Tempestta escrita por Krika Haruno


Capítulo 25
Os guerreiros da Luz




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Rihen estava num profundo silencio. Todos esses anos a frente da policia galáctica, não havia sido informado sobre aquela nave. Quem estaria por trás dela?

Haykan estava na sua mesa, analisando atentamente as imagens enviadas por Orrin sobre a nova nave. Não tinha maiores informações, pois o comandante preferiu dizer pessoalmente, mas aquilo era motivo de preocupação.

A porta foi aberta por um soldado, que deu passagem a Orrin. O comandante olhou ferino para o ex presidente e se não fosse a presença de seu líder, daria um soco nele.

— Senhor. - Orrin fez uma mesura.

— Você sofreu algum dano? - indagou o líder.

— Não. A tripulação da Nau 1 está bem. Tivemos baixas nas naves menores, no exército enviado a Ranpur e nos demais ataques, mas tudo dentro da margem de baixa.

— Perfeito. E a Nau?

Orrin aproximou da mesa, colocando um dispositivo. A imagem da nave apareceu.

— Perdemos os motores auxiliares, o escudo principal está comprometido. Outras partes também foram prejudicadas. Os engenheiros avaliam que levaremos duas semanas para os reparos.

— E para deixá-la funcionando?

— Uma semana, mas não passará de uma nave comum. A Antares poderá derrubá-la.

— Compreendo.  Já repassou essas informações as demais Naus?

— Sim. Com os dados obtidos, elas ficarão mais resistentes.

— Que nave era aquela? - indagou Rihen.

Os naturais de S1 o fitaram. Orrin cerrou o punho.

— A seu tempo Rihen. - disse Haykan de maneira fria. - Quais naves participaram? - voltou a atenção para Orrin.

— A Euroxx surgiu primeiro, depois a Galaxy, a nave misteriosa e por ultimo a Nias.

— Entendo... - murmurou. - e como foi?

— Ela surgiu sem que nossos radares a detectassem. Não tenho informações sobre o poder de fogo dela. Ela possui escudo, mas não consigo mensurar o poder dele, pois entramos no hadren antes que víssemos os danos.

— O que seu instinto diz?

— Se apareceu só agora é uma nave poderosa. Talvez não faça frente as demais Naus, mas é prudente não subestimar.

— Repasse todas as informações para os engenheiros. Em breve também terei mais detalhes.

— Sim senhor. - Orrin voltou a atenção para Rihen. - parece que nem seus conterrâneos confiavam totalmente em você.

O ex presidente o fitou com ódio.

— Não é hora para isso. - Haykan levantou. - com essa nave ou sem ela, a vitória será questão de tempo.

Rihen saiu da sala, pisando duro. Quando entrou em seu quarto jogou um objeto na parede.

— Aconteceu alguma coisa? - indagou Stiva.

— Claro que aconteceu seu estúpido! - berrou. - os Tempesttas tinham uma carta na manga.

— O que o Iskendar fez? - soltou um suspiro desanimado.

— Não é com ele. - o fitou ferino. - GS tem uma nave de combate.

— Como assim?

— No meio da batalha, surgiu uma nave com a insígnia da casa real. Construíram uma nave de guerra sem o meu conhecimento.

Stiva começou a gargalhar.

— Não fique triste presidente. Muitas coisas aconteciam na sede e o senhor não ficava sabendo. - zombou.

— Cala a boca! - gritou. - aquele desgraçado do Orrin vai atrapalhar minha relação com o Haykan. Vai me tirar o comando de uma das Naus.

— E o que pensa em fazer?

— Não sei! - começou a andar de um lado para o outro. - quando eu descobrir de quem foi o projeto, farei questão de matar.

— Sinto informar mas ele já está morto.

Rihen o fitou imediatamente.

— Athos?

— Claro que não. - sorriu. - desde que eu entrei na policia, rolava uma história que o rei Soren queria aumentar o poderio militar, mas morreu na primeira guerra. De certo alguém continuou o projeto.

O ex presidente pensou um pouco. Stiva tinha razão. Já escutara inúmeras vezes Soren dizer sobre a vontade de produzir naves melhores.  A dúvida era quem tinha continuado o projeto. A mente jogou uma pessoa.

— Marius... - murmurou.

 

O.o.O.o.O

Serioja trazia a expressão fechada. O andar estava pesado assim como a respiração. Iesa seguia ao seu lado em silencio. Não estava nos planos do chanceler de Yumeria uma reunião tão repentina. Estava terminando de arquitetar seu outro plano e precisava de tempo para enrolar seus apoiadores.

Ele abriu a porta de uma vez, eles estavam sentados numa mesa oval. Iesa ficou de fora.

— Estou curioso quanto ao chamado. - disse tentando não transparecer contrariado.

— A situação nos levou a isso chanceler. - disse um dos homens.

— E do que se trata? - tomou seu lugar, indo direto ao ponto. Rodeios não fariam a situação mudar.

— Temos vários assuntos mas que giram em torno de um. - falou outro.

— S1 tem mostrado um poder além do que imaginávamos. - falou uma senhora.

— Pensei que sabiam do poderio de Haykan. - o chanceler deu um sorriso cínico.

— Sabíamos, mas não a esse ponto. - a voz da senhora saiu ríspida. - não contávamos que ele fosse se desenvolver tão rapidamente. Somado a isso seu pouco progresso diante do príncipe.

— A guerra estourou. - defendeu-se.

— Alguém habilidoso saberia aproveitar a situação. - um dos senhores disse. - mas não é relevante agora. Temos a guerra, temos a sua incompetência no conselho e o fator surpresa: o filho mais velho de Soren.  Você é o menor dos problemas, mas a guerra e dois Tempesttas é algo que pesa.

— Onde querem chegar? - estava ficando com ódio deles.

— A traição de Rihen mostrou o quanto a policia é frágil, mas ao mesmo tempo o poder de Eron. Ele matou um diretor sob o consenso de todos.

— Resumindo: - disse o que parecia ser o líder. - estamos retirando nosso apoio a você.

— Como?? - berrou o chanceler.

— A guerra pode tomar rumos desconhecidos e não queremos nos meter. Nossa parceria acaba agora. Se quiser continuar com seu plano terá que andar sozinho.

— Não podem fazer isso! - deu um soco na mesa.

— Já decidimos. - disse a senhora. - E nem pense em nos trair, você terá muito mais a perder.

Serioja vibrava de ódio.

— Covardes... - murmurou levantando. - verão do que sou capaz e quando assustarem estarei pisando na cabeça de cada um de vocês.

Saiu batendo a porta. O rosto estava vermelho, queria matar um!

— Senhor...?

— Está tudo pronto para o plano?

— Sim... - gaguejou, o rosto do seu superior emanava ódio.

— Prepare, não passará de hoje. Eles vão se arrepender por terem me deixado.

O.o.O.o.O

Depois do sonho, Shaka não conseguira dormir. Foi para uma das varandas do palácio, onde permaneceu até o nascimento do dia. Com sua experiência em batalhas, sabia que aquele tipo de pressentimento era o prenuncio de algo ruim. Toda vez que lembrava do "algo" explodindo sentia um aperto no peito.

Ao contrario de Shaka, Urara não teve um sonho  tão nítido.  Viu explosões acompanhado por um sentimento de perda.

Ela arrumou suas coisas, pois partiria imediatamente para Obi. Procurou por Shaka, mas Dite havia informado que ele não estava. O pisciano aproveitou e contou do sonho.

Urara percorria os corredores do palácio, tentando imaginar onde ele estaria. Ela olhou para sua mão, vendo fracamente um rastro vermelho. Seguiu-o.

— Shaka. - a linha vermelha os conectava realmente.

O cavaleiro virou-se assim que ouviu o nome. Urara aproximou sentando ao lado dele.

— Afrodite disse que não teve uma boa noite de sono. - disse logo de cara.

— Ele te contou?

— Sim. O que acha que pode ser?

— Eu não sei... - pegou na mão dela. - não teve isso?

— Não como você. Suas visões são mais detalhistas. - tocou no rosto dele. - enviado dos elementares. - sorriu.

Shaka sorriu de volta para em seguida beijá-la. Pedia aos céus que ela não estivesse no meio da luz amarela.

