Laços Rompidos escrita por Eterno Ronin


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Primeiro Capítulo! Boa leitura e desculpe se cometi algum deslize.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/686226/chapter/1

"Se acreditar com todas as suas forças em algo, isto certamente se cumprirá". Eu repetir essa frase de minha mãe centenas de vezes. A repetir mentalmente, ate as palavras perderem o sentido. Eu desejei que essas ultimas palavras de minha mãe a pudessem a trazer de volta para mim. Eu já não conseguia encara a vida sem a sua luz. Talvez tenha sido assim que ela se sentiu ao perder sua irmã...

Minha mãe se chamava Carolina e tinha uma irmã gêmea chamada Catharina. Minha mãe amava profundamente sua irmã, tanto que a homenageou em mim, me dando o nome de Catherine. Meu nome não era idêntico ao da minha tia, apenas parecido, afinal não existem duas pessoas idênticas no mundo. Eu não herdei os cabelos ruivos que minha mãe e tia possuíam, meus cabelos eram negros como os do meu pai, apenas meus olhos eram verdes iguais aos de minha mãe e sua irmã. Eu nunca conheci pessoalmente minha tia Catharina, mas frequentemente minha mãe falava dela. A alguns meses atrás, chegou a notícia que minha tia falecerá. A princípio minha mãe pareceu não acreditar, mas quando a ficha caiu, minha mãe gritou e chorou, chorou por vários dias. aos poucos eu vi o brilho e o sorriso de minha mãe sumindo, não... Aos poucos eu vi minha mãe morrendo, e meu pai e eu, morremos um pouco também. Nossas vidas ficaram vazias, eu via meu pai cada vez com menos frequência. Enquanto eu perdi peso, me tornando praticamente pele e osso, meu pai começou a fumar e a beber. ele passou a trabalhar arduamente ate altas horas da noite, como se estivesse tentando castigar a si mesmo por não conseguir ajudar minha mãe. Eu dormia agarrada as roupas de minha mãe, adormecendo sentindo o fraco aroma de minha mãe, que ainda permanecia em suas roupas. as vezes eu acordava nas madrugadas e escutava o choro de meu pai vindo do quarto ao lado. Aquela situação se tornou insustentável. Foi quando minha avó me convidou para morar com ela, no mesmo sítio e cidade que minha mãe nasceu e cresceu. Fui relutante em aceitar o convite de minha avó, mas eu sabia perfeitamente que seria melhor do que aquela casa, cada canto daquele lugar me lembrava minha mãe. Além do mais, meu pai meio que me obrigou a aceitar a oferta da minha avó. Uma avó que eu também não conheci. Foi isto que me levou essa estação de trem, repetindo para mim mesma, as palavras que minha mãe me disse em seu leito de morte.

– "Se acreditar com todas as suas forças em algo, isto certamente se cumprirá" – eu murmurei, enquanto olhava para os trilhos que se perdiam no horizonte.

– Disse alguma coisa? – Me perguntou um garoto, que parecia também está esperando o trem.

– Me desculpe. Eu estava apenas pensando alto.

– Você parece um pouco abatida – disse o rapaz, como se ele se importasse com uma desconhecida.

– É só impressão – virei meu rosto, procurando evitar o olhar daquele rapaz.

O garoto se distanciou de mim. Eu estava mesmo abatida, com grandes olheiras, o cabelo meio bagunçado e quebradiço e também estava bem abaixo do peso. Com toda certeza minha mãe choraria se me visse assim. eu me perguntava qual seria a reação da minha avó ao me ver? Eu não conseguia imagina nem mesmo qual seria a minha reação ao encontrar minha avó. Enquanto eu estava perdida em pensamentos e suposições, uma mão veio em minha direção e colocou um pequeno lírio em meu cabelo, era a mão daquele garoto.

– Po... por que isso? – perguntei-lhe com o meu rosto corado.

– Pois você disfarçar mau pakas – aquele garoto soltou e penteou meus cabelos com as mãos.

– "Pakas"? Que tipo de gíria é essa?

– Nunca ouviu? Bem, receio que não uso muitas gírias atuais. Será que calça boca de sino e ombreira ainda estão na moda? – aquela piadinha foi bem ruinzinha, mesmo assim não consegui deixar de ri. Fazia muito tempo que eu não dava um sorriso, muito menos um risinho como aquele.

