Tempestta escrita por Krika Haruno


Capítulo 13
Traição


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora em postar.



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Beatrice acordou sentindo-se muito melhor fisicamente, mas péssima emocionalmente. Era evidente que Kamus havia perdido o interesse nela.

— "Como todos os homens!" - deu um murro na cama. - "ele só me usou." - os olhos marejaram.

— Que bom que acordou. - Lirya acabava de entrar. - estava tão preocupada.

— Majestade. - ela tentou levantar, enxugando rapidamente o rosto.

— Não precisa disso Bia. - sorriu. - como se sente?

— Bem. Felizmente foi só um susto.

— Serei eternamente grata  a Kamus por tê-la salvo. - puxou uma cadeira sentando de frente para ela. - sem ajuda dele, nem sei o que seria.

— Também sou grata a ele.

Lirya notou o tom de voz.

— Marius quase morreu ao saber do seu acidente. Ele só se acalmou quando te viu.

— O senhor Marius sempre cuidou de mim. - sorriu. - tudo que sou devo a ele.

— Eu sei. - deu uma pausa. - o que está acontecendo Beatrice?

— Não entendi majestade.

— Quando entrei estava com os olhos marejados. Está sentindo alguma coisa?

— Estou bem. Eu não tenho nada.

Lirya sorriu. Já vivera o bastante para ver nas entre linhas. Marius tinha comentado que a auxiliar voltara para casa dias atrás mais cedo, pois faria um jantar. No outro dia um dos amigos de Eron chegara de manhã. A forma que Kamus ficou quando soube do acidente e o jeito deles no hospital, só poderia dizer uma coisa.

— Está gostando do amigo do meu filho?

A pergunta pegou a garota de surpresa, que ruborizou na hora.

— Não é na-da disso majestade. Somos apenas amigos como sou do príncipe.

— Beatrice. - a fitou seriamente.

— Saímos apenas uma vez, nada mais. Eu não tenho interesse em relacionamentos, assim como ele.

— Tem certeza que é só isso? - sentia que havia mais alguma coisa.

— Tenho. - respondeu mas sem olhá-la.

Lirya levantou, sentando ao lado dela.

— Ontem a noite ele veio te ver?

— Não. - a voz num misto de raiva e tristeza.

A rainha deduziu, o que infelizmente as vezes ocorria. Ele queria apenas um envolvimento intimo e como já teve... Beatrice que sempre foi fechada para esses assuntos deixou-se levar.

— Não se preocupe com isso. - a abraçou de forma carinhosa. - tudo passa. Foque na sua profissão.

— É o que eu deveria ter feito.

— Faça de agora em diante. - a fitou. - Marius fica completamente perdido sem você por perto.

— O senhor Marius não precisa de mim.

— Precisa. Sem você não acha nem o próprio escritório.

As duas riram.

— Descanse o tempo que achar que precise. - levantou. - e quanto a ele, esqueça.

— Farei isso. - sorriu. - obrigada majestade.

O.o.O.o.O

Kamus estava no quarto. Havia pedido o café ali mesmo, para não ocorrer o risco de encontrar Beatrice. O melhor a se fazer era se afastar dela. Um envolvimento mais profundo poderia terminar mal.

— Com o dia lindo desse jeito e está trancado aqui dentro? - Dite chegou na porta da varanda.

— Quero paz. O que quer?

— Miro andou reclamando que você está exalando frieza. Aconteceu alguma coisa? - Debruçou no beiral da varanda. - que bela vista.

— Miro sempre exagera. Não lhe dê ouvidos.

— Se diz. - virou o corpo. - pensei que estaria com sua namorada.

Kamus o fitou na hora.

— O escorpião não mede as palavras.

— Vou colocá-lo num esquife! - exclamou irritado.

— Me diga Kamus, o que está afligindo esse seu coraçãozinho? - fez biquinho.

— Nada que seja da sua conta.

— Exalando frieza e grosseria. Confie em mim. Eu entendo a alma feminina. Ah já sei, ela não quer nada com você e te deu um pé na bunda! Se for como a Célica se ferrou mesmo. Ela está fazendo o touro de gato e sapato.

— Eu que não quero nada com ela. - disse.

Afrodite o fitou seriamente.

— Se essa fala tivesse vindo do Miro, Shura ou Kanon eu até acreditaria, mas de você? Qual o problema Kamus?

O aquariano soltou um suspiro irritado. Dite não o deixaria em paz.

— Em um mês vamos embora e aí...

— Ah... - murmurou. - agora entendi. - sentou perto dele. - e conversaram sobre isso?

— Não precisa ser conversado. É evidente.

Foi a vez de Dite soltar um suspiro, mas não de irritado e sim de impaciência.

— Não sei se isso é excesso de lógica ou de burrice mesmo.

— Como é? - arqueou a sobrancelha.

— Então vai simplesmente se afastar dela, sem maiores explicações. 

— Não há nada a ser explicado, quando a situação é clara. Não quero falar sobre isso.

O pisciano balançou a cabeça negativamente. Já que ele não queria ouvir, deixaria se ferrar.

— Só vou dizer uma coisa Kamus. A Beatrice deve está achando que você é um Miro e vai se ferrar por isso. - foi embora.

Kamus franziu o cenho, o que ele queria dizer com aquilo?

O.o.O.o.O

Niive preparava suas coisas para partir. Com ataques acontecendo em sua área, como diretora teria que permanecer em Clamp.

Ajeitava os cabelos em frente a um espelho. Estavam grande demais e os cortaria assim que tivesse prazo.

— Prazo é o que terei de sobra já que o presidente.... - lembrou da reunião e depois do comunicado na Euroxx. Estava praticamente nos braços de Kanon quando o recebeu. Sentiu um arrepio ao se lembrar da forma como ele a envolvia e do beijo...  - mas que droga.

Fez um rabo de cavalo e saiu. Deixaria os agradecimentos com a rainha e partiria imediatamente, pois não queria vê-lo.

Sua intenção foi frustrada ao vê-lo no corredor, vindo em sua direção.

— "Como eu queria ser uma atlantik agora."

Kanon ficou surpreso ao vê-la, mas não esboçou reação. Daria apenas um bom dia e passaria direto.

— Bom dia. - disse de maneira cortes, mas sem sorrir.

— Bom dia. - respondeu com ponderação.

Ficou pasma quando ele seguiu seu caminho sem dizer mais nada.

— "Qual o problema dele?" Kanon.

Ele parou mas não se virou. Aquilo fez o sangue dela ferver.

— Não escutou eu te chamando?

— Escutei. - virou-se, mas sem expressão alguma. - quer alguma coisa?

Ela arqueou a sobrancelha.

