver quem era. Apenas sentia uma presença parecida com a sua. Era como se houvesse outro Giovanni no salão. Serenando mais a mente, conseguiu localizar a direção. Rapidamente pôs se a andar.

Iskendar notou a aproximação de Giovanni, dando meia volta. Passava por entre os transeuntes com desenvoltura. Giovanni o viu, mas de costas, apertou o passo para alcançar.

O superintende ganhou o corredor que dava acesso aos elevadores que levavam até os andares inferiores da sede. Já estava no final, quando Giovanni chegou a entrada. Antes que o canceriano pudesse dizer algo, Iskendar entrou no elevador. Devido a luz e a posição, o cavaleiro não pode ver o rosto.

Caspita...— murmurou.

— Aí está você. - Célica apareceu. - sua mãe está te chamando.

Ele continuou calado, olhando para o elevador.

— Algum problema alteza?

— Nenhum. Vamos.

Já dentro da nave Iskendar soltou um suspiro aliviado.

— Foi por pouco...

Alguns cavaleiros já estavam com a rainha, quando Giovanni voltou.

— Estão todos aqui? - indagou Shion.

— Falta o Shaka e o meu irmão. - disse Saga.

— Estamos aqui. - Shaka acabava de chegar, com um emburrado marina.

— Podemos ir então. - Lirya tomou a frente.

O grupo seguiu para o local de embarque. Dohko trazia uns doces na mão.

— Isso são modos Libra? - Shion o fitou de cara feia.

— Relaxa ET. Como foi a conversa com a sua princesa? - usou o termo com duplo sentido.

— Boa. - não se deu conta do trocadilho. - em breve irei visitar o planeta dos meus ancestrais.

— Eu quero ir.

— Se ela permitir.

— Vai ser interessante... – deu um sorrisinho. Aquela visita poderia render.

Do outro lado do salão, alguém acompanhava a saída de Eron e dos demais. Os olhos vermelhos estavam cravados em Giovanni.

— Procure alguém de confiança. - disse baixo a um dos seus assessores. - precisamos vigiá-lo de perto.

— Sim senhor.

Não foi apenas o assessor que ouviu, alguém que fingia prestar atenção na comemoração, escutou, pois usava um pequeno aparelho no ouvido.

— "Interessante."

Outros, que também acompanhavam a saída de Eron eram Marius e Rihen.

— Vou montar um esquema de vigilância. - disse Rihen. - agora todo o cuidado é pouco. Deixarei Evans a par.

— Não é da sua alçada, mas sempre que puder tenha Serioja nas suas vistas. - Marius o fitou. - coloque Athos na questão.

— Sim.

A viagem de volta, foi tranqüila quanto a de ida. Marius e Beatrice desceram na área residencial de Shermie e os demais seguiram para o palácio. Lirya foi para seus aposentos e os dourados para um dos jardins internos. Queriam aproveitar o frescor da noite.

O local era semi-circulo, fechado por grandes portas de vidro. Flores exóticas faziam a decoração e  inúmeros bancos de mármores permitiam o descanso. Os dourados espalharam-se. Mask pegou uma cadeira em ferro envelhecido, sentando-se a frente deles.

— O que acharam?

— Está se enfiando num ninho de cobras. - disse Shura. - aquele Serioja é perigoso.

— Eu sei. - Gio tirou a coroa e os demais utensílios reais. - vou dar um jeito nele.

— Cuidado com suas ações Giovanni. - advertiu Kamus. - ele não é um espectro que possa eliminá-lo sem problemas.

— Tenho ciência disso Kamus. Enquanto estava de pé, no palco, senti muitos olhares hostis.

— Está lidando com poder, é natural que tenha inimigos. - completou Saga, lembrando-se de si mesmo. - vai ter que agir com esperteza.

— Sei que minha vida pacata de guardião da quarta casa literalmente foi para o espaço.

Riram. Lirya que tinha voltado, pois queria certificar que seu filho estava bem, ouvia a conversa.

— Boa noite. - Deu um passo fazendo-se presente. - podem continuar sentados. - adiantou-se. - sem sono? - tocou as mexas azuis do filho.

— Noite agitada.

— Como era a sua vida na Terra? - indagou. - E a de todos vocês?

— Não foi gloriosa e nem correta. - levantou, para a mãe sentar e ele acomodou-se no chão.

— Pode me contar? - notou o tom triste que ele usara.

— Cheguei ao santuário aos nove, onde virei aprendiz. Atena, a elementar da Terra, tem oitenta e oito protetores, chamados cavaleiros e protegidos por constelações. Pela data do meu nascimento sou protegido pela constelação de Câncer. - fitou um ponto qualquer do jardim. - foi uma boa infância, dado o meu gênio difícil.

— Eu sei. - Lirya sorriu.

