Esquecida escrita por calivillas


Capítulo 14
Aflita




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“ Ando pela estrada, no final dela há uma luz com um brilho intenso, tenho que proteger meus olhos com a mão, para me acostumar com ela. Aos poucos, consigo avistar, um vulto ali adiante, não posso identificar quem seja. Caminho em sua direção, formas diáfanas vão ficando cada vez mais nítidas, chegou bem perto, estendo a mão para tocá-lo. Adam é você? Pergunto, mas antes de conseguir alcançá-lo ou ter uma resposta, ele se desfaz em muitos de pedacinhos brilhantes, que, desesperadamente, tento pegar com minhas mãos.

— Adam! — Eu grito, aflita."

 

— Adam — digo seu nome alto, que me faz acordar e abrir os olhos, me assusto ao ver alguém parado ao lado da minha cama – Mãe! O que você está fazendo aqui?

— Eu vim ver se você estava bem – ela parecia preocupada.

— Por quê? – indago, ainda me recuperando do meu sonho.

— Jason ligou para saber como você estava. Ele me contou que você esteve na casa deles ontem – Ela começou com cuidado.

— Fofoqueiro! – resmungo, me sentando na cama, havia dormido sobre a colcha e ainda com as roupas do dia anterior.

— Não, ele só está preocupado com você. Todos nós estamos – ela falava, compreensiva. — Você não pode continuar assim com esta obsessão, esta ideia fixa de achar este rapaz. Você está se apegando a uma ilusão, como se descobrir Adam, deixaria tudo bem outra vez, mas não é assim que acontece.

— Mãe, eu não posso desistir, agora! Como eu vou continuar a minha vida, sem saber se eu matei ou não uma pessoa? – Sou inflexível, nada que falassem poderia me fazer mudar de ideia.

Minha mãe olhou nos meus olhos, inconformada com minha obstinação, e sentou-se ao meu lado.

— Simplesmente, continuando a viver, dia após dia, até que essa história se torne apenas uma lembrança ruim no fundo das suas memórias. Todo mundo já teve uma desilusão. – Ela segura as minhas mãos.

— Adam não á apenas uma desilusão amorosa, é alguém que simplesmente desapareceu da minha vida. Eu não posso esquecê-lo nem quero que isso aconteça – reafirmo, com uma pontada de tristeza no meu peito, pois, talvez, ela esteja certa. Isso não resolverá o turbilhão de emoções e a angústia dentro de mim.

— Se é assim, o que você quer fazer, Leila? Como podemos ajudá-la? – Ela indaga, derrotada, não vendo nenhuma outra saída.

— Eu quero ir para os Estados Unidos para me encontrar Adam – declaro, com certeza.

— Mas, o Estados Unidos é um país enorme. Como vai achar alguém lá? – Minha mãe se assusta e questionou com bom senso.

— Nós pesquisamos, eu, Julius e Adele. Já sabemos para onde ele foi levado, Houston, no Texas.

— No entanto, não sabemos se ele está vivo ainda, Leila?

— Não achamos nenhum obituário – Tentou demonstrar minha esperança, com fatos, apesar de pouco consistentes.

— E se ele ainda estiver em coma ou estar em estado vegetativo?  — Minha mãe havia apreendido muito, nesses últimos tempos — Para que ir até lá se ele não vai saber? – Ela ainda não consegue entender a minha aflição.

— Mas, eu vou saber, eu quero vê-lo novamente. Ele é o vazio do meu peito, preciso estar com ele, mesmo se for só para me despedir – finalmente, confesso, aflita.

— Vou conversar com seu pai sobre isso, acho que ele não vai concordar. Não andamos concordamos muito, ultimamente – ela diz com ar tristonho.

— Eu não sabia, mãe. Eu não tinha percebido – Sinto-me envergonhada, por não notar os problemas no casamento dos meus pais, envolvida no meu próprio mundo.

— Você não anda percebendo muita coisa nos últimos tempos, Leila. Mesmo assim, vamos conversar, se for para dar um fim nessa agonia, talvez valha a pena a tentativa.

Minha mãe saiu do meu quarto, lutei para levantar, pois precisava de um banho. Demorei um pouco mais, porque além da água morna na minha pele me relaxar, dava tempo para meus pais conversarem. Pensei sobre o que minha mãe revelou a respeito da relação deles, nunca imaginei que houvesse algum problema, sempre enxerguei os dois estavam bem sintonizados, no entanto, eu os vi apenas como meus pais, nunca como um casal, um relacionamento com seus altos e baixos, muito menos como pessoas, que têm sentimentos, insegurança e medo, talvez todos os filhos sejam assim.

Achei que já havia passado tempo suficiente para uma conversa, agora estava pronta para ouvir o veredito, precisava do apoio deles, mas principalmente do dinheiro, pois sem ele não haveria viagem.

Desci as escadas e encontro meus pais sentados na sala, as suas feições demonstram que a conversa não tinha sido fácil.

— Venha aqui, Leila – meu pai me chama, assim que me vê parada na escada – Conversei com sua mãe, e ela me contou a sua ideia maluca de ir ao Estados Unidos, procurar o tal rapaz. Você não acha que esta história já foi longe demais? – Sua testa franzida demonstra preocupação.

— Eu só quero saber o que aconteceu com ele! Eu quero me desculpar!

— Mas não podemos mudar o passado, o que está feito, está feito e pronto, temos que esquecer e seguir em frente – contestou meu pai, tentando pôr um ponto final naquela história.

— Mas já me esqueci. Lembra? Eu perdi a memória, e mesmo assim, não consigo seguir em frente.

Meu pai olhou para mim, percebi que estava analisando consigo mesmo, considerando sobre os prós e contras da resposta que daria.

— Sua mãe concorda com você, sou voto vencido, só me resta aceitar – finalizou, resignado.

Fico tão feliz, que me jogo sobre ele agarrando o seu pescoço e dando-lhe um beijo estalado no rosto, algo que não fazia desde criança.

— Obrigada, pai!

— Mas, você tem que planejar bem essa viagem. Não vai dar para chegar lá sem destino e bater de porta em porta perguntando pelo rapaz – ele considerou.

— Eu sei – Respondi, mesmo insegura, estava feliz.

— Ainda estamos preocupados, por você ir sozinha. Além disso, não pode mais dirigir. Como vai se locomover por lá? – Questionou minha mãe

— Dou meu jeito – respondi, um tanto inquieta com a situação exposta, tudo ficaria mais difícil, porém valeria a pena.

Bem, venci o primeiro round, convencendo meus pais, contudo a luta ainda estava longe de ser ganha, precisava de um endereço, um lugar para começar minha procura, novamente, tinha que consultar meus amigos. Liguei para Adele.

— Meus pais concordaram – disse, exultante – Vou para Houston tentar encontrar Adam.

— Isso é ótimo – Adele respondeu de maneira vazia.

— Só tem uns problemas, eles estão preocupados por eu ir sozinha e por não poder dirigir – revelei, aborrecida, seguiu-se uma pequena pausa.

— E se eu for com você? – Adele propôs para minha surpresa.

— Mas, e a sua faculdade, você não pode deixar tudo para trás assim, além disso ficará caro – argumentei.

— Na faculdade está tudo bem, posso faltar alguns dias. E eu tenho algum dinheiro guardado, queria comprar um carro, além disso posso usar as milhagens da minha mãe – ela retrucou, com segurança, sabendo o que queria.

— Você tem certeza, Adele? Não sabemos o que podemos encontrar – repliquei.

— Tudo bem, tenho certeza que quero fazer isso – ela disse, decidida.


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