— O que está acontecendo? Desde ontem está sendo educado, não está nem me importunando.

— Percebi que estava sendo inconveniente. Eu preciso ir.

Mal deu as costas, Niive parou frente a frente.

— Ainda bem que percebeu. Sua presença as vezes é irritante. - aproximou bem do rosto dele.

— Eu sei. - respondeu seco.

Os dois se encaravam. Kanon lutava ferozmente contra a vontade de beijá-la. Ontem, na nave, quase disse a ela algumas coisas, o que poderia ter um efeito catastrófico. Tinha decidido manter-se longe e era o que faria.

O olhar de Niive desviou por segundos para boca dele, queria prová-la novamente... A diretora o beijou. Kanon arregalou os olhos, mas deixou-se levar. O contato aprofundou de ambas as partes.

— Ka-non... - gaguejou.

O marina a pegou, abrindo a primeira porta que viu. Era uma mini biblioteca. O grego a prensou contra a porta e iniciou um tórrido beijo. Ela aprofundou, passando a mão pela nuca dele. Os corpos colaram ainda mais.

— Niive... - murmurou ao pé do ouvido, envolvendo as mãos nas madeixas negras.

— Não diga nada...

Ela voltou a beijá-lo, mas dessa vez foi mais suave... terno...subitamente eles pararam.

— O que pensa que está fazendo?! - ela o empurrou. Estava assustada pelos atos.

— Você me beijou.

— Se aproveitou de mim! - exclamou. - na minha casa, na nave e agora aqui.

— Não fiz nada do que não quisesse.

Os olhos dela marejaram. Aquilo não poderia ter acontecido.

— Niive. - deu um passo. Ficou temeroso pelos olhos marejados.

— Não se aproxime de mim. Nunca mais chegue perto de mim!

Saiu, batendo a porta. Kanon soltou um suspiro desanimado. Agora sim, tudo estava acabado.

A diretora nem procurou a rainha. Pegou sua nave e partiu imediatamente para seu planeta.

O.o.O.o.O

Shion estava numa biblioteca lendo um dos livros que Alisha havia emprestado. Tentava se concentrar na leitura, mas estava difícil. Desde o beijo, não a vira mais.

— Ela está me evitando...

Dohko que descobriu a localização do amigo foi atrás dele. Bateu na porta antes de entrar.

— Velhos hábitos nunca mudam. - sentou num sofá, perto dele.

— Esse livro fala sobre os atlantiks que foram para a Terra.

— Noticias da sua princesa? - escondeu o sorriso.

— Ocupada com seus deveres. - respondeu sem fita-lo. - quer alguma coisa?

— Não. Só estou preocupado pelo que possa acontecer.

— O senhor Marius e a policia farão de tudo para evitar uma guerra.

— Mas apenas um lado não basta. Se chegar a Alaron o que vai fazer?

Shion o fitou.

— Eles têm defesas.

— Mesmo assim. Fará alguma coisa por Alisha?

— Eu não tenho muito a oferecer Dohko. - o fitou. - mas se eu puder ser util.

— Diga-me Shion. - fixou o olhar nele. - como foi a sensação de ver uma lemuriana? A ultima que viu foi a Yuzi.

— Foi normal. Por que? - não entendeu a pergunta.

— Por nada. A Alisha é bem bonita.

— Princesa Alisha. Ao respeito.

— Tudo bem. - sorriu. - Princesa Alisha. Ela tem namorado?

— Sua vida intima não me diz respeito. - o fitou ferino.

— Deveria. É uma forma de povoar a Terra novamente. - deu um sorriso sacana.

— Sai daqui Dohko. Vá procurar ser util.

— Mas eu estou. - levantou. - abrindo os olhos de um velho amigo. - frisou o velho. - quem sabe não nasce um pequeno lemuriano?

— Dohko... - a voz saiu fria.

— Brincadeira. - levantou os braços em sinal de rendição. - só quero que aproveite a chance. Com ela ou qualquer outra atlantik. As vezes arruma uma namorada.

— Vá embora.

— Estou indo. - abriu a porta. - Você e ela fazem um belo par. Ainda mais que se beijaram.

Dohko saiu antes que Shion o matasse.

— Aposto que foi Giovanni! Só não castigo porque é o príncipe!

O.o.O.o.O

Aproveitando os minutos de folga, Deba e Célica estavam no quarto da moça.

— Eu queria passar mais tempo com você.

— Mas não posso. - Célica acariciava o peitoral do cavaleiro. - tenho muitas obrigações.

— Eu sei. Mas queria repetir o nosso passeio. - a fitou. - Quando estava voltando de Maris, vi uma vila perto daqui. A achei bem simpática.

— Qual o nome?

— Eu ouvi o piloto dizer Annie.

— Ah sim. - levantou do colo dele. - é uma vilazinha. Já fui lá uma vez.

— Queria muito ir com você.

— A rainha não terá compromissos hoje... - murmurou pensativa. - verei com Hely, se ela puder me cobrir.

— Seria ótimo. - Deba já pensava na programação.

— Vou conversar com ela agora. Depois te aviso.

— Então vá logo. - Deba a beijou.

Hely terminava suas obrigações da manhã, devido o incidente ocorrido com Beatrice, Lirya tinha cancelado todos os compromissos, o que deixava o dia um pouco mais tranqüilo. A Eiji seguia para seu quarto quando parou subitamente. Deveria está acostumada quando aquilo acontecia, mas sempre ficava apreensiva, no surgimento de imagens na sua mente.

... O barulho foi bem próximo a ela e nem teve tempo de reagir, ao virar-se para entender o que tinha acontecido só viu uma pessoa de cabelos negros envolta em sangue...

— O que.... - teve que apoiar na parede, para não ir ao chão. - que visão foi essa? - sentiu o coração apertado.

As visões que cometiam os de sua raça sempre aconteciam e aquele era o seu temor. Alguém seria morto, mas quem?

— Hely!!!!

A loira levantou o rosto, ao escutar seu nome.

— Tem dez minutos que estou te gritando. - disse Célica.

— Desculpe...

— Você sempre foi pálida, mas está me assustando. O que aconteceu? Está sentindo alguma coisa?

Cely tocou-lhe no ombro.

— Não. - mentiu. - só um pouco indisposta. Deitei muito tarde ontem.

A Kalahasti a fitou. Conhecia Hely a bastante tempo para saber que a amiga não estava bem. E aquilo tinha um motivo.

— Qual foi a visão?

— Não tive visão. - não queria compartilhar. - É só indisposição.

— Não quer descansar? Eu te cubro.

— Não. Já estou melhor.

— Até te procurei para te pedir um favor, mas acho que deve descansar Hely. Você trabalha demais.