— Precisamos contar ao príncipe.

— Eu conto. - Shaka afastou um pouco. - Giovanni quer ir a Ikari.

— Encontrarão as respostas. Todos nós encontraremos respostas.

— Acredita na lenda da Beatrice?

— Você ativou a Enraiha. Você destruiu uma frota inimiga.

— Confia tanto assim em mim? - sorriu.

— Sim... confio a minha vida.

Ficou surpreso com a frase.

— Shaka, o que eu sinto aqui, - tocou no próprio coração. - me faz confiar plenamente em você.

Ela o abraçou.

— Tenho esperança que tudo vai terminar bem e que... - o soltou. - talvez possamos mudar o nosso destino.

O.o.O.o.O

Haykan observava seus homens trabalhando na Nau 1. Sem dúvida a nova nave de GS foi um elemento surpresa.  Desde a ultima guerra não pensava que eles estariam desenvolvendo uma nave poderosa.

— Senhor. - Orrin aproximou.

— Foi boa estratégia roubar aquela nave não foi? - o fitou, os olhos azuis claros cintilavam.

— É graças a ela que temos isso. - apontou para as três Naus.

— GS é uma galáxia rica, - Haykan voltou o olhar para a nave. - tem inúmeros recursos minerais, naturais... os hadrens são a prova disso. O avanço tecnológico deles foram imensos.

— Nosso povo não fica atrás. Desenvolvemos nossa tecnologia com muito esforço.

— Eu sei. Mas não era o suficiente para fazer frente a eles. Principalmente no que diz respeito a locomoção.

Haykan girou nos calcanhares começando a andar, Orrin o seguia.

— Sem os motores vandreds perderíamos novamente a guerra.

O líder de S1 parou diante de uma porta. Um sistema de identificação escaneou sua iris. Orrin fitava com curiosidade, sempre passara por aquele local, mas não sabia o que tinha atrás daquela porta.

Quando ela abriu, o comandante ficou surpreso. Para ele, aquele objeto já tinha sido destruído: aparada por suportes, uma nave de tamanho de médio exibia os efeitos dos combates. Contudo o símbolo da família Tempestta continuava perfeitamente visível.

— Ainda guardam?

— Ainda tem serventia. - entrou no recinto. - é uma boa nave. Serviu como proteção de Ranpur na guerra. Tinha um dos melhores motores vandreds da época. Graças a ela é que temos nosso poder agora.

Orrin voltou o olhar para a nave.

— Nossos engenheiros não fizeram um bom trabalho? - indagou Haykan divertido.

— Sim senhor.

— Motores vandreds potencia três, quatro, cinco e agora a capacidade máxima. Através dessa pequena nave temos o poder para destruí-los.

— GS será nossa. - sorriu de satisfação.

— E quando tivermos o domínio sobre eles e apoderarmos dos seus recursos, GS será apenas o pontapé inicial.

O.o.O.o.O

Kanon observava Niive vestir seu uniforme. Não tinham passado a noite juntos, mas logo que amanheceu foi para as acomodações da diretora.

— Não quer que eu vá com você?

— Precisa resolver esse assunto em Ikari. - a diretora o fitou. - seu poder se manifestou de forma diferente?

— Por enquanto não. Assim que eu voltar, vou para Clamp.

— Você que sabe, - fez um rabo de cavalo. - não que vá fazer diferença... - sorriu.

— Acha que sou um ninguém? - levantou sorrindo. - sirvo dois elementares. Posso ser bem util. - a abraçou por trás.

— Talvez...

Niive olhou para o espelho vendo a imagem dos dois refletidas. Eles eram tão diferentes no entanto, não se imaginava sem a companhia dele... quando essa guerra terminasse como seria?

— O que foi?

— Realmente o seu elementar não se importa com você? O deus dos mares?

— Ele se importa com a minha escama. - respondeu um pouco seco. - por que? - ficou curioso.

— Gostaria de viver aqui?

Kanon ficou surpreso.

— Não faça essa cara! - soltou-se indo para a cama para pegar sua jaqueta. - Está certo que estamos em guerra e muita coisa pode acontecer.

— Está pensando em morarmos juntos?

— Eu não disse isso. Pode muito bem morar aqui em Ranpur e eu em Clamp.

O marina franziu o cenho. Aquelas perguntas era um claro sinal que Niive pensava no futuro deles. Abriu um grande sorriso.

— Para de sorrir assim. - sabia que ele estava imaginando coisas. - Estou perguntando pois não sou de brincar. Ou teremos algo concreto ou acabamos agora.

— O que quer dizer com algo concreto? Isso que temos não é?

Niive o fitou. Desde a morte de Célica, os dois passavam mais tempo juntos e descobriu que podia contar com ele. Mas não queria que as coisas evoluíssem para algo a mais, caso não fosse desejo de um dos dois.

— Não, isso que temos não é algo concreto, não na minha concepção. - disse. - Sei que não posso controlar o rumo das coisas, ainda mais numa guerra, mas quero ter certeza que posso pensar num futuro para nós.

Aquilo o deixou completamente surpreso. Ela realmente pensava nos dois? Ouvir o deixou pensativo. Até o momento, deixar o posto de marina era algo distante, mas agora... Realmente pouco se importava com Poseidon, mas ao menos devia uma satisfação a ele, fora Atena. Sentia-se em dívida com ela. Tinha Saga também. Ele era a sua única família. visitá-lo na Terra era uma possibilidade, todavia não sabia até quanto aquilo era viável. Uma nave espacial não poderia aparecer toda hora na orbita do planeta.

 Pelo silencio dele, Niive percebeu que ele tinha caído em si e visto realmente as coisas como elas eram. Não eram vizinhos de bairro, moravam em outra galáxia. Não tinha coragem de deixar os avós idosos com duas crianças, ao mesmo tempo tinha curiosidade de saber como era viver numa galáxia distante.

— Eu preciso ir. - pegou suas coisas. - pense, depois conversamos.

— Niive.

— Isso é sério Kanon. Não tenho o poder de visão como os eijis para saber se juntos, daríamos certo ou não.  É uma aposta. Mas devido tudo que envolve quero ter garantias, para saber se vai valer a pena, apostar em nós.

— Eu sei.

A diretora aproximou e deu-lhe um selinho antes de sair. Kanon respirou pesadamente. Era tudo ou nada.

O.o.O.o.O

Dara e Urara aproveitaram a ida do príncipe para Ikari para voltarem para Obi. O planejamento de um grande contra ataque estava a caminho e precisavam supervisionar. Por um canal de comunicação privado, Dara recebeu o aviso de Jhapei. Com todo o esquema de segurança envolvido, conseguiu um passe livre para ela, para que entrasse em Obi, claro na mais absoluta discrição.

Encontraram-se nos subúrbios de Bháskara.

— É bom vê-la bem. - disse o eiji.

— Continuo viva. Trago noticias de S1.

— Jhapei... a guerra esta evoluindo. Soube do ataque a Ranpur?

— Sim Dara. - sentou. - é o meu ultimo trabalho, eu juro. - sorriu.

— O príncipe reforçou o convite. Disse que estaria segura em Ranpur.

— Não duvido disso. - deu um sorriso pervertido. - ele tem uma aura de macho alfa. Sexo com ele deve ser bom.

— Jhapei! - exclamou desconcertado.

— É brincadeira. - riu. - não tenho más intenções com ele, só boas. - riu mais ainda da expressão do eiji. - Haykan pediu que levantasse informações sobre a nave nova. - a voz saiu séria. - sabia que eles tinham aquilo?

— Ninguém sabia. A Genesis pegou todos de surpresa.

— E o que eu posso contar a Haykan?

— O que todo mundo sabe. Era um projeto de Soren e que o presidente de Orion executou em segredo. Quando a nave ficou pronta apenas sabiam disso o príncipe, a rainha, Sttup e os amigos do Eron.

— Ao que parece nem mesmo Rihen sabia. Ele ficou nervoso. - riu.

— Imagino. Ainda bem que ele não soube.

— Dados técnicos?

— Deixe me pensar... - coçou o queixo.  - vou lhe dar informações aproximadas. Haykan saberá interpretá-las. Poder duas vezes superior a de Antares.

