Ecos da dor escrita por psyluna


Capítulo 1
Retorno.


Notas iniciais do capítulo

Espero que a leitura seja... Não posso dizer agradável. Esclarecedora, talvez.



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Oi.

Não quis dizer nada disso em voz alta, porque brigariam comigo. Aquelas mesmas coisas sobre engolir o choro, parar de reclamar, sobre eu “dar conta disso”. Vejam bem, eu já tentei bastante. Tentei de várias formas, com várias pessoas. Já pedi com clareza exata o que eu procurava, até, em um sem número de situações diferentes. E se interagir com alguém não resolveu, isso me faz concluir o óbvio, o que eu sabia desde sempre: o problema é comigo.

O problema sempre é comigo. Não preciso do discurso de “você está se vitimizando” nem do “você está sendo pessimista”. Sabem por quê? Porque isso só aponta mais problemas em mim. Mais defeitos, mais coisas que estou fazendo errado. Eu erro o tempo todo, a ponto de admitir culpa onde nem estava. Eu erro em tudo. Faço tudo torto e não agrado a ninguém. Querem a surpresa? Também não estou feliz com isso. Nem em errar, nem em acreditar nisso tudo.

Erro até comigo mesma. Afinal, tenho a maldita capacidade de acessar os diferentes cantos da minha personalidade e me alterar. Sei que não devia confessar nem comentar isso porque não soa natural. Parece coisa de ator, ou de sociopata. Aí fui me mudando ao longo dos anos e aqui estou hoje. Não foi um trabalho fácil, sabem. Às vezes é tão doloroso quanto operar a si mesmo. E fora da sala de cirurgia, não tem anestesia que alivie. Mas ninguém gostou do resultado. Nem eu.

Não posso concordar. Não posso discordar. Não posso amar. Não posso rejeitar. Não posso falar, mas não posso ficar em silêncio. Não posso me dedicar ao que gosto, mas se me dedico ao que não gosto, também é ruim. Não posso nada. Não posso ser nada, ter nada, fazer nada. Tudo o que eu fizer resulta em consequências horríveis ou não contenta ninguém. Até mesmo se eu tomar a atitude de não existir, vai ter quem ache ruim, entende? Até se eu fizer o maior esforço do mundo para ser invisível e não incomodar, não entrar no caminho de ninguém. Alguém vai reclamar. Alguém sempre vai reclamar. Assim fica difícil. Já estou esperando os resultados péssimos de ter colocado esse sentimento para fora, por escrito, aqui. Eu “não deveria pensar essas coisas ainda”, não é? Eu “já passei da fase”, já era para ter compreendido. Compreendido o quê? Que o melhor é aceitar tudo calada? Deixar todo mundo fazer o que quiser comigo? Que interessante! Eu também já tentei. E não funcionou.

“Você só deveria ser você mesma.” O problema de ser eu mesma é que, por trás de todas essas mudanças que fiz em mim, de todas as regras sociais não ditas que eu gravei passo a passo, a ferro e fogo, eu não sou uma pessoa exatamente agradável. Sou agressiva, descuidada, desesperada, sem noção, folgada, desrespeitosa, sensível e frágil. “Como você sabe?” Porque eu sou obrigada a me aguentar desde que tomei consciência de mim. Eu convivo comigo o dia todo, todos os dias e por mais todos os outros dias em que eu permanecer viva. Eu sei, de verdade, como é que isto aqui funciona. Não dá para relaxar. É sério. Se hoje parece ruim, ontem foi muito, muito pior.

Talvez eu tenha alguma culpa por deixar tudo isso me afetar, mas não vou me punir por ter sentimentos. Eu me recuso. Não vou massacrar a única parte de mim que nunca fez mal algum. Na verdade, eu… Eu queria ter coragem para gritar tudo o que acabei de escrever, mesmo que não fosse resolver nada. No entanto, a rebeldia nunca me trouxe algo de bom. Prefiro respirar fundo, esperar a hora e ser diplomática. Escrever machuca menos em mim e nos outros. Aqui, posso atacar sem ferir, amar sem tocar e me esconder mesmo que todos conheçam meu rosto lá fora. É uma planta baixa da vida, um eterno rascunho que só pertence a mim. Peço perdão por qualquer incoerência cometida acima, é um assunto delicado e muito confuso, ainda. Espero que eu tenha conseguido me organizar melhor por dentro com tudo isso.

Apesar de achar, com sinceridade, que cometi apenas mais um dos meus erros.


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Notas finais do capítulo

Enfim, terminou. Não sei se coloquei um peso para fora ou se só aumentei o que já carrego. Fico no aguardo de comentários, reflexões e opiniões em geral. Gostaria que mais ninguém no mundo se identificasse, mas sei que outras pessoas passam pela mesma dor. Talvez seja bom encontrar uma alma semelhante e sentir não estar só neste mundo.



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