As palavras definitivas ponderaram no ar gélido da sala de estar. Scott virou o rosto para o lado, afim de evitar contato visual com Isaac. Doía-lhe o peito, e a dor se expandia com cada suspiro executado. Piscou algumas vezes, tentando em vão conter as lágrimas que teimavam em escorrer pelo rosto corado de frio. Era verdade, então; tudo o que  Stiles lhe dissera, supondo ser meros rumores.

— Olha pra mim! — Isaac arfou, correndo até o moreno e tentando em vão levar a mão até o queixo quadrado e áspero pela barba por fazer. Scott chicoteou o ar, recuando ao toque inevitável. — Fala sério! Você sabia que isso iria acontecer. Meu pai é um nômade incompetente, e eu estava acostumado com isso, até você aparecer e estragar tudo — continuou, o tom da voz quebrando-se com cada palavra.

O rosto de Scott ergueu-se vagarosamente, e com os olhos marejados de água, fitou o loiro em sua frente; parecia longe demais.

— Você não pode me deixar! — Scott fungou feito uma criança no primário, enfurecido e quebrado por dentro, como se seu melhor amigo estivesse lhe deixando para brincar com outras crianças. Mas Isaac era mais que um amigo, partilhavam da mesma alma, o toque de seus corpos era uma luz na penumbra. — Eu estava pronto para oficializar tudo, sabe? Te amar em público, te tocar de maneiras variadas em dias como este; frios e molhados — o moreno balançou a cabeça em negativa, cedendo às lágrimas quentes que deslizaram livres por sua bochecha avermelhada. — Você nem se foi e eu já sinto sua falta. — poderia ceder também ao chão, que lhe parecia um imã, mas drama não era uma das características que Isaac admirava em uma pessoa, isso ele deixara claro. Portanto Scott reuniu todas as suas forças para manter-se de pé, e só desabou quando os braço de Isaac o cercaram como uma bola de luz.

Ambos choravam ao som inerte da chuva, pressionados um contra o outro. Isaac afastou o rosto de Scott e beijou-lhe os lábios, rastejando pela face do moreno até tocar os mesmos nos cílios umedecidos pelas lágrimas.

— Eu vou voltar um dia — prometeu, o beijando novamente. Scott assentiu, sabendo que nada se passava de meras promessas que nunca iriam se concretizar. E estava de acordo com isto, pois sabia que Isaac ficaria em sua memória para sempre; na vida e na morte.

Recuando lentamente, Isaac acatou a mala que deixara em um canto da sala de Scott e andou até a porta, onde em um último vislumbre do moreno, se desfez em memórias, e a última coisa que Scott ouvira fora o carro de Isaac se distanciando de sua casa.