O Livro de Eileen escrita por MundodaLua


Capítulo 14
O Plano de Eileen


Notas iniciais do capítulo

Oi oi galera, mais um capítulo pra vocês...



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Dean e Pâmela procuraram de forma meticulosa pela entrada secreta que possivelmente os levaria até o cofre, mas a quantidade de gente, e a impossibilidade de uma mobilidade total os estavam atrapalhando. Volta e meia eram obrigados a recuar por algum segurança. O mais velho bufava frustrado, enquanto a mulher seguia de cenho franzindo, atenta a qualquer mínimo detalhe que indicasse uma passagem secreta, ou ao movimento daqueles que guardavam os demais corredores do palacete. Esperavam que em um segundo de descuido pudessem ir além da área do salão.

Nos rápidos momentos em que conversaram, Dean descobriu que na primeira festa, como os vampiros não imaginavam que alguém tentaria roubar o colar, ele ficou guardado de forma descuidada no escritório da matriarca, e foi fácil para Pâmela e Bobby o pegarem de volta, por essa razão ela imaginava que dessa vez, a joia estaria muito bem guardada.

Quando já estavam pensando em desistir e voltar para anunciar a falta de sucesso na busca, receberam o telefonema de Sam, e logo foram de encontro a eles.

Naquele momento era inevitável que contassem a Pâmela a singular condição de Eileen, mas como não havia muito tempo para perder tudo que a mulher ganhou foi uma vaga explicação da história da menina. Seguido disso, Sam e Eileen explicaram o que acabara de acontecer, recebendo olhares espantados da mulher e um aliviado de Dean. Assim que terminaram o relato a menina começou a explicar seu plano.

— Eu tive uma ideia, mas ela não é totalmente segura. - Dean soltou um bufo de desprezo, se fosse seguro não seria para os Winchesters – Nós vamos precisar fazer algum estardalhaço, alguma coisa que pareça perigosa, algo que faça a matriarca ter medo pela joia e pensar nela. Eu imagino que se eu tocá-la nesse momento, talvez nos mostre a localização da joia.

— Como no “Escândalo na Boêmia”. - Disse Sam, fascinado com a ideia.

— Exatamente. - Eileen confirmou, os olhos brilhando.

— Como o que? - Dean perguntou, confuso.

— Sherlock Holmes. - Eileen, Sam e Pâmela disseram em uníssono.

— Certo – Começou Dean, ainda sem entender, mas sem vontade de perguntar mais – O que nós podemos fazer?

— Eu pensei que nós poderíamos colocar fogo em alguma dessas cortinas gigantes. - Eileen disse, recebendo olhares de surpresa – Pensem comigo, se nós colocarmos fogo em alguma coisa, o pessoal vai se desesperar e sair, e nós vamos ter um problema a menos pra lidar.

Os demais ponderaram, o que a menina disse fazia certo sentido, as saídas eram grandes e todos poderiam passar sem problemas. Se eles escolhessem uma cortina afastada o perigo seria menor ainda, mas em todo caso eles teriam que fazer parecer grande, para que a matriarca pensasse o pior. - O plano é o seguinte – Começou Eileen – Eu vou até ela, conversar, e vocês dão um jeito de incendiar esse lugar e já façam com que todo mundo vá pra saídas. Se eu conseguir a localização da joia, nós vamos até ela e a destruímos, se não eu vou garantir que não vai sobrar nenhum vampiro aqui pra fazer mal a ninguém. - Disse, e embora sua voz revelasse certo pesar, ela estava resoluta. Todos a olharam, sérios, mas assentiram mesmo assim.

Logo que se separaram a menina foi até a mulher que estava rodeada por um grupo e conversava animadamente. Pediu licença e se juntou a roda, ouvindo a princípio, mas então virou-se para ela.

— Foi uma ótima ideia essa de reunir as pessoas da cidade. - Começou tentando seu melhor sorriso, vendo que a mulher sorrira também – Eu queria agradecer o convite. - Falou por fim.

— É um prazer poder reunir toda a comunidade aqui. Queira me desculpar, mas acho que nós ainda não fomos apresentadas devidamente.

— Eileen. - Disse a menina, mas não fez menção de tocá-la, ela não queria entrar na mente dela antes da hora.

Antes que trocassem mais palavras um grito de horror se vez ouvir no lado oposto do salão, e todos os olhares se dirigiram para lá. As labaredas já estavam consumindo a longa cordina de aspecto caro, fazendo com que o grupo de pessoas que ali estavam se afastassem apressadamente. A matriarca soltou um grunhido e a menina não perdeu tempo, puxou-a pela mão, e assim que as mãos se tocaram, sua mente foi, mais uma vez, assaltada pelas imagens.