— Quando fiz treze anos, me tornei cavaleiro e a partir daí, seu filho passou a ser chamado de Máscara da Morte de Câncer.

— Por que desse nome? - o fitou.

O cavaleiro a fitou. Está certo que nunca escondeu seu passado de ninguém, mais contar a mãe, que seu filho querido era um assassino o deixava ressabiado.

— Ele gosta de excentricidades majestade. - disse Dite, percebendo o receio do amigo.

— Ela precisa saber da verdade Dite. - Mask o fitou. - por pior que seja.

— Tem certeza? - Shion o olhou.

— Tenho.

— O que houve com você Eron? - indagou, não gostando do tom da conversa.

— Me tornei um assassino. - a voz saiu rápida e fria. - esse apelido era porque colecionava as cabeças de quem eu matava pendurando na parede como troféus.

Lirya levou um susto com a revelação. Assassino? Seu pequeno Eron?

— Eron... - ainda não acreditava.

— Logo quando me sagrei, partir para a minha primeira missão. Nela me transformei de um bagunceiro a um matador cruel.

— Como?

— Minha missão era resgatar um homem que sabia demais. Era apenas tira-lo das mãos da máfia, sem lutas, afinal era um cavaleiro contra civis. Mas a missão deu errado... - calou-se, lembrando-se daquele dia e dos sentimentos que surgiram nele. - um grupo diferente de mafiosos promoveu uma emboscada. Eu esperaria o momento certo de agir, mas o homem resolveu lutar, eu não entendi o porque, até que vi um garotinho perto de um carro.

Mask calou-se novamente, os dourados continuavam em silêncio, Giovanni nunca foi de expor seus sentimentos, então o deixaria colocar para fora.

— O que aconteceu filho?

— O homem, vendo que não teria chance, gritou para o moleque correr. Ele não queria, mas acabou obedecendo e correu... - deu uma pausa, para recuperar a coragem. - tudo que se ouviu foi tiros. O segundo grupo atirou no homem, o corpo dele ficou cravejado de balas... ainda posso ouvir os gritos do menino: "Papai, pai, pai..." e sem dó o primeiro grupo o matou. Mataram o homem por ele saber demais e o menino apenas por prazer. - levantou, passando a andar pelo local. - eu senti tanto ódio, mas tanto ódio que perdi a razão e matei todos sem dar alguma chance de defesa.

Lirya o fitou entristecida, não imaginava que a solução de Soren o mudaria tanto.

— De certa forma foi do mesmo jeito não foi? - o fitou. - mataram Soren na sua frente e só não morreu, pois entrou num hadren.

— Hoje, diante do conselho, percebi que sim. - disse. - a grosso modo, o conselho matou o meu pai. Por todos os fatos que aconteceu, não pude digerir a raiva e ela se manifestou anos depois.

— E após isso?

— Me tornei um assassino cruel, calculista.... Que não media forças para ganhar. Que não se importava se era idoso, criança, mulher, bebê. Matava todos a sangue frio. Foram treze anos de matança. Até perdi a conta de quantas vezes minha mão se sujou de sangue. Eu lutei contra um garoto. Eu quase o matei e a namorada dele, mas felizmente ele me matou primeiro.

Dokho lembrava-se perfeitamente desse dia.

— Fiquei um mês morto.** E nesse período comecei a rever meus atos, eu começava a me arrepender de tudo que tinha feito. Fui trago de volta a vida, morri de novo. Me ressuscitaram novamente. - parou de andar, voltando a se sentar. - não estava totalmente arrependido, - o olhar foi para Aioria. - mas também estava disposto a não cometer mais besteiras. Levar a minha vida naquela cidade não seria tão ruim até...

— "Conhecê-la." - Afrodite completou em pensamento.

Mask abaixou o rosto.

— É a Helena não é? - Lirya mais afirmou do que perguntou.

— Sim. - a voz saiu triste. - ela vivia doente, mas mesmo assim lutava para sustentar seus irmãos. - olhou para o teto. - eu, um assassino, morando num palácio como esse e ela num casebre... não havia significado a minha ressurreição.

— Você a ajudou com o dinheiro que ganhava. - disse Afrodite, Mask o fitou imediatamente, como ele sabia daquilo? Nunca tinha contado a ninguém - eu via você colocando os saquinhos na porta dela, a noite.

Aioria arregalou os olhos.

— Era por isso que sempre estava no bar jogando? - o leonino o fitou.

— Sim. - respondeu Afrodite por ele.

Os demais que nada sabiam daquela parte da história ficaram surpresos.

— E o que mais Eron?

A voz de Lirya chamou a atenção de todos.

— Ela já estava muito doente, quando foi seqüestrada e não resistiu aos ferimentos. Juro que tentei, mas não pude fazer muita coisa... eu precisei perder uma vida, para dar valor.