— Ótimo. Mais alguma observação?

— Sim. A que assim que contar para ele, vai voltar imediatamente para cá.

— Dara... - sorriu. - a Nau 1 ficará uns dias indisponível devido aos danos, mas eles tem outras duas. Mesmo com a Genesis eles tem um grande poderio.

— Mas nós temos algumas cartas na manga.

— Quais?

Dara ficou em silencio.

— Está certo. - disse Jhapei. - posso ter escutas. Já entendi.

— Digamos que ficaremos mais rápidos e contaremos com a ajuda dos guerreiros da luz. - sorriu das ultimas palavras.

— Como?

— Quando estiver segura aqui, saberá de tudo.

— Tudo bem. - levantou. - preciso ir. Iskendar?

— Já está se achando o príncipe mimado. - brincou. - ele está bem.

— Reforce a segurança dele. Haykan sabe da existência dele, pode tentar qualquer coisa.

— Vou tomar conta dele. E Serioja?

— Sem noticias, mas creio que está quieto. Ele é insignificante diante dessa guerra. - abriu a porta. - cuide-se, não vá morrer.

— Você também.

O.o.O.o.O

Shion olhava o teto ricamente decorado. Pensava e repensava na sua atitude. Como pôde levantar no meio da noite e ir para o quarto de Alisha? Olhou para o lado, quando ela se mexeu. A princesa dormia profundamente com a cabeça apoiada no peito dele.

— "Se Dohko descobre, não terei paz." - soltou um suspiro desanimado.

A olhou novamente, Alisha era a moça mais linda que já conhecera. Tanto humanas quanto lemurianas. E agora estava instalado um grande problema: o que faria? Encontrou em Alaron um lar, mas tinha o santuário que tanto amava. Não poderia viajar de um local para o outro, pois era praticamente impossível, portanto tinha que escolher.

— Já acordou? - Alisha espreguiçou.

— Estava vendo-a dormir. - acariciou o rosto.

— Eu gostaria de ficar assim para sempre, mas preciso voltar para Alaron.

— Eu sei...

— O que foi Shion? - sentou na cama.

— Não é nada... - olhava o corpo coberto apenas pelas madeixas lilases. - só preocupado com as novas descobertas.

— Ikari é a chave. - levantou. - vou tomar um banho, não quer ir comigo? - deu um sorriso perve. Quando abriu a porta na madrugada e viu o ariano nem acreditou. Amou a atitude dele.

— O povo de Alaron me mata se eu tentar algo contra a princesa. - sorriu.

— Bobo.

Cerca de meia hora depois, ela voltou já vestida. Durante esse tempo, os pensamentos de Shion estavam nos dois.

— Assim que eu chegar de Ikari, vou para Alaron. - ele amarrou sua túnica.

— Tome cuidado. - ajudava-o com a túnica. - se houver batalhas não saia daqui.

— Está bem. Já vou, antes que o Dohko...

— Ele sim é um problema. - riu. - cuide-se. - o beijou.

— Você também.

Alisha ainda sorria quando ele fechou a porta. Ela ensaiou um passo, mas parou ao sentir algo diferente dentro de si. Primeiro a expressão foi de incredibilidade, depois de surpresa e por ultimo de preocupação.

— Preciso está errada...

Queria acreditar nisso, mas no fundo sabia que era verdade. As Atlantiks eram diferentes das humanas e aquele sinal...

O.o.O.o.O

Um novo ataque estava sendo organizado contra GS. Dessa vez os pilotos usados seriam os próprios habitantes da galáxia. Mercenários, piratas, qualquer um que fosse contrario a GS e aos Tempesttas. Aquilo era uma estratégia de Haykan, pois pegaria um pessoal que conhecia as regiões e não perderia seus próprios homens num possível contra ataque. Kany era um desses. Quando recebeu a incumbência de abater duas naves, dias atrás, não pensou duas vezes. Receberia recompensas.

— Senhorita Jay... - deu um sorriso cínico enquanto amarrava seu cinto. - sua hora está chegando...

Uma grande esquadra decolou.

O.o.O.o.O

Os habitantes do palácio real estavam acordados desde de manhã. Noah solicitara uma reunião de emergência com o príncipe, a rainha e Marius. Mask achou melhor chamar Shion para participar.

Perdoe acordá-los tão cedo. - pediu.

— Não se preocupe com isso senhor Noah. - disse Mask. - acredito que teve uma boa razão.

Sim. Ontem a noite a Enraiha me mostrou algumas imagens.

— Que tipo de imagens? - indagou Marius.

Na verdade, não foi a primeira vez que ela me mostrou esse tipo de imagem. Das duas vezes apareceram para mim treze sombras e doze símbolos. Quando a senhorita Beatrice disse sobre os guerreiros da luz, comecei a pensar que essas visões pudessem ter a ver com seus amigos alteza.

— Pela contagem de Iskendar são onze... - murmurou a rainha.

A Enraiha me mostrou dez símbolos entorno do brasão da família real e depois os onze entorno do símbolo de S1. Em seguida os onze símbolos entraram em Ikari.

— Tudo leva a crer que Ikari é a chave de tudo. - disse Shion.

— Tenho certeza que os símbolos se referiam a vocês.

— Vamos investigar isso senhor Noah e qualquer previsão da Enraiha nos comunique imediatamente.

A comunicação cerrou.

— Mais do que nunca devem ir a Ikari. - disse Marius.

O.o.O.o.O

Kamus e Beatrice tomavam café juntos no apartamento dela. A situação não era das melhores, mas queriam passar o maior tempo possível juntos.

— E se a lenda for falsa?

— Vai descobrir em Ikari. - ela disse. - mas acho que não.

— Sou cético quanto a isso.

— Kamus... - sorriu. - é um cavaleiro de Atena e é cético? Precisa rever seus conceitos. - Ela levantou indo se sentar no colo dele. - não acha?

— Talvez. - brincou com os cabelos rosados. - precisamos nos apressar. Giovanni já deve está impaciente.

— Eu sei. - levantou. - senhor cético.

E Kamus realmente tinha razão. Giovanni tinha acordado cedo. Queria ir o quanto antes a Ikari. Não tanto para levantar alguma informação sobre os poderes elementares e sim para conhecer a Ramaei Enterprise.

As diretoras e Alisha partiram um pouco antes para seus respectivos planetas e depois de tudo pronto a Euroxx partiu em direção a Ikari.

— Capitão, o hadren continua fechado por motivos de segurança. - disse um controlador.

— Trace a rota normal. - respondeu, pois não sabia se o hadren vermelho iria abrir.

— O hadren vermelho não está ativo? - indagou Saga aproximando.

— Ele não abriu de forma espontânea. Talvez demande tempo para isso.

— E tempo é que não temos. - disse Mask. - esperem aqui.

Ele teleportou.

— Eron! - Lirya ainda tentou impedi-lo.

— Ele está no topo da nave. - Iskendar olhou para cima.

— Como sabe? - indagou Shion curioso.

— Depois que fomos apresentados oficialmente, parece que foi aberta uma comunicação entre nós. Eu consigo senti-lo. Capitão, mostre o exterior.

Evans o fez. Realmente o cavaleiro de câncer estava na parte superior da nave.

— O que ele vai fazer? - indagou Deba.

— Tentar abrir o hadren vermelho. - respondeu o Tempestta mais velho.

Esse era o desejo de Eron. Os olhos azuis olhavam a imensidão do espaço. Tudo que se via eram pontos de luz e um silencio perturbador.

— "Será que preciso elevar meu cosmo? Preciso tentar..." - pensou.

Giovanni elevou seu cosmo. A energia dourada começou a envolvê-lo e seus cabelos a ficarem brancos.

Dentro da nave, avisos ecoaram.

Aumento de energia. Permissão para ativar motores vandreds.

— Ligue-os. - pediu Iskendar a Evans. - o hadren vai se abrir.

Os cavaleiros voltaram a atenção para o vidro. O processo era igual a de um hadren comum, mas ao contrário da luz azulada surgiu diante deles uma luz avermelhada.

— Isso é fantástico! - exclamou Mu.

