Tempestta escrita por Krika Haruno


Capítulo 22
Capitulo 22: Reação




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Niive estava na sala que pertencia a diretoria três. Com a descoberta da traição e a preparação para um contra ataque precisava organizar as coisas. Estava indignada pela traição do presidente, um homem que admirava. De Athos não ficou tão surpresa, pois o diretor tinha certas atitudes que não convinham a uma pessoa de princípios, mas Rihen lutara na guerra e depois que assumiu a presidência jurou proteger GS de qualquer inimigo. Como ele se prestava a agir daquela forma?

— Cretino! - deu um soco na mesa.

Kanon que tinha entrado naquela hora, assustou-se com o barulho.

— Pode bater nas coisas? - indagou parando de frente a mesa dela e olhando o buraco que se formou. - "imagine se tivesse cosmo..." - pensou.

— Estou com ódio! Eu confiava no presidente!

— Ninguém esperava uma traição como essa. - a fitou fixamente. - Seria o mesmo que Shion nos trair.

— Ele deve ser morto. - bufou. - foi responsável por milhares de mortes. A Célica morreu por causa dele!

— Giovanni não vai deixar por menos. - olhou para o lado vendo uma porta. - aquilo é um banheiro?

— Sim.

Kanon caminhou até a porta.

— Se tranca normalmente?

— Por dentro.

— E o que é aquilo? - apontou para dentro do banheiro.

Niive levantou, foi até lá e entrou. Kanon entrou em seguida e trancou a porta.

— Por que trancou a porta? - a diretora arqueou uma sobrancelha.

Ele não respondeu de imediato. Levou uma das mãos ao rosto da policial acariciando-o. Depois daqueles fatos a guerra tomaria outro patamar.

— O que foi Kanon?

— Há um mês jamais pensaria que a minha vida iria mudar. Agora estou em outra galáxia, preso num banheiro numa estação orbital.

— Tudo é possível nesse mundo. - sorriu.

O marina aproximou ainda mais da diretora, colando seus lábios. O beijo começou calmo, mas ganhou ardência.

— Ficou louco? - Niive cessou o ato, mas não afastou o rosto. - e se alguém entrar aqui?

— Por isso tranquei a porta. - voltou a beijá-la.

Niive ainda tentou protestar, mas o desejo foi mais forte. Nunca imaginou que se deixaria  arrastar por um sentimento como aquele. Já não imaginava sua vida sem Kanon.

— Calminha aí cavaleiro de Atena. - afastou-se. - estou no meu local de trabalho. - sorriu.

— E daí? - deu um sorriso safado. - Sei que o mundo está de pernas pro ar, mas não pode gastar uns minutos com seu namorado?

— Namorado? Desde quando? Você é no mínimo um cara que estou saindo.

— Pois essa cara sente sua falta. - a enlaçou de forma que ela não se soltasse. - muita falta.

O marina voltou a beijá-la de forma intensa. Em poucos segundos, Niive apenas usava uma camiseta.

— Aqui...? - a voz saiu num murmuro.

— Gosto do perigo...

A diretora de um sorriso.

O.o.O.o.O

Seguindo as orientações repassadas por Noah, Shaka chegou a sala da diretora Urara. Bateu na porta e esperou uma resposta para entrar.

— Atrapalho? - Shaka parou na porta.

— Não. - deu um sorriso tímido. - entra.

O cavaleiro acomodou-se na cadeira em frente a ela. Urara estava com a atenção no painel. O indiano a fitava discretamente. A pergunta de Mask veio lhe na mente. Quando chegasse o derradeiro momento ele partiria para Terra ou ficaria? Sempre tinha o discernimento de tomar a decisão correta diante de uma situação conflitante, entretanto daquela vez não sabia o que fazer.

Urara sentia o olhar dele sobre si.

— O que foi?

— Estava pensando como será na hora que essa guerra acabar.

— Como assim?

— Eu sou um cavaleiro, contudo tem você. Eu não quero me separar de você. - pegou na mão dela.

Urara fitou a mão dele. Tinha o mesmo sentimento. Há poucos dias aquilo seria inconcebível, mas agora... não imaginava-se sem Shaka.

— Não vamos pensar nisso por enquanto. - sorriu. - vamos aproveitar o tempo que temos para ficarmos juntos.

Shaka levantou, dando a volta na mesa. Ele agachou diante dela.

— Quero aproveitar cada minuto.

A diretora acariciou o rosto dele.

— Tenho alguns minutos antes que a reunião do príncipe comece. - ela disse.

Shaka levantou e estendeu a mão para ela. Urara aceitou, ficando de pé. O cavaleiro aproveitou a chance e a beijou. Nos primeiros segundos a Eiji ficou receosa com medo que alguém entrasse, mas deixou-se levar. Estar com Shaka era mais importante e aquele sentimento não era motivo para se envergonhar. Até aquele momento achava que as lendas de seu povo eram contos, mas o que sentia por Shaka era real. Bem real.

Surpreendendo-o, ela puxou o corpo dele para mais próximo de si. O beijo intensificou.

— Urara... - murmurou o virginiano envolvido.

Ela afastou-se indo até a porta. Depois de trancá-la caminhou até o cavaleiro, olhando atentamente a armadura que ele usava.

— É com isso que protege a sua elementar?

— Sim.

A diretora tomou novamente os lábios de Shaka.

— Me sinto segura perto de você.

— Nada, nem ninguém encostará em você. - tocou o rosto dela.

Beijaram-se novamente...

O.o.O.o.O

Depois de tudo preparado Eron, Iskendar, os lideres do grupo dos nove, as diretoras e alguns militares discutiam planos para um contra ataque. Estavam reunidos em volta de uma mesa redonda que trazia o mapa da galáxia em 3D.

— O principal acesso de S1 é pelo nordeste, leste e sudeste de GS. - disse Sttup. Devido a guerra ele deixou o cargo de diretor da academia para assumir tropas.

— A maior parte dessa região pertencia a Athos. - disse Simon. - ele deve ter passado todo nosso esquema de segurança.

— O que há nesse ponto? - Mask apontou para uma região mais ao sul da galáxia.

— É a zona de buracos negros. - respondeu Radesh. - é impossível o transito por esse local.

— Não há a mínima possibilidade? - o canceriano o fitou.

— Não é impossível. - disse Kopal, capitão da Galaxy. - mas precisa ser um piloto muito habilidoso para não ser atraído pelos buracos.

— Então existe a possibilidade. - concluiu Mask. - precisamos nos precaver, não sabemos até que ponto está o poderio de Haykan.

— Pensa em mandar tropas para vigiar essas áreas? - indagou Urara.