– Para um cara tão desinformando você é bem galante. é assim com todas as garotas? Dar flores e se sente no direito de despenteá-las?

– Nem uma coisa, nem outra. Não tenho o feitio de dar flores, nem estou te despenteado. estou apenas ajeitando um pouco seu cabelo.

– Mesmo assim, não é comum homens se darem a liberdade de soltar e colocar flores nos cabelos de desconhecidas – eu disse em tom leve e descontraído, mesmo assim fiz questão de transparece um certo desconforto com aquela situação.

– Com o cabelo dessa forma, você disfarçar melhor a tristeza – eu fiquei sem palavras. Não sabia o que disse ou o que argumentar como aquele rapaz.

– Hum... Você fala como se tudo isto fosse... Tão trivial. Uma piadinha, um penteado diferente e um pequeno lírio, não podem mudar nada daquilo que eu sinto, sequer conseguem ser uma fachada para minha dor. Você só um moleque intrometido, que se acha capaz de enxugar gelo. – atirei minhas palavras nele como se fossem facas. Me sentia extremamente desconfortável com a cordialidade e a tentativa daquele garoto de me alegrar, e eu nem sabia qual a razão disso.

– Desculpe. Eu não sei o que você estar sentindo, nem nada sobre você. Mas seus olhos refletem a tristeza que sente. Eu nunca achei que alguns gestos gentis poderiam muda aquilo que estar sentindo... Apenas achei que um pequeno sorriso, te ajudaria a ter forças para encarar a própria dor. – as palavras dele conseguiram tocar meu coração. Eu chorei, em meio aquela estação de trem, cair de joelhos em prantos. Por alguns momentos, tudo no mundo desapareceu, foi como se tudo que tivesse restado fossem: as minhas lágrimas caído no chão frio, aquele estranho garoto e o lírio que ele me deu.

– Acho eu que preciso pedi desculpas. – eu disse enquanto secava as lágrimas e tentava contorna aquela situação.

– Não há necessidade de desculpas. Pode chorar, chore o quanto quiser ou puder, mas depois me der um sorriso.

– Como eu posso sorrir após chorar? – eu disse ainda em meio as lágrimas.

– Se o arco-íris consegui vim após a chuva, você também deve ser capaz de sorrir após chorar. – Um tímido sorriso se formou em meu rosto. De fato eu não esperava encontrar com alguém feito aquele garoto. Será que se eu o conhecesse melhor, essa magia iria acabar?

– No momento eu estou chorando e sorrindo. Acho que já é um progresso. – Ele me ajudou a ergue-me gentilmente.

– Sorrindo e chorando!? Minha mãe dizia que isso é se senti agridoce. Minha mãe... – Ele pareceu triste ao cita a mãe. Quais seriam as tristezas que ele carregava? Seriam parecidas com as minhas?

– A última coisa que minha mãe me disse foi: "Se acreditar com todas as suas forças em algo, isto certamente se cumprirá". Estou me agarrando a essas palavras. Citando-as como um hino. O pior e que eu sinto que não compreendi o que ela queria me disse.

– As vezes eu queria pode acreditar. Sua mãe parece ser uma mulher sabia. Acredito que ela queria que você nunca perdesse a fé. Palavras de uma boa mãe são como anjos da guarda, elas guiam seus passos e te protegem. – Enquanto falávamos o trem que eu esperava começava a aparecer no horizonte.

– Você também vai para Rivona?

– Não. Acabei me desviando da minha rota e vim para aqui, agora tenho que tomar meu rumo original de volta. – Aquilo me decepcionou. Não pude evitar de pensar que não mera consciência esse desvio de rota dele, se não fosse por isso não nos conheceríamos.

– Uma pena. Quem sabe não nos encontrarmos outra vez?

– Esperarei que sim. – O trem parará na estação, passageiros saíam e entravam nos vagões e já era a hora de minha partida, e também de me separar daquele garoto.

– Muito obrigado por tudo. Desculpe tenho que ir. adeus. – Peguei minhas malas e segui em direção ao vagão.

– Espere. Você não me disse seu nome.

– Para que? Provavelmente você logo o esqueceria. – Entrei no vagão sem olhar para trás.