— Coletem todos os dados. - pediu Evans aos controladores. - precisamos de todas as informações e fiquem em alerta com a duração da viagem.

Mask apareceu diante deles. Os cabelos estavam brancos.

— Você está bem? - a rainha tocou o rosto do filho.

— Estou.

— Você está com uns poderes legais. - comentou Miro, olhando os fios brancos.

— Ainda preciso entender o que se passa. - respondeu.

— E seu cabelo? - indagou Shura. - lembra que usou-os um certo tempo platinados?

— Lembro. - tocou as madeixas. - mas agora é conseqüência do cosmo. Os cabelos, meu cosmo e o hadren vermelho estão conectados.

Iskendar ia dizer algo quando seu comunicador privado soou chamando a atenção de todos.

— Só pode ser Dara.

— Atenda. - pediu Eron.

— Dara?

Iskendar.

— Estou na companhia do príncipe, vou expandir a comunicação. - o policial acoplou seu dispositivo num dos painéis da nave. - fale amigo.

Trago noticias de Jhapei. A noticia sobre a Genesis chegou até Haykan. A Nau 1 ainda está danificada, parece que ficará alguns dias fora de circulação e o mais preocupante, estão organizando um grande ataque.

— Sabe para quando? - indagou Mask.

Usando os hadrens talvez em quatro horas ou até menos.

— E onde ela está? - estava preocupado com a garota.

Bem. Eu reiterei sua proposta alteza.

— E agora? - Evans o fitou. - a Euroxx poderia proteger Ranpur.

— Minha mãe está aqui.

Onde estão?— perguntou Dara, achando estranho. Ainda mais que teve um sonho perturbador.

Mask e Iskendar trocaram olhares.

— Estamos numa cidade do interior de Shermie. - falou Mask. - comunique isso ao senhor Sttup e as diretoras. Apressem o nosso contra ataque. Em breve estaremos juntos.

Sim alteza.

A comunicação foi encerrada.

— Desculpe pela mentira. - Giovanni fitou o irmão. - mas era preciso.

— Eu sei, não se preocupe.

— Emitirei um aviso a todos na galáxia. - disse Evans.

Shaka ouvia tudo em silencio. Será que aquele ataque tinha a ver com o seu sonho?

— Giovanni... - aproximou. - eu tive um sonho.

— Que sonho? - Mask sabia que coisa boa não era.

— Não sei explicar ao certo, mas algo muito grande explodiu e de repente parei de sentir cosmos.

— Os nossos?

— Não. Não era exatamente cosmos, mas presenças. Tenho certeza que não é conosco, mas que pode nos afetar.

— O que seria esse algo grande? - indagou Evans.

— Não sei. Apenas vi uma luz muito brilhante.

— Contou ao senhor Noah?

— Não.

Mask ficou em silencio. No mesmo dia que a Enraiha previu sobre eles, Shaka tivera aquele sonho. Será que estaria interligado?

— Quando voltarmos, vamos informá-lo. Talvez a Enraiha tenha feito alguma previsão.

Concordaram.

Kanon saiu de perto indo para uma das "varandas" da Euroxx. Observava o vai e vem de pessoas e aparelhos da nave. O pensamento estava em Niive. Ela estava certa.

— O que você tem?

O marina olhou para o lado.

— Nada.

— Te conheço Kanon. - disse Saga. - desembuça. Aposto que tem a ver com a Niive.

O grego mais novo soltou um longo suspiro e então começou a contar sobre a conversa tida com a diretora.

— Ela tem toda a razão Saga. Não moramos em bairros vizinhos.

— Teria coragem de ficar?

— Sim, mas bem ou mal tenho um compromisso com Poseidon. Por mais que eu odeie meu posto eu lhe devo uma satisfação.

— E Atena?

— Tirando você, é a única pessoa que me prenderia na Terra. Minha divida com ela é imensurável.

— Por ela você poderia ficar aqui.

— Eu sei. Atena é a única deusa a ser protegida. - soltou um longo suspiro.

— Você gosta realmente dela?

— Sim. No inicio achei que seria só diversão, mas... eu gosto daquela esquentada.

Saga franziu o cenho.

— Seja qual for a sua decisão, vou te apoiar. - tocou no ombro do caçula. - e sentir sua falta. Eu não terei ninguém para implicar, além de ter muita dó da Niive por ter que suportar você.

— Sua sinceridade me comove. Obrigado. - sorriu.

— Temos um bom tempo até voltarmos. Poderá pensar bastante no assunto.

O.o.O.o.O

Alisha estava trancada em seu quarto na nave. Estava deitada olhando o teto. Seu comunicador apitou.

— Pronto.

Alteza. - era Ranna. - onde está?

— Indo para casa. - respondeu no automático. Os pensamentos estavam longe.

O que aconteceu Alisha?— indagou logo de cara e sem cerimônia.

— Espero que nada... - murmurou. - sinceramente espero que não seja nada.

Ranna ficou preocupada com os dizeres. Alisha acabou desligando o aparelho. E se não estivesse errada? E se tivesse acontecido? Como seria?

Sentiu os olhos marejarem, seu futuro era incerto. A situação em si não traria problemas para Alaron, mas traria para ela. Sofreria muito com uma possível decepção.

O.o.O.o.O

Niive tinha colocado sua nave no piloto automático. Não estava com cabeça para guiar. Precisava ter tido aquela conversa com Kanon, antes que as coisas aprofundassem. Seria muito difícil ser abandonada. Gostava dele e vê-lo partir seria doloroso. Talvez não se recuperasse.

— Foi melhor assim. - respirou fundo.

O.o.O.o.O

As tropas de GS estavam organizadas em vários pontos da galáxia. Aguardavam a qualquer momento um ataque e ele veio. Diversos hadrens abriram em todas as partes da galáxia trazendo as naves de S1. O sinal de alerta foi dado.

 

O.o.O.o.O

Discutiam sobre o sonho de Shaka quando a conversa foi interrompida pelos avisos de alerta. A Euroxx preparava-se para sair do hadren.

— Já?? - Kanon ficou surpreso.

— Esse é o poder de um hadren vermelho. - Evans assumiu sua poltrona. - gastamos meia hora, numa viagem que gastaria três vezes esse tempo.

Em questão de segundos a Euroxx saiu do hadren. A nave fez uma curva a estibordo e diminuiu a velocidade. Pelas informações que Sttup e Stiepan repassaram a Ramaei estava com apenas dez por cento dos tripulantes. Não fariam contato com ela para que não ocorresse o erro de ser descoberta, mas a maior nave de GS sabia da "visita" da Euroxx.

Todos os olhares estavam no vidro, pois a imagem da Ramaei apareceria a qualquer momento...

— Que porra é aquela? - Miro levou a mão a boca por causa da rainha. - desculpe.

— Aquilo é uma nave?

Dohko estava pasmo, não menos que Iskendar, Etah, Lirya e Evans acostumados a naves espaciais.

— Aquela é a Ramaei Enterprise? - Etah olhava atônico, a nave em formato triangular.

— Sim... - Lirya ficou emocionada ao ver o símbolo Tempestta. Era um grande sonho de Soren.

Iskendar estava impressionado. Com o poder daquela nave, GS poderia lutar de igual para igual contra S1. Haykan seria pego de surpresa.

— Elementares, naves espaciais, hadrens, tudo isso é muito irreal... - comentou Afrodite.

— É porque está um pouco fora da nossa compreensão. - disse Saga. - daqui algumas dezenas de anos isso será normal para nós.

— Vamos nos preparar para ir até Ikari. - disse o capitão.

O grupo foi conduzido para o hangar. Por transportar muita gente e a rainha Lirya uma nave mais bem estruturada foi utilizada. Em poucos minutos partiram em direção a Ikari. Evans e Etah conduziam a nave.

Até a entrada na atmosfera, foi um voo normal. Os cavaleiros e Lirya estavam curiosos em ver o planeta. A nave entrou. Nos primeiros segundos foi normal, mas Mask e Iskendar sabiam que o pior ainda estava por vir e veio. O meio de transporte foi atingido por uma tempestade de raios e vento.

— Segurem-se. - Evans tentava controlar a nave.

As luzes piscaram inúmeras vezes.

