Because of all escrita por Hurricane


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hey, ando meio enferrujada e há tempos não postava nada por aqui. Desculpa se não ficou bom e eu realmente espero que você goste, e obrigada por ter dedico o seu tempo por aqui ♥



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BECAUSE OF ALL

Os grossos pingos que batiam na janela, em uma noite fria de Novembro, faziam uma simbólica sinfonia na quieta casa. Os olhos castanhos encaravam as palavras do livro em seu colo, enquanto a parafina escorria pela quinta vela já da noite. Seu sono sumira, e talvez não voltasse até ter Harry seguro em seus braços novamente.

Já era a terceira noite em que Gina fingia ler livros e pergaminhos ao invés de dormir, pelo menos não estava na temporada de jogos. Ser parte da equipe Harpias Holyhead significava incessantes horas de treinamentos e horas de sono regradas. Mas desde que Harry Potter saíra de casa batendo a porta seu universo virou de ponta cabeça.

Quatro noites atrás e o apartamento parecia um campo de guerra, os corações haviam se feito de vidro e estilhaçaram no chão. As estridentes cordas vocais trabalharam a todo vapor e gritaram palavras que não deviam, de ambos os lados, machucados e orgulhosos, os olhos se encararam e seguraram todas as lágrimas que queriam soltar.

Mas tudo terminou quando a porta bateu, tão forte que o quadro chegou a cair. Trincando e rachando ao meio a melhor foto do casal. E junto com ele, a menina dos cabelos de fogo caiu no chão de joelhos e chorou.

Não se lembrava mais do motivo que fizera com que tudo aquilo começasse, e cada que passava parecia que a ferida se abria mais. Não tivera notícias, nem uma carta ou sinal de fumaça. Como alguém pode desaparecer assim? Ainda mais quando se tem algo tão importante acontecendo?

Levantou-se do sofá e foi em direção à cozinha atrás de um suco de abóbora ou algo do tipo, não fazia a menor ideia de onde havia deixado sua varinha desde que Harry saíra. Aproveitou para abrir os armários a procura de qualquer tipo de alimento que tivesse chocolate ou a quantidade certa de açúcar para acalmar o seu coração, encontrando apenas uma torta de maçã embolorada. 

Desistiu de procurar e retornou a sua caverna, o sofá. Retornar ao quarto do casal sem ele não fazia sentido, ainda mais quando Gina sabia que aquele era o fim. Harry nunca fugia, nunca ia embora sem solucionar todos os problemas, ele nunca batia portas. Entretanto, daquela vez aconteceu e estava sendo horrível.

Adormeceu no sofá, cabelos vermelhos esparramados pela almofada e o corpo desajeitadamente encaixado no pequeno espaço de estofado. Acordando com o alto e desengonçado barulho do telefone, que havia sido instalado a poucos dias. Colocou o aparelho no ouvido e sussurrou um sonolento “Alô”.

― Gina? ― a voz calorosa de Hermione invadiu seus ouvidos, a morena falava baixo, um sussurro apressado ― Desculpa estar ligando essa hora, mas é que só foi agora que consegui despistar o Ron, como você está? ― perguntou carinhosamente.

― Mal ― foi tudo o que o seu cérebro conseguiu raciocinar naquele momento, poder ouvir a voz de outra pessoa, de uma pessoa que significava tanto para o seu casamento, a fez chorar.

― Eu sinto muito, sinto mesmo, Ginny. Mas eu não posso mais aguentar essa mentira. Escute o que eu tenho para te falar, Harry esteve aqui durante todo esse tempo. Eu sei, está sendo difícil para ele também, acredite. Eu não pude te ligar antes, mas ele está voltando Gina. Acabou de sair daqui, na verdade... ― o rosto da ruiva encheu-se de cor, parecia que a alegria voltaria a habitar, mas Hermione continuou a falar ― Mas ele está bêbado Ginny, eu estou ligando mesmo para te avisar... Não diga nada estúpido, ouça tudo o que ele a dizer, okay? Eu te amo, mas eu tenho que desligar agora, Ron está impossível. Boa noite, querida! ― sua voz foi ficando distante ao ponto que a linha ficasse repleta de “tus” e o silêncio voltasse a invadir o local.

Dobrou os joelhos, ainda sentada, e os abraçou, apoiando o queixo nos mesmos. Os cabelos caíram como cascatas vermelhas. Fechou os olhos e permitiu-se sorrir, ele estaria de volta. Não importava como, ela sentiria seu abraço novamente e tudo ficaria bem. Crescer no meio de tantos homens a fez ser mais forte do que a maioria das garotas, mais dura e geniosa. Não costumava chorar facilmente, mas com ele era diferente. Sempre amara Harry Potter, se ele soubesse da metade do efeito que tinha sobre o seu corpo não teria partido. Uma lágrima correu solene por suas bochechas, esquentando o local.

A luz da antessala acendeu, dando forma ao corpo que ela tanto conhecia, os olhos verdes estavam turvos, quase que tão confusos quanto os dela. A jaqueta jeans estava suja de lama e molhada, os sapatos sujaram toda a parte em que pisaram, mas pela primeira vez ela não ligou. Tinha vontade de correr e saltar ao encontro dos seus braços, beijar e subir para o quarto. Sentia falta do calor daquela pele branca, de passar a mão nos cabelos pretos e mais do que isso, ouvir a sua voz. Sentir a sua presença de fato.