Nunca gostei de despedidas, no entanto, tenho me despedido de muitas pessoas ultimamente. Eu me senti tola como uma criança por ter me apegado tanto a esse rapaz. Não quis nem mesmo olhar para trás. Eu não queria torna a despedida pior do que já era. Ao caminhar para o banco uma garotinha sorriu para mim e disse para mãe: "Olhar. Que moça linda com aquela flor no cabelo". Meu rosto corou ao ouvi-la. Sentei-me no banco e não resisti em olhar pela janela, a procura daquele garoto. Ele não era um cara comum, ao menos não parecia ser. Abrir a janela do vagão e gritei para ele:

– Meu nome é Catherine. Não se esqueça dele.

O trem partiu antes que eu pudesse ouvir a resposta dele. No fim eu que não fiquei sabendo seu nome, mas ainda tinha aquele frágil lírio para me lembrar. Durante toda viagem de trem esqueci dos meus problemas e tristezas. "Se acreditar com todas as suas forças em algo, isto certamente se cumprirá", quis acreditar que reencontraria muito em breve aquele garoto.

Chegando a estação de Rivona procurei por minha avó, mas quem eu encontrei foi uma mulher pouco mais velha que eu segurando uma plaquinha escrito: " Hey Catherine Venha cá".

– Se você for minha avó, ta muito bem conservada. – Aquela mulher ficou bem supressa com o que eu disse, ate um pouco envergonhada. Ela era meio pálida, com lindos olhos azuis e cabelos castanhos muito claros, quase loiros. O que chamou minha atenção foram suas roupas: um curto vestido com vários bordados e alguns lacinhos, com um pequeno avental, também usava meia calça e uma presilia na forma de um leãozinho no cabelo.

– Meu nome é Felícia. A senhora sua Avó me pediu para levá-la ao sítio.

– Quer dizer que ela nem veio me receber na estação? – eu disse meio decepcionada com a situação.

– Madame Louise infelizmente estava muito ocupada com alguns assuntos. Não a culpe. Ela estar muito ansiosa por sua chegada.

– Madame? Ta falando serio? Não me diga que minha avó é uma rica soberba? – Felícia riu ao me ouvi.

– De forma alguma. Ela é uma mulher magnífica, a mais sabia que eu já conheci.

– Ela não te pagou para me dizer isso né!? – Ambas rimos, mesmo que timidamente.

Felícia colocou minhas malas numa pequena mais elegante carroça e depois me ajudou a subi nela. Por mais que Felícia se vestisse como uma empregada, eu insistia em acreditar que ela fosse muito mais que apenas isto. Tomei coragem e a perguntei:

– O que você é da minha avó? Trabalha com ela ou algo do tipo?

– Sua avó me ensina. – Ela respondeu sorrindo.

– O que exatamente ela te ensina?

– Ela me ensina aquilo que eu não sou capaz de aprender sozinha.

– Isso não explica muito.

– Logo entenderá. Afinal corre o sangue Skynig em suas veias.

– Sky o que? Recebi o sobrenome do meu pai. Agora eu vejo o motivo.

– O nome da sua família sofreu alterações com o tempo. Seu significado seria algo como: Filha do Céu. É uma grande honra o carregá-lo.

– Honra? Mesmo assim ele não é dos nomes mais comuns.

– Não é para ser comum. Todas as mulheres que o carregaram foram incríveis... Bem cada uma a sua maneira.

Enquanto percorríamos as ruas da cidade não pude deixar de nota duas coisas. Primeiro: a cidade era bem maior do que eu imaginava, mesmo assim continuava sendo uma pacata cidade do interior. Segundo: as pessoas de lá não pareciam muito contentes ao me verem. Um homem de feições fortes e alto cuspiu no chão ao ver a carroça passado, uma velinha fez o sinal da cruz e as duas crianças que estavam brincando sobre a supervisão dela correram para de trás dela quando passamos, uma garota sardenta de óculos e mais ou menos a minha idade gritou: "Bruxa e fode diabo" para mim e depois saiu correndo desajeitadamente, além disso inúmeros foram as expressões apáticas e de espanto ao me verem. Tinha algo de errado ali, algo muito errado. Meu único confronto foi um senhor de uns quarenta e poucos que levantou seu chapéu com cortesia ao ver Felícia e a mim.