— Será que é uma rejeição por termos entrado? - indagou Mu. - não é apenas os Tempesttas que tem acesso?

— É a barreira natural de Ikari. - disse Iskendar. - e além do mais estão conosco. - referiu-se a ele e ao irmão.

Um raio atingiu a nave, fazendo os motores falharem.  O empuxo foi imediato, a gravidade do planeta exercia uma grande pressão.

— Capitão, os comandos não respondem! - disse Etah.

— Temos que fazer a energia voltar. - temia o pior. Se a nave caísse, a família Tempestta e os amigos de Eron poderiam morrer.

Aioria que estava mais atrás desamarrou o cinto as pressas.

— Onde fica os motores? - indagou aos pilotos.

— O que pensa em fazer?! - Mask o fitou.

— Energizar a nave.

— É perigoso Aioria. - Lirya não queria que ele corresse mais ricos.

— Não será como daquela vez senhora.

— Venha comigo. - Etah não perdeu tempo. Aquele fato era a única forma de saírem ilesos.

Os dois seguiram para o compartimento de energia. Felizmente a energia usada não era radioativa, o que trazia segurança para o leonino.

Os dourados olharam uns para os outros. Teriam que ter um plano B.

— É aqui, - Etah abriu uma portinhola. - nosso capacitor.

— Só preciso energizá-lo?

— Creio que sim, mas a voltagem será altíssima.

— Eu sei.

Aioria tocou o objeto. Nem precisou elevar seu cosmo, já sentia a energia ser conduzida do seu corpo até o capacitor. Na cabine...

Evans esperava o retorno dos motores. A tempestade ainda continuava, mas sem força, a nave bateria contra a superfície. Amarrado a cadeira, Miro olhava as nuvens. Subitamente seu cosmo começou a elevar.

— O que está fazendo Miro?? - indagou Shion.

— Eu não sei mestre... só...

Ele tirou rapidamente o cinto que o prendia, indo para uma das janelas da nave. O grego tocou o vidro com a palma da mão apontada para fora. Subitamente as nuvens começaram a agrupar e girar em torno de si mesmas, afastando da nave. Miro arqueou a sobrancelha. O restante olhava com assombro o evento.

No interior da nave, Aioria descarregou mais um montante de energia, fazendo o capacitor funcionar. Com a ajuda de Aioria e Miro, Evans forçou uma manobra evasiva, o céu acinzentado despontou para eles.  O escorpião voltou para seu lugar.

— Você está bem? - indagou Kamus.

— Sim.

— Como fez isso? - Deba estava bastante surpreso.

— Eu não sei. Só senti um ímpeto em fazer.

Iskendar observava-o. Somente aquele lugar poderia responder as suas inquietações. Aioria voltou na companhia de Etah. Aparentemente o leonino estava bem.

O.o.O.o.O

As batalhas estavam mais ferozes. Sem duvida as naves de S1 estavam bem melhor equipadas causando danos nas de GS. Mal Alisha tinha pousado em Alaron, o aviso dos ataques ecoou. Assim como em Obi. Dara e Urara foram para o campo de batalha. Stupp ordenou um forte esquema de segurança nos principais planetas.

O.o.O.o.O

Depois do susto, voltaram a atenção para a paisagem. Ela estava do mesmo jeito que Mask a encontrara. A luz solar que iluminava a superfície era branda, quase fria. A terra era coberta por montanhas e cordilheiras que se estendiam por quilômetros e tendo seus picos cobertos por neve. A nave pousou na baía.

— É lindo... – comentou a rainha.

Kamus se sentiu em casa diante da temperatura fria do local. Alias, todos os cavaleiros, sentiram-se particularmente em casa.

— Que belo trabalho. - comentou Dohko ao fitar os dragões.

— Isso é magnífico. – disse Shion. – podem sentir?

— Como se esse lugar emanasse uma cosmo energia. – Afrodite olhava para as muralhas.

— Concordo. – Shaka parou ao lado dele. – como se estivéssemos num local habitado por deuses.

Evans estava impressionado, sempre imaginava como era aquele local, segundo os relatos de Soren.

— Como se entra? – indagou Kanon.

— Eu usei meu teletransporte. – disse Mask.

— Eu também. – Iskendar parou ao lado do irmão.

— Dêem as mãos por favor. – pediu Mu.

— Vai conseguir? - perguntou Saga. - a entrada não é restrita? - fitou o canceriano.

— Teremos que tentar.

O grupo formou um circulo e num piscar de olhos estavam diante do palácio central. Ficaram impressionados com a beleza do lugar.

— É ainda mais bonito. – Lirya estava encantada.

— Então era daqui que os elementares comandavam... – murmurou Evans. – sempre fui tão cético quanto a existência deles...

— Acho que por não ser acessível aos demais, as pessoas de GS perderam a crença na existência deles. – disse Iskendar. – eu mesmo era um.

— Será que conseguiremos entrar? – Lirya apontou para ela e Evans. - passamos os portões, mas já entrar no palácio...

— Se passaram, por alguma razão os elementares permitiram. – Iskendar aproximou do portão. – talvez estão esperando por nós.

Os cavaleiros a todo momento se olhavam. Era estranho, mas a sensação que tinham era semelhante quando estavam no santuário de Atena.

Iskendar tocou a madeira. A porta abriu-se para eles, revelando o esplendor do interior. Já sabendo o caminho, Mask guiou os para a sala oval. Os cavaleiros ao pisarem no local sentiram seus cosmos vibrarem.

— Nossos cosmos estão ressoando com a sala.

Iskendar olhava ao redor, o pai disse que não apareceria mais, contudo...

— Se pudéssemos mostrar esse local aos demais habitantes... - murmurou Evans. - isso mudaria nosso entendimento sobre os elementares.

— E agora? – Shura olhou para os lados.

— Quando eu subi, - o canceriano subia as escadas douradas cilíndricas. – o cenário mudou. Apareceram planetas através dos vidros.

Mask depois de pisar no ultimo degrau olhou ao redor, mas o cenário não mudou.

— Talvez seu irmão precise subir. – sugeriu Deba. - ele estava aqui naquele dia.

O Tempestta mais velho foi para onde estava o irmão, contudo nada aconteceu.

— Ela deve ter sido ativada pela presença de Soren. – disse Iskendar.

— Talvez.

Miro andava pelo salão, não havia nada de anormal com aquele lugar ou alguma pista que indicasse o porque de seus poderes. Não prestava atenção nos detalhes, até que algo no chão tomou sua visão.

— “O que...”

Havia um símbolo dourado incrustados no mármore branco. Eram duas flechas cruzadas no meio. O cavaleiro olhou um pouco mais adiante, vendo outro símbolo: duas letras "x".

— Pessoal... - murmurou. - olhem para o chão. Tem uns desenhos.

Saga olhou, o pé tampava parcialmente algo dourado. Era o desenho de uma espiral. Kanon que estava perto viu uma espécie de coroa.

Iskendar e Mask que estavam no alto viram os símbolos. Notaram que haviam doze deles.

— Doze... - murmurou o Tempestta mais velho. - vocês podem ir para um canto, todos vocês?

— No que está pensando? - indagou Mask.

— Venha comigo.

Os dois irmãos foram para o símbolo mais próximo da parede externa. Era duas linhas iguais na horizontal.

— Eu lembro que Samir me mostrou alguns símbolos de Ikari... e se tem doze nessa sala...

— Acha que pode ser dos elementares?

— Sim. Vocês têm emblemas? Ou a sua elementar? - fitou o irmão.

— Temos. - Shion adiantou-se, aproximando dos dois. Ele olhou para o símbolo. - isso pode está ligado a nós?

— Talvez. Qual de vocês tem o símbolo de duas retas?

Os cavaleiros pensaram nos símbolos de seus signos. Não havia nenhum com duas retas... a não ser que...

— Libra! - exclamou Saga.

— Mas meu símbolo não é assim. - disse Dohko.

— Pode desenhar como é? - pediu Iskendar.

— Posso, mas... - não havia material ali.

— Use isso. - Evans pegou um dispositivo do bolso. - uso para armazenar observações e transmitir para a nave.