Diferente do que ela imaginava que fosse ver, não foi um cofre ou uma saleta que apareceram nos pensamentos da mulher, mas sim sua própria imagem tocando o vestido na altura do busto, tentando agarrar alguma coisa que deveria estar ali, mas pela cara de desespero estampada no rosto inteligente, não estava mais. Ao redor, Eileen viu corpos caídos decapitados, e ao lado deles, as cabeças com bocas de dentes pontudos, a casa estava em chamas, ardendo em todos os cantos. A voz da mulher repetia incansavelmente “Não está aqui”, “Onde foi parar”, “Meus filhos, meus filhos estão mortos”. De novo, e de novo e assim que ela voltou a si, a primeira coisa que viu foi a matriarca, tão surpresa quanto ela, levando a mão a mesma parte do vestido que vira em sua visão.

A compreensão do que estava vendo e do que aquilo significava a atingiram em cheio, e, enquanto era empurrada pelos visitantes que tentavam sair apressados, moveu-se em direção a mulher notando pela primeira vez um fio metálico escapando pela gola do vestido. Num movimento rápido ela agarro aquele pequeno pedaço do cordão e o puxou com uma força extraordinária, o arrancando com um estalo do pescoço da mulher. Chocada a matriarca soltou um grito, chamando a atenção de todos que ainda estavam presentes no salão. Antes que Eileen pudesse pensar a mulher já exibia seus dentes pontiagudos e vinha na direção dela, furiosa.

— Você pode parar bem ai. - Eileen gritou, e a mulher estacou, franzindo o cenho e a olhando com uma voracidade animalesca. A menina olhou ao redor para as pessoas que sobraram, tendo a súbita certeza de que eram todos vampiros – Ou eu vou destruir esse colar. - A veemência na própria voz a assustou.

Todos os que ali estavam começaram a rir. Até mesmo aqueles que tentavam conter as chamas atrás dela.

— Thomas. - Ela gritou para algum rapaz no grupo – Vá lá fora e informe que já está tudo sob controle, mande que eles esperem nos jardins, eu vou fazer um banquete ao ar livre hoje. - Mais uma vez eles começaram a rir, e Thomas saiu em disparada para fora.

— Eu não estou brincando. - Eileen tentou colocar ainda mais determinação em sua voz.

— Vá em frente então, tente destruí-lo menina tola. Muitos já tentaram, mas esse colar é indestrutível. - Enquanto ela falava os rumores lá fora aumentavam, mostrando que Thomas obtivera êxito em manter os convidados na propriedade. Eileen olhou brevemente para trás, onde viu seus amigos, mas para seu total desespero, estes haviam sido capturados.

— Foram esses senhora. - Veio uma voz feminina lá atrás – Foram eles que começaram o fogo.

— Vieram em grupo, caçadores eu suponho. - Suspirou em falso cansaço – Apesar de que, eu devo admitir, você é algo peculiar, não é mesmo. - Disse encarando a menina – Não é humana, disso eu tenho certeza, mas ainda sim, jamais conseguirá destruir este colar.

Dito isso, Eileen sentiu algo se materializar em sua mão, um belo livro de capa verde aveludada. - Ótimo – Começou ela – Vamos ver se ele é mesmo indestrutível como dizem. Ignihs. - O costumeiro fogo verde surgiu em sua mão, pulando imediatamente para o colar que, mesmo com mais dificuldade que o normal, ainda sim começou a se consumir, se desfazendo. Desde a bela corrente metálica, até o pequeno frasco contendo o sangue já seco de Pashet, tudo apodreceu. Eileen sentiu o efeito de destruir algo tão poderoso e a fraqueza repentina fez com que ela desse passos vacilantes para trás.

Atônita com o que vira, a matriarca mal conseguiu soltar uma frase, e todo o salão caiu em um silêncio cortado apenas pelo burburinho vindo lá de fora. - Como? - Ela disse assim que recobrou a fala – Como é possível?

— Vocês vão sair daqui agora, e não vão ferir ninguém, você me ouviu? Se vocês encostarem em qualquer pessoa lá fora, o que aconteceu com esse colar é o que vai acontecer com vocês. - Sua voz cheia de uma intensidade que não poderia ser contestada ou contrariada – E mais uma coisa, vocês só estão saindo vivos por que não machucaram ninguém, mas se em algum momento chegar aos meus ouvidos que sua família tocou um dedo sequer em alguém, eu vou procurar vocês, um por um, e ter certeza de não ser tão bondosa uma segunda vez.

Tomada por um pavor total, a matriarca reuniu seus filhos, liberando Sam, Dean e Pâmela. Todo o grupo de vampiros se dirigiu para a saída na parte dos fundos do palacete, e sem dizer mais coisa alguma eles sumiram, obedecendo a risca o que a menina dissera.

Eileen cambaleou, sendo aparada por Dean. De todos, Pâmela era a única que parecia espantada, os irmãos já estavam mais do que acostumados ao poder da menina. Dean pediu que a mulher fosse lá fora explicar a situação da melhor forma que ela conseguisse, e assim ela fez.