– Por que as pessoas daqui estão agindo assim? Na moral, não estou me sentindo muito bem vinda.

– São ignorantes. Apenas uma escória imunda tanto por dentro como por fora. Apenas os ignore. – Felícia estava seria, olhando fixamente para a estrada.

– A esquisitinha me chamou de bruxa e de fode diabo. Como quer que eu ignore? Apenas me diga qual a razão para agirem assim? – Felícia suspirou. Parecia ser duro para ela falar sobre a atitude dessas pessoas.

– Por mais que sua avó seja uma grande mulher, nem todos desta cidade simpatizam com ela ou qualquer um com o sobrenome Skynig.

– E o que motivou essa falta de simpatia dos habitantes dessa cidade?

– Como eu disse eles são uma escória. Por varias gerações tem sido apenas isso uma escória imunda.

Seguimos o resto do caminho em silêncio. O sítio podia ser visto a distância, grande, belo e robusto. Logo na entrada um senhor de barba branca que aparentemente era um tipo de porteiro nos cumprimentou e sorriu para mim dizendo:

– Se não é a neta de Louise, a Impossível. Você é tão bela quanto sua mãe, embora eu não me lembre qual das gêmeas é sua mãe. Isso não faz diferença de qualquer jeito, elas eram cara de uma, fusinho da outra.

– Faz diferença sim. Sou filha de Carolina. Ela era e continua sendo o que existe de mais importante para mim. Minha tia e uma desconhecida apesar de tudo. – O velho pareceu triste com minhas palavras, mesmo assim continuava a sorrir.

– Por favor Catherine. Tente ser compreensível. O velho Jonas amou as filhas da Senhora Louise como se fossem suas. Sei que ele não quis parece insensível. – Interveio Felícia.

– Me perdoe por usar mau as palavras. Conheci sua mãe desde que nascerá e Compartilho a dor da perca dela. Tenho várias histórias das aventuras da sua mãe e tia. venha cá sempre que quiser ouvi-las e também quando quiser viver algumas ao lado deste humilde velho. – Aquele sorriso fácil e gentileza do velho Jonas compensavam todos os olhares tortos e ofensas do povo da cidade.

Bem na entrada do sítio havia uma placa escrita: "Lebre Branca". Felícia me explicou que era esse o nome do sítio. Haviam muitas pessoas lá no sítio. Logo que chegamos dois homens com cerca de 30 anos levaram minhas malas para dentro. Tudo aquilo era muito diferente daquilo que eu imaginava. Não resisti em perguntar para Felícia:

– Todos aqui também estão aprendendo com a minha avó?

– Alguns sim. Poucos são os que estão preparados para aprender com sua avó. – Toda essa conversa de aprender e ensina apenas me deixava mais curiosa em relação a minha vó.

– É o velho Jonas? Estar aqui aprendendo com minha avó também?

– Não sei se eu deveria lhe dizer isto... Mas o velho Jonas meio que é apaixonado pela senhora Louise. – Fiquei de boca aberta ao ouvi aquilo.

– E minha avó sabe dos sentimentos dele?

– Ela o ver como um irmão e creio que sempre o verá dessa forma. Veja bem. O velho Jonas era um menino de rua, sem perspectivas na vida ou o que come. A senhora Louise e ele de alguma forma se tornaram amigos e ela o convidou para morar aqui. Claro que não foi nada fácil convence a mãe dela a aceitar um garoto de rua aqui. De qualquer forma isso é história para outra ocasião. Sua avó logo estará chegando, enquanto isso descanse na sala.

– Muito obrigado por tudo Felícia. Nos vemos mais tarde. – Dei um beijinho no rosto de Felícia antes dela se retirar, ela ficou vermelha de vergonha, mas ficou feliz.

Na sala havia uma enorme parede cheia de quadros. Logo me chamou atenção o último quadro da direita para esquerda, nele havia a pintura de minha mãe e sua irmã, tão perfeitamente nítidas como uma fotografia, uma enorme pintura com ate os mínimos detalhes possíveis. Fiquei algum tempo contemplando a imagem de minha mãe ao lado de minha tia, ate que enfim minha avó chegou. Era uma mulher extremamente linda, seus cabelos mesmo sendo grisalhos possuíam um brilho vivo, ela quase não aparentava rugas, seus olhos verdes como os meus tinham o mesmo brilho e intensidade que os de uma jovem, ela usava um longo vestido preto que caia como uma luva em seu corpo cheio de curvas. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ela veio em minha direção e me abraçou forte. Após uns bons instantes abraçadas ela me soltou e olhou de cima a baixo sorrindo.