Ainda um pouco sem jeito o libriano o pegou. Evans explicou rapidamente o funcionamento. Com a ponta dos dedos, o chinês desenhou o símbolo de seu signo.

— Uma curva com um traço em baixo... - murmurou Iskendar. - é parecido. Fique aqui Dohko.

O policial foi para o próximo emblema: era a letra H.

— Alguém tem um "H" como símbolo?

— Peixes. - disse Dite. - não é bem um H, mas é o mais próximo.

— Fique aqui por favor.

Iskendar foi para o próximo, sempre acompanhado pelo olhar de Lirya. Ele havia herdado a inteligência e destreza de Soren. O marido tinha uma grande capacidade de dedução.

— Preciso de alguém que tenha como símbolo duas linhas paralelas em ondas.

— Que símbolo estranho... - murmurou Miro.

— Meu símbolo não é estranho. - Kamus deu um pedala nele. O aquariano parou sobre o desenho.

— Com isso temos três.

— Está certo disso Iskendar? - Mask o fitou.

— Se não for logo saberemos. O próximo é duas letras "x" unidas.

— Não há nenhum "x". - disse Aioria.

Shaka aproximou. Realmente não tinha nenhum símbolo assim no zodíaco, mas...

— Um deles está pintado de negro... um negro e um dourado. Luz e sombra... - olhou para os geminianos. - pode ser sobre vocês.

— Faz sentido. - Saga aproximou.

— Plausível. - Kanon parou ao lado dele.

Evans e Etah apenas acompanhavam as elucidações de Iskendar. Como não tinham a crença nos elementares de forma mais firme, apenas escutariam.

— E a coroa? - Mask parou do lado. - não temos esse símbolo.

— Talvez seja apenas simbologia. - disse Shaka. - essa coroa pode significar alguém importante, ou até mesmo um rei.

Os olhares foram para Giovanni.

— Mas tem um problema. Nós podemos ser reis e ele não é cavaleiro.

— Aioria... - murmurou Mu. - na Terra leão é "considerado" rei dos animais.

— Faz muito sentido. - o leonino coçou o queixo.

— Se não for, descobriremos. - disse Iskendar. - temos agora um espiral.

— Não faço ideia. - Gio fitou o símbolo. - mestre?

— Eu não consigo achar correlação aos nosso símbolos. - disse pensativo. - qual é o próximo?

— Duas flechas cruzadas.

— Sagitário. - respondeu Shura logo de cara. - Aiolos...

— Etah pode ficar aqui apenas para marcar? - pediu o canceriano.

— Claro alteza.

 Iskendar nem esperou Etah se posicionar, foi para o próximo símbolo. Era uma única seta.

— Nem precisa falar, - Miro caminhou até eles. - o final do meu símbolo é uma seta.

— Esse é bem peculiar. - o Tempestta mais velho já foi para o próximo. - chifres.

— Que tipo? - indagou Deba. Aquele símbolo poderia ser dele, de Mu ou de Shura.

— Tem dois semelhantes... - Iskendar posicionou no meio deles. - um tem o desenho de uma cauda.

— O de cauda é Capricórnio. - disse Shion. - o outro é dúvida. - aproximou para ver. Notou que os chifres estavam para curvados. - é o de Áries.

— O nosso? - Mu aproximou.

— Sim. Os chifres de Touro são para cima.

— Então é aquele. - Lirya apontou.

Deba, Mu e Shion posicionaram. Agora faltava pouco. Shaka e o irmão. Um dos símbolos era uma espiral, restava ver o ultimo. Iskendar caminhou até ele, vendo dois círculos cruzados. Como numa corrente.

— Como é seu símbolo?

— Uma letra "M". - disse o indiano.

— Um sessenta e nove na horizontal. - deu um sorrisinho sacana. - bem pertinente.

— Giovanni...- murmurou Dite, nem numa hora séria ele perdia o comentário.

— Os círculos fazem mais sentido com o símbolo de Eron... - Iskendar passou a mão pelos fios brancos. - a espiral deve ser sua Shaka.

— Não faz muito sentido, mas pode está certo. - o indiano foi até seu símbolo.

— Temos que confiar. - Mask posicionou sobre o seu.

— Etah saia de perto. - pediu o policial.

O comandante dos Legos deu três passos para trás. Nos primeiros segundos nada aconteceu, contudo o símbolo, onde Dohko estava começou a brilhar. Em seguida o de Afrodite, Kamus e assim sucessivamente. Quando o de Mask acendeu, a imagem da paisagem de Ikari sumiu, dando lugar a de planetas. Como não sabia o que  esperar, Evans passou a frente da rainha para protegê-la. Lirya olhava tudo fascinada.

Sobre o cilindro dourado surgiu uma luz igualmente dourada muito forte. Os cavaleiros sentiram uma energia vinda dessa luz e ficaram atentos. Segundos depois a energia foi tomando forma...

O.o.O.o.O

Jhapei tomava o rumo de S1, no meio do caminho soube da invasão, não sabia dos alvos, mas tinha noção que seria um grande ataque. Se as coisas continuassem desse jeito GS não teria escapatória. Pensava na proposta do príncipe, de todo jeito iria morrer, mas que pelo menos fosse ao lado de Dara. Já estava cansada de trabalhar para Haykan.

O.o.O.o.O

Diante de todos surgiu uma figura masculina. Ele era alto, tinha a pele levemente palida-azulada. Os olhos pareciam o brilho de diamantes. Face fina e orelhas suavemente pontiagudas. Os cabelos desciam longos e brancos até o meio das costas. A vestimenta era uma túnica branca que cobria todo o corpo. Os dourados sentiam uma forte cosmo energia vinda dele, mas não era hostil. Já Lirya e os demais sentiam um calor terno envolvendo-os.

Longa vida e próspera*.

— Quem é você? - indagou Shion, sentindo o cosmo dele.

As previsões de Aila não estavam erradas,— olhou para todos. - até os descendentes de Kasnner estão aqui. - fitou Giovanni e Iskendar.

— É um elementar? - perguntou Shaka.

— Sim. Sou Torin, um elementar.

— Kasnner é seu filho. - disse Iskendar. - foi ele que deu origem a família Tempestta.

Isso mesmo. Antes da viagem final me uni a uma humana de Alec ou Ranpur como o chamam. Mesmo com o passar dos séculos vocês continuam tendo meu sangue. Kasnner foi o único hibrido a herdar consideravelmente os poderes elementares. Possuem os meus cabelos brancos ou quase, - olhou para Gio. — a humana que me uni tinha essa coloração de cabelo. - virou o rosto para Lirya.

— Sou uma descendente dela? - indagou a rainha.

De forma indireta. Seus genes pertence aos poucos humanos que tem essa característica. Na genética é um gene recessivo. Assim como os atlantiks que tem os cabelos esverdeados.

— E o que faz aqui? - indagou Saga. Com certeza aquela aparição tinha a ver com os símbolos.

Torin fitou os gêmeos.

Os ligado a Fraser...— murmurou. - vieram separados. - deu um discreto sorriso. Saga e Kanon acharam estranho. - estou aqui pois preciso cumprir a minha ultima missão. Minha energia só abandonaria esse local quando estivessem aqui.

— Está querendo dizer que isso era programado?  - indagou Etah. Perplexo por ver um elementar.

Sim, jovem humano. Os primórdios da nossa raça eram como vocês. Com os passar dos milênios fomos evoluindo. Quando surgiu os primeiros humanos já éramos bastante avançados.— a voz saia baixa, mas perfeitamente ouvida por todos. -  Nosso tempo nessa galáxia tinha se esgotado. Ikari é uma prova. Foi o único planeta que sobrou a época da emigração. Contudo antes de partimos definitivamente queríamos deixar nosso legado aos habitantes de GS.

— Eu sinto um cosmo vindo de você. - disse Dohko, bastante intrigado.

É porque somos iguais as divindades da Terra. Lá somos cultuados.

— Iguais? - Shion ficou surpreso com a frase. - iguais como? (obs.: o contexto da fic é apenas em torno da mitologia grega)

Os deuses da Terra são seres que evoluíram a ponto de usar a energia existente dentro de cada um. Exatamente como nós. — Torin abriu a palma da mão, uma bola de energia surgiu. — inclusive,  anos antes da emigração um de nós partiu para a Terra, levando alguns Atltantiks.