— Não um grande contingente, apenas para nos alertar caso Haykan venha por esse lado.

— E como será a nossa defesa? - Skip tomou a palavra.

— Vamos formar uma barreira, ligando em linha reta norte ao sul, - disse Sttup. - ela será feita logo após Orion.

— Vamos evacuar os planetas após essa linha, - Mask olhava para todos. - não quero nenhum civil além desse limite.

— Mas levará tempo alteza. - disse Niive.

— Quantas pessoas vivem aproximadamente nessas regiões?

— Talvez um pouco mais de dez milhões. Não há muitos planetas nessa faixa. A maioria se encontra para o nosso lado, somado a isso o começo da guerra,  muitos emigraram. - disse Lancy.

— Mesmo assim é muita gente. - comentou Simon. - levará muito tempo.

Mask ficou em silencio. Era muito gente até mesmo para a nova nave. Ela precisaria de cinco viagens para transportar todos.

— Que seja. - todos olharam para ele. - eu jurei que nenhum inocente morreria e vou cumprir. Quero quatro frentes, - tocou no mapa para ampliá-lo. - as pessoas serão recolhidas e levadas para o planeta Madras, ao norte. Yumen e Sendai ao centro. Taika ao sul. Após isso serão trazidas para Lain, Eike, Maris e Ranpur. Concordam? - fitou os lideres dos referidos planetas.

— Sim alteza. - respondeu Rodhes por eles.

— Não temos naves que comportam tantas pessoas. - disse Noah.

— As Nias podem ser utilizadas. - disse Alisha, dividindo a mesma preocupação que Eron.

— A Euroxx pode fazer a escolta. - acrescentou Evans.

— Não será necessário. Stiepan cuidara disso. - fitou o chanceler.

— Sim alteza. - aquele era um sinal que as naves entrariam em funcionamento.

Iskendar ouvia tudo em silencio. Ele tinha visto o poderio de Haykan e até achava nobre a atitude do meio irmão em salvar as pessoas, mas aquilo não daria certo. O líder de S1 tinha livre acesso ao hadrens. Lirya fitou o filho de Soren.

— Algo te preocupa Iskendar?

A pergunta dela chamou a atenção de todos. Iskendar assustou-se e ficou ressabiado diante dos olhares.

— O que acha disso Iskendar? - Dara perguntou.

Ele não sentia-se a vontade de falar diante deles. Uma coisa era participar de uma reunião como superintendente, outra como filho do rei.

— Diga superintendente Madden.

Ser chamado pelo cargo por Yahiku, capitão da Antares, o surpreendeu. Iskendar respirou fundo. Esqueceria quem era seu pai e agiria como um policial. A passos curtos aproximou do mapa parando ao lado de Mask. Tirando Niive e Alisha, que eram as mais jovens, todos ficaram admirados com a semelhança entre os dois irmãos e de Iskendar com Soren. Até parecia que o rei estava diante deles.

— Haykan tem livre acesso aos hadrens. Uma linha de defesa é eficiente, mas os hadrens cruzam a barreira.

— Ele tem razão. - Marius manifestara pela primeira vez. - teremos que fechar alguns. Pelo menos todos os posteriores a Orion. Ficaremos mais lentos, mas em compensação o inimigo também ficará.

— Devemos fechar os experimentais também. - disse a rainha.

— Estão de acordo? - Mask fitou a todos.

Concordaram.

— Precisamos tirar as pessoas o quanto antes. - disse Sttup.

— Senhor Sttup, - o cavaleiro o fitou. - de agora em diante é o novo presidente da policia. Tem carta branca para agir.

— Alteza?? - o diretor ficou surpreso.

— Tenho certeza que será um bom presidente. Dara, - olhou para o Eiji, - sei que tem formação militar, então será o novo diretor de área dois.

— Eu?? Mas...

— Não é passível de recusa. - sorriu. - Niive e Urara, - olhou para as diretoras. - primeiro quero que liderem a evacuação, em seguida quero que fiquem responsáveis pela área quatro. Sei que estou dobrando suas responsabilidades, mas sei que são capazes.

— Será uma honra, alteza. - disse Niive pela duas.

Lirya sorria internamente. Seu filho estava se saindo como um verdadeiro líder.

— Presidente Sttup, convoque todos os policiais e emita um sinal de alerta. Outra coisa, qualquer insurgência é pena capital, que seja um misero policial ou um comandante. Estamos entendidos?

— Sim.

Os presentes trocaram olhares.

— Vamos trabalhar.

Mask esperou que todos saíssem para chamar Stiepan e Sttup para uma conversa.

— Como presidente da policia e pessoa confiável que espero que seja, podemos revelar um segredo.

Sttup o fitou sem entender. Giovanni contou sobre as naves. A medida que ouvia o novo presidente ficava pasmo.

— Temos esse tipo de poder?

— Temos. - respondeu Stiepan.

— Quem mais tem esse conhecimento?

— Marius e a minha mãe. - disse Mask. - por enquanto quero manter isso em segredo. E senhor Stiepan, eu não sei como, mas confio nas suas habilidades. Leve as naves para a área um.

— deslocá-las?

— Orion está muito próximo a barreira. Não podemos correr o risco de serem descobertas. Felizmente Rihen não soube da existência delas, mas tudo é possível. Ninguém suspeitará que terá naves na orbita de Ikari.Quando as pessoas estiverem reunidas nos quatro planetas, ordene que a Genesis vá buscá-las, mas a Enterprise deverá continuar oculta.

— Como quiser.  Farei o que me pede.

— Senhor Sttup quero que vá nessa viagem "inaugural" e me diga suas impressões.

— Certamente.

O.o.O.o.O

Serioja estava em seu escritório destruindo tudo. Agora que estava tão perto de conseguir algo efetivo surgira um novo Tempestta.

— Soren maldito! Aposto que tem dedo seu! - jogou um vaso na parede. - um filho bastardo! - andava de um lado para o outro nervoso. - Não bastasse Eron, agora... - jogou outro objeto. - nem para aquele imprestável do Niahm me avisar. Por isso sumiu!

Parou de andar, passando a mão pelos cabelos. De expressão carregada começou a gargalhar. Tinha tido uma ideia.

— Era a moeda de troca que eu precisava. - riu. - ah Soren... não o verá governar.

Gargalhou.

O.o.O.o.O

Após a reunião, cada líder seguiu para seu planeta. Shion acompanhou Alisha, Aldebaran foi na nave de Skip. Kanon na de Niive e Shaka na de Urara.