— Isso foi incrível. - O Mais velho soltou, sorrindo – Você espantou todos os vampiros.

— É, eu espantei. - Ela disse, tomando cuidado para que suas mãos não tocassem Dean diretamente – Mas o que eu faço com isso agora? - Falou mostrando as próprias mãos – Sempre que eu encostar em alguém vai ser isso?

— Talvez você só precise praticar mais, e então comece a ter controle. - Sam sugeriu, e ela acenou que sim – Mas até lá, talvez a gente deva arrumar luvas pra você. - Eileen concordou com vontade, luvas seriam uma ótima maneira de contenção.

Eileen ia começar a fazer algum comentário sobre a forma com que os vampiros fugiram, quando seu livro começou a brilhar de maneira intensa, chamando a atenção dos três. A menina o abriu, e sob os olhares de expectativa dos irmãos, ela leu as novas páginas. A cada palavra que ela lia, suas feições denotavam mais e mais contentamento, até que ela chegou ao fim, tirando os olhos do livro e encarando os irmãos.

— É um novo poder. - Soltou apenas.

— E o que ele faz? - O mais velho perguntou.

— Vamos esperar para chegar em casa, e eu explico. - Disse, vendo que Pâmela estava voltando.

A mulher, ainda chocada, começou a fazer uma enxurrada de perguntas, e só se acalmou quando Eileen prometeu que explicaria tudo assim que voltassem para a mansão e ela pudesse comer alguma coisa. E sem demora eles entraram no carro e partiram, tendo a certeza de que assustaram os vampiros o bastante para que eles não ousassem voltar.

Passaram só mais uma noite na casa de Pâmela, contando tudo que haviam experienciado desde que Eileen descobrira seus poderes, falaram da deusa, dos dias no bunker e do carro assombrado. A mulher tentava assimilar todas aquelas informações, as vezes lançando um olhar mais intenso para a menina, como se quisesse ler nela mais do que eles estavam contando. No fim eles se despediram. Eileen ficou mais do que feliz em colocar suas roupas normais, mas ela precisava admitir que, lá no fundo, ela começara a gostar daquele glamuroso vestido, e Pâmela como que adivinhando insistiu para que ela o levasse como lembrança. Voltaram para o impala depois de um demorado adeus e promessas de que manteriam contato.

Quando finalmente chegaram, os irmãos estavam na expectativa de que a menina contasse qual era seu novo poder, mas foram obrigados a adiar a conversa por uma ligação de Crowley. O Demônio com sua costumeira petulância os intimou a aparecer em mais um estranho endereço que, eles tinham certeza, deveria ser mais um lugar abandonado.

— E mais uma coisa – Deu uma pausa antes de continuar – Não tragam Eileen.

— Nós não levaríamos ela de qualquer jeito. - Dean respondeu azedo.

Mas a menina não concordou com aquela decisão, insistiu em ir junto e argumentou durante alguns minutos. Mas logo seu próprio cansaço a traiu, embora não sentisse sono, seu corpo estava cobrando o uso do poder em algo tão forte, e ela teve que ceder, esperando que em um futuro próximo viesse a ter uma oportunidade de conversar novamente com o demônio.

Assim sendo os Winchesters deixaram o bunker uma vez mais, especulando sobre o que Crowley queria conversar, embora Dean imaginasse que ele entregaria o texto que o rapaz pedira para ele traduzir. E no fim o mais velho estava certo, encontraram o demônio em uma fábrica abandonada, ele carregava um olhar de aflição que não animou em nada os irmãos.

— Eu traduzi. - Disse, jogando a cópia original em direção a Dean, que a pegou em reflexo.

— E? - Dean e Sam perguntaram, impacientes por saber logo o que o texto dizia, e mais impacientes ainda por voltar e ouvir qual era o novo poder de Eileen.

— E… - Começou o Crowley, entregando um maço de folhas, todas preenchidas com a escrita cursiva do próprio demônio – Eu acho melhor vocês lerem.

Sem mais palavra eles se sentaram na borda de uma velha esteira industrial e Sam começou a ler em voz alta o texto sobre os Mitrahá. A cada novo parágrafo lido, mas os olhos de Dean se arregalavam diante da história que ouvia. Quando Sam chegou a última parte, ambos os irmãos voltaram-se para encarar Crowley.

— Tem certeza de que isso está certo?

— Por favor esquilo, tenha mais fé em mim. - Começou em tom de sarcasmo, mas logo voltou a parecer aflito – Pela experiência, nós sabemos muito bem as consequências de ficar omitindo informações importantes, mas dessa vez… Dessa vez eu sugiro que vocês não contem nada do que leram aqui para a Eileen.


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Notas finais do capítulo

OMG, o que será que estava escrito? Só nos próximo capítulos muahahahahahaha



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