— A história disse que os atlantiks foram para a Terra por terem os dons dos elementares. - disse Shion.

É verdade, os primeiros Atltantiks tinham algumas particularidades ligadas a nós. Isso proporcionou a ida deles.

— Quer dizer que um dos deuses da Terra é um elementar daqui?

Isso mesmo Miro. — disse o nome dele, deixando-o surpreso.  - Seu nome era Sándor,  a missão dele era um intercambio entre os elementares de lá e ajudar os humanos. Na sua ultima comunicação como um elementar puro ele havia dito que os deuses da Terra, tinham guardiões humanos que conseguiam utilizar a nossa energia. Ele desejava trazer isso para nós.

— Senhor Torin, desculpe, mas... - Kamus o interrompeu.  - então na teoria os humanos daqui podem ter cosmos?

Perfeitamente.  Eles só não têm por causa dos ocorridos desastrosos. Achamos melhor não realizar o treinamento.

— Que ocorridos desastrosos? - Evans estava perplexo. Ele poderia ter poder como os amigos do príncipe?

Sándor corrompeu-se. - a voz saiu fria. — os elementares da Terra tornaram-se egoístas e cruéis. Usavam seus poderes para o mal e seus humanos protetores como armas destrutivas. Sándor não resistiu a tentação. Ele era cultuado como um deus e a vaidade tomou conta do seu ser. Achamos que seria uma ameaça a GS e por isso sua existência foi exterminada.

— Deuses, quero dizer elementares podem ser mortos? - indagou Deba.

Ele era de uma categoria inferior. Nossos lideres cuidaram disso. Teoricamente não morremos, mas com o avançar dos anos, nossa energia se dilui no universo, tornando-nos parte dele.

— E o atlantiks da Terra? - indagou Mu.

Antes de morrer Sándor se vingou neles, destruindo a terra que eles moravam.

— Então foi isso que aconteceu... - murmurou Shion. Alisha ficaria chocada ao saber.

Infelizmente não conseguimos salvar todos, mas felizmente os atlantiks da Terra chegaram até os dias de hoje.— fitou os arianos.

— Para onde foram? - indagou Iskendar. - todos vocês.

Para onde éramos necessários. Vocês já conseguiam andar com as proprias pernas.

— Não existe nenhum elementar em GS?

Não rainha Lirya. A época da emigração ficou acordado que doze de nós ficariam um tempo a mais para ajudá-los. Quatro foram para Obi, quatro para Alaron e o restante para Ranpur.

— Foi a partir daí que surgiu a lenda.

De certa forma. Nós temos a capacidade ver o futuro. Pouco antes de nós seguirmos nossos companheiros, Aila teve uma visão: GS teria um grande salto de desenvolvimento com a "descoberta" dos hadrens vermelhos, mas isso poderia ser perdido diante de uma grande ameaça. Se a ameaça conseguisse se impor todo o avanço que tiveram seria destruído. Voltariam as condições precárias e primitivas.

— S1... - murmurou Mask. - ela é ameaça, assim como eu, posso ativar os hadrens vermelhos...

Tínhamos o poder de usar hadrens vermelhos, os herdeiros de Kasnner herdaram pouco essa capacidade, e por isso só ativavam os azuis por serem mais fracos. Somente alguém com um grande desenvolvimento conseguiria. Depois de Kasnner, você é o meu descendente mais forte. - o olhar foi de Mask para Iskendar.

— Por que...?

Recebeu o treinamento para proteger um elementar. É protegido por um. Isso também foi visto. O rei Soren não veria seus filhos se desenvolverem, pois seus destinos estavam além.

— Já estava escrito? - Lirya trazia os olhos rasos. - Soren nunca...

— Isso estava escrito, mas não da forma como aconteceu.— Torin olhou para a paisagem. - Nós não determinamos o destino de ninguém, qual caminho deve ou não seguir. Os fatos acontecem, mas as decisões diante deles, cabe a cada um. Eron e Iskendar nasceriam no mesmo dia e viveriam longe de casa, isso era determinado. Eron receberia um treinamento elementar, mas ele usou seu livre arbítrio e se corrompeu.— fitou o canceriano. - Poderia está morto agora, assim como o destino de todos em GS.— olhou para o mais velho. — Iskendar poderia ter sido consumido totalmente pelo ódio e magoa, transformando-se num ser vingativo. Talvez pudesse ser uma ameaça ainda pior que S1.

O policial ficou surpreso.

Se Eron ainda conservasse seu lado maligno e Iskendar o vingativo, o encontro dos dois seria desastroso. Vocês poderiam destruir a galáxia.

Os dois irmãos trocaram olhares.

Felizmente escolheram o caminho do bem.

— Nosso pai disse que teve uma visão... - murmurou Mask.

Soren teve acesso a ela, mas como não sabia da existência do outro filho, não pôde fazer muita coisa.

— E nós? - indagou Shura.

Se tudo ocorresse da forma como foi prevista, no momento certo, GS receberia ajuda de homens capazes de usar poderes de elementares. A Enraiha começou a emitir esses sinais, o conselheiro de Obi viu o surgimento de onze sombras. Na nossa visão, Eron seria mandado para a Terra, portanto era de lá que viria os homens.— fez uma pausa. — havia um temor que os que aqui chegassem, pudessem provocar um estrago tão grande quanto S1, Eron ou Iskendar. Novamente os fatos existem, mas as ações dependem do livre arbítrio de cada um.

— Por  que nossos poderes ficaram diferentes?

Porque vocês conseguem manifestar o poder de elementar, em contato com nossa galáxia essa energia entrou em ressonância. Seus poderes adequaram-se ao nosso ambiente. Cada um dos doze elementares que ficaram tinham uma habilidade e as suas, tenderam para um tipo. Por exemplo, na Terra, Kamus domina o ar frio, Ramsay é do clã do gelo. Cada um de vocês herdou uma habilidade elementar, mas de alguns podem manifestar de maneira mais forte que os dos outros. Se sofrerem um grande trauma, e resistirem a ele, seus  poderes irão fortificar e estabilizar. Aioria é um exemplo. Sente que seu corpo e energia estão diferentes não é?Mais fortes.

— Sim. – o grego olhou para as mãos.

— Seu poder está chegando ao nível máximo.

— E nós? - Shura apontou para si e Dohko. Saga e Kanon faziam se mesma pergunta.

— Irão se manifestar no tempo certo. – olhou também para os gêmeos. - e Shura, o poder da sua "elementar" não é terra e sim ligada a metais.

— E o que devemos fazer? - indagou Shion.

— O que fariam se estivessem na Terra: proteger.

— O meu poder, - iniciou Iskendar. - é o campo de força? É essa a minha habilidade?

Sim. Se você tivesse passado pelo mesmo treinamento que Eron, você seria tão forte, ou até mais que ele.

— Forte o quanto? - Giovanni ficou curioso.

Ele carrega o meu sangue e ainda seria regido por mim. Estaria no nível dele.

Torin apontou para Saga. Os cavaleiros ficaram surpresos. Iskendar teria poder do geminiano?

— Ele ia destruir tudo. - brincou Miro.            

Era por isso o temor de sua personalidade e de sua ascendência.

Iskendar não compreendeu a comparação, aliás, tudo aquilo era meio esquisito para ele.

Meu tempo está esgotando... Cavaleiros de Atena, vocês precisam proteger GS, não só pelas pessoas que aqui vivem, mas até mesmo pelo povo da Terra. Se S1 triunfar, não vão parar.

— Eles almejam invadir outras galáxias? - indagou Evans assustado.

Sim. Vocês terão uma ajuda valiosa, - olhou para Evans e Lirya, - mas precisam também lutar para defender a galáxia de vocês. Humanos, atlantiks, eijis, kalahastis, toois, routers e cavaleiros, precisam unir forças para proteger GS.

— Estamos acostumados. - sorriu Aioria. - faremos de tudo. Pode contar conosco senhor Torin.

