Segundo ano de minha forçada, inovadora e surpreendente vida escolar. Dizer que a Brigada SOS é o lar da reunião mais bizarra de pessoas hoje não causa nenhum espanto aos espectadores pois estes já se acostumaram, apesar da grande falta de literalidade no sentido de um comentário destes. De qualquer forma, não é também como se eu não estivesse plenamente habituado as demandas idióticas da nossa líder problemática bem como de seus Alien, Esper e Viajante do Tempo.

Agora sobre o que vou contar não chega a ser tão cômico assim, pelo menos não do meu ponto de vista...

Voltando ao início, tudo começou em um dia de melancolia total. Era inverno e estávamos próximos ao Natal. Todo aquele cinza era estranhamente familiar para mim e apesar de todos meus, agora visíveis, suspiros, não é como se eu também já não estivesse acostumado com esta época e todos os problemas que ela traz.

Eu fazia meu trabalho comum de “faz-tudo” na brigada carregando caixas que não sei para que serviriam exatamente, mas provavelmente eram parte da festa de natal agora tradicional. A super animada Haruhi apenas mandava e eu tinha que fazer pois como Koizumi sempre dizia:

“É melhor jogarmos o jogo de Suzumiya-san, assim não teremos problemas” – Sigh, obviamente ele falava esse tipo de coisa pois geralmente não se envolvia tanto assim com as proposições de Haruhi.

De fato, eu “trabalhei” bastante naquele dia. O tempo avançou bastante e em alguns instantes eu percebi todos se despedindo de mim... Assim eu imaginava.

Como não queria deixar “trabalho” para o dia seguinte e meu “prazo” estava apertado resolvi terminar de carregar as caixas surpresas de Haruhi de uma única vez naquele dia.

Eu estava levando a última caixa para cima. Ao chegar mais próximo reparei que a porta da brigada estava semiaberta, alguém provavelmente havia se solidarizado com minha situação...

Com a caixa nas mãos eu abri a porta lentamente com o restante do meu corpo. O fato é quem quer que estivesse lá provavelmente não estava assim tão afim de me ajudar...Independente disto foi exatamente ali que minha nova angústia começaria tudo por conta daquelas palavras tão imprevisíveis como a previsão do tempo...Enquanto eu ainda estava me virando para contemplar a sala eu ouvi aquilo de uma voz familiar mas um pouco diferente da habitual...

“Não, Kyon eu te amo...” – Disse a pessoa que como agora pude ver dormia sobre os braços e estava a alguns passos de mim.

Minha reação inicial foi a que provavelmente qualquer um teria. Uma quentura estranha me subiu de baixo para cima e atingiu em cheio meu rosto...Malditas emoções...

Ah sim, a culpada disso era a pessoa menos logicamente adequada a tal situação: Suzumiya Haruhi...

E agora? Quero dizer acabei recebendo uma inesperada confissão de amor daquela que talvez seja a verdadeira forma da bela adormecida e, enquanto ainda estava abalado e paralisado por conta do choque, Haruhi lentamente acordou...

“E então Kyon...” – Ela falou com a voz ainda de sono, a mesma que me causou um impacto irremediável a alguns minutos atrás – “Já acabou?”

“Sim, sim...” – Respondi de forma a tentar esconder um pouco da minha estranheza...

“Vamos logo então, já está bem tarde...” – Ela falou enquanto levantava e como sempre seus suspiros de tédio me lembravam de que ela sempre estava alheia aos acontecimentos mais incríveis que ocorrem dentro da Brigada SOS.