Dara seguiu com Noah para resolver algumas coisas e mais a noite voltaria para Ranpur. Iskendar, Eron e os demais voltaram para sede da galáxia pela Euroxx.

Assim que chegaram ao planeta, Miro, Shura e Dohko foram para Maris, complementarem seus treinamentos.

O.o.O.o.O

Shion estava com Alisha em seus aposentos. Conversavam sobre o aparecimento de Iskendar e a traição de Rihen.

— Temo que exista mais traidores. - a princesa andava de um lado para o outro. - Isso pode nos prejudicar.

— Se existir, Giovanni dará um jeito. - levantou, indo ao encontro dela. - Não é uma atitude correta, mas creio que necessária.

— Eron sempre foi intolerante com certas coisas. - abraçou  o ariano. - Com traição não seria diferente. Na escola, agia sem piedade...

— Ele se tornou um bom homem, mas ainda conserva rastros do seu passado indigno. Eu não posso interferir, ele precisa assumir sua responsabilidade perante seu povo.

— E quanto ao outro?

— Duvido que ele irá querer assumir. - acariciou as madeixas dela. - mas só o tempo poderá dizer.

— Tem razão. - ela o fitou. - que bom que Eron deixou você vir comigo.

— Eu viria ele deixando ou não. - a enlaçou pela cintura. - ele pode mandar na galáxia, mas ainda sou o superior dele. - sorriu.

Alisha devolveu o sorriso para em seguida beijá-lo.

O.o.O.o.O 

Iskendar queria ir para seu quarto no hotel, mas Marius o proibiu. Ele só pisaria naquele local se Dara estivesse junto. Não tendo alternativa seguiu para o palácio. Andava pela construção sem rumo definido, até que Mask o chamou, pedindo para que ele o acompanhasse. O trajeto foi feito em silencio até pararem diante de uma porta, em madeira escura.

— Abra. - disse o canceriano.

O policial abriu a porta, ficando surpreso.

— O que significa isso?

— Seu quarto. - entrou. - não poderá ficar na sala.

— Eu não preciso disso. Tenho o meu quarto no hotel.

— Marius e Dara jamais vão permitir que fique lá. - sentou numa cadeira. - sei que não está satisfeito com o rumo das coisas, mas infelizmente tem que ser assim. Para sua propria segurança, ou acha que a sua cabeça não está a premio?

— Sou um bastardo.

— É um Tempestta. - disse seco. - Terá o livre acesso as dependencias do palacio e poderá usar nossos transportes oficiais. Se tiver alguém pode trazer aqui. - deu um sorriso.

— Alguém? - Iskendar o fitou sem entender.

— Sua ficante, amizade colorida, ou qualquer nome que se use aqui.

Iskendar franziu o cenho.

— Namorada. - disse entediado.

— Eu não tenho. - respondeu seco.

— Hum...

Seguiu alguns minutos de silencio.

— E você?

— Ela morreu um ano atrás. - levantou indo até a porta da varanda. - Helena.

— Doença?

— Assassinada. - o fitou. - ela tinha algo que algumas pessoas queriam e acabou morrendo por causa dos ferimentos que infligiram a ela. E eu não pude fazer nada...

— É por isso que matou Athos?

— Sim. Muitas pessoas morreram por causa dele e de Rihen.

— Sempre que fica com raiva usa aquela roupa amarela?

— Não é o objetivo principal dela.

— Tinha me dito que veste aquela roupa especifica por causa da data do seu nascimento. Eu vestiria qual se pudesse?

Mask franziu o cenho ao escutar. Se ele estava curioso era um bom sinal.

— Qual a data do seu aniversário?

— Vigésimo quarto dia do sexto mês.

— Hum... - pensou... os olhos arregalaram. - Como?

— Vinte e quatro. Sexto mês. - disse impaciente.

— Nascemos no mesmo dia...? - estava perplexo.

— Como assim no mesmo dia? Não me diga...

Os dois ficaram em choque. Tinham nascido no mesmo dia?

— As moiras são muito sádicas... - Mask de um sorriso nervoso. - até nisso.

— Eu jamais imaginei que nós... mas que droga.

— Vestiria a minha armadura. Temos o mesmo signo: Câncer.

Iskendar não comentou nada. Então vestiria o mesmo traje do irmão? Até nisso, teriam o mesmo destino?

— Isso é para você. - pegou um objeto de uma mesinha, pensaria naquilo depois. - espero que goste.

O policial pegou o objeto, era um porta retrato. Ele arregalou os olhos.

— Como conseguiu isso?!

— Alisha achou nas coisas do pai dela em Sora. Achei que fosse gostar.

O rapaz voltou a atenção para a foto. Lembrou-se daquele dia.

— Sinto falta dele.

— Eu também. - aproximou. - Samir lutou para que nossa galáxia ficasse em paz. Não posso ignorar isso.

— Posso ficar com ela? - mostrou a foto.

— É sua. Fique a vontade, preciso resolver umas coisas. - caminhava para a porta.

— O que vai fazer?

— Analisar as informações que nosso pai me deu. Numa noite dessas, um pedaço de papel com informações de Haykan apareceu no meu quarto.

Iskendar sorriu.

— Sinto decepcioná-lo, mas não foi o Soren.

— Não?

— Fui eu. Eu escrevi.

Mask franziu o cenho. Ficou surpreendido.

— Típico de irmão mais velho. - sorriu. -  Guiar os passos do mais novo.

O cavaleiro saiu deixando-o surpreso com os dizeres. Iskendar voltou a atenção para a foto.

— Eu estou protegendo-o?

A pergunta perdeu-se no vento.

O.o.O.o.O

Noah e Dara seguiram em naves diferentes. Enquanto o conselheiro de Obi seguiu para sede do governo para contar aos demais conselheiros sobre o ocorrido, Dara ficou em orbita. Havia recebido uma mensagem de Jhapei.

A nave da espiã atracou na dele.

— Ainda bem que deu noticias. - disse o Eiji.

— Desculpe. - pediu. - as coisas andam agitadas em S1.

— Não pode ficar definitivamente?

— Ainda não. - acomodou-se numa cadeira. - recebi uma mensagem de Haykan, ele quer que eu descubra sobre o teor da reunião do príncipe.

— Stiva fugiu para S1, já deve ter contado.

— Não a parte que envolve o Iskendar. Infelizmente eu preciso contar.

— Não tem porque ficar apreensiva. A noticia vai se espalhar rapidamente. E Serioja?

— Meu trabalho acabou com ele, embora ele não saiba. - espreguiçou. - Serioja já não interessa mais a Haykan.

— Descobriu mais alguma coisa sobre o exercito?