— Qual favor? - queria desviar o assunto.

— Aldebaran me convidou para passear em Annie, a tarde.

— Pode ir. Apesar de achar que essa história está indo longe demais. Você está apaixonada por ele.

— Não estou. - disse convicta. - Já te falei sobre meus sentimentos. Não há nada profundo entre nós. Alias nem há sentimentos.

— Espero sinceramente que sim. - a voz saiu séria. - pode sair com ele. Te dou cobertura.

— Obrigada!

Cely deu um abraço nela. Hely estremeceu com o contato.

O.o.O.o.O

Serioja acompanhava as noticias sobre os atentados por toda a galáxia. Estava feliz por tudo, só achando uma pena não saber quem estava por trás disso. Talvez seria um bom cúmplice.

— Cada um usa as armas que tem.

Passou uma comunicação diretamente para Giovanni. Queria encontrá-lo o mais rápido possível.

O italiano respondeu imediatamente, marcando num lugar longe do palácio. Avisou Marius, sobre o encontro e pediu que deixasse policiais apostos caso acontecesse algo, já que Serioja havia lhe dito que tinha um nome.

O.o.O.o.O

Beatrice terminava de se arrumar. Tinha sido convocada por Rihen para prestar depoimento sobre o acidente. Por segurança Marius tinha lhe dado um mês de férias, para não correr risco dela se envolver em mais alguma coisa. Se fosse tempos atrás recusaria, mas depois da decepção com Kamus talvez fosse o melhor. Iria para o interior de Ranpur e só voltaria a capital quando ele tivesse ido embora.

O francês, que ficou o tempo todo trancado no quarto, recebeu de Miro a noticia que Beatrice estava de partida. Não queria ir despedir dela, mas a vontade de vê-la foi maior.

Encontrou-a no quarto mesmo.

— Beatrice.

Ela que estava de costas, arregalou os olhos ao ouvir o nome. Respirou fundo antes de se virar.

— Kamus.

— Soube que irá depor.

— O presidente que respostas. - a voz saiu fria e ele percebeu.

— Entendo. Giovanni prometeu punição severa para os responsáveis.

Ela não respondeu.

— Estarei a disposição se precisar de mim. - ele queria muito tocá-la, mas achou melhor deixar as coisas em seus devidos lugares. Iria embora em pouco tempo e não queria magoá-la.

— Agradeço. - a voz saiu seca. Ouvir aquilo e da forma como foi dita só fez o pensamento reforçar que Kamus queria apenas uma noite.

Olhavam-se, mas em cada coração um pensamento diferente. Lirya que tinha chegado, não se pronunciou, passando a acompanhar o dialogo.

— Eu preciso ir.

— Te acompanho.

— Não há necessidade. - cortou-o.

O cavaleiro sentiu o peso da frase. Não há culpava. Ela também já percebera que era melhor cortar laços.

— Melhoras. - disse polido.

— Obrigado.

Kamus deu a volta, ficando surpreso ao ver a rainha. Ele apenas meneou a cabeça e saiu.

— Majestade. - Bia também ficou surpresa ao vê-la.

— A nave que vai te levar chegou.

Bia pegou suas coisas. Lirya não teceu comentário sobre eles. Era visível que havia criado um clima ruim entre os dois.

O.o.O.o.O

As noticias sobre os acontecimentos haviam chegado a Haykan. O líder de S1 sorria satisfeito. Ainda mais que o presidente da policia havia tomado para si a responsabilidade de investigar os crimes.

— Como o governo de Ranpur é patético.

— Senhor. - um rapaz entrou. - está tudo preparado.

— Dê continuidade.

O rapaz reverenciou e saiu para cumprir as ordens.

— Muito em breve, Ranpur será abalado.

Em Sidon, assim que soube dos atentados, Dara tentou uma comunicação com Iskendar, todavia não conseguiu.

O rapaz, estava trancado em seu quarto, recebendo todas as noticias. Aqueles atentados não eram fatos comuns.

— Dara deve saber sobre isso. - disse a si mesmo. Pegou seu comunicador.

— Dara.

— Sou eu.

— Finalmente entrou em contato! Soube que a nave da auxiliar de Marius foi abatida.

— Foi e outras dezenas. Os hadrens estão em alerta máximo.

— Descobriram os responsáveis?

— Eu pensei que você me diria.

Não faço ideia. - mentiu. Sabia sim, quem estava por trás. — Serioja?

— Ele pode ser um suspeito. - começou a andar pelo apartamento. - o próprio presidente da policia irá investigar.

— Ele?— Dara não gostou da indicação. - isso não vai prestar...

— O marechal está todo empenhado em descobrir. Logo teremos noticias.

— Pretende ficar até quando?

— Por mais dois dias, preciso me manter informado. Isso foi um ataque de piratas?

Pelo menos não partiu daqui de Sidon, mas é uma possibilidade. 

— Vou investigar.

Iskendar... tome cuidado. Não entre em briga de peixe grande.

— Mas eu sou um peixe grande. - disse sorrindo. - ou não sou?

Só estou pedindo para tomar cuidado e mantenha-me informado.

— Tudo bem. E as visões?

Não tive mais, mas isso não garante que ela não vá acontecer. Por isso peço-te cuidado.

— Terei. Entro em contato assim que puder.

Ele desligou. Cada dia mais, desconfiava que Dara sabia demais, mas o conhecia muito bem para saber que ele não diria nada. Só lhe restava esperar. Pegou alguns objetos e saiu. Queria estar por perto na hora da conversa de Serioja e Eron.

O.o.O.o.O

No palácio, com exceção de Shion, Mu, Shaka e Aldebaran, os demais cavaleiros seguiram para Maris. Eles fariam um teste, na pilotagem e no caso de Miro no uso do Lego.

— Boa sorte. – o escorpião seguiu para a sua sala.

— Estou nervoso. – disse Dohko.

— Não sei porque. – Dite o fitou. – está indo bem. Eu que sou uma negação.

— Não precisam encarar como se fossem um teste para receber as armaduras. –brincou Kanon. – não vamos precisar disso na Terra.

O sinal de aviso interrompeu a conversa. A primeira parte seria em duplas e a segunda individual. O diretor providenciou para que os dourados ficassem com outros alunos. O primeiro a fazer foi Aioria, em seguida Kanon, depois Shura, Dohko, Saga, Kamus e por ultimo Afrodite.

Nas preliminares de duplas Shura e Dohko tiraram a nota máxima e Dite ficou por ultimo entre eles.

— É um absurdo! O grande Afrodite de Peixes ficar atrás de vocês. – apontou para Shura e Kanon.

