No dia seguinte tudo estava como sempre na sala de aula como algumas pequenas exceções. Eu não conseguia olhar pra Haruhi da forma de antes e nem mesmo conseguia falar com ela como antes...

 “Kyon, você está me ouvindo?”

 “S-sim?”

 “Então o que eu estava falando?” – Pra minha sorte antes que eu pudesse gaguejar ainda mais, Okabe-sensei chegou e rapidamente me virei fingindo precisar estar concentrado na tediosa aula.

Haruhi aparentemente desistiu de falar comigo o que foi um grande alívio para minha pessoa. Bem isso era apenas algo passageiro, mas no fim eu tinha que conseguir continuar minha investigação.

Durante o clube fizemos o mesmo de sempre, apesar de eu me concentrar estranhamente em ficar decorando cada aspecto do rosto de Haruhi. Ela não parecia se importar tanto assim. E dessa forma passei o restante da semana. Para mim não parecia que eu estava agindo de forma tão diferente assim com a exceção de ficar perambulando excessivamente sobre Haruhi e sobre o que eu achava de sua confissão.

Existia algo de residual nisso? Quando digo residual estou querendo mencionar que neste exato momento e, nos anteriores que vieram depois daquelas palavras, eu fico desenhando Haruhi de uma maneira nada convencional na minha cabeça. A história antiga, o “sonho” que compartilhamos, ultimamente fica povoando minha mente. Seria isso algo impregnado nas lembranças de Haruhi também?

Deixando de lado aspectos tão monótonos e indo para os práticos...como seria sair com Haruhi? Quero dizer ela é tão não parecida com isso, não que eu não seja também, mas...

Todo esse monólogo é parte do meu plano de desconstrução dessa história, mas ele não fez o efeito desejado.

Mas nada do que eu debatesse comigo mesmo fez o efeito do que aconteceu na sexta-feira...Estávamos no clube e perto do fim das atividades...

 “Todos dispensados, menos você Kyon...” – Haruhi falou com sua cara de raiva tradicional, ela parecia estar seriamente irritada...

Antes de sair Koizumi me chamou e sussurrou:

 “O humor de Suzumiya-san está péssimo essa semana e tem algo seriamente preocupando ela, se puder nos ajudar...eu normalmente não falaria isso, mas acho que tem a ver com você” – Ele falou enquanto mantinha o mesmo sorriso extravagante de sempre, ele então deu de ombros e decidiu falar mais um pouco – “Você está um pouco diferente, essa é a dica que posso te dar...” – Ele disse ao se despedir...

Asahina-san também se aproximou de mim e completou:

 “Também acho que você não está agindo normalmente, se estiver com algum problema pode contar conosco...”

Eu estava nervoso, o que eu fiz? Ou melhor será que tem a ver com aquilo? Haruhi talvez me falasse agora acordada...no que estou pensando? De toda forma eu ia estar sozinho com Haruhi e isso nunca havia me perturbado tanto como hoje...

Assim que todos saíram, ela se levantou de sua cadeira de chefe da brigada e com uma expressão totalmente diferente de quando ela falou a minutos atrás ela começou:

 “Fale a verdade Kyon, eu fiz alguma coisa pra você?” – Inesperada essa pergunta, mas o melhor seria esconder a verdade, além disso eu não sabia exatamente do que Haruhi falava...

 “Por que essa pergunta?” – Perguntei calmamente. Nesse momento Haruhi virou o rosto para não me encarar e disse:

 “Eu não sei, você vem agindo como um idiota a semana inteira. Na verdade mais que o normal. Por que exatamente você não está falando comigo como sempre? E por que fica me encarando constantemente? Eu fiz alguma coisa com você? – Autoconsciência, no fim das contas apenas por saber de alguma forma que Haruhi possivelmente me amava eu não conseguia mais tratar ela do mesmo jeito de antes. Isso queria dizer que alguma coisa? Todo esse tempo em que pensei sobre o assunto eu não consegui evitar de usar a tautologia. Na verdade eu não precisava de algo tão complexo como uma leitura sobre aspectos astrológicos para chegar a uma conclusão simples: Como me sinto nesse exato momento?

Apesar de toda prolixidade que me envolve para evitar tal conclusão era claro, era evidente e agora eu me decidi: eu gosto de Haruhi. E Deus nos ajude pois se ela também gostar de mim eu vou ser a pessoa mais feliz desse extenso universo...

 “Não se preocupe, não é nada demais eu apenas venho distraído com alguns pequenos problemas.” – Menti

 “O-ok, mas se você estiver precisando de alguma ajuda me avise. Como líder dessa brigada eu tenho o dever de manter meus subordinados em total operação...” – Exagerada como sempre, mas isso me aliviou um pouco...

Agora que tive meu momento de iluminação, um sério pessimismo me abateu no retorno para casa. Toda minha intricada cadeia de pensamentos do início era extremamente convincente naquele momento, se não fosse pela parte em que não considerei que podia não ser o subconsciente de Haruhi e sim apenas um sonho ou até mesmo um pesadelo dela...

E se Haruhi na verdade não gostasse de mim? Por que eu devo passar por essa miséria envolvendo logo essa garota?

O verdadeiro apocalipse deveria ser baseado na minha história de vida...