O coração de Lirya partiu por ver o filho naquela situação. Primeiro é privado de viver com sua família, depois passa por tantas situações... ela levantou, agachando na frente dele.

— Eron.

O cavaleiro a fitou.

— Não se sinta mais assim. Acabou. É um novo homem agora.

— Obrigado mãe. - sorriu.

— Talvez não seja uma hora propícia, mas o que aconteceu na plataforma?

Todos os olhares foram para Aioria e Aldebaran, mas Shion tomou a palavra.

— Digamos que temos poderes majestade. Como Eron disse, somo regidos por estrelas e... - o grande mestre explicou sobre os cavaleiros e o cosmo.

— Realmente é surpreendente.

— Lamentamos pela plataforma. - Deba disse por ele e Aioria.

— Não se preocupem, irei providenciar outra. - levantou. - está tarde, vou me recolher.

— Vou com você mãe.

— Nós também iremos. - Shion imitou o gesto dela.

Os cavaleiros despediram-se indo para seus respectivos quartos.

Depois de um dia atribulado mereciam uma noite de descanso... ao menos para eles...

 

 

O.o.O.o.O

Como parte de suas obrigações Haykan inspecionava suas instalações em seus domínios.

— Senhor. - um soldado aproximou batendo continência. - trago uma comunicação de GS.

Ele não disse nada, seguindo para uma sala. Foi até um painel apertando um botão. A imagem de um homem de meia idade apareceu.

O senhor acompanhou a transmissão?

— Sim. Não tenho intenção de agir, não por enquanto.

Tenho uma informação que talvez possa interessá-lo.

Haykan colocou um comunicador no ouvido. Ele sorriu ao fim da transmissão.

— Perfeito.

E o que quer que faça com isso?

— Providencie o que ele quer. Servirá a ele e a mim.

Sim senhor.— o homem fez uma leve mesura e desligou.

Haykan caminhou até janela, vendo homens trabalhando a todo vapor numa nave.

— Deixe que se matem entre eles mesmos.

O terceiro dia em solo de GS despontava para Mask e os dourados.  Enquanto, no palácio, todos ainda dormiam sossegados, o sono do canceriano era agitado. Ele rolava na cama, balbuciando coisas sem nexo. Em sua mente, via-se num local oval, cercado de vidro. Quando olhava para fora do vidro, via montanhas cobertas por neve. Precisa vir atrás de mim. Uma voz dizia na mente dele.

— Onde? - respondeu ainda adormecido.

Venha a terra dos seus ancestrais... a terra que deu origem aos Tempesttas...

Mask acordou de repente. O rosto estava banhado de suor.

— E esses malditos sonhos? - voltou a deitar. - caspita!

O.o.O.o.O

Alguns quilômetros dali, Iskendar olhava a vista da pequena varanda do hotel. Resolvera passar a noite em Ranpur seguindo para seu posto apenas no dia seguinte. Não dormira quase nada a noite, devido a sonhos.

Voltou para o quarto, pegando seu comunicador.

Dara.

— Acordei amigo? - indagou sorrindo.

As horas correm de maneira diferente. Onde está?

— Ranpur. - sentou na cama. - fiquei com preguiça de voltar no mesmo dia.

Eu vi a cerimônia.

— E a repercussão?

Muitos ainda não acreditam. Até a noticia realmente se consolidar vai levar um tempo. Mas tem alguns segmentos aqui que estão preocupados.

— Normal. - passou as mãos pelos cabelos brancos.

— É realmente ele?

— Sim. Ele é o filho de Soren.

— E o que fará?

— Nada. Deixarei as coisas tomarem seu próprio rumo. Voltarei a noite. Passo aí amanha de manhã.

— Está bem.

O jovem desligou o comunicador, deixando o corpo cair na cama. Os olhos azuis fitaram o teto. A mente viajou...

Era rapazinho e estava na sala de estudos aprendendo sobre oricalco, matéria ensinada por Samir. Teve a atenção chamada quando ouviu vozes. Estranhou, já que quase não recebia visitas por morar nos arredores de Sora, uma cidade muito distante da capital do planeta Alaron. Olhando pela janela, viu um pequeno transporte parando em frente a casa. Dele desceram um homem e uma criança. Movido pela curiosidade, Iskendar correu até as escadas, escondendo-se atrás das grades, mas como uma boa visão da sala do primeiro andar. Não conseguia ver o rosto do homem, apenas o da criança. Um menino. Os cabelos azuis do menino chamaram sua atenção, já que não era uma cor de cabelo muito comum em Alaron. O menino parecia brincar com algo. Forçou a visão e pode ver que ele trazia nas mãos uma nave.

— "Por que ele tem uma nave igual a minha?"

Os pensamentos foram cortados quando escutou o nome do garoto: Eron.