— É questão de aptidão. – o espanhol deu um grande sorriso. – não tenho culpa de ser o melhor.

— Eu pensei que fosse ruim. – disse Dohko.

— Nem reclama! – ralhou o pisciano.

Na outra sala, Miro passaria por três exercícios. Dois de combate divididos entre individual e coletivo e um de resgate. O primeiro coletivo, saiu-se muito bem.

Mask por sua vez seguiu para o encontro com Serioja. Irian, que tinha entrado em contato com Marius, já passara todas as coordenadas para a falsa prisão. Tudo seguia conforme o plano.

Numa casa no subúrbio de Shermie, Serioja aguardava a chegada de Eron. Aquele evento seria a comprovação das verdadeiras intenções do príncipe.

— Senhor Serioja.

— Alteza. - fez uma mesura.

— Não esperava um contato tão rápido.

— O senhor me delegou uma tarefa.

Giovanni acomodou-se.

— Eu não sei como era sua vida em VL, mas aqui, principalmente os políticos precisam estar sempre informados. Ser membro do conselheiro exige-se muito.

— Posso imaginar. - a expressão de Giovanni era de total despreocupação. - não cheguei a me envolver em questões políticas na Terra.

— Imaginei. - deu um sorriso amável. - veja isso. - Serioja lhe entregou um dispositivo. - antes de procurá-lo me precavi levantando todos os dados de uma pessoa.

A medida que Giovanni lia a surpresa aumentava. Serioja pensou que ele estava daquele jeito por está pasmo com a traição, mas na verdade o italiano estava surpreso pela eficiência de Marius. Em poucos dias conseguiu criar inúmeras provas falsas contra Irian.

— Isso tudo é verdade? - fitou o conselheiro.

— Infelizmente sim alteza. - fingiu pesar. - tive o cuidado de me certificar, mas ele realmente está envolvido.

— Onde posso encontrá-lo?

— Ele estará nesse endereço. - passou as coordenadas. - encontrará outros opositores. - Serioja tinha armado bem. Deu falsas informações a Irian, de forma que ele se comprometeria sozinho.

Mask ficou em silencio, como se estivesse pensando em algo. Ele pegou seu comunicador.

Marius.

— Marius, prepare uma unidade da policia. Te passarei os dados. Quero que me encontre nesse lugar.

Aconteceu alguma coisa alteza?

— Temos um traidor.

O que??— berrou.

— "Por essa não esperava Marius." - pensou Serioja contendo o sorriso.

— Isso Marius. Precisamos agir rápido.

Como soube disso?

— Um amigo. - Giovanni fitou o conselheiro, com um sorriso. - depois conversaremos. Providencie tudo.

— Sim.

Giovanni desligou.

— Parece que o senhor Marius ficou bem surpreso.

— Ou irritado. - disse o canceriano. - poucos dias que estou aqui e já consegui um traidor e ele que está há anos... - deu um sorriso irônico.

— Não o culpe. As vezes o poder sobe a cabeça.

— Eu sei. Marius tem seus defeitos, mas é util. - levantou. - pode vir comigo? Eu não conheço esse homem.

— Se ele me vê poderá me acusar. - realmente Serioja não queria arriscar.

— Te acusar de que? Com essas provas, - mostrou o dispositivo. - ele não terá argumentos. E não existe nada contra você.

Ele ponderou, talvez fosse melhor seguir com o príncipe. Se tentasse se esquivar poderia atrair desconfiança e também não perderia por nada a cara de Marius quando ele o visse.

— Irei com vossa alteza.

Ao final da ligação de Giovanni, Marius já tinha tudo acertado. Era uma operação que não poderia ter o mínimo de erro. Para dar mais veracidade, logo após a reunião entre ele, Eron e Irian, o chanceler havia providenciado provas falsas, ligando Irian a traição. Em segundo, não alertou o presidente de policia para que fosse pego de surpresa, para mostrar a Serioja que Eron havia agido sozinho.

O.o.O.o.O

O cenário para o combate individual estava preparado. A missão de Miro, era chegar em uma nave, passando por vários inimigos. Dando inicio, o escorpião começou a fazer tudo que Etah havia lhe ensinado e estava indo bem, mas numa determinada hora deu de cara com cinco Legos inimigos.

— “Droga.” – pensou.

Ele olhou no painel vendo que estava com pouca munição, insuficiente para causar grandes danos. Não conseguiria eliminar todos, já que o laser acabaria antes. Etah, que era um dos examinadores, ficou curioso para saber o que ele faria, pois a munição foi retirada de propósito. Os alunos tinham que aprender a si virar em momentos de crise.

—“O que eu faço?” – olhou adiante, sua “nave” estava perto. Olhou para o grupo, vendo que tinha um que era o líder. – “Minha munição é dele.”

Avançou. Agiria como um cavaleiro. Primeiro investiu contra o primeiro, tinha aprendido nas aulas teóricas que o motor dos Legos ficava nas costas. Agindo com destreza, puxou o cabo que ligava o motor. O primeiro Lego saiu voando sem rumo.

Etah franziu o cenho.

Miro avançou no segundo e no terceiro, deu socos, chutes e defendeu-se dos tiros. Etah ficou impressionado. O grego tinha ganhado agilidade. No quarto, Miro deu uma rasteira e usando sua força tomou a arma do inimigo. Rapidamente, com as duas armas, começou a atirar, mas não na intenção de matar. Instintivamente fez quatorze orifícios. Abandonando as armas foi para a nave. O exercício estava concluído.

— Estou impressionado.- Etah foi cumprimentá-lo. – saiu-se muito bem.

— Sério?

— Se não quiser voltar para VL tem emprego na minha frota.

— Obrigado.

— Saia-se bem no ultimo.

Enquanto isso na sala ao lado...

Afrodite, o ultimo a fazer o teste, estava tendo dificuldade em controlar a nave.

— Que merda. – murmurou. – foi muito mais fácil enganar o Loki do que isso.

Mal acabou de dizer, sua nave foi acertada.

— Não vou morrer aqui não.

Segurou firme o controle e mesmo com a nave avariada conseguiu chegar ao objetivo.

— Você é ruim mesmo. – Kanon não perderia a chance de alfinetar. – só não morreu por pouco.

— Ainda bem que é um cavaleiro e não um piloto.- disse Aioria. – pois se fosse Atena já estaria morta.

— O rabo de vocês!

— Gustavv... – murmurou Saga. – por favor.

— Não sou pago para pilotar. – ralhou. – e se comentarem alguma coisa com o Mask eu mato vocês envenenados!

Os testes terminaram. Miro, Shura e Dohko tiraram as maiores notas enquanto Dite a pior.