— O mesmo que Iskendar. E diga a ele para tomar cuidado. - levantou. - ele é um alvo mais fácil que Eron. Não imagino como será a reação de Haykan quando souber da existência dele.

— Vou tomar conta dele.

— Se eu tiver alguma informação te informo.

— Tome cuidado Jhapei.

— Ficará junto aos seus? - sorriu.

— Irei para Ranpur para vigiá-lo.

Jhapei despediu-se, partindo para S1. Dara torcia para que a menina terminasse logo sua missão e voltasse imediatamente para GS. Ultimamente estava tendo sonhos estranhos em que ela estava envolvida.

O.o.O.o.O

Saga, Mu e Afrodite revisavam as ações de segurança.

Em Maris, Miro, Shura e Dohko seguiam para a academia. Com uma guerra a porta, os treinos foram mais intensos. Miro, já estava mais desenvolto no Lego, mas precisava melhorar.

Quando chegou em Orion, Stiepan foi cumprir as ordens de Mask. Com um grande esquema de segurança e de camuflagem, o presidente transportou as duas naves para Ikari.

Elas ficariam lá até o momento oportuno.

O.o.O.o.O

Stiva era conduzido pelos corredores da base militar de Bellji. Suava muito, ainda mais com as novas noticias que recebera sobre Athos. Usando uma linha secreta, soube do ocorrido com o diretor.

— Não pensei que o veria tão cedo. - disse Haykan assim que ele entrou.

O policial fez uma mesura para Haykan e depois o olhar voltou-se para Rihen. Se pudesse queria matá-lo, pois fugiu sem levá-lo. Se não tivesse escapado a tempo estaria morto assim como Athos.

— Stiva. - disse Rihen.

— Presidente. - a voz saiu seca.

— Onde está Athos? Ele sabe que está aqui? - indagou o governador.

— Athos está morto. - disse uma vez.

— Como??! - exclamaram os dois ao mesmo tempo.

— Não sei como, o príncipe descobriu a traição dele. Foi desmascarado perante todo o conselho.

— Ele confessou? - indagou Rihen.

— Eron usou os amigos atlantiks dele. Acessaram a mente dele.

— Aqueles atlantiks têm esse poder. - comentou Haykan não muito surpreso com o metodo. - então todos sabem que vocês três são traidores.

— Sim.

— Até que demorou. - Haykan levantou, passando a andar pela sala. - como ele morreu?

— O príncipe o matou.

— Eron o matou? - Rihen arregalou os olhos.

— Como? - Haykan fitou o policial.

— Pelo que disseram Eron o levou para fora da sede e o soltou no espaço. O príncipe consegue respirar, mas ele...

— Gostei desse garoto. - Haykan sorriu. - age de forma firme com os inimigos. Não será pacifista idiota como o pai foi. Com isso a guerra está efetivamente declarada.

— E qual será o próximo passo senhor? - perguntou Stiva.

— Está na hora de desferir um golpe rápido e certeiro no coração da galáxia. - Haykan deu um sorriso vil. - assim o corpo perderá seu principal órgão.

Há algumas milhas dali, dezenas de soldados de S1 trabalhavam a todo vapor. O líder de S1 pediu pressa, pois queria que tudo estive pronto quando fosse a hora.

Num hadren, Orrin conduzia a NAU Hay1 em direção ao centro da galáxia. Outras centenas de naves menores a seguiam. O comandante estava surpreso com a velocidade daquela nave. Chegaria ao centro com tempo menor do que de uma nave comum.

O.o.O.o.O

Beatrice e Kamus estavam debruçados sobre planilhas e tabelas. Com uma guerra em curso, a gestão de alimentação e energia deveria ser alterada. Vez ou outra o aquariano fitava a assistente.

— Essa noite se tudo estiver tranqüilo, posso ir para seu apartamento?

— Não sei por que  pergunta. - disse sem fita-lo. - você só não mora lá, por causa da guerra.

O francês ficou envergonhado.

— Eu não fui tantas vezes...

— Quer apostar? - ela o fitou sorrindo.

— Desculpe.

— Estou brincando. - levantou de onde estava parando atrás dele, dando um abraço. - se quiser pode se mudar para lá.

— Mas e o senhor Marius?

— Ele é meu chefe e não meu pai. Embora eu o considere como tal. E então?

— Acho uma boa ideia.

A puxou, fazendo-a sentar em seu colo, em seguida a beijou.

De repente, a temperatura caiu bruscamente, a ponto de congelar as coisas.

— Kamus??

— Chame um deles e depois espere lá fora.

Ela concordou. Kamus olhava ao redor. Tudo estava congelado e sem o uso do cosmo.

— Kamus?! - Saga abriu a porta num rompante.

— Cuidado! - o cavaleiro apontou para a porta e estacas de gelo surgiram e por pouco não acertando o geminiano.

— Kamus...?

— Desculpe, não foi intencional. Eu não sei o que houve, quando dei por mim estava tudo congelado.

— Seu cosmo?

— Não o usei. Eu juro. - estava assustado.

O cavaleiro gêmeos fitou o interior. Estava tudo congelado.

— Vai ter que se policiar mais. - Saga deu a volta.

— Eu preciso entender o que está acontecendo. E se algo acontecer com alguém perto?

— Vai ser como Aioria, terá que aprender a controlar. Depois contaremos a Shion.

O.o.O.o.O

Depois de uma mini reunião, Afrodite seguiu para seu quarto. Acabou por encontrar Hely no meio do caminho. Ela levava uma bandeja.

— Está levando chá para o Giovanni? Ele odeia chá.

— Não. - riu. - para a rainha.

— Importa-se de eu levar?

— Não. Aproveito e verifico mais uma vez a segurança.

— Seu serviço dobrou não é? - pegou a bandeja.

— Célica era minha companheira... - disse triste. - Mas está tudo bem. Farei o nosso serviço da melhor maneira. Quero que ela sinta que está bem representada. Obrigada Gustavv.

O sueco seguiu para o quarto da rainha, bateu duas vezes antes de entrar.

— Majestade, trouxe seu chá.

— Gustavv?

— Eu pedi a Hely para trazer, queria ser um pouco util. - disse colocando a bandeja sobre a mesinha.

— Não pense assim.

— Aproveite.

— Sente-se. - indicou a cadeira. - e me faça companhia. Eron disse que você gosta de chá.

— Aprecio as boas coisas. - sentou. - Eu sirvo.

— Você e meu filho são amigos há muitos anos?

— Conheço aquele grosso desde criança. Desculpe... não quis dizer...

— Tudo bem Dite. - sorriu. - Posso te chamar assim?

— Claro. - terminou de servir. - aos Tempesttas. - brindaram.

