Slottavenkel Stories escrita por Matheus de Moura


Capítulo 3
Stern, a Maga




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Eu tinha quinze anos quanto tudo isso aconteceu, e agora eu era posto junto aos outros escravos, para plantar e colher o trigo que os soldados cultivavam próximo ao bosque, me deixei naquela situação pois não sabia como reagir eu estava esperando talvez algum sinal de meus ancestrais para saber oque fazer ou simplesmente esperava acordar de um pesadelo mas isso nunca acontecia, também lembrei-me de que Tewdric disse que na cultura humana era comum colocarem os recrutas para trabalharem nas plantações e mineração afim de fazer com que seus recrutas criassem algum musculo, então aprovei tudo isso para me manter em forma caso eu decidisse buscar vingança dos assassinos da minha aldeia, contudo eles não tocaram em uma arvore por alguma razão, e raramente exploravam o bosque. Depois de seis longos meses eu não recebi nem uma resposta direta de meus ancestrais, porem o tempo diminuiu a minha dor e eu finalmente consegui pensar e lembrar de todos os ensinamentos que recebi de meus pais e Tewdric um tempo depois, salvei 3 soldados de serem mortos por uma arvore viva que ficava na floresta, os elfos pregam o não rancor e a não disseminação do ódio e eu fazia o possível para colocar isso a acima de minha raiva, talvez para um elfo isso fosse mais fácil mas eu sou um humano e ir contra o ódio é ir contra minha natureza.

Com o tempo passei a ajudar mais os soldados salvando suas vidas e ensinando como encontrar comida, logo o cavaleiro que me derrotou que mais tarde fiquei sabendo que ele era o Capitão Theodor, viu que eu era muito útil para ficar com os outros escravos então fui posto como guia e mais tarde vendo que eu tinha muitas outras habilidades além de reconhecer plantas e animais perigosos, virei seu servo pessoal e servo próximo quando seu escudeiro virou finalmente um cavaleiro. Até esse momento eu já havia dezessete anos e havia aprendido muito com os humanos, quando virei servo de Theodor aprendi o quanto humanos adoram o álcool e isso me possibilitou ficar e observar os encontros militares que Theodor tinha afinal era eu quem servia as bebidas e os comandantes e capitães sempre precisavam de suas taças cheias, e foram nesses encontros que aprendi tudo que sei sobre táticas militares, eu mantinha meu treinamento em forma, mas sempre treinei de maneira discreta para que os soldados não vissem, mas duvido que Theodor nunca tenha notado.

Quando virei seu servo próximo passei a ter uma relação mais unida com Theodor e viramos amigos e de fato por mais que Theodor não escutasse meus conselhos assim como eu não fazia questão de dá-los ele insistia em dizer de que eu fui o melhor amigo que ele já conheceu, talvez eu lembrava ao pobre seu irmão mais novo que morreu a algum tempo de febre ou talvez ele simplesmente gostava do meu jeito, contudo sempre que ele ficava bêbado me contada seus sonhos e planos, dizia que quando essa missão terminasse e o bosque estivesse devidamente dentro das fronteiras do rei e guardado ele seria promovido a Cavaleiro Real e ganharia terras, uma grande torre de guarda que um diria ele transformaria em um forte e depois castelo. Eu já tinha conhecimento suficiente para saber que um rei não daria uma torre de guarda apenas por uma missão de conquistar um bosque, então logo eu deduzia que ele compraria essas terras pela armadura e espadas capturadas de meu corpo após sua vitória e isso me trazia raiva, porem ele sempre dizia como eu o ajudaria a administrar as terras, então casaríamos com belas donzelas, ele me faria seu escudeiro e um dia seriamos dois cavaleiros importantes. Ele nunca falava isso quando estava sóbrio, mas Tewdric sempre me dizia que quando humanos se embebedavam eles não mentiam.

Eu já tinha dezoito anos quando Theodor finalmente retornaria para casa, mas nesse mesmo dia algo peculiar aconteceu, três assassinos foram enviados para mata-lo, eles deram para ele um veneno paralisante e falaram algo, eu interrompi quando entrei na tenda e me deparei com os três, todos eles usavam capuz e armadura de couro preta, olharam pra mim e disseram:

— Má hora garoto, agora você também deve morrer.

Um deles correu em minha direção segurando uma faca e tentou me perfurar, eu desviei facilmente, contudo estava um pouco enferrujado pois não tinha um treino descente a anos, eu me mantinha em forma e felizmente foi o suficiente para que eu escapasse dos outros dois e chegasse até o comandante, eu sabia que a espada ia estar atrás de sua mesa dentro da bainha afinal eu mesmo havia posto lá, retirei a espada e pus-me a lutar contra os três, trocamos golpes e eu fui atingido no ombro e antebraço,  enquanto retirava a espada do peito do primeiro, retirei minha espada com um giro imediatamente cortando a garganta do segundo, o terceiro tentou fugir mas nossa velocidades eram equiparáveis mas eu só precisava ir reto para a saída e ele precisava correr em curvas, impedi que ele fugisse e enquanto tomava uma medida desesperada de me cortar com a faca, girei enquanto ele passava por mim e desmembrei-o na mão que segurava a espada, escutei seu grito de dor enquanto caia e o matei logo em seguida poupando-lhe do sofrimento, me virei para Theodor e perguntei:

— Esta tudo bem meu senhor? – percebi o veneno e corri para os corpos procurando o frasco com algum antidoto, encontrei três tipos, sem saber qual seria o correto ou se algum seria correto apliquei os três, mas não antes de faze-lo vomitar, vi os soldados chegarem após ter ouvido os gritos e disse – chamem algum curandeiro.