— Eron... - murmurou. - ainda guarda a sua?

O.o.O.o.O

Imega, planeta Eike...

A passos firmes e rápidos, Serioja rumava por um corredor pouco iluminado. Imega,  era conhecida por suas belas paisagens mas o premier de Yumeria preferiu um lugar distante do centro da cidade para a realização daquele encontro. Ele tinha inimigos e não poderia dar chance a eles de descobrirem alguma coisa sobre seus atos. 

Não bateu na última porta do corredor. A sala era pequena, continha uma porta e uma pequena janela. No centro dela, uma mesa com duas cadeiras.

— Senhor. - um homem de meia idade fez uma leve mesura. - fiz como me pediu.

— E então, Iesa?

— Levantei informações e a opção que melhor nos atendeu, se chama Niahm. É de Sidon e tem ótimas referências.

— Mais alguém sabe disso?

— Encarreguei meus melhores homens para isso. Para todos os efeitos eu a contratei.

— Ótimo. 

Iesa abriu a porta, dando passagem a uma pessoa coberta com roupas negras. Os cabelos estavam escondidos por debaixo de um capuz e a face encoberta por uma máscara branca. Serioja achou o fato inusitado.

— Quem é você?

— Niahm, senhor. - a voz saiu abafada por causa da máscara e não dava para saber se era homem ou mulher.

— Gosto de ver a face das pessoas o qual tenho contratos.

— Eu nunca mostro minha face, faz parte da minha profissão. Sem rostos, sem identificação.

— Como quiser. Talvez seja até melhor. Sente-se.

O mascarado e Serioja sentaram. 

— Seu serviço é simples. Quero que acompanhe os passos de uma pessoa. Quero saber de tudo, onde vai, com quem anda, até se está respirando.

— E de quem se trata? - indagou a pessoa.

Serioja olhou para Iesa, o homem tirou do bolso, um pequeno dispositivo do tamanho de uma moeda, colocando sobre a mesa. A imagem de um homem apareceu.

— Sabe que terei dificuldades. Não é uma pessoa qualquer. - disse o mascarado.

— Sei muito bem. Por isso seu pagamento será alto.

Iesa passou para a pessoa outro dispositivo.

— Uma conta em Lain, - disse Serioja. - pode conferir que parte do pagamento foi efetuado e as parcelas caíram conforme o repasse de informações.

A pessoa pegou o dispositivo analisando.

— E reporto a quem? - guardou no bolso.

— Diretamente a mim. Qualquer informação que seja.

— Entendi. O senhor deve saber da minha forma de trabalho. - a voz saia abafada, mas Serioja compreendia muito bem. - eu entro em contato com o cliente, não obedeço horários nem lugares, mas não se preocupe, mesmo que seja dentro da sede da polícia nunca saberão da minha presença.

— Eu sei que sim. - deu um fino sorriso. - não é atoa que é considerado o melhor.

— Alguma observação?

— Creio que não. - disse Serioja. - apenas que comece agir o quanto antes.

— Começarei agora mesmo.

Niahm levantou, saindo pela mesma porta que tinha entrado.

— Iesa.

— Sim senhor.

— Mantenha equipes de prontidão, no palácio, na sede do governo em Shermie e na policia. Quando Niahm entrar em contato quero está preparado para agir. - levantou. - Preciso que Eron não tenha chance de se defender.

 

 

 

O.o.O.o.O

Lirya tinha acordado cedo e estava em seu escritório resolvendo assuntos administrativos. Precisava resolver também sobre a plataforma e os poderes dos amigos do filho.

— Majestade. - Célica e Hely entraram.

— Realizamos o que nos pediu. Todos estarão a postos quando a senhora quiser. - disse Hely.

— Ótimo. Meu filho e os demais?

— Ainda estão nos quartos.

— Podem preparar a comunicação.

Hely preparou o aparelho comunicador, Lirya foi para o meio da sala a fim de ser vista por todos. Do outro lado da linha, Marius, Alisha, Urara, Niive e Stiepan Cassie, presidente de Orion. A imagem de Lirya era transmitida a todos.

— Bom dia a todos.

Majestade.— todos reverenciaram com exceção de Alisha.

— Agradeço a disponibilidade, assim tão cedo.

É uma honra.— disse Stiepan.

Aconteceu alguma coisa?— indagou Marius.

— Nada grave. Na verdade queria a ajuda a vocês. - olhou para os estrangeiros.

Do que se trata senhora?— indagou Alisha.

— É sobre os amigos de Eron. Tínhamos informações muito vagas sobre eles e ontem pude obter mais. Estou enviando um relatório sobre eles, - ela enviou uma base de dados para eles. - mas basicamente, eles são protetores de uma elementar pura em VL19-3.

