Os Howard - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 12
Chapter XI


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores, hoje irei começar um novo ciclo na fanfic. Como teremos vários casais, vou separar a parte deles, a princípio, por partes. Os próximos capítulos serão sobre a história de amor de Charlotte e Alberto, o primeiro casal assumido da fanfic. Isso não significa que os demais personagens não irão aparecer, eles vão sim, mas sem serem o foco. Quando a parte da Charlotte acabar, passarei a outro casal, e assim por diante. Como não temos muitos personagens, acho que vai ser fácil. Depois que a história de todos já tiver começado, então irei uni-los realmente como uma só história. Boa leitura a todos!



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Chapter 11

A História de Amor de Charlotte e Alberto 

Stubborn Love - The Lumineers

 

Ato I

"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura." - Friedrich Nietzsche

 

A carta chegou ainda pela manhã, daquele tão chuvoso domingo. Charlotte leu com atenção o nome da anfitriã do evento, uma debutante, aparentemente, pois nunca a tinha visto antes em algum baile. Uma tal de Senhorita Adria Elizabeth Blackburn, Duquesa de Gray. Era escocesa, ao que tudo indicava, pois Gray era um ducado escocês, o que também justificava a sua ausência nas Temporadas anteriores. Mas por quê a duquesa de Gray convidaria-a para seu retiro à casa no campo? Charlotte ponderou. Ela não era a moça mais cortejada nos bailes, nem se destacava por sua eloquência ou sua riqueza. Tudo o que tinha era o cérebro e os contatos de seu pai. Talvez a duquesa tenha pego uma lista dos últimos convidados do Baile de Hiltown e chamado todos os que julgava serem boas companhias. Não seria algo tão anormal.

— Você irá? – perguntou papai, sabendo que caso ela fosse, teria de contatar a Marquesa Vitoria, grande amiga da filha e acompanhante digna, já que esta era casada com o Marquês de Carvalho (um homem que costumava viajar muito). – Pode ser muito divertido conhecer um novo lugar.

Charlotte pensou bem. Ela já tinha um cavalheiro cortejando-a e queria oficializar logo seu envolvimento com ele. Se Alberto não fosse para esse retiro, provavelmente ficaria sozinho em Birmingham e se sentiria abandonado por ela. Mordeu os lábios, teria de perguntar a ele se tinha sido convidado. Mas não seria grosseria sua perguntar algo assim? E se a Srta. Adria não o tivesse convidado? Ele não iria gostar de saber disso, ninguém da aristocracia gostava de ser deixado de fora de um evento, principalmente um tão grande quanto um retiro de uma semana para a Escócia (esta tal Lady Blackburn deveria ser realmente rica para conseguir bancar algo assim).

— Acho que irei. – preferiu apostar em sua suposição de que todos os solteiros e solteiras de Birmingham foram convidados.

— Então temos de enviar uma carta a Vitoria.

— Sim – concordou Charlotte, sabendo que não haveria companhia melhor para levar até o meio da floresta (pois a Escócia era feita de florestas).

A verdade é que não estava tão ansiosa para ir até a Escócia. Seus pensamentos todos os dias eram apenas sobre o casamento que Alberto havia prometido. Após a primeira visita, ele não retornou, mas em todos os bailes pediu uma das danças, até mesmo papai estava notando o interesse do português. Dizem que os ibéricos são românticos ardentes, e Charlotte sempre sonhara com o amor ardente, uma paixão consumidora. Não sabia que teria isso com Alberto, mas ele era o primeiro que havia surgido dando-lhe essa chance. E parecia realmente um amante.

º   º   º

— É uma casa enorme, realmente – comentou Vitoria, caminhando lentamente pelo correr dos quartos. A “casa” na verdade poderia ser um palácio, era incrível como tudo ali fora construído no meio de uma floresta. Havia bibliotecas em cada andar, salões de baile, dois salões de jantar, cinquenta e cinco quartos com vista para o lago, abaixo da colina. Os estábulos estavam cheios de cavalos, a estufa tinha flores perfumadas e coloridas, tantas que Charlotte pensou que seriam do Novo Mundo, desconhecidas e tão interessantes.