— Aposto que deve ter sido difícil quando o temperamento dele mudou. - disse Lirya.

— Não foi. - depositou a xícara no pires. - eu era tão ou até pior do que ele. Não sou uma pessoa muito digna.

— Como não? Basta olhar para você.

— Rosas têm espinhos majestade e espinhos machucam. Eu fui capaz de muitas ações duvidosas, mas graças a Atena estou um pouco melhor. Pelo menos agora eu consigo ficar perto dos outros sem me sentir tão desprezível.

— Eu não acho que seja desprezível. - sorriu. - é uma pessoa valorosa e sou eternamente grata por ser amigo do meu filho. Eu sei que ele pode contar com você.

— Ele pode, mesmo que as vezes... - lembrou-se de Helena.

— Você fez o possível para salva-la. - sabia que se referia a terráquea. - Eron sabe disso.

— Acho que sim. - deu um meio sorriso.

— Na sua opinião, quando essa luta acabar, acha que ele ficará aqui?

Dite arqueou as sobrancelhas, não esperava aquela pergunta.

— Senhora Lirya... sinceramente eu não sei. As vezes quando sinto que o lado cavaleiro está mais aflorado penso que ele voltará para a Terra, mas tem hora que o lado Eron Tempestta está ativo e não tenho duvidas que ele permanecerá aqui.

— Entendo.

— Ele não está pensando nisso. A guerra é prioridade agora. Acho que quando o momento chegar ele terá uma decisão difícil.

— As vezes penso nisso. - depositou a xícara. - eu quero que ele seja feliz onde esteja, mas...

— O coração de mãe deseja que ele fique aqui. - sorriu.

— Isso mesmo.

— Não preocupe-se antes da hora. - pegou nas mãos dela. - mas tenha em mente que qualquer que seja a decisão dele, poderão se ver. Afinal saberá onde ele está.

— Tem razão.

Afrodite estalou os dedos para ofertar uma rosa branca a rainha, contudo apareceu uma rosa na cor azul.

— Como é linda Gustavv. - a pegou. - e um aroma delicioso. Obrigada.

— De nada...

Murmurou totalmente atônico. O que era aquela rosa azul?

O.o.O.o.O

Saga e Mu estavam num dos jardins externos. O geminiano contava sobre a manifestação do poder do aquariano.

— Isso é muito estranho. - disse o ariano. - nossos poderes estão reagindo de forma diferente.

— Kanon e eu estamos normais.

— Só o tempo poderá nos dizer o que realmente está acontecendo. Em relação as armaduras, mestre Shion está pensando em banhá-las com oricalco.

— Acho uma boa ideia. - disse Saga. - assim elas terão mais uma proteção.

— A princesa Alisha nos disse que também não haverá problemas em levarmos oricalco no seu estado puro e as outras substancias que a compõe para a Terra. Creio que Kiki também será capaz de manipular.

— Atena terá mais uma proteção. - o geminiano olhou para o céu. - e o Aioria...

— A expectativa é que ele acorde amanhã. - Mu também fitou o céu.

— Espero que a armadura esteja em condição de uso. Com essa guerra só piorando...

— Acha que as ações de Giovanni serão suficientes?

— Espero que sim. Eu ainda não consigo mensurar a extensão desse tipo de guerra. Não estamos acostumados a isso.

— Eu quero muito proteger Alaron. Não deixa de ser minha terra natal.

— É o seu lar também.

— Mestre Shion está muito envolvido. - Mu o fitou. - Tenho minhas dúvidas se ele irá voltar conosco.

— Fala isso pela princesa?

— Sim. Aiolos irá assumir o lugar dele, mas meu mestre é extremamente responsável. Quando chegar a hora, ele terá um grande dilema.

— Assim como Kanon. Ele está muito envolvido com a Niive.

— Mas Poseidon... os dois não são tão ligados.

— Kanon não tem muito senso de proteção a ele, devido os motivos que conhece. Quanto a isso meu irmão não teria problema em ficar, mas ele preza muito Atena. Se ele voltar para a Terra será por causa dela.

— Kamus e Shaka estão indo para o mesmo caminho... - sorriu.

— Com Kamus não me surpreendi. - Saga ajeitou-se melhor na cadeira. - mas Shaka...

— Essa nossa vinda nos trouxe muitas surpresas.

O.o.O.o.O

Em Maris, os treinos continuavam. Dessa vez Shura, Dohko e Miro agiriam juntos. O libriano e Shura cuidariam de uma nave enquanto Miro faria parte da equipe de Legos.

O treino era complicado. O simulador trazia um campo de batalha. A nave dos cavaleiros estava no meio do fogo cruzado e precisavam se defender e ao mesmo tempo efetuar um conserto.

— Miro, o portão dois está liberado. Tem no máximo dez minutos. - disse Dohko olhando para o pára-brisa da nave, vendo a situação caótica do lado de fora. – lembre-se que não está como cavaleiro e sim um soldado comum. Não tem armadura para te proteger.

— Eu sei.

O escorpião deixou a nave e usando o motor do Lego voou em direção ao alvo a ser resgatado.

— Os escudos estão ativados Dohko. - Shura apertava inúmeros botões do painel.

— Temos dez minutos então. - acelerou a nave.

Ela fazia manobras enquanto atirava nos inimigos. Shura cuidava da munição, enquanto Dohko a guiava. A pequena nave passava por entre as naves menores e grandes. O chinês conseguia desviar dos tiros. Enquanto isso Miro seguia para o alvo. Era religar uma base de apoio que havia sido almejada pelo inimigo. Estava tendo relativo sucesso, quando um tiro passou de raspão.

— Mas que droga! - apontou o canhão para uma nave disparando inúmeras vezes.

A inimiga também atirava e Miro fazia o que podia para desviar. Ser acertado significaria sua morte.

A nave de Shura e Dohko desviou de uma nave avariada.

— Só temos mais um alvo. - disse Shura. - quanto tempo temos?

— Cinco. Só precisamos...

Sentiram um impacto, a nave havia sido acertada na retaguarda.

— Que porra! - gritou o libriano. - os escudos não estão funcionando?

— A munição foi maior. Níveis de energia caindo.

— Precisamos voltar e pegar o Miro. Tem alguma estação de apoio por aqui?

— Cem quilômetros. Posição X56Y87Z96.

— Segure-se.

Dohko empurrou ao áo acelerador, fazendo uma manobra evasiva.

Miro tinha conseguindo acertar a nave de forma a fazê-la recuar. Aumentando a potencia dos motores chegou a base. Fez os reparos necessários e preparava-se para voltar. Um tiro pegou num dos braços mecânicos, arrancando o.