Niive ficou surpresa, então Kanon dizia a verdade.

— E pelo menos alguns deles possuem características particulares.

Quais?— Stiepan ficou interessado.

— Ontem tivemos um contratempo numa área perto do palácio. Shion pediu uma área em que eles pudessem treinar. Tudo seguia normalmente, mas em dado momento a plataforma foi parcialmente destruída. - ela mostrou imagens. - primeiro com descargas elétricas e depois com uso de uma força extrema.

Cada um em seu ambiente analisava os dados enviados por Lirya.

Somente um alto nível de energia pode provocar esses estragos.— Stiepan olhava os dados.

— Quem provocou isso se chama Aioria. Ele é capaz de usar descargas elétricas.

Stiepan a fitou imediatamente.

— Já Aldebaran foi responsável pela destruição da plataforma. Não sabemos se todos tem esse poder, mas é de impressionar. Como mostra os dados.

Niive ficou impressionada. Esse rapaz tinha muita força.

— Diante disso, gostaria que conversassem com eles. Alisha, já está a par de Shion e Mu. Creio que eles tem as mesmas características dos Atlantiks, mesmo com o passar dos anos.

Já tinha pensado nisso, senhora. Estou providenciando uma visita deles a Alaron.

— Niive e Célica, gostaria que conversassem com Aldebaran. Achei muita coincidência ele ter as mesmas aptidões e características físicas dos Kalahastis.

Não se preocupe, majestade.— disse Niive pela duas.

— Stiepan pode ficar responsável por Aioria?

— Claro. Será muito interessante aprender sobre a capacidade dele.

— Urara e Hely, eu gostaria que dessem atenção a Shaka. Pelos relatos de Shion, ele tem muitas singularidades ligada aos Eijis.

— De acordo. — disse Urara.

— E quanto aos demais?— indagou Marius.

— Os demais ainda tenho dúvidas. Saga e Kanon, em VL19-3, tem a capacidade de criar fendas dimensionais. Talvez seria interessante enviá-los ao departamento de Hadren.

Parece plausível.

E para quando deseja isso senhora?— indagou Urara.

— O quanto antes.

Nós não temos compromissos em nossas diretorias hoje. - disse Urara por ela e Niive.

Também não tenho compromissos, majestade.— disse Stiepan.

Tenho apenas uma reunião em poucos minutos, mas não será demorado. Se a senhora quiser, assim que terminar posso ir até o palácio. — disse Alisha.

— Seria perfeito.

Creio que nós também.— Stiepan olhou para Niive e Urara.

— Agradeço.

 O.o.O.o.O

Shaka tinha acordado cedo e para não atrapalhar os companheiros, refugiou-se no jardim da noite anterior. Aquele lugar era tranqüilo, bem propício a meditação.

Sentou-se no chão, tomando a posição de lótus. A mente serenou. Quando atingiu certo nível de concentração a mente foi atingida por imagens.

O indiano abriu os olhos imediatamente. Tinha sido as mesmas imagens vistas na mente de Mask.

— "O que será isso?" - indagou apreensivo.

— Até aqui acorda cedo.

Shaka olhou para trás deparando com Giovanni.

— Pouco diferente de você.

— Perdi o sono. - sentou ao lado dele.

— Desde a Terra seu sono anda perturbado.

— Sim. - olhava o jardim que se abria a frente. - acho que por tudo que está acontecendo.

— Sonhou com algo? - o fitou.

O italiano ficou calado.

— Se não quer falar... - murmurou voltando a atenção para o jardim.

— Uma voz dizendo que eu tinha que ir onde os Tempesttas originaram.

— Que lugar?

— Não faço ideia, apesar de achar que já fui a esse lugar.

— Naquele dia, que tentamos ler a sua mente, - Shaka o fitou. - eu vi uma imagem.

— Viu? - indagou surpreso.

— Você e um homem estavam numa sala oval cercada por vidros. Tenho certeza que não é no santuário.

— Será que tem relação? - passou as mãos pelos cabelos azuis.

— Acredito que sim.

— Mas que lugar seria esse?

— Pergunte a sua mãe onde sua família originou-se.

— Farei isso. Até que seus conselhos prestam. - passou o braço pelo pescoço do indiano.

— Giovanni...

— Brincadeira. - sorriu.

— É melhor irmos para a sala de jantar. Sua mãe pode estar te procurando.

O.o.O.o.O

Logo após a reunião, Lirya começou a providenciar uma sala para eles. Também procurou por arquivos para explicar ao filho sobre as habilidades inerentes aos portadores do sangue Tempestta.

Célica e Hely a acompanhavam enquanto escutavam sobre a conversa tida com os cavaleiros na noite anterior.

— É interessante pensar que num lugar tão distante, tenha pessoas com essas habilidades. - disse Hely.