Eles correram em busca do curandeiro que ficava no campo, mas os antídotos funcionaram e Theodor saiu da paralisia, ele ficava me encarando e logo levantou e fez uma cortesia dizendo:

— Você me salvou meu amigo, salvou minha vida e com ela os meus sonhos, eu estarei em divida eterna com você.

— Você não me deve nada senhor – disse com um sorriso para ele.

Mesmo com estas palavras ele ainda fez questão de me presentear, deu-me minha liberdade juntamente com uma espada, uma malha feita com anéis de ferro e um sobretudo de couro nobre e após isso mandou desmontar o acampamento, na hora de irmos em bora olhou para mim e disse:

—Iremos até meu rei, venha comigo como meu soldado e lá transformarei você em meu escudeiro – falou ele serenamente, mas acredito que ele já sabia de minha resposta.

— Eu sou o ultimo guardião meu amigo Theodor – falei retribuindo com um sorriso – não posso abandonar esse bosque.

— Entendo – ele retribuiu meu sorriso um gesto com a cabeça e colocou a mão em meu ombro – logo o rei irá enviar, soldados e lenhadores para esse bosque e infelizmente não poderei proteger sua vida como você fez com a minha meu amigo, mas saiba que para sempre você terá minha gratidão e quando resolver esse conflito será sempre bem vindo em minhas terras e caso mude de ideia você sempre terá minha recomendação para escudeiro – ele falou confiante de que eu iria sobreviver, mas nos dois sabíamos que quando os soldados e lenhadores começassem a violar o bosque eu seria seu inimigo e eventualmente mesmo que vencesse a primeira leva iriam me matar.

— Muito obrigado Theodor e que os espíritos te guiem – Theodor me olhou de maneira estranha mas logo sorrio e agradeceu respondendo.

— E que seus ancestrais te protejam – ele se virou e saiu andando com seus homens, talvez ele estranhou o fato de pela primeira vez eu ter falado com ele como era acostumado a falar com os elfos, ou simplesmente pensou que eu iria me despedir da maneira humana, contudo eu dei as costas e adentrei o bosque e agora haveria de enfrentar o meu passado.

Quando olhei para o vilarejo lagrimas escorreram por meus olhos, vi todas as casas destruídas e queimadas, o bosque tratou de esconder o massacre e a madeira nas casas já começavam a se decompor, e eu fui para o centro da aldeia, olhei para toda ela e comecei a colocar as homenagens para os mortos, para todos eles. As homenagens élficas são diferente das dos humanos, humanos tendem a cremar seus nobres e enterrar seus servos colocando-os em uma cripta no seu lugar de sepulto, elfos sempre queimam seus mortos para que se juntem aos ancestrais e quando não achamos o corpo, colocamos uma rocha e um mineral especifico para que eles encontrem a rocha e o mineral abra as portas para o outro mundo e eles se juntem com todos, eu duvido que iria encontrar todos os minerais, contudo uma vez Tewdric me disse que a folha de carvalho moída com a casca de teixo e o jogado sobre uma rocha comum traria o mesmo efeito, eu nunca entendi a logica, mas jamais discutiria com Tewdric.

Empilhei todas as homenagens em volta de um totem que eu mesmo fizera com um tronco caído que encontrei no bosque enquanto coletava os itens, desenhei um rosto feliz e escrevi “desculpe-me todos” ao pé do totem, então acendi na esperança de que a luz do totem atraísse mais rapidamente meus companheiros para o local, após isso ajoelhei-me em frente aos monumentos e meditei, meditei para que meus ancestrais me dessem alguma direção do que eu deveria fazer a seguir, eu não sabia se daria certo, afinal eu não era um elfo e não tinha certeza se haveria a ligação, porem uma vez Tewdric me disse:

— Absurdo Adonnen, nossa ligação com os ancestrais não é sanguínea ou através de raças, ela é espiritual e se nos em vida te consideramos um primo todos nossos ancestrais mortos te consideram um irmão.

Todos os Elfos que não possuem uma ligação familiar forte, como irmãos, pais e filhos, consideram todos os outros como primos e quando morremos e nos tornamos ancestrais consideramos todos os outros vivos e mortos como irmãos, eu não sabia se Tewdric me disse aquilo pois se sentia culpado por quando eu era um bebê ele ter dito que eu não era da raça ou se aquilo era realmente verdade, porem eu sempre acreditei em Tewdric e não seria agora que iria desconfiar principalmente não agora que eu mais precisei que os ancestrais me guiassem. Meditei por três dias e nesse meio tempo arrumei uma das casas para me abrigar eu não desistia da meditação por que lembro-me claramente de quando Tewdric explicava que os ancestrais não eram oniscientes eles apenas tinham mais sabedoria pois observavam o mundo por anos e por isso as vezes eles precisam pensar em qual a melhor solução e a situação em que eu me encontrava era difícil, até mesmo para os ancestrais e agora eu continuava com minhas meditações, foi que finalmente eles me mandaram a resposta.

Enquanto meditava, escutei barulho de explosões, senti um grande tremor e no horizonte, via fumaça, corri imediatamente para ver oque acontecia, foi então que me deparei, com quase metade do bosque queimado. Nunca havia visto fogo se alastrar dessa maneira e quando observava, via que uma parte ainda se alastrava, corri para lá e foi então que vi a causa do fogo. Uma garota fugia de quatro magos que a perseguiam e gritavam:

—Peguem ela, eu quero essa prostituta morta – os outros três lançaram cada um bola de fogo que queimavam ainda mais o bosque.

Olhei furioso para aquela situação, mas minha pressa fez com que eu esquecesse da espada, desci da arvore em que eu estava e me escondi nos arbustos, olhei para os cantos e encontrei uma rocha e um galho caído, revirei meus olhos e pensei, vai ter que servir. Esperei que eles passassem então comecei a segui-los em paços leves alcancei o retardatário e