Ah, sábado...

Todos têm aquele prazer banal que é seu preferido. Aomine amava acordar sozinho, naturalmente. Kagami se realizava acordando cedo e cozinhando sozinho, sem interrupções, totalmente em paz e sem compromisso. Cenouras picadas despejadas na panela de molho e frigideira levada ao fogo. Banheira cheia de água quente e revista inapropriada surrupiada para o banheiro. O casal começava mais um sábado, dia da semana aquele que iniciavam tranquilos e terminavam dando o máximo de si até esgotarem as energias, fosse na quadra, fosse na cama.

— Ahomine – Taiga gritou da cozinha –, pare de ver mulher pelada, não adianta mais. Sua masculinidade já foi pro ralo há anos – com um sorriso no rosto, ele começou a rodada de provocações.

Daiki se secou e, sem vestir nada, foi até a cozinha, parando em frente ao parceiro.

— Falou o cara que está acordado desde cedo fazendo meu almoço e que não consegue ficar com a boca fechada quando me olha pelado. – Aomine beijou os lábios alheios – Ohayou, Bakagami. Agora vou pôr uma roupa porque sempre que vou comer nu, a última coisa que ponho na boca é o que tem no prato.

— Ohayou, Ahomine. Pode ir pôr a roupa, mas a comida ainda vai demorar para ficar pronta – disse Kagami enquanto se contorcia pra espiar o outro se afastando.

— Que seja, que seja... E eu sei que você 'tá olhando para a minha bunda, baka. Se você quer ela, é bom agilizar essa comida – Daiki respondeu antes de entrar no quarto.

Usando um avental tigresco, Taiga preparava um molho e fritava peixes. Cuidadosamente forrou uma travessa com papel toalha e pôs os primeiros peixes prontos, se permitindo até mesmo a cantarolar. Mexeu o molho e foi pôr mais três peixes na travessa, porém os três primeiros tinham sumido.

— Oe, Daiki! Dá pra parar de roubar comida? – Kagami queixou-se enquanto Aomine, já vestido, lambia os dedos ao seu lado.

— Eu estou morrendo de fome enquanto você aí tá todo tranquilo cantarolando abertura de anime, seu viciado. – O moreno tentava roubar o peixe frito que estava na mão de Taiga. – De onde é esse? Sailor Moon?

— É da segunda adaptação de Hunter×Hunter, mas não é essa a questão! – Kagami lutava para manter o petisco fora do alcance do parceiro, sofrendo por ser ligeiramente mais baixo. – Sai! Sai ou eu não ponho pimenta no molho e escondo ela! Sai pra lá, urubu!

— Urubu, é?! – Aomine disse, se fazendo de ofendido, mas sua expressão transmitia malicia. Como Taiga estava esticado, seu pescoço estava totalmente exposto, e Daiki se aproveitou disso, mordendo-o com força e então fugindo logo em seguida, desviando de uma colher de madeira que o outro jogou.

— Ahomine, kisama! – Kagami gritou, mas o moreno já estava longe da cozinha

“Bom, pelo menos ele foi embora” ele pensou, enquanto sorria satisfeito. Sorriso este que se desfez logo quando ele sentiu cheiro de queimado. Felizmente, o cheiro fora causado por um pedaço de peixe que caíra perto ao fogo, mas foi o suficiente para dar um bom susto no cozinheiro.

Mesa posta e comida servida, o casal se deliciava com o prato bem temperado.

— Você põe muito alho! – Aomine reclamou apenas para provocar, afinal comia com voracidade.

— Você ama pimenta, eu amo alho. Eu aguento sua pimenta, você aguenta meu alho. Se você realmente se incomoda, eu deixo você cozinhar, não tem problema... -– Kagami respondeu, abusando da ironia.

Daiki riu sem graça e permaneceu em silêncio por alguns instantes. Então crispou os lábios.

— Qual o problema, aho?

— Eu te amo pra caralho, Bakagami – o outro disse como se falasse que seu cabelo era azul, apenas dando ênfase para “baka”.

— Ha! Eu também te amo pra caralho, Ahomine – Taiga tentou responder com a mesma naturalidade, mas não conseguia não transparecer carinho nas palavras. – Você é meu!