— Por isso convoquei a reunião. Como vão ficar aqui precisam de orientação. -  Lirya a fitou. - Célica pode verificar se já acordaram?

— Sim senhora.

A kalahasti retirou-se.

— Majestade. - chamou Hely.

— Sim?

— Tomei a responsabilidade de efetuar um sistema de segurança a parte, para a senhora e o príncipe. Com todos sabendo da volta dele, os dois tornam-se alvos.

— Agradeço a preocupação Hely, - pegou um grande livro, o único naquele ambiente. - mas Eron é prioridade maior. A minha morte não afetará em nada o rumo dos acontecimentos, a dele sim.

— Mas...

— Veja... - colocou sobre a mesa, abrindo a primeira página. - apesar de toda a nossa história está em dados computacionais, esse livro sobreviveu.

Hely aproximou. As palavras não estavam na língua utilizada pela galáxia, mas conseguia ler, pois aprendera sobre ela.

— Badema? - fitou a rainha.

— Sim. Soren me ensinou. A base das línguas dos humanos, eijis e atlantiks.  Foi encontrado pelo segundo rei Tempestta e desde então está na família. É uma relíquia. - Lirya passava as mãos pela capa do livro.

— Nos últimos anos temos tentado entrar na atmosfera de Ikari, mas tudo em vão. Nossas naves ainda não são boas suficientes. Nem o povo Router, peritos em armas, desenvolveram uma nave capaz de transpassar a atmosfera. Somente o rei Soren conseguiu.

— Ele me disse que é pelo fato de ser um Tempestta. - folheava o livro. - como são descendentes diretos conseguem entrar na atmosfera.

— O príncipe é capaz?

— Talvez.

— Senhora. - Célica entrou na sala. - todos estão na sala de jantar.

— Ótimo. Mande um aviso a Alisha e aos demais que podem vir quando quiserem.

Célica foi cumprir as ordens.

— Leve-o, - pegou o livro entregando para Hely. - para a sala.

— Sim senhora.

Passados alguns minutos, Lirya foi até a sala de jantar, mas não revelou a eles sobre a reunião. Ficaram conversando sobre a cerimônia do dia anterior, até que Hely avisou que os convidados haviam chegado.

— Podem me acompanhar por favor? - pediu.

— Aconteceu alguma coisa mãe?

— Nada grave.

Olharam entre si, mas não disseram nada. Foram conduzidos para uma sala. Kanon e Shion sorriram ao verem Niive e Alisha. Shaka ficou surpreso ao ver Urara e Kamus desapontado por ver apenas Marius.

Cumprimentaram entre si, apenas não reconhecendo o homem de meia idade, de cabelos negros curtos e olhos vermelhos.

— Esse é Stiepan Cassie, - Lirya tomou a dianteira, pois apenas Eron o tinha conhecido na noite anterior. - ele é presidente do planeta Orion.

Trocaram cumprimentos.

— Sentem-se.

Havia assentos para todos, sendo que Célica sentou ao lado de Niive e Hely de Urara.

— O motivo dessa reunião é sobre vocês cavaleiros. - Lirya os fitou. - O que vocês são na Terra e o que ocorreu na plataforma são fatos que não podem ser ignorados. - Aioria e Aldebaran engoliram a seco. - Por isso os chamei, - apontou para os convidados. - para alguns de vocês seria interessante escutar o que eles tem a dizer. Stiepan, por favor.

O presidente olhou para os cavaleiros.

— Marius me disse que não entrou em detalhe sobre os povos que compõe a galáxia. Eu pertenço ao povo Tooi, uma ramificação dos humanos. Nós somos responsáveis pela pesquisa e geração de fontes de energia para toda GS. Nosso DNA é igual a qualquer humano, mas temos um por cento de material genético diferenciado.

Os cavaleiros ouviam com atenção.

— Nós, os Toois, podemos gerar energia. - Stiepan abriu a palma da mão. Pequenas descargas elétricas saltaram. - desde pequenos aprendemos a manusear essa habilidade para não ocorrer acidentes. Você consegue fazer isso? - fitou Aioria.

— Sim... - murmurou. - mas preciso elevar meu cosmo.

— Precisa de um estopim para ativá-lo?

— Correto, mas estranhamente, ontem minhas mãos começaram a emitir faíscas elétricas sem a utilização de cosmo.

— A atmosfera diferente pode está interferindo. - disse o presidente. - de toda forma seria interessante se pudesse ir até Orion.

— Seria ótimo. - respondeu animado.

— Providenciaremos então. - Stiepan também estava animado. - Urara.

Durante toda a conversa do presidente de Orion, Urara analisava atentamente Shaka. Pelos dados recebidos de Lirya realmente ele se enquadraria como Eiji, além da aparência ser semelhante ao seu povo.