– Minha amada neta como você cresceu. Os anos a tornaram uma linda jovem.

– É muito bom finalmente nos conhecemos. Eu não esperava que a senhora fosse tão linda.

– Pode estar me conhecendo agora, mas eu já a conheço a muito tempo. Fui eu a primeira pessoa a te carregar nos braços. E não me venha com senhora. – Ela me abraçava e passava suas mãos sobre meu rosto e cabelos. Me perguntei se eu a lembrava minha mãe.

– Mas Felícia te chamar sempre de senhora. Te chamou inclusive de madame.

– Ela se tornou demasiadamente formal. Ao menos você. Não me chama de senhora muito menos madame. Que eu seja apenas vovó para você. Formalidade não deveria existir em uma família. – Ela tocava minha feição sorrindo. Seus olhos brilhavam de alegria. Eu não imaginava que ela ficaria tão contente me vendo.

– As pessoas aqui do sítio parecem maravilhosas, porém... O povo da cidade não pareceu contente com minha chegada. Perguntei a Felícia mas ela foi muito vaga. – O sorriso em seu rosto diminuiu ao me ouvi.

– São um bando de tolos. Algumas mulheres de nossa família tiveram algumas desavenças com as pessoas de lá ao longo das gerações. É um povo ignorante que cultiva o ódio de geração a geração. Somos chamadas de bruxas e amantes de demônios. Embora algumas mulheres de nossa família realmente merecessem ser chamadas de Bruxas.

– Eu fui chamada ate de Fode diabo. O que nossa pode ter feito para ter essa má fama? – Minha avó riu ao ouvi "fode diabo", mas também ficou triste com isso.

– Para qualquer coisa que você faça, sempre haverá alguém que não vai concorda. Há quem admire os feitos de nossa família e também quem abomine-os.

– Essas mulheres nos quadros são todas de nossa família?

– Sim. Somos uma família matriarcal por diversas razões. Chegará o dia que um quadro seu também estará nesta parede. – Me virei para o quadro que estava a direita do da minha mãe. era de uma linda mulher, de cabelos ruivos e lindos olhos verdes como os da minha mãe e tia. Embaixo do quadro estava escrito: "Louise A Impossível". Era minha avó no quadro. O tempo pode ter levado a cor de seus cabelos, mas jamais sua beleza.

– Já ouvi sobre você é minha tia. Mas a maior destas mulheres na parede são totalmente desconhecidas para mim. – Dos quadros nas paredes os que mas chamavam minha atenção, além do de minha mãe e avó eram: um de uma mulher ao lado de um cavalo e o segundo da direita para esquerda que tinha uma mulher de expressão seria e meia antipática com uma enorme espada em mãos.

– As mulheres de nossa família são: Lucy Língua Dos Anjos, Anastácia Gume De Morte, Helena A Profetiza, Alicia Devoradora De Homens, Samantha A Cética, Aurora Sorriso de Porcelana, Celeste Princesa Amazona, Priscila Mar De Luxúria, Irene Doce Melancolia, Sua bisavô: Angelina Coração Gelado, eu é claro e por fim... Minhas amadas filhas Carolina e Catharina As gêmeas. – Minha avó pareceu estar a ponto de chorar quando disse o nome das filhas, acredito que ela se conteve.

– São muitos nomes. Nossa família teve estar a séculos aqui, isso no mínimo.

– Lucy língua Dos Anjos, a primeira de nossa família se mudou para esse sítio quase junto a fundação da cidade.

– Língua dos anjos? E por qual razão ela é chamada assim?

– De nossas antepassadas ela é a mais misteriosa. Ate seu quadro já se desbotou com o tempo. Tudo que se saber é que ela fez um acordo com um anjo.

– Isso já ta ficando meio surreal. Acredito em anjos e tal mas fazer um acordo com tem mais cara de lenda do que de fato verídico. – Minha avó pareceu decepcionada com o que eu disse.