O.o.O.o.O

Sentado num dos jardins, Mu treinava. Com os minerais que havia ganhado da princesa, praticava a fabricação de Oricalco. Usando apenas a força física ainda tinha um pouco de dificuldade, mas usando o cosmo, o processo era rápido.

— Impressionante. - Shaka assistia.

— Com isso o conserto de armaduras será muito mais rápido e preciso. Poderemos deixar o uso de sangue somente em casos graves.

— Essa nossa vinda nos trouxe grandes surpresas. - o indiano olhou para Shion, ele estava calado e com o olhar vago. - aconteceu alguma coisa? - olhou para Mu apontando para o grande mestre.

— Está assim por causa da princesa. - o ariano disse baixo. - Dohko diz que ele está apaixonado.

— Então é verdade? - Shaka ficou surpreso. - pensei que fosse invenção do Miro.

— Não é. Mas não sei se a princesa ficou ofendida. Ela não voltou aqui depois do ocorrido.

— O que os dois tanto cochicham? - Shion os fitou.

— Nada mestre. - Mu respondeu de prontidão. - Apenas contava a Shaka sobre o oricalco.

O grande mestre fingiu que acreditou.

— É melhor mudarmos de assunto. - o ariano voltou aos afazeres.

— Eu também passo pelo mesmo problema.

Mu o fitou.

— Como assim?

Shaka contou sobre Urara. O ariano ouvia impressionado.

— Mas e aí?

— Eu não sei. - a voz saiu sincera. - eu não entendo dessas coisas Mu.

— Também não sou o mais indicado para aconselhar. Mas gosta dela?

— Acho que sim... - murmurou.

— É... nossa vinda trouxe surpresas.

— Concordo. - respondeu com a expressão preocupada. Não era apenas o caso Urara que tomava seus pensamentos, tinha também os sonhos.

— Algo mais te preocupa Shaka? - Mu conhecia o amigo suficientemente bem para saber que havia algo a mais incomodando-o.

— Meu cosmo é ligado a raça Eiji e com isso consigo ter visões do futuro. - como o tom de voz empregado foi normal, Shion passou a escutar. - Eu tive uma visão quando conheci a Urara, do Mask indo a Ikari e agora venho tendo outras.

— Que visões?

— Vejo sangue no chão do palácio.

— De quem? - perguntou Mu surpreso. Shion também.

— Não sei. Não vejo rostos e nem escuto vozes. O senhor Noah, me disse que as vezes as previsões são apenas lances.

— Tem certeza que é aqui? - indagou Shion.

— Sim mestre. - resolveu compartilhar. - mas não sei precisamente onde ou quando.

— Disse isso a alguém?

— Não. Não queria alarmes por uma coisa que talvez não fosse correta.

— Fez bem. Pelo menos por enquanto, deixe isso entre nós. Se tiver outra visão, me avise.

— Sim senhor.

— O que acha que pode ser mestre?

— É o prenuncio de alguma coisa, mas não consigo imaginar o que será. De qualquer forma, vamos ficar em alerta.

Concordaram.

O.o.O.o.O

Irian seguia para o local combinado. Estava ansioso e temeroso pelo que poderia acontecer. Tinha a palavra de honra do príncipe e de Marius que tudo terminaria bem e mesmo assim não conseguia ficar calmo. Era uma aposta muito alta. Repassou na mente o plano de Eron e tudo que deveria fazer. Consultou o relógio, faltava pouco para o derradeiro momento.

Marius já estava com tudo armado. Viu quando Irian chegou ao local combinado.

— Faça como te falei Ren.

— Sim pai.

No horário combinado, enquanto Irian aguardava o suposto contato, Ren e mais policiais chegaram e lhe deram ordem de prisão. Agindo como um bom ator, Irian negou as acusações, mas foi preso.

Marius providenciou que a noticia da prisão de um conspirador espalhasse rapidamente, chegando até a sede.

— Como é que é? - Rihen levantou da cadeira.

— Isso mesmo senhor. - disse uma policial - Irian Basty foi preso com a acusação de alta traição.

Athos que estava na sala, deixou o queixo cair.

— Mas ele era um apoiador incondicional! - exclamou.

— O senhor Marius e o príncipe já foram avisados.

— De certo o trarão para cá... - Rihen voltou a sentar. - mantenha-me informado.

— Sim senhor.

Ela saiu.

— Irian Basty acusado de traição, jamais imaginaria isso. - murmurou Athos. - E eu pensei que o Serioja...

— Isso é muito grave Athos. Não podemos confiar em ninguém.

— Vai alterar nossos planos?

— De forma alguma. - disse resoluto.- podemos até tirar proveito disso.

— Como?

— Vamos acusar o Irian de está por trás do acontecimento de amanhã. Com sua prisão e o fato que irá ocorrer certamente ele estará na mira.

O.o.O.o.O

Acobertada por Hely, Célica e Aldebaran partiram para Annie, uma pequena vila a menos de vinte quilômetros ao norte de Shermie. Para conhecer o local, Célica sobrevoou a vila e os arredores. Depois parou na pista principal de pouso e foram para o centro da vila, que lembrava muito uma vila terrestre.

— Me sinto na Terra. - disse Deba, carregando várias sacolas.

— Essa vila é histórica. Data de mais de mil anos. Quer ir a algum lugar especifico?

— Sim, nas montanhas que passamos.

— Podemos pegar a nave.

— Não podemos ir a pé? Está um tempo tão agradável.

Célica deu nos ombros. Tomando um beco, saíram da cidade, ganhando uma trilha. Andaram por meia hora, até que Deba pediu que Célica o esperasse ali. A garota não entendeu, mas acatou.

Usando a velocidade da luz, Deba foi até um local que tinha ruínas nas margens de um rio.

Rapidamente preparou tudo e dez minutos depois voltou.

— O que está aprontando?

— Surpresa. Feche os olhos.

— Aldebaran...

— Confie em mim, você vai gostar.

Ela concordou. Deba a pegou no colo e usando sua habilidade, chegaram ao local.

— Pode abrir.

A dama real, arregalou os olhos quando viu. Uma das ruínas, era uma casa, bem próxima ao rio. Um pequeno jogo de escadas, conduzia até a água. Ao lado, Deba tinha aberto uma toalha e esparramado várias guloseimas.

— Um piquenique? - achou inusitado.

— Gostou?

Célica coçou a cabeça pensativa. Aquilo era uma prova que Deba estava levando a relação deles para outro patamar e não queria. Era melhor esclarecer as coisas.

— Olha... - ela o fitou. Deba trazia um pequeno sorriso e o cenário contribuía para deixar aquele momento ainda mais especial. Ela voltou a atenção para a toalha. Tudo estava no lugar e feito com muito carinho. Não teve como não sorrir. - está lindo. - disse. - obrigada.