— Somos descendentes dos elementares puros. - a voz saiu baixa e calma, Shaka a fitou. - e por conta disso temos algumas habilidades. Temos a telecinese, telepatia em baixo grau e a capacidade de criar barreiras. - Urara esticou o braço direito, diante da palma espalmada apareceu um escudo circular, feito de energia azulada. - Hely.

A dama real também fez o mesmo. Os dourados ficaram impressionados, pois não sentiam cosmo emanando delas.

— Acredito que consiga fazer o mesmo. - Urara fitou o indiano.

Shaka elevou seu cosmo, formando uma barreira dourada em torno de si.

— Muito mais sofisticada. - disse a diretora. - também possuímos a habilidade de prever o futuro. Podemos ter flashs de acontecimentos. Também é capaz disso?

— Não. - respondeu, mas subitamente lembrou-se da visão que teve antes de conhecê-la. - mas tenho interesse em conhecer essa faculdade.

— Nosso conselho poderá ajudá-lo. - ela desfez o escudo. - princesa Alisha.

— Creio que as habilidades sejam iguais, mesmo com o passar do séculos. - ela olhou para Shion e Mu. - telecinese, telepatia, longevidade e criação de barreira. - a barreira que ela criou foi semelhante a de Urara.

— Também podemos fazer isso. - disse Mu.

— Mas não fabricamos Oricalco. - lembrou Shion. - apenas podemos manipulá-lo.

— Com o devido treinamento talvez possam a voltar a fabricar. Vocês têm as marcas, - apontou para a própria testa. - o que significa que o sangue atlantiks é dominante. Niive.

A diretora ajeitou-se na cadeira. Antes de olhar Aldebaran, a visão passou por Kanon.

— Também somos uma ramificação dos humanos. Os kalahasti possuem uma grande resistência física e força.

— "Está explicado." - pensou o marina.

— Ainda possuímos a capacidade de regeneração. - disse Célica. - recuperamos rapidamente de ferimentos leves e médios e duas vezes mais rápido que as demais pessoas, de ferimentos graves. - ela foi até a mesa pegando uma faca. - vejam.

Puxou a manga da túnica, provocando um corte no braço. O sangue começou a sair, mas segundos depois o corte fechou.

— Eu consigo fazer isso? - indagou o brasileiro.

— Provavelmente.

— Se Aioria está sofrendo intervenções, talvez aplique-se a você. - disse Niive.

Deba pediu a faca a Célica. Queria testar, se não desse certo, apenas ganharia uma cicatriz. O taurino pegou a ponta da faca fazendo um corte no braço. O ferimento sangrou e demorou certo tempo para o corte sumir.

— Como isso é possível?! - exclamou surpreso. - nem nasci nesse planeta.

— Teremos que investigar. - disse Marius. - uma ida a Clamp seria interessante.

— Posso levá-lo até lá se quiser. - disse Niive.

— Eu quero.

— "E eu também." - Kanon deu um pequeno sorriso.

— Nós também temos algum diferencial? - indagou Miro.

— Precisamos investigar. - respondeu o chanceler.

— E os Tempesttas? - Mask queria saber se tinha outra habilidade. - quais são os nossos dons.

— Tudo que é inerente as outras raças: telecinese, telepatia, barreira e regeneração. - disse Marius. - somado a isso a capacidade exclusiva de detectar e ativar hadrens. Também se mostrou capaz de respirar no espaço.

— Por que na Terra eu não tinha o poder de fazer barreira e regenerar?

— Talvez pelo fato de não está no seu planeta natural ou essas habilidades só eram para manifestar a partir de uma idade.

— Tem algo que eu não tenha e os outros tiveram? Como meu pai?

— Cada geração nasce com uma habilidade única. - disse Lirya. - sua avó, a rainha Bruni, tinha a capacidade de curar, já seu pai de criar projeções espirituais de si mesmo, além de alterar a memória das pessoas.

— E eu? Posso fazer isso?

— Não sei filho. Se tem alguma habilidade ela não se manifestou até seus nove anos.

O cavaleiro cruzou os braços sobre o peito, pensativo. Qual seria a dele?

— Majestade, - chamou Shaka. - a origem dos Tempesttas são os elementares puros, onde nasceu o primeiro Tempestta?

Mask o fitou.

— No planeta Ikari. - Lirya levantou e pegou o livro. - esse livro conta sobre isso e como vieram parar Ranpur. - entregou a Mask. - consegue ler?

Giovanni olhava atentamente as palavras, conseguia entender a maior parte delas.

— Mais ou menos. - passou a folhear o livro. Os demais cavaleiros esticaram o pescoço para verem.

— Pare. - disse Shaka assim que viu um desenho. Ele levantou indo até o amigo. - que lugar é esse? - apontou para a figura de uma sala oval cercada por vidros.