Mas o que mais chamava a atenção, sem sombra de dúvidas, era toda a disposição dos empregados. Ativos, respeitosos, dignos de um rei. Andavam por entre corredores escondidos nas paredes, para que os hospedes não precisassem vê-los, andavam por entre as salas em discrição, escondiam seus olhos, ignoravam seus ouvidos. O anfitrião, Lorde Blackburn, era um homem rigoroso e frio, não os recebeu com olhos amigáveis, mas já era de se esperar que agisse assim com cinquenta convidados intrometidos. Sua filha, no entanto, que retornou de Birmingham no mesmo dia que todos os visitantes, fora recebida com um frio beijo na testa, de alguém que nem mesmo havia olhado em seus olhos. Charlotte lembrou-se de sua infância com o pai, que a criara sozinho, e notou o quanto ele havia lhe dado amor e atenção. Pobre Senhorita Adria.

— Os escoceses falam inglês? – perguntou, com toda a sua completa ingenuidade.

— É claro que falam, estamos ainda no Reino Unidos. – Charlotte respondeu, educadamente, com sua fala mansa e seus olhos gentis.

Tinham liberdade para caminhar por toda a casa, menos no quarto andar, exclusivo para a família Blackburn. Descobriu que preferia ficar nos salões, eram grandes, tinham diversos sofás e divãs, o chá era servido por toda a tarde e os empregados atendiam a todas as necessidades sem que fosse preciso ordená-los. Vitoria comentara algo sobre caminhar no jardim, mas Charlotte não sentia vontade de queimar sua pele pálida como a neve (como era o padrão de beleza), nem ser devorada pelos mosquitos ou por algum outro animal selvagem que pudesse sair da floresta logo ali do lado. Era incrível como os escoceses conseguiam viver ao lado do mundo selvagem sem nem mesmo uma cerca para mantê-los separados.

— Como tem sido a caçada por um marido? – perguntou Lady Vitoria, de repente quebrando todas as conversas frívolas que tiveram até então.

Charlotte virou a cabeça para ela, atônita. Não esperava ser interrogada assim. Mas considerando que Vitoria já era casada, deveria se importar com o futuro da tão querida amiga mais nova. Aprumou-se em sua poltrona, levando a xícara aos lábios, tentando dar-se mais tempo para pensar em uma boa resposta, que não fosse a mentira, mas também não fosse a verdade inteira.

— A Temporada, você quer dizer?

— Qual outra caçada? – Vitoria notou a agitação de Charlotte, mas fingiu não perceber.

— Sim, tenho ido a muitos bailes e saraus. Birmingham tem me aceitado muito bem.

— E porquê não haveriam? É relativamente tudo o que um esposo quer, educada, gentil, respeitosa, bonita. Inteligente. Não vejo porquê permanecer vagando nos salões, sem se sentar com um bom cavalheiro. Estou aqui para disponibilizar esses momentos, não para ficar lhe apontando as cores das almofadas ou como a comida está boa. – piscou, vendo-a vermelha. Charlotte era como um livro aberto. – Quem é?

— Como? – ela ergueu as sobrancelhas, instantaneamente pega. Charlotte de repente desejava que seu pai tivesse chamado outra pessoa, não Vitoria, que a conhecia tão bem.

— Quem é o rapaz que a está cortejando, que não te deixa conversar com os três jovens que ficam a encará-la indiscriminadamente? – perguntou, apontando grosseiramente os três, parados ao lado de uma janela, realmente encarando Charlotte.

— É complicado. Ele só me visitou uma vez – confessou – Mas prometeu que irá se casar comigo, o que eu acho bem... precipitado da parte dele. Mas não sei como reagir, bem, eu não posso simplesmente ser cortejada por outros quando ainda não recebi a proposta dele e a aceitei.

— Então irá aceitar? – Vitoria sorriu – Que notícia boa, Lottie!

— Não vejo por quê não haveria. O amor vem depois do casamento, como todos dizem, e sinto que serei capaz de amá-lo.

— Eu amo meu esposo e faz cinco anos que estamos juntos, comecei a amá-la mês passado. – e então riu – Será um caminho difícil, mas você se sairá muito bem. Nenhum homem seria capaz de não amar Charlotte Cattaro.

— É muita gentileza da sua parte. – ela sorriu, extremamente feliz. Sim, Alberto não tinha chances de escapar de todas as suas qualidades, ele iria se apaixonar por ela, assim como ela se apaixonaria por ele. Tudo o que tinham de fazer era dar tempo ao tempo e para isso existia o casamento. – Estou louca para ter meus filhos!

— Ah, eu também! – a senhora exclamou. – Mas me conte o nome dele!

— Alberto de Andrade. – disse, no melhor espanhol que conseguiu. Vitoria esbugalhou os olhos.