— Que bom que gostou. Eu peguei algumas coisas da cozinha, não sei se vai gostar.

— Já tinha armado isso? - sentou na toalha.

— Aqueles dias em Clamp foram tão legais que queria repetir a dose. Quando passei por aqui,  achei que seria um lugar legal.

— Obrigada Deba. Gostei mesmo.

— De nada.

Acariciou o rosto dela. Célica sentiu o coração aquecer com o gesto. Deba sempre a tocou, mas daquela vez o gesto foi singelo, mas carinhoso. Tinha gostado.

— Vamos comer! - exclamou querendo abafar essa sensação.

— Eu te sirvo. - pegou uma fruta.

— Não é assim que se corta isso. - a garota tomou dele o fruto e a faca. - é desse jeito.

Célica fez um movimento, mas acabou por ser cortar.

— Ai.

— Machucou??

— Não foi nada. Olhe.

Ela mostrou o corte, segundos depois ele desapareceu.

— Essa sua habilidade... pena que a minha não é tão eficiente. Ela te faz praticamente imortal.

— Não exagera Deba. - sorriu. - até ferimentos médios conseguimos nos curar, mas nos graves e sem ajuda médica, morremos sim.  Pronto. - cortou a fruta. - prove.

O brasileiro havia levado vários tipos de guloseimas e bebidas. Enquanto comiam, conversavam e riam. Célica não queria admitir, mas a tarde estava sendo esplendorosa. Nunca tivera um dia tão divertido desde que perdera a família.

Os dois sentaram na escada, colocando os pés dentro da água.

— Obrigada por me trazer Deba. - disse olhando os peixes no fundo do rio.

— Fico feliz que tenha gostado.

Ela o fitou. Jamais tinha conhecido alguém como ele. Mesmo ela impondo suas condições, ele ainda continuava do lado dela. Será que ele estava com ela apenas pelo sexo mesmo?

— Não se importa?

— Com o que? - ele a olhou.

— De eu querer ficar com você apenas por sexo?

— Foi sincera comigo desde o inicio. Se não há mentiras não tem porque se preocupar.

— Mesmo eu dizendo que não gosto de você, da maneira que pensa?

— Não podemos obrigar ninguém a gostar da gente.

— Compreendo.

— Eu vou entrar. - apontou para a água. - não quer?

— Depois.

O taurino entrou. Não era um rio fundo, todavia dava para refrescar. Célica o fitava intensamente.

— Venha Célica, a água está ótima.

— Depois. - respondeu sem jeito. Aquela situação já estava incomodando-a. Mesmo deixando claro, era sacanagem continuar com ele. Aldebaran merecia alguém que o amasse.

— O que foi? - aproximou dela.

— Esse lugar me relaxou. Até bateu sono. - mentiu.

— Deite então.

— Me faça companhia.

Ele ficou surpreso com o pedido e aceitou na hora. Trocou a calça molhada e deitou ao lado dela. Deba rapidamente pegou no sono, mas ela não.

Nos braços do taurino, pensava na vida, pensava nele. Célica o fitou, ele dormia profundamente. Tocou o rosto dele, estudando os traços. Ela mudou a posição para poder beijá-lo, gesto esse que o acordou.

— Desculpe...

— Por me acordar com um beijo?  Pode me acordar assim sempre que quiser.

Ela sorriu.

— Você gosta mesmo de mim?

— Sim. - tirou uma mecha de cabelo do rosto dela. - e não se preocupe se um dia quiser me dispensar, eu vou entender.

— Jamais faria isso. É você que tem que me dispensar.

— Eu? -  riu. - nunca faria isso.

Ela não disse nada, não tinha palavras. Deba aproximou e a beijou.

Célica notou diferença naquele beijo e não era por Deba e sim por ela. De repente veio o medo de perde-lo. O contato intensificou.

— Sempre vou ficar com você. - Deba segurou o rosto dela entre suas mãos.

— Eu sei. Também não quero que fique longe de mim.

Os dois sorriram. Beijaram-se novamente. 

O.o.O.o.O

Irian estava sentado, tendo vários policiais vigiando-o. Torcia para que tudo realmente valesse a pena. Ergueu o rosto ao escutar a porta abrindo. Era o presidente da policia.

Rihen parou diante da mesa.

— Eu esperaria de qualquer pessoa menos de você.

— As aparências enganam Rihen.

— Por que? Sempre foi tão fiel.

— Só respondo na presença de um advogado. - respondeu seco.

— Não é um interrogatório. Estou agora, como um velho amigo.

Irian não disse nada. Segundos depois, Marius chegou com outro homem.

— Sou o advogado dele. - disse o homem a Rihen.

— Irian, por que? - indagou Marius. - Sempre confiei em você.

— Não responda. - disse o advogado. - não há provas contra meu cliente.

— Quer apostar?

Olharam para a direção da voz. Giovanni acabava de entrar em companhia de Serioja. O conselheiro exibia uma feição de arrogância.

— Traidor! - gritou Irian.

— Silêncio. - a voz de Giovanni saiu fria. - senhor Marius o que diz as leis?

— Ele será investigado, obtendo provas contra ele, poderá ser preso.

— São leis do conselho ou de Ranpur?

— Ambas. Alteza...

— Nem uma palavra senhor Marius.

Serioja arregalou os olhos ao ouvir Giovanni mandar praticamente Marius calar a boca.

— "Isso vai ficar interessante." - pensou.

— Iremos abrir uma investigação alteza. - disse Rihen.

— Não há necessidade. Já temos as provas.

— Que provas? - indagou o advogado, ele também fazia parte do plano.

O italiano colocou um dispositivo sobre a mesa. Uma tela apareceu, mostrando todos os atos ilícitos praticados por Irian. Rihen ficou de boca aberta.

— Irian! - o fitou. - como pôde?

— Fazendo. - a voz saiu fria. - Eu...

— Não tem que responder senhor Basty. - disse o advogado.

— Não me importo! Eu sempre fui devotado aos Tempesttas, Soren era um exemplo a ser seguido, mas infelizmente ele morreu. Com o advento do conselho percebi que era a melhor forma de governo para a galáxia. Já é hora de nós começarmos a caminhar sem o respaldo de uma monarquia.

— E por isso traiu o seu juramento. - a voz de Giovanni saiu irônica.

— Meu juramento é para o conselho e não para você seu fedelho. Você nem é sombra do que seu pai foi! É apenas um tirano mimado que gosta de brincar de rei.

— Modere as palavras Irian. - disse Rihen. - sua situação não é das melhores. Tudo que fez, te dará bons anos na prisão.