— Segundo as tradições era a sala onde os elementares comandavam a galáxia. - disse Marius. - Soren já esteve lá por três vezes.

Mask olhou atentamente o desenho. Tinha a sensação de já ter pisado nesse local.

— É em Ikari?

— Sim.

— Giovanni, foi o local que eu vi. - disse Shaka.

— Tem certeza? - Mask o fitou.

— Como assim viu? - indagou Urara. - teve uma visão com esse local?

— Não sei se pode chamar de visão, mas sonhei com esse lugar.

A diretora ficou surpresa. Shaka também podia ver o futuro?

— Como foi a visão? - Hely também ficou interessada.

— Giovanni e um homem estavam nesse local. Não pude ver o homem nitidamente, pois sua imagem estava desfocada.

Lirya e Marius trocaram olhares.

— Como faço para chegar lá? - Mask olhou para a mãe.

— O acesso é difícil. Nenhuma nave consegue atravessar a atmosfera. Os que tentaram morreram antes de conseguirem chegar a superfície.

— Mas meu pai conseguiu.

— Sim Eron. - disse Marius. - estive presente nas três vezes, esperando-o em orbita.

— Não foram só três vezes. - disse. - já fui com meu pai nesse lugar.

— Foi? - Lirya ficou pasma.

— Agora vendo essas imagens, tenho certeza. - levantou. - eu preciso ir até lá.

— Por que?

— Não sei mãe, mas sinto que devo ir até esse lugar. Qual a distancia?

— Fica na área um. - respondeu Niive. - precisará de um hadren se quiser chegar ainda hoje.

— Hely, - virou-se para a moça, provocando surpresa pelo tom firme que usara. - convoque Evans e peça para deixar a Euroxx de prontidão.

— Sim... - murmurou surpresa.

— Mas filho...

— Eu preciso ir até lá mãe. - tocou no ombro dela. - eu preciso.

Marius deu um sorriso, Eron tinha atitudes semelhantes ao pai.

Do lado de fora do palácio, outra pessoa também sorriu com as informações que obtivera.

 

O.o.O.o.O

Evans fiscalizava o serviço de manutenção da Euroxx, juntamente com Etah. Apesar de ser uma nave nova, o capitão gostava que tudo estivesse em ordem caso ocorresse um imprevisto, como o que ocorreria em minutos.

— Capitão. - um soldado aproximou batendo continências. - transmissão do palácio real.

— Será que aconteceu algo? - Etah fitou Evans.

— Irei atender.

Os dois dirigiram-se para a sala de comunicação mais próxima. Quando Evans apertou um botão apareceu uma tela com a imagem de Hely.

— Capitão Evans. Etah. O príncipe solicitou a Euroxx para realizar uma viagem. Tem condições para partir em duas horas?

— Claro. - disse. - mas vamos para onde?

— Ikari.

— O que??? - indagaram os dois assustados.

— O que ele quer fazer lá? - Evans a fitava sem entender.

— Disse que precisava ir até lá. 

Etah franziu o cenho. Aquele planeta era totalmente hostil a qualquer tipo de navegação, tanto que o hadren mais próximo passava a vinte e cinco mil quilômetros de distancia.

— Estaremos prontos. - disse Evans. - Etah irá escoltá-lo do palácio até aqui.

— Irei avisá-lo.

A comunicação cessou.

— O que ele pretende fazer lá?

— Não faço ideia Etah, mas já vivi situações semelhantes com o Soren. Ele às vezes visitava aquele planeta.  Vá buscá-lo.

Etah bateu continência e saiu. Evans caminhou até a janela, vendo Ranpur logo abaixo.

— Melhor avisar ao Rihen.

A Euroxx conseguia muito bem realizar a proteção do príncipe, mas Evans preferiu avisar ao presidente da policia para que ele deixasse patrulhas nas redondezas.

O.o.O.o.O

Serioja estava na casa de alguns compatriotas quando recebeu uma comunicação. Pediu licença, indo para um canto mais reservado da casa.

— Pronto.

Está indo a Ikari. Convocou a Euroxx para tal. Deve partir em no máximo duas horas.

A comunicação cessou. A expressão do primeiro ministro ficou séria. O que ele faria em Ikari?

Pegou seu comunicador.

— Iesa, mande uma nave para Ikari, tome cuidado, pois a Euroxx estará em orbita. Não importa o que precise abata qualquer nave que entrar no planeta, sem deixar rastros.

Serioja só não pensava que esta informação também já era domínio de outras pessoas.


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Notas finais do capítulo

Surpresas aguardam o cavaleiro de Câncer em Ikari...


* Livro: O Príncipe de Nicolau Maquiavel.
* Para a fic dei um prazo maior entre o término das doze casas e o início de Hades, levando em conta o anime.



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