― Harry? ― Sua voz saiu sem dificuldades, levantou o olhar e mordeu o lábio inferior. Estava receosa. O homem na sua frente, o seu homem, andou até o sofá e se jogou no mesmo. O cheiro de whisky de fogo chegou ao seu nariz e embrulhou seu estômago. Seus olhos estavam tão próximos, mas ao mesmo tempo tão distantes.

― Ginny ― sua voz estava calma, um pouco embriagada, mas doce. Sua mão subiu até o rosto da mulher e a acariciou com o polegar, na altura da bochecha. Os olhos castanhos marejaram com o toque ― Bonita como um lírio do campo e dura como o rochedo que o abriga ― os olhos se encontraram e ficaram fixos por mais tempo que o desejado ― Eu não quis ter ido embora, eu sinto muito.

― Está tudo bem, você voltou ― A ruiva disse, segurando a sua mão e sentido o calor que ela emanava, sempre teve mãos quentes. Reparou que a barba crescia desgrenhada, e que em outras horas a odiaria, mas no momento, só o fazia parecia mais incrível.

― Não está tudo bem, Ginny. O que aconteceu aqui foi brutal, nós precisamos conversar. Quando você diz aquelas coisas, ou quando eu digo, elas não machucam só ao outro. Elas nos cortam por dentro ― os olhos verdes eram intensos. Analisava o rosto sardento da ruiva e imploravam por entendimento.

Ela abaixou a cabeça, os cabelos cobriram o resto do seu rosto, o coração estava pesado. Pela primeira vez em anos, ela estava calada diante dele. Nunca haveria palavras o suficiente para dizer o quanto o amava, e talvez, por conta da ausência delas se encontravam em tal situação. A mão soltou-se da sua e livremente colocou os cabelos por trás da orelha. Um sorriso fraco escapou de seus lábios machucados.

― Você não pode sair salvando todo mundo, Potter ― os olhos verdes começaram a transbordar raiva, este havia sido o motivo da briga. Harry como auror fazia várias viagens, se arriscava combatendo as forças negras que ainda rondavam o mundo mágico ― eu não posso ficar sozinha durante uma semana com a incerteza da sua volta. Voldermort se foi, mas aparentemente uma parte de você não quer deixar o ir. Eu só queria ter uma vida comum, igual ao dos meus pais. Por favor, Harry.

― Se você queria uma vida comum deveria ter se casado com Dino, não comigo ― Ele se levantou, as mãos tremiam por conta da raiva. O quão egoísta era ela? Por que colocava o seu sonho acima do dele? A mão descontrolada atingiu um vaso que se espatifou assim que entrou em contato com o chão, cacos de vidro esparramaram-se por toda a extensão da sala ― Eu acho que eu devo ir embora ― sua voz se mantinha calma, baixa ― nunca vou ser normal, nunca seremos como os seus pais ― seus olhos ardiam, suas bochechas estavam vermelhas. Ela estava sentada, paralisada com tudo ainda, seus olhos castanhos arregalados e a boca fechada ― talvez eu não seja o homem certo para você, Weasley.

Como se um martelo a tivesse atingido, mil flechas em chamas a tivessem acertado, os olhos encararam o rosto na sua frente. Os cabelos pretos estavam cumpridos, agora notara, o óculos torto fazendo piada com a simetria que ela tanto adorava. Eram uma bagunça, dois furacões que se colidiram e perceberam que juntos seriam mais fortes, mas ainda assim, tinham vontades tão próprias e inatas que não pensavam em questionar o outro, agiam com o impulso do momento. Com o que acreditavam que era certo, e o era de fato, na maioria das vezes.

― Você é o homem certo para mim ― as palavras saíram uma a uma, como sílabas soletradas por uma criança de cinco anos. Ambos estavam em pé, ela estendeu a mão e alcançou o seu pulso, o toque fez com que faíscas imaginárias os preenchessem, guiou as suas mãos até o seu peito, o coração estava acelerado, os olhos trêmulos e a boca seca ― você faz o meu coração acelerar desde a primeira vez que eu o vi, quando desci aquelas escadas e me deparei com o menino magrela de cabelos negros, eu cheguei a sentir inveja de Hermione e Ron, porque eles podiam ficar do seu lado e eu não. Quando você teve aquele lance com a Chang eu chorei, meu coração se despedaçou cada vez em que eu olhava para você, mas era pra ela que você olhava. Eu tentei te esquecer, Harry, mas um amor como esse não acontece duas vezes ― as lágrimas escorriam por seus olhos e manchavam as bochechas sardentas.

― Ginny... ― ele a interrompeu, sendo imediatamente repreendido pelos dedos da mulher que foram em direção de sua boca, calmamente, tocando-lhe os lábios, tocando-lhes as memórias. Tocando-lhe a alma.

― É por conta de tudo Harry, é por ser você. Eu não quero que mude, por Merlin, nunca quis, você é o meu homem e eu serei a sua mulher ― a mão que permanecia em seu peito desceu, foi em direção à barriga, repousando ali ― e nós precisamos ficar juntos, não só por nós, mas por ele.

O decorrer da noite foi baseado em sorrisos e abraços, abraços calorosos do tipo que fazem com que a pessoa se encaixe e nunca mais deixe aquele lugar a que realmente pertence. Aos poucos as luzes iam se apagando, os pés subindo a longa escada e se entrelaçando conforme os corpos se abraçavam no colchão. O vento continuava do lado de fora, mas não havia mais chuva, as folhas das árvores dançavam uma antiga sinfonia, assim como o coração daquele casal, compassada, em harmonia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado, see you around ♥



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