— Mas é sobrinho de meu esposo! – e segurou as mãos de Charlotte – Um ótimo rapaz, tão inteligente e bom com as palavras!

— Sim, me fez um poema! E gostou de meu quadro. Ah, eu queria tanto que ele estivesse aqui...

Vitoria sorriu, compreensiva. No mesmo instante, olhou por cima do ombro de Charlotte, a quem ainda segurava as mãos, e viu o perfil de um jovem conhecido. Muito parecido com seu próprio esposo. Piscou, atônita, completamente abalada por aquela obra de destino. O amor é sempre uma surpresa agradável.

— Pois veja! Alberto! – acenou, chamando o rapaz, que se virou abruptamente. Seus olhos pousaram sobre tia Vitoria, e em seguida nas costas da jovem sentada a frente da mulher. Era impossível não reconhecer o cabelo louro, a silhueta magra e o vestido azul, o mesmo que usava no primeiro baile em que a viu.

Charlotte. Oh, Deus, havia pensado nela por uma semana inteira, não era possível que estivesse também uma semana inteira ao seu lado na Escócia! Que fortuna era aquela que lhe permitiria cavalgar pelos campos ao lado de tão formosa senhorita, ou arrancar-lhe flores para colocar nos cabelos, como uma coroa que ela merecia? Era de fato um homem de sorte!

Pôs-se a caminhar em direção às conhecidas, ignorando os olhares atravessados daqueles que tinham se incomodado com a exclamação de Vitoria. Era uma mulher indelicada, de fato, mas de bom coração. Em Portugal eles podiam se tratar de forma mais liberal e calorosa, como amigos mesmo. Charlotte adoraria o sol e as músicas, adoraria a dança. E adoraria poder expressar seu afeto em público, sem retaliação. Afinal era isso o que ele mais queria, segurar seu rosto e beijá-lo do topo da testa a ponta do queixo.

— Querida tia Vitoria – cumprimentou-a com um beijo na mão. – Senhorita Charlotte. – e então segurou-lhe a mão, macia e pequena, e sentiu um arrepio tomar-lhe o abdômen. Depositou ali, naquela pele tão branca e perfumada, seu mais sincero beijo de respeito. – Que grande prazer em encontrar duas adoráveis damas conhecidas, já estava perdido aqui.

— Nosso prazer é este, meu sobrinho, pois estávamos falando agora mesmo de ti. – e com isso, ela piscou para Charlotte, que enrubesceu violentamente. Não, Vitoria não iria contar-lhe isso, iria?! – Charlotte estava a me contar como a tinha guiado em seus primeiros bailes em Birmigham. É realmente muita gentileza sua.

— Não haveria presente melhor de uma dama tão amável. – respondeu, os olhos voltados somente para a sua inspiração. – Me entristeci de não a tê-la encontrado quando cheguei em Gray.

Vitoria estava saltando em seu interior, empolgada com o romance de seus dois pupilos. Queria tanto uma boa esposa para Alberto, alguém que lhe compreendesse a alma de poeta e o amasse com a mesma intensidade com que ele amava a tudo. E Charlotte merecia o mais atencioso e arrebatado dos esposos, alguém que lhe segurasse a mão e dissesse “sim, minha senhora” com sinceridade no coração.

Passaram o resto da tarde conversando e tomando chá, enquanto o sol abaixava-se até deixar o interior da casa frio, e os convidados fossem se retirando, um a um, para seus quartos, a fim de dormir bem pela noite fria que vinha a seguir. Quando as duas mulheres se despediram de Alberto, já estava escuro e os criados recolhiam os utensílios servidos de tarde. Vitoria acompanhava Charlotte, o que lhe dava mais oportunidades e desculpas para ficar ao lado da jovem, já que Vitoria também era sua tia. Mas Alberto não queria exatamente esse tipo de passatempo, durante a semana que teria pela frente. Queria estar sozinho com Charlotte, para declamar todos os seus sentimentos somente a ela e garantir novamente sua pretensão de pedi-la em casamento. Afinal, já era um sonho que ele vinha alimentando todas as noites. Seria loucura se apaixonar tão rapidamente e perdidamente?

Muitos dizem que o amor só acontece após o casamento, depois de muitos anos juntos. Mas seria possível amar antes de terem uma união, não? Ele conhecia a literatura, lera sobre isso, era sim possível, talvez fosse chamada de paixão e não amor, mas era possível.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Agora respondam: O que gostariam de ver acontecendo com Alberto e Charlotte? Beijos da Meell!