— "Merda."

Tinha que sair dali antes que sofresse mais ataques. Os cavaleiros já estavam próximos do grego, quando uma nave surgiu diante deles.

— Droga.

Shura pressionou com vontade o botão do armamento. Felizmente a nave inimiga sofreu muitos danos, recuando.

— Libere o portão Shura.

O espanhol deu o comandando. Assim que Miro entrou o treino cessou. A sala voltou ao normal.

— Nem contra os espectros foi tão difícil. - disse o escorpião soltando um suspiro aliviado.

— Rapazes. - Etah aproximou do trio.

— Era para nós termos virado pó de estrela. - comentou Dohko. – batalhar sem cosmo é difícil. Como fomos?

— Infelizmente ultrapassaram o tempo, tiveram a nave acertada e Miro um braço arrancado. Num confronto real teriam sérios problemas.

— Imaginei... - Shura bufou.

— Mas não fiquem tristes. Para quem começou a ter aulas em poucos dias se saíram muito bem. Esse exercício foi de nível sete, um novato só conseguiria fazê-lo com seis meses de academia. Estão de parabéns!

— Obrigado Etah. - disse Miro por todos.

— Querem tentar novamente?

— De preferência um nível mais avançado. - pediu Dohko. - precisamos nos preparar.

— Tudo bem.

Etah deu uma nova missão para Dohko e Shura, enquanto Miro faria um teste sozinho com o Lego. Ele foi conduzido para outra sala.

A situação era simples e o escorpião tinha que proteger um comboio que levava suprimentos para uma nave. Ele fazia o procedimento correto, contudo Etah resolveu dificultar, fazendo aparecer no simulador muitas naves e dezenas de Legos inimigos. O escorpião ficou encurralado.

— "Droga." - pensou. Mirou a arma efetuando vários disparos, mas não foram suficientes. - "desse jeito vou morrer."

Com o restante de munição que tinha, partiu para cima. Etah observava cada detalhe.

Miro fez como no ultimo teste, usando sua força corporal e guardando as balas para o momento certo, contudo eram muitos inimigos.

— "Mas que droga" - estava cercado.

— "Como vai sair dessa Miro?" - Etah apertou um botão, fazendo uma nave ainda maior surgir diante dele.

O grego pensava numa estratégia. Estava tão envolvido que não percebeu seu cosmo elevar-se por um segundo. Etah viu o rompante de luz dourada, mas a atenção foi desviada rapidamente para um leve tremor. O ar agitou-se, formando um pequeno tornado.

— Mas de onde...? - Etah olhava para todos os lados, não havia janelas naquela sala, tampouco o sistema de ventilação estava com defeito.

Com o olhar fixo no inimigo, Miro, de maneira inconsciente, assumiu a posição de um escorpião. Seu cosmo não elevou mais, mas o efeito foi como se estivesse. Os ventos tornaram-se mais forte, a ponto de começar a arrancar os objetos da nave. Na "visão" de Miro, as naves estavam sofrendo alguma intervenção de fora. Etah temeu que a sala fosse destruída. Agindo rapidamente, apertou o botão de abortar. A simulação terminou.

— Ué... - murmurou o escorpião. - acabou? - ele saiu do Lego e... - o que houve???

Equipamentos tinham sido arrancados, o teto e chão continham rachaduras. Etah estava no chão.

— Etah?? - correu até ele. - você está bem?

— Estou... como fez isso?

— Isso o que?

— Do nada, surgiu um tornado feito por você.

— Eu? Eu não fiz nada! - olhou ao redor, realmente a sala estava destruída.

— É melhor encerramos. - o garoto estava um pouco assustado.

— Tudo bem. - murmurou, ainda sem entender o que realmente havia acontecido.

— "Isso foi estranho... será que foi o poder de um elementar se manifestando...? " - indagava-se o líder dos Legos. - "se Aioria energizou a Titan e Kamus fez nevar em Clamp..." - fitou o escorpião. - " o que ele pode fazer?"

Na outra sala, Dohko e Shura esforçavam. O não uso do cosmo tornava as coisas complicadas, mas tinham consciência que ganhariam um grande aprendizado ao conseguir  resolver coisas sem a utilização da suas energias.

O.o.O.o.O

Mask estava refugiado no ultimo andar do palácio. Da varanda de uma sala de estar tinha uma visão esplendorosa da cidade de Shermie.

Precisava de um pouco de paz para pensar. Soltou lentamente a fumaça do cigarro. Não se encontravam cigarros em Ranpur, sua sorte, pelos pensamentos dele, é que tinha colocado um maço na sua mala.

Depois de ajeitar as coisas em seu quarto, Iskendar resolveu andar. Estava sufocado naquele local. Pegou o livro sobre os Tempesttas para devolve-lo, entretanto resolveu percorrer as partes mais desertas do palácio até chegar ao ultimo andar. Parecia uma sala de descanso. Ficou intrigado quando viu uma pequena fumaça na varanda. Tinha a leve sensação de saber de quem se tratava. Chegou a porta sem fazer barulho.

— Você não tem cosmo, mas posso senti-lo de alguma forma. - disse Mask sem se virar.

— Eu também. - deu um passo a frente. - sabia que isso é proibido aqui? - apontou para o cigarro. - Rende alguns meses na cadeia.

— Eu imaginei que fosse. - fitou o meio-irmão. - por isso torna as coisas mais emocionantes.

Iskendar balançou a cabeça negativamente.

— Senta aí. - Mask deu espaço. - e fuma comigo. - sorriu debochadamente.

— As vezes me pergunto se é o príncipe mesmo. - disse sentando.

— Não tem nada de mal transgredir um pouco as regras. Claro, desde que não prejudique ninguém. - apagou o cigarro. - já parei. - guardou o maço.

— Isso é seu.

Mask olhou para a mão dele que trazia um objeto: um livro preto com o emblema de Ranpur.

— Onde conseguiu isso?

— Eu peguei emprestado. - disse Iskendar. - queria fazer algumas pesquisas.

Giovanni ficou em silencio por alguns segundos pensando. Ele queria informações sobre a família.

— Estamos quites. Fui pego fumando e você furtou algo do palácio. - sorriu.

— É o que parece. - disse sem sorrir.  - O que faz aqui? Pensei que estaria em reunião.

— Precisava pensar.

Seguiu alguns minutos em silencio. Iskendar o fitava discretamente.

— Como era a sua vida em VL? - há muito queria saber. - Dara disse que você foi um assassino.

Giovanni sorriu ao ouvir.

— E o que mais ele disse?