Os cavaleiros da esperança... serão lembrados por nós. - Torin olhou para Iskendar. — um dia terá orgulho pela pessoa que se transformou, mas tome cuidado com sua ascendência. Lembrem-se, - a visão também parou em Mask. - são Tempesttas. Não são dois atoa. Não nasceram no mesmo dia atoa. Um completa o outro. Assim como Aioria completa Aiolos, Saga e Kanon. Governem com sabedoria e levem GS a um novo salto de desenvolvimento.

Iskendar tinha parado de escutar, quando Torin comparou seu possível poder. Se esse poder tivesse despertado anos antes, a mãe poderia está viva? Poderia ter salvado Samir da morte? Hoje, poderia está no palácio junto com sua mãe? Se era destino porque não pôde escolher, qual dos dois queria?

 - O que foi Iskendar?

Mask o tocou nos ombros. Torin observava os dois atentamente.

— Tire as mãos de mim! - afastou. - vocês sabiam de tudo e no entanto... a morte da minha mãe também?

De certa forma.— respondeu o elementar. Os filhos de Soren eram donos de uma personalidade volátil e muito tendenciosa, principalmente Iskendar por ter em seu sangue uma ascendência guerreira. Não era atoa que os dois juntos poderiam ser uma benção ou a ruína de GS.

— Isso tudo por causa desse maldito sangue. Eu não preciso dele. - olhou para o elementar. - eu renego. Se for para ter a minha vida de volta eu renego. Dê essa droga de trono para ele!

O canceriano ficou surpreso com as falas.

— Iskendar...

— Não se aproxime! - o policial o empurrou forte. - fique longe de mim, seu miserável. - estava com muito ódio. De Torin a Mask, inclusive S1, todos eram culpados.

— Eu sei que eles estragaram as nossas vidas, mas agora podemos fazer diferente.

— Podemos? Não percebe? É apenas uma peça nos planos deles. - apontou para o elementar. - por que te acharam? Porque a rainha moveu céu e terras, acha que alguém mais se preocuparia em te procurar? No fim do mundo?

Ficou em silencio diante das palavras.

— Eu não pedi para nascer com esse sangue.

— Iskendar... - a rainha deu um passo.

— Cala a boca!

— Ei, olha como fala com a minha mãe. - rebateu o canceriano.

— Vai fazer o que? Vai me eliminar como fazia com seus inimigos? Vai pendurar minha cabeça na sua parede?

— Devia.

As vozes ficavam cada vez mais alteradas. Os cavaleiros já estavam preparando-se para intervir, mas algo os impedia. Sentiam uma energia prendendo-os. Shion voltou a atenção para Torin, ele olhava fixamente para os dois irmãos.

— Então faça! - avançou. - Aproveite que não terá testemunhas. Pode dizer a todos que o príncipe morreu na tentativa de chegar a Ikari. Todo mundo vai acreditar. Não é o trono que quer? Me mate então.

— Iskendar... - Mask respirava fundo. Sabia que as palavras eram ditas por alguém com raiva, que no fundo o irmão só estava magoado, mas... - o meu lugar não é? Quer o meu lugar não é?

— Sim. - deu um sorriso. - quem tinha que está com a mãe ali, não era você. - apontou para Lirya. - era para ser uma única nave. Era para eu ser o amigo de Alisha, não você. Era eu que tinha que ter convivido com a Bruni, não você. Era eu.

A voz do policial era carregada de ódio. Sempre mascarou isso, mesmo na frente de Dara, mas estava no limite. Mesmo com uma droga destino o de Eron foi melhor do que o dele.

— Você é um estúpido. - Mask rebateu. - queria a minha vida? Queria ter escondido de si quinze anos de sua vida?

— Seu merda.

Deu um soco em Giovanni. Todos ficaram surpresos, inclusive o que apanhou, entretanto ele não deixou por menos, revidou. Iskendar avançou contra ele e os dois foram para o chão numa troca de socos.

— Ficaram doidos?! - gritou Dite.

Dohko e Aioria foram para separar os dois, mas a energia ainda os prendia. Torin estava em silencio, como se nem estivesse na sala. O elementar apenas observava. Lirya, Etah e Evans também deram um passo, mas não conseguiram.

Rolavam pelo chão, como numa briga de rua. Mask tentava se conter para não usar o cosmo, mas estava difícil. Ainda guardava dentro de si o temperamento explosivo, ainda mais ser xingado por algo que não tinha culpa. Ele não pensou duas vezes, deu um soco em Iskendar, fazendo-o ser arremessado.

— Parem por favor! - pediu Lirya já com os olhos marejados.

Iskendar sentiu uma dor muito forte no estomago, tanto que não conseguiu levantar de primeira. Sentiu o gosto de sangue na boca, cuspindo. Até nisso ele era melhor.

Mask olhava o irmão no chão. Bufava e se deixasse levar, realmente o mataria. O velho Giovanni o mataria ... abaixou o punho.

— Parem, vocês são irmãos. - pediu Evans.

— Eu não sou irmão de ninguém.

Surpreendendo a todos, Iskendar teletransportou e deu novamente um soco em Giovanni que estava com a guarda baixa. A sessão iniciou. Ambos estavam com os rostos machucados. O policial liberava todo o ódio que sentia da situação e de si mesmo. Ele não passava de um insignificante. Um acidente na história.

— Cretino! Cretino! - batia e batia.

O cavaleiro nos primeiros momentos revidava, mas parou. Ele achava que sua vida tinha sido miserável, com todos os crimes que cometeu, mas mesmo assim... ainda podia contar com a ajuda dos amigos e de Helena e o irmão? Samir e Dara tinham sido as únicas pessoas a ficarem do lado dele. A revolta dele era legitima.

— Reaja seu cretino! - Iskendar deu mais um. - eu quero seu lugar!

O ódio dava lugar a raiva. Eron recebia os socos sem revidar e aquilo o deixava revoltado.

— Revida seu porra! - a mão já sangrava e os olhos estavam marejados. Sua vida não tinha sentido algum. Durante anos alimentou ódio por Eron, mas agora que estava diante dele... ele... - revida... - a primeira lagrima desceu.

O italiano continuou parado. Se aquilo aliviaria o irmão, deixaria o extravasar.

Os cavaleiros estavam completamente mobilizados pela energia e pela situação. Afrodite era o mais perplexo. Era evidente que Iskendar guardava ressentimentos contra todos, mas não imaginava que fosse tanto. Aioria se via nele, quando descobriu que Shura e Saga foram os responsáveis pela morte de Aiolos.

Lirya trazia os olhos rasos. Não queria que a situação chegasse aquele ponto. Os dois haviam sofrido muito e estava na hora de terem paz.

O rosto de Torin continuava impassível e movimentou milimetricamente os cílios.

A rainha sentiu o corpo mais leve e não pensou duas vezes. Correu ate os dois.

— Parem. - ajoelhou ao lado deles. Iskendar estava com o punho erguido. - vocês são irmãos... chega de sofrimentos. Vocês merecem ser felizes depois do que passaram.

O policial o soltou. Por alguns segundos os Tempesttas se encaram. De repente Iskendar saiu correndo.

— Miro. - pediu Shion, assim que percebeu que eles também conseguiam se mexer. O grego foi atrás do policial.

— Eron. - Lirya tocou no rosto do filho.

Mask trazia o olhar vago.

— Vamos levá-lo. - disse Evans aproximando.

Ele e Aldebaran o ajudaram.

— Por que? - Shaka fitou o elementar.

A humana Helena foi muito importante para transformação do coração de Eron, mas Iskendar não teve a mesma sorte. Ele precisava colocar todo ódio e rancor para fora. Não se tornou uma pessoa vingativa, mas esses sentimentos se não trabalhados poderiam trazer conseqüências futuras. Ainda mais com o passado oculto que ele tem.

— E agora?

As próximas horas serão decisivas para os dois. Apóiem Eron, pois isso ainda não acabou.

Aos poucos a imagem de Torin foi se desfazendo, até desaparecer. A paisagem do lado de fora voltou ao normal.

Os cavaleiros restantes trocaram olhares.

— Vamos voltar, - disse Shion. – e torcer que tudo termine bem.

 


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Notas finais do capítulo

* Longa vida e próspera. Fala do Spock (Leonard Nimoy) em Star Trek. Sou fã e adoro essa saudação.



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