— Ainda teremos um julgamento. - salientou o advogado.

— Não teremos.

Todos olharam para Giovanni.

— Não disse que sou um tirano? - o fitou friamente. - então serei um tirano. Qualquer pessoa que ameaçar o reino Tempestta, qualquer, - frisou bem. - será tratado como traidor. Você e os responsáveis pelos atentados de ontem serão os primeiros a sentir o peso da minha mão.

— O que pensa em fazer alteza? - indagou Marius completamente apreensivo.

Na sala, todos estavam inquietos com os dizeres do príncipe.

— Wan. Ficará lá pelo restante dos seus dias.

— Não pode prende-lo sem um julgamento. - protestou o advogado.

— Quer ir fazer companhia a ele? - o fitou ferino.

O advogado silenciou. Serioja estava impressionado. Aproximar-se do príncipe poderia lhe render bons frutos.

— Rihen leve-o.

Policiais cercaram Irian.

— Isso só prova que não é digno de governar! - gritou Irian, tentando se soltar. - Tirano! Tirano!

Irian foi rapidamente conduzido para fora.

— Alteza, talvez deva considerar...

— Não diga mais nada senhor Marius. - o cortou. - conversaremos depois. - olhou para o presidente. - providencie tudo senhor presidente.

— Sim alteza. - estava pasmo pela atitude dele.

— Alteza, - Serioja deu um passo a frente. - talvez o senhor Marius tenha um pouco de razão. - disse aquilo pois tivera uma ideia. Talvez pudesse jogar um contra o outro de forma mais efetiva.

— Nenhuma palavra. - Giovanni o fitou igualmente frio. - Ou devo concluir que pensa como o senhor Marius?

— Desculpe. - preferiu o silencio. Aquele não era o momento de arriscar a amizade.

— Vamos.

Os dois saíram sobre os olhares atentos de Rihen e Marius. No corredor...

— Me procure depois Serioja. - disse com a voz mais amena. - seu ato merece uma recompensa.

— Fiz o que o meu dever determina.

— Bons cumpridores merecem recompensa.

Serioja abriu um grande sorriso.

— Agradeço alteza. Saiba que tem um leal servo.

Na sala, Rihen tentava entender o que tinha acontecido.

— Irian traidor e o príncipe... aquilo é contra as leis. - disse.

— Foi traição Rihen. Viu as provas. Além do mais se queremos que Eron governe devemos deixá-lo tomar suas próprias decisões.

— Arbitrárias.

— Não foi em cima de suposiçoes infudadas. Foi atos concretos. Eron sempre deixou claro para mim, que se GS estivesse em perigo, usaria força maxima. Pensaria diferente se o acusado fosse Serioja?

— Claro que não. Todo mundo sabe que ele odeia a monarquia.

— Pois então. Está nesse estado pois achávamos que Basty estava do nosso lado.

— As aparências enganam.

— Como enganam e é disso que tenho medo. Pode existir mais traidores no nosso meio.

Rihen apenas concordou.

Irian foi levado para a prisão de Wan. Conforme o combinado, estava numa cela especial.

Marius e Eron voltaram para Ranpur. Estavam trancados no escritório do príncipe.

— Pensa que surtiu efeito?

— Já conheci vários tipos como Serioja, senhor Marius. - sentou. - quando prometi uma recompensa, vi nos olhos dele.

— A ambição cega as pessoas.

— Serioja é do tipo que quer se beneficiar. Ele almeja o poder total, mas tem medo de arriscar-se demais. O excesso de cautela e a ganância por poder é que vai destruí-lo. Também deve está comemorando a sua humilhação, pensando que eu irei te punir.

— Posso imaginar. - riu

— O que sugere que lhe dou?

— Dê-lhe uma cadeira importante no conselho.

— Não pode ser arriscado?

— Irei arrumar uma que seja acima da que ele ocupa, mas não muito importante. Por sorte contamos com pessoas leais, tais como Irian.

— Por falar nele, siga com o combinado. Tire-o de Wan de forma invisível.

— Está tudo pronto alteza.

— Bem que meu pai me disse para confiar em você. - sorriu.

— Agradeço por escutá-lo.

O.o.O.o.O

Serioja tinha seguido para Eike. Tinha marcado uma reunião com outros opositores do conselho e dos Tempesttas. O local escolhido era um lugar discreto. Iesa o aguardava.

— Estão todos?

— Sim senhor. - abriu a porta.

— Só interrompa se for o Niamh.

— Sim.

A sala continha uma mesa oval no centro. Doze pessoas estavam sentadas.

— Perdoem a demora. - disse Serioja.

— Espero que tenha uma boa justificativa. - um dos homens o fitou.

— Otima. Acabei de ganhar a confiança do príncipe.

As pessoas o fitaram sem entender. Serioja explicou todo o ocorrido na sede.

— Eu sempre achei que o Basty era um cão dos Tempestta. - disse uma mulher.

— Confesso que fiquei surpreso quando levantei informações sobre ele. - comentou Serioja. - ele já vinha agindo há muito tempo.

— Ele não pode te entregar?

— Tentou, mas o príncipe o desmoralizou. Não tem com que se preocupar.

— E Marius?

— É outro que em questão de tempo será eliminado. O príncipe é impulsivo e imaturo. Se eu controlá-lo bem, irá tirar Marius do posto.

— Haja com parcimônia Serioja. - disse outro. - Marius é chanceler há muitos anos. Eron não pode tira-lo tão facilmente.

— Tenho consciência disso. Descobriram sobre os ataques?

— Ao que parece foram piratas. - uma outra mulher pronunciou. - mas não temos certeza.

— Irei usar todos esses fatos quando for o momento. - disse Serioja. - primeiro irei me livrar de Marius e depois do príncipe.

— Não se esqueça do nosso apoio. - retrucou outro. - não chegará sozinho.

— Sei muito bem senhores e senhoras . - sorriu. - e peço ajuda novamente.

— O que pretende?

— Me arrumem um traidor, assim poderei ganhar a total confiança do príncipe.

— Vamos providenciar tudo que for necessário, Serioja.

— Agradeço.

O.o.O.o.O

Com alguns cavaleiros de volta de Maris, foi servido o jantar. As discussões, tão normais entre eles, não impedia o clima ameno. Lirya os fitava sorrindo. Estava adorando a casa cheia. De forma indireta os amigos de Eron tinham virado seus filhos.

— Coloco veneno na sua comida. - o tom de voz de Afrodite foi de ameaça.

— Tenho medo de você não. - retrucou Miro. - alias tenho que entrar numa nave.

— Fique calado.

— Por que entrar numa nave? - Mask fitou o escorpião.