— Que conhece muito o submundo do crime.

— Verdade. - esticou as pernas. - o Eron que escapou naquela nave se tornou muito diferente. - o fitou. - Dara disse a verdade. Eu sou um assassino.

Iskendar ficou surpreso com a confissão.

— Como o filho de Soren se tornou um assassino? - indagou.

— A estória é um pouco longa... - Giovanni começou a narrar, desde sua chegada ao santuário até a volta a vida um ano atrás.

O tenente ouvia tudo surpreso, jamais imaginou que o filho de Soren havia levado aquele tipo de vida. E ainda morrer por três vezes!

— Agora entende certas atitudes minhas?

— Certamente. Se fosse o Giovanni antigo me mataria?

— Sim. - respondeu com sinceridade. - eu teria o poder só para mim. E era o que eu mais desejava. E a sua vida?

— Não me tornei um assassino, mas passei "bons" momentos nas minas. - sorriu. - com Samir eu... - Iskendar contou toda sua vida, sem omitir detalhes.

— Dara tem muito apreço por você.

— Eu lhe devo muito. Se não fosse ele, talvez ainda estaria nas minas.

— Alimentando um ódio contra mim.

Os dois fitaram-se.

— Sim... - Iskendar desviou o olhar, um pouco constrangido. - como era a sua garota? - queria mudar de assunto.

— Linda. - sorriu. - gentil, educada, trabalhadora...- olhava para o céu. - Helena era uma pessoa excepcional.

— Se não fosse os fatos, Ranpur teria uma rainha?

— Teria... - o fitou. - quais poderes você tem?

— Os mesmos que você, - voltou a atenção para a paisagem. - teletransporte, telecinese, nada de mais.

— Pode ativar hadrens?

— Acho que sim, embora eu nunca tenha feito isso.

— E o que mais? Nosso pai disse que tínhamos poderes ocultos. Já descobriu?

— Com certeza é inferior ao seu. Você pode usar o poder de um elementar. - desconversou.

— Então sabe qual é o seu.

Iskendar não respondeu.

— Quando puder me mostre. - resolveu não perguntar mais. - e quando eu descobrir o meu te mostro.

Giovanni levantou-se depressa, quando sentiu-se observado. Ficou em alerta quando uma pessoa apareceu na porta. Percebendo os movimentos do meio irmão, Iskendar levantou.

— Como entrou aqui? - o policial indagou.

— Vocês se conhecem? - o olhar de Mask foi do irmão para o estranho.

— Não é inimigo. - sorriu. - fico surpreso com a sua capacidade de se infiltrar Jhapei. - notando a duvida na expressão do cavaleiro... - ela é a informante de Dara.

— Ela...?

— Muito prazer em conhecê-lo alteza. - tirou a mascara que cobria seu rosto. - meu nome é Jhapei.

Mask ficou surpreso. Ela era muito bonita.

— Como conseguiu passar pela segurança? - indagou o policial.

— Isso não é nada para mim. E sabe disso. - andou até os dois. - estou apenas de passagem. Dara está a caminho.

— Vai para S1? - perguntou Eron.

— Sim. - Jhapei o analisou. Era a primeira vez que o via de perto. Ele era um homem bem bonito e com o passado um pouco obscuro, o fazia interessante aos olhos dela. Não era um príncipe mimado criado no luxo. - Preciso cumprir minha ultima missão.

— Se conseguir informações sobre Haykan terá uma boa recompensa e segurança.

Ela sorriu.

— Verei o que posso fazer. Só passei aqui para alertá-lo. - olhou para Iskendar. - a noticia que é filho de Soren ainda não chegou a S1, mas quando chegar...

— Já sei que serei alvo.

— As mesmas pessoas que desejam a morte do príncipe Eron. - fitou o canceriano. - desejam a sua. Conterrâneos e estrangeiros.

— É o preço a se pagar por ter um sobrenome. - disse Mask sorrindo.

— Os filhos do rei Soren... eu ganharia uma nota se pudesse pegar os dois. - deu um sorriso maldoso.

— Está nos traindo senhorita Jhapei? - Mask devolveu o sorriso.

Ela caminhou lentamente até ele, parando a poucos centímetros. Jhapei era mais baixa que o canceriano, tendo que erguer um pouco o rosto para encará-lo.

Iskendar olhava a cena sem entender.

— Quem sabe.

Surpreendendo os dois, Jhapei beijou o canceriano. Giovanni arregalou os olhos com o contato.

— Boa recordação. - Jhapei afastou-se. - beijei o príncipe de Ranpur.

— Você é louca. - disse Iskendar.

— Eu sei. - deu as costas. - cuidem-se.

Ela sumiu da mesma forma que apareceu, misteriosamente.

— Ela não tem jeito. - o policial balançava a cabeça negativamente.

Mask, chocado  pela atitude, não conseguia dizer nada.

— Como... ela.. entrou aqui... estamos no ultimo... andar... - o fitou.

— Desde a adolescência Jhapei freqüenta o submundo, infiltrar-se nos lugares é sua especialidade. E olha que é uma humana "comum".

Eron voltou a atenção para onde, ela estava antes.

— Jhapei...

O.o.O.o.O

Sttup inspecionava pessoalmente as tropas que fariam a barreira de defesa. Também determinou que outras tropas posicionassem próximos aos grandes planetas. O plano de evacuação da chamada zona de combate seguia a todo vapor, contudo levaria horas até todos serem levados para os quatro planetas. Com dados mais completos, ainda estavam naquela zona cerca de oito milhões de pessoas. Ouviu sobre as naves, mas tinha dúvidas se elas conseguiriam.

E com a expectativa que GS estava preparada para deter S1, o dia findou-se...

xxxxx

 

... Já estava amanhecendo, quando um hadren abriu numa zona deserta, ao sul da galáxia. Com a tecnologia superior que ela tinha, a grande nave de S1 passou despercebida das frotas que patrulhavam aquela região. A barreira criada por Eron estava quase pronta, mas justamente naquele ponto ainda não estava concluída. Naves menores tomaram os rumos pré determinados e NAU Hay 1 seguia para seu destino. Levaria mais algumas horas, pois preferiram usar baixa velocidade para não serem detectados.

Planeta Taika, sudeste de GS...

 

A paisagem do planeta era desértica e continha uma única cidade, que era usada como interposto militar.

Dezenas de naves, chegavam a todo momento, trazendo os habitantes dos planetas próximos. Ao comando da diretora Urara, todos eram levados para o local onde seriam transportados. Shaka seguia fielmente atrás da diretora. Não usava sua armadura, mas a trazia nas costas.

