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 Assim que acabei à caça na floresta parti para Chessan e meu pai dirigiu-se até Village com quatro coelhos que conseguimos abater para nossa janta. Apesar dos dias difíceis naquela época, estava feliz. Amava minha vila e as pessoas ao meu redor... Eu tinha tudo o que precisava ali.

— Veio cedo hoje, não?

Olhei para trás e me deparei com o sorriso de Lux. Ela estava linda hoje! Era o motivo de eu vir todos os dias em Chessan, trocávamos informações e treinávamos diariamente em busca de um dia finalmente combatermos Swan juntos, e é claro, eu estava apaixonado.

— Conseguimos quatro coelhos. Estou melhorando com meu arco – Vangloriei.

 - É mesmo? Devíamos treinar? Já consegue usá-lo bem? – Perguntou ela com tom de sarcasmo.

— É... É claro que sei. Vamos logo treinar. Não posso ficar muito tempo hoje.

Ambos partimos para nosso campo pessoal de treinamento, obviamente não era o melhor lugar do mundo.  Duas crianças com dez anos não poderiam fazer mais que alvos de pedras.  Respirei fundo enquanto olhava a pedra pendurada por uma corda, imaginei o arco em minha mão e ele apareceu subitamente como luz condensada. Arqueei meu braço para trás e imaginei a flecha. Após soltá-la, observei meu alvo se desfazendo. Fiquei feliz por não ter falhado! Após treinar várias e várias vezes eis o resultado.

— Parabéns – ela aplaudiu risonha. – Minha vez!

Lux era uma maga de grande potencial! Prendia as presas, os deixavam lentos com sua explosão de luz, nos dava escudo e ultimamente aprendera a utilizar uma nova magia onde conjurava um raio de luz à longa distância. Ao contrário de mim, mal acerto um tiro... Mas ao menos sei teleportar muito bem e recentemente venho aprendendo a  acertar o alvo mesmo com um obstáculo a minha frente.

— Incrível! – parabenizei-a após ter explodido todas as vinte e duas pedras à sua frente.

— É só treinar mais, Ez. Você consegue! – Ela deu um tapa em meu ombro.

Fiquei um pouco desanimado, mas continuei após sorrir retribuindo seu encorajamento. Treinamos por duas horas e meia e decidi pararmos por ali. O sol já estava se pondo e eu prometi que chegaria em casa antes de isso acontecer. Caminhei em retorno à Village, porém ao chegar lá tudo estava em chamas, meu coração acelerou desesperado. Pensei em meus pais e parti para minha casa desviando dos destroços no caminho. Tudo o que encontrei lá foi escombros... Comecei a procurá-los em meio aos destroços, desesperado.  Escutava pessoas gritarem por todos os lados, espadas perfurando os aldeões. Tentei ajudar alguns feridos, mas havia muito fogo acerca. Os cavalheiros de Swan estavam atacando os aldeões esboçando um sorriso. Queria fazer algo, porém eu não conseguia manipular muito bem meu arco.  Não possuo magia de defesa como Lux... A vila pacifica que eu conhecia estava um caos. Por que isso foi acontecer logo agora?

   Continuei desviando dos destroços procurando meus pais e ao mesmo tempo implorando para que o garoto que empunhava uma longa e larga espada não me visse. Com certeza eu seria morto como a maioria estava. Fui tirado do meu devaneio quando escutei a voz de meu pai me chamando, virei para encontrá-lo feliz. Meu pai estava vivo e dirigindo ao meu encontro.

— Pai, o que aconteceu? Cadê a mamãe? Você está bem?                                                                                         

— Ezreal temos que fugir! – dizia ele correndo em minha direção.

 Antes que me alcançasse a silhueta de uma mulher vestida de couro surgiu a sua frente. Abriu seus braços em pose de ataque com duas adagas arqueadas em suas mãos e em sintonia traçou um ‘’x’’ no pescoço do meu pai. Foi tão rápido que não consegui articular o que estava acontecendo até mesmo porque ela surgiu do nada, o corpo enorme de meu pai caiu sobre os escombros de madeira chamuscando. Ela virou-se olhando para mim e meu corpo estremeceu de medo... Tinha uma enorme cicatriz em um dos olhos e esboçava um sorriso de pura malevolência.  Pensei em tudo o que fiz de errado em meus dez anos de vida ou à partir do que conseguia lembrar de algo, acho que é um daqueles típicos momentos de arrependimento pré-morte, não?  Eu estava tão em choque que não conseguia me mover dali. Fechei meus olhos aguardando ser esfaqueado como meu pai , mas de repente senti alguém segurando minha mão e puxando-me... Quando percebi estava correndo em meio ao fogo escarlate, em meio aos gritos de agonia dos aldeões da vila, em meio ao tormento. Sinto-me tão fútil nesse momento. Por que tanto treino? Para qual finalidade?

— Ez, vai ficar tudo bem!

Lux mais uma vez havia me salvado, mas pela primeira vez vi tristeza em seu rosto... Apenas deixei-a me levar enquanto lagrimas tomavam conta de minhas orbitas.           

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