— A pior nota foi a dele. - disse Dohko a queima roupa. - só não morreu no simulado porque era um simulado.

— Dohko! - berrou o pisciano nervoso.

— Acho que sua nota foi de consolação. - Shura colocou mais lenha na fogueira.

— Não consegue nem pilotar uma nave. - Mask fitou o sueco. - que vergonha para a elite de Atena.

— Seu rabo!

— Afrodite!! - exclamou um envergonhado Shion. - modere suas palavras.  - apontou para a rainha com os olhos.

— Perdão majestade. - pediu.

— Tudo bem Gustavv. - sorriu.

— É um frouxo. Estou vendo que terei que te ensinar a pilotar. - disse Mask. - conte-me mais sobre a prova dele. - virou-se para Shura.

Afrodite olhou ferino para Miro e Dohko.

— Vocês me pagam.

O.o.O.o.O

Célica e Aldebaran ficaram até o inicio da noite em Annie. Traziam olhares cúmplices e Deba estava feliz, pois tinha começado a conquistar o coração da dama real.

— Foi um dia memorável Deba. - acariciou o rosto dele.

— Queria que fosse mesmo. - segurou as mãos dela.

Sorriram.

Lirya que seguia para seus aposentos, parou ao ver os dois. Ficou surpresa por Célica. Ela sempre se mantinha distante dessas coisas.

— "Beatrice e agora ela, esses rapazes devem ter alguma coisa." - pensou sorrindo.

Fingiu tossir. Os dois quando a viram levaram um susto.

— Majestade!! - exclamaram os dois. Na hora separaram.

— Não se incomodem. - queria rir. - faço gosto. Fazem um casal bonito.

— Não somos um casal. - disse Célica morrendo de vergonha. - apenas amigos.

— Isso mesmo majestade. - confirmou Deba. Ele queria dizer outra coisa, mas não queria prejudicar o emprego de Cely. - somos apenas amigos.

— Amigos? - sorriu. - A idade trás alguns benefícios. É claro que são namorados.

— Namora-dos?? - a dama gaguejou. - não. Amigos, apenas amigos.

Lirya andou até eles.

— Precisa ter paciência com ela. - disse a Deba. - ela nunca vai admitir que estão namorando.

— Eu sei... - murmurou sem graça.

— Aproveite. - fitou Cely. - ele parece ser um bom rapaz e estamos precisando aumentar a população. - brincou. - boa noite. - foi-se.

Os dois ficaram surpresos com o comentário da rainha.

— Nunca ouvi algo assim dela... - murmurou a garota.

— Eu gostei.

Célica o fitou na hora.

— Brincadeira. - defendeu-se. - sei o que pensa sobre isso.

— Eu aceito a parte dos namorados, mas apenas isso.

— Como? - ficou pasmo.

— Escutou muito bem. - virou-se.

— Escutei não. Ando surdo ultimamente. Repete.

Ela ficou calada.

— Escutei. - a abraçou. - Então aceita ser minha namorada?

— Sim... - não o fitou.

— Terei que ter paciência mesmo. - dava lhe selinhos. - Mas vai valer a pena.

— Vem, vou arrumar um lugar para gente.

— Não vai dar problema?

— Claro que não. Vamos.

Ainda sorrindo por causa de Célica, Lirya entrou no seu quarto. Precisava descansar, pois amanha tinha um evento publico. Marius, por conta dos atentados, sugeriu que ela não fosse, mas era uma data importante. Até Alisha tinha concordado em comparecer. Tomou um longo banho e depois deitou-se, pegando um retrato de Soren.

Sentia muita falta do marido. Havia ficado apenas doze anos junto a ele. Dois de namoro e dez de casada.

— Como sinto sua falta... - acariciava o retrato. Ouviu batidas a porta. - Entre.

— Estava dormindo? - era Mask.

— Não. Vem cá. - apontou para a cama.

Mask sentou ao lado dela. Viu o retrato do pai.

— Puxei a senhora mesmo.

— Seu pai vivia dizendo isso.

— Sente falta dele.

— Muita.

— Vocês se casaram obrigados? Isso é muito comum na realeza da Terra.

— Não. Minha família tinha negócios com um grande político daqui. Ele ofereceu uma festa,  meus pais foram convidados assim como Soren. Eu o tinha visto, mas era o rei e eu uma garota simples. Num dado momento ele aproximou e passamos a conversar.

— E todos aceitaram?

— Meus pais foram contra, por causa da nossa condição social, mas depois tudo se ajeitou.

Mask lembrava vagamente dos avós. Por parte do pai, não chegou a conhecer o avô e a avó morreu quando tinha quatro anos. Os maternos, morreram no período que estava na Terra.

— Tenho saudade daquele tempo. Tudo poderia ter sido tão diferente.

— Poderia. - acariciou o rosto do filho. - é realmente uma pena. Filho... - lembrou-se de algo. - seu amigo Kamus gosta da Beatrice?

O canceriano franziu o cenho. Kamus iria surtar quando soubesse que até a mãe sabia sobre os dois.

— Gosta, mas é estúpido demais para admitir. Ele vai acabar se ferrando. - levou a mão a boca. - desculpe.

— Tudo bem. Mas ele gosta a ponto de querer ficar aqui? - queria mais informações.

— Eu não sei... Kamus é muito correto com suas obrigações. Ele tem quem pode substituí-lo, mas...

— Entendendo.

— Vamos dormir senhora Tempestta, temos trabalho amanhã. - torceu a cara. - tenho que ir mesmo?

— Nem tudo são flores na realeza.

— Ficar parado acenando para o povo. Vou parecer um palhaço. - beijou a fonte da mãe. - boa noite.

— Durma bem.

Novamente sozinha, Lirya voltou a atenção para o rosto do marido. O bip da sua linha confidencial apitou.

— Sim.

Desculpe incomodá-la a essa hora alteza, mas trago novidades.

— Não é incomodo algum senhor Stiepan. Que novidades traz?

Realizamos testes com a RAMAEI e a Genesis. Deram todos certos.

— Isso é ótimo!

— Irei convocar o grupo dos nove em breve para anunciar.

— Isso encherá a galáxia de esperança. Nossa segurança irá crescer exponencialmente.

Sim majestade. Despeço-me.

— Obrigada pela informação.

Lirya abraçou o retrato do marido.

— Seu sonho se realizou Soren. A RAMAEI e a Genesis estão prontas.

Subitamente a janela abriu com a força do vento, ela se assustou.

— O que foi Soren? Vai acontecer alguma coisa?

O quarto ficou num profundo silencio. Lirya sentiu um frio na espinha.

— O que está prestes a acontecer...?

 


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