— As ultimas naves estão a caminho diretora. - disse Riad, auxiliar de Urara. - em menos de uma hora todos estarão aqui.

— Ótimo. Espero que o príncipe tenha uma boa solução para isso. - fitou a multidão.

— Ele tem. - disse Shaka. - ele se comprometeu a salva-los. Irá cumprir.

— Eu acredito nisso, mas temos aqui dois milhões de pessoas. Nossas naves...

— Preocupe-se em apenas deixar todos prontos quando o momento chegar. - o indiano tocou o ombro dela. - o resto Giovanni resolve.

— Está bem. - sorriu.

— Diretora! - um policial apareceu correndo. - recebemos um comunicado. A nave que irá resgatar chega em dez minutos. Foi solicitado que reúna todos imediatamente.

— Prepare as pistas de pouso. Não sabemos quantas naves serão. - disse Urara.

— É apenas uma senhora.

Riad, Shaka e Urara o fitaram.

— Como uma?

— Não sei explicar, mas os nossos radares detectaram apenas uma.

Urara ficou sem entender, quando notou o olhar de Riad para o céu. Shaka foi o segundo a olhar, arregalando-os. A diretora ergueu o rosto ficando pasma.

Parecia uma estrela de seis pontas achatada, mas erguendo-se a milhares de metros no comprimento, altura e largura. Se não fosse pelo contorno, ela passaria completamente despercebida, pois estava camuflada no azul do céu. Quando chegou ao alvo, a proteção dela sumiu, revelando a cor cinza.

— Que nave é essa...?

— Temos uma comunicação. - disse Riad. Ele abriu o canal.

— Bom dia diretora Trieste.

— Presidente? - indagou surpresa.

— Desculpe o não aviso, mas era necessário. Estou a bordo da Genesis. Tudo está pronto para a evacuação?

— Sim senhor, mas... essa nave...

— Nossa nova arma contra S1. Foi mantida em sigilo por segurança. Darei detalhes mais tarde. Siga as instruções.

— Sim senhor.

A comunicação cessou.

— Não sabíamos que tínhamos uma nave desse porte. - comentou Riad.

— Não sabia que naves assim poderiam ser construídas. - disse Shaka.

Urara não comentou. Agora sabia da certeza do príncipe em salvar todos.

Como o ordenado, as pessoas foram levadas para uma grande área. A Genesis posicionou-se sobre elas, deixando todos espantados. Policiais estavam ao redor para uma possível defesa. Urara e Shaka estavam numa plataforma mais afastada.

— Como eles serão levados? - indagou Riad. - a nave não vai pousar?

Era a pergunta que todos faziam ali. De repente um grupo de pessoas começou a ser envolvido por uma luz azulada em espiral. Um segundo depois tinham desaparecido.

As pessoas começaram a gritar assustadas. Urara e Shaka trocaram olhares.

— Teletransporte? - Riad arqueou a sobrancelha.

A medida que os segundos passavam, grupos de dez mil "desapareciam" diante dos demais e cerca de três segundos depois, a população civil tinha sumido. Sttup abriu novamente um canal.

Estão todos a bordo da Genesis.

— Senhor... - Urara não era de se impressionar, todavia... - o que foi isso?

A tecnologia de Eniac e Orion a serviço da galáxia. Eles conseguiram transformar os poderes dos atlantiks em um equipamento. Seguiremos para Maris, enquanto isso terá tempo para organizar o planeta Sendai.

— Sim senhor.

A Genesis partiu. Os policias que restaram foram para suas naves cumprir a nova evacuação.

— Eu não sabia que homens poderiam construir coisas assim. - disse Shaka impressionado.

— Eu não sabia que homens poderiam usar a força dos elementares e voltarem a vida por duas vezes. - ela o fitou sorrindo. - podemos esperar qualquer coisa da vida.

— Tem razão. - sorriu.

— Vamos, ainda temos muito trabalho.

O.o.O.o.O

Depois da entrada misteriosa de Jhapei, Mask foi para a sala de reunião. As primeiras informações sobre a barreira haviam chegado. Na sala estavam os príncipes, a rainha, Afrodite, Saga, Mu, Marius, Evans, Beatrice e Kamus.

— Estamos nos dirigindo para Maris, alteza.— disse o presidente da policia, através de uma transmissão.

— Ótimo.

Já estamos preparando Sendai.

— Senhor Sttup, eu estava pensando, se puder desloque nossas naves cargueiro para Madras. Vamos tentar agilizar o processo de retirada. - disse Mask. - até a Genesis realizar as viagens levará certo tempo.

Sim senhor. Vamos providenciar. - o contato cessou.

 Mu, Beatrice, Evans e Iskendar não estavam entendo nada, pois não sabiam sobre a tal Genesis.

— Alteza... - iniciou o capitão da Euroxx. - que nave é a Genesis? - Iskendar fazia-se a mesma pergunta.

— Era algo que eu mantinha em silencio por segurança, hoje vejo que fiz muito bem. Foram construídas duas grandes naves. Uma para uso civil e a outra militar. A civil chama-se Genesis e tem a capacidade de transportar dois milhões de pessoas mais os dez mil tripulantes. - disse Marius.

— Como? - indagou o policial.

— Era sonho do nosso pai, aumentar o poderio de GS. Conseguimos esse feito. Evans pode me levar até Ikari? Quero que o senhor e meu irmão vejam com os próprios olhos.

— Tem uma nave em Ikari? - perguntou Beatrice surpresa.

— Temos. - Mask sorriu. - nós também temos cartas na manga.

Para Ikari seguiriam Eron, Evans, Iskendar e Saga. Giovanni pediu a Mu que fosse até o hospital ver como Aioria estava. Os demais ficariam no palácio.

O.o.O.o.O

Serioja estava recluso em seu quarto. Desde o dia anterior pensava e repensava no seu plano. Iesa estava a frente, tomando todas as providencias para seu senhor. Niahm já não era mais interessante.

O chanceler de Yumeria olhava o mapa da região onde seu planeta ficava. Ali poderia ser um bom esconderijo, até que o plano fosse totalmente concluído.

— Senhor. - Iesa entrou. - estamos com quase tudo pronto.

— O que resta?

— Abrir um canal com S1. Desviei um pouco a missão do atlantik para agilizar o processo.

— Isso será o menor dos detalhes. E o nosso alvo? Conseguiu descobrir sobre ele?

— Sim. Vai achar interessante.

Iesa colocou um dispositivo no computador. A medida que lia as informações o sorriso de Serioja aumentava.

— Ah Soren... como pôde ser tão imprudente? Isso vai custar a vida do seu adorado filho. - gargalhou.

 


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