– Vejo que sua mãe lhe criou com muito amor, mas ela não te ensinou nada sobre a história de nossa família. A séculos atrás Lucy pode pedir qualquer coisa a um anjo e isso lhe seria concedido. Qualquer coisa... Ela pediu para que aquele anjo acompanhasse todas de seu sangue, que as protegesse e as guiasse, que ele nunca permitisse que o nome delas caísse no esquecimento, não importando o que cada uma fizesse ou crê-se, e que todas tivessem a chances de se arrependerem de seus erros quando estivessem próximas da morte. Você que é a décima terceira geração de nossa família. A força, coragem e desejos das que te antecederam correm em suas veias. Podem chamá-la de bruxa e dos piores nomes possíveis, mas isso não muda quem você é. Antes mesmo de você nasce já havia um acordo sobre sua vida. – Fiquei simplesmente sem palavras.

– Decima terceira geração!? Será que terei sorte ou azar?

– Isso você quem fará. De qualquer modo a sortuda sou eu por ter você aqui. – Minha avó me abraçou, pressionando minha cabeça contra seus seios (não que eu seja baixinha mas ela me abraçou de mau jeito). O lírio que estava em meus cabelos acabou caindo. Após me soltar, minha avó pegou meu lírio do chão e o levou ate o nariz para senti seu aroma.

– Quase me esqueci desse lírio. Ganhei ele de um garoto sabia? – eu disse tanto me gabando como brincando. Minha avó ficou de boca aberta meio espantada.

– Quem diria. Você puxou meu charme. Apenas tenha cuidado com homens, principalmente com garotos que dão flores.

– Ele parecia ser um cara legal. E ele não tem o costume de dar flores.

– Os que "parecem" caras legais são os piores. Qual o nome do guri?

– Hum... Não perguntei.

– O que!? Você nem o conhecia? Não assistir o jornal? Não deve aceitar nada de desconhecidos. – Minha avó fazia uma careta muito engraçada enquanto me repreendia, tentei fica seria e não ri.

– O conheci hoje na estação a caminho daqui. Ele viu que eu estava triste e me consolou. – Minha avó se acalmou e deu um leve e sereno sorriso.

– Então devemos preservar este pequeno lírio. Vou colocá-lo dentro de um livro, dessa forma creio que ele durará bem mais tempo. – Minha avó fez como disse, colocando meu lírio em um grande livro que aparentemente era uma bíblia.

– É uma pena que nada dure para sempre. Mesmo se congelássemos meu lírio ele nunca duraria para sempre. – Eu disse um pouco triste.

– As lembranças sempre estarão com você minha querida.

– Tem algo que eu gostaria de lhe perguntar... É sobre a última coisa que minha mãe me falou. – Nós duas ficamos serias. ambas estávamos sofrendo. Eu queria ajudar minha avó tal como aquele garoto me consolou, mas no fim eu quem mais precisava ser ajudada.

– "Se acreditar com todas as suas forças em algo, isto certamente se cumprirá". – Minha avó repetiu as mesmas palavras de minha mãe, mal podia acreditar naquilo.

– Co... Como sabe disso? – perguntei perplexa e confusa.

– Ela disse a mesma coisa no momento que você nasceu... Sua mãe era uma pessoa muito especial. ela não era qualquer uma. Desde criança sempre sentia e percebia coisas que aos outros eram ocultas. Nunca se esqueça dessas palavras, considere elas como uma herança. – Comecei a chorar e minha avó me abraçou. Ficamos abraçadas por bons instantes, mas eu queria nunca ter a soltado.

Havia sido um dia bem agitado. Eu não sabia o que espera da minha vida de agora em diante. O mundo inteiro parecia a ponto de desabar. Não sabia o que pensa dessa Lucy Língua Dos Anjos nem das outras, mas estranhamente sentia que gostava delas. Não tenho o costume de orar, mas olhei para o céu e orei por meu pai, minha avó, Felícia, velho Jonas e por aquele garoto da estação.

– "Se acreditar com todas as suas forças em algo, isto certamente se cumprirá". – Murmurei enquanto as primeira estrelas apareciam no céu, e minhas lágrimas secavam.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigado por ler.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Laços Rompidos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.