April Fool's Day escrita por Raura


Capítulo 1
Fool's Day


Notas iniciais do capítulo

Presente de aniversário para Karoul.
(e partilhado para todos apreciadores de Alucard e Integra)
Tenham uma boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/685957/chapter/1

Muitas pessoas usavam o dia da mentira para dizer verdades que jamais pronunciariam em outro dia do ano, ou simplesmente as diziam apenas para se divertir à custa das pessoas que realmente acreditavam no que ouviam.

O Sol já tinha se posto e Alucard tocava piano na biblioteca, sentiu seu cheiro e ouviu as batidas de seu coração antes que ela aparecesse na porta, fingiu estar profundamente concentrado no que fazia e que não percebera a aproximação de Integra, sondou rapidamente sua mente e não encontrou nada que chamasse a atenção.

Parou ao lado da banqueta do piano para escutar, tinha um copo em mãos com whisky e gelo, reconheceu a composição que Alucard tocava apesar dele a estar tocando com um arranjo  diferente. Quando terminou sua bebida deixou seu copo em cima do piano ao lado do que estava ali, ficou parada ao lado dele com os braços cruzados o ouvindo terminar de tocar, assim que tocou a última nota, chamou-o.

— Alucard? – ele esticava sua mão para pegar o copo com sangue, parou o movimento ao ouvir o chamado.

— Sim...

Não captou nenhuma oscilação ou mudança em seus pensamentos, nem mesmo sua pulsação se alterou, por isso pela primeira vez em muito tempo foi pego desprevenido. Ao virar seu rosto para ver o que ela queria, ela aproximou seu rosto do dele e o surpreendeu com um beijo.

Nunca em sua existência teria esperado essa atitude deliberada de Integra.

Sentiu o gosto de tabaco e whisky quando ela invadiu sua boca com a língua, percebeu o arrepio de seu corpo quando seu hálito frio entrou em contato com o quente dela. Sua atenção estava toda nela e em seu corpo, sentia o calor da pele dela, a pulsação acelerada, a sua boca quente, seu cheiro que exalava... Há muito tempo não sentia que ia perder o controle, há muito tempo o monstro não clamava tão intensamente o desejo por seu sangue...

Se a mansão estivesse em chamas, não teria notado.

Alucard agarrou a cintura de Integra e ao fazer menção de tentar puxá-la para seu colo – assim poderia desfrutar mais do momento – ela segurou em seus ombros e o empurrou afastando-se dele, notou que as pupilas dela estavam dilatadas.

— Isso nunca vai se repetir. – disse levemente ofegante.  Sustentou firmemente o olhar excitado de Alucard, seus olhos ardiam estampados com a essência da mais pura luxúria. Integra endireitou-se, pegou o copo agora vazio de cima do piano e saiu da sala sem olhar para trás.

Em seu quarto, livre de presença de Alucard se permitiu pensar no que tinha feito, sentiu raiva de si mesma, agora ele ficaria insuportável. Inspirou e expirou o ar com força, percebeu que um pouco do cheiro daquele insolente ficou em seu corpo, merda pensou irritada. Pegou seu pijama e foi até o banheiro, necessitava de um relaxante banho.

— - - - - - -

Mais tarde em seu quarto no subsolo da mansão Hellsing, Alucard pensava cuidadosamente na atitude de Integra na biblioteca. Nunca a tinha visto com a guarda tão baixa, especialmente por ter sido ela a tomar atitude, então rapidamente uma lembrança veio a sua memória.

Chovia torrencialmente aquele dia e depois de atazanar muito a Hellsing, ela aceitou jogar pôquer com ele que para sua satisfação e deleite, viu a ira relampejar nos olhos azuis de Integra quando o Straigth que tinha em mãos não ganhou de seu Full House. Podia jurar que ela o estrangularia – se isso fosse funcionar, afinal tecnicamente ele já estava morto – no momento em que foi cobrar o que ganhou.

E quanto ao meu prêmio? – disse se debruçando na mesa encarando a loira.

Segundo apostamos se você ganhasse eu te daria um beijo, porém em nenhum momento eu disse quando.

Nunca imaginou que ela ainda se lembrasse, obviamente que ele não esquecera e estava esperando a oportunidade certa para importuná-la com isso. Só não entendia porque ela tinha tido essa atitude do nada, não era do feitio de Integra ter atitudes impensadas, leves batidas da porta de seu quarto lhe tiraram de seus pensamentos.

— Entre. – sabia que era Seras antes que ela pusesse sua cabeleira loira na porta.

— Mestre, a senhorita Integra pediu que o senhor fosse até o quarto dela.

— Agora? – o rosto dela ficou vermelho.

— Não se irrite, por favor, mas... É primeiro de abril e...

Antes de terminar sua frase ela já tinha sumido de seu campo de visão – todo ano Seras e Walter competiam nesse dia para ver quem conseguia fazer Integra ou ele caírem nas suas mentiras – estava distraído com suas lembranças e pensamentos que não notou a mentira banal que ela tinha lhe dito.

Então uma coisa lhe ocorreu, Integra era esperta, nunca dava ponto sem nó e suas últimas palavras antes de sair da biblioteca... Deixou que sua gargalhada ecoasse pelos corredores do subsolo, realmente... – escolher o dia da mentira para pagar uma aposta e depois dizer que isso nunca ia se repetir – Integra Hellsing era uma mulher incrível.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se você leu até aqui, deixe-me saber o que pensaram.