O azul do sol. escrita por Marvin


Capítulo 1
Menino dos olhos.




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A manhã de terça-feira estava úmida e absolutamente gelada. A chuva, sua eterna companheira, lhe acariciava a face durante o percurso corriqueiro para a escola.

Manuela ou Ártemis, para os leitores de suas ficções, era ávida por viver. Não uma vida programada e bonita à olhos alheio. Isso nunca. Seu anseio diário era fazer o que queria na hora que queria, sem se preocupar em agradar interlocutores. E ela tinha extrema habilidade nisso.

Se despediu irritada da chuva e subiu as escadas com uma poça de água nas crocs amarelas. Não se contentava com sua sina do dia, que começou com duas medíocres bolachas salgadas e se desenvolveu a partir de pensamentos surreais, que tangenciavam à possíveis guerras.

Guerras. Fria. De reconquista. Civil. Imperialista. De Tróia.

Eram uma curiosidade plantada e cultivada no seu coração. E agora chegou a hora de podar seu saber. Primeiro dia de seu primeiro ano do Ensino Médio na escola antiga, aventuras fresquinhas lhe esperavam.

Entrou na sala e assistiu as cinco primeiras aulas. Química. Geografia. Biologia. Química e geografia de novo. Todas palestradas por novas caras pálidas, exceto Biologia que ainda era dada pelo Flávio.

Saíra para o último intervalo do dia, procurando um bebedouro e concluindo isso, retornou para a sala. O professor do último horário já se encontrava lá e avaliava a todos com um sorriso sacana. E como era de se esperar, seu olhar pesou na menina clara de cabelo castanho com azul. Era comum o julgamento prévio que a condenava como uma delinquente infantil e desnorteada.

"Ártemis, fala pra gente a origem do seu apelido."

Ele era loiro e graduado com louvor na Universidade de Campinas.

" Você tá falando comigo, é? "

Ela estava louca da vida, imaginando quem era esse filho da mãe (Diná), dono de olhos num tom muito estranho do azul.

" Exatamente. " 

Os dois já se conheciam, há muitos anos passados. Ele se lembrava. Ela não.

" Olha, eu acho que foi o meu irmão mais velho que escolheu pro Nyah. "

Ela riu internamente, recordando da loucura personificada em Tomás Ventura, filho primogênito de seus pais. O jovem loiro e recém-chegado sorriu e assentiu afirmadamente para a sala.

" Bem a cara do Tomás, né não? Não sei se vai se lembrar, mas ele morava com um tal de Apolo Pireneus na época do curso...

Na verdade, ela lembrava bem. Manuba tinha dez para onze anos, quando seu irmão trouxe o amigo para casa pela primeira vez. Ela fazia tarefas escolares na sala, quando sua mãe chegou acompanhada de dois adultos meninos. Um era desconhecido. O outro estava gravado em muitas das paredes do apartamento Ventura. E por mais esdrúxulo que pareça, ela guardou a admiração anormal que sentia pelo rapaz de cabeça raspada e piercing no smile.

" E por acaso seu nome é Apolo, né... tem que ser." 

E ela riu, inconformada com a sacanagem do destino. Puta ao saber que não controla bosta nenhuma e que o tempo ri dela e de tudo, salvo as pirâmides. E abertamente alegre ao saber que já era crescida o suficiente para saber diferenciar  tons de azul e brincar com eles.


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Notas finais do capítulo

Escrita para a Ster, que ainda me inspira com suas verdades em forma de fic, e para você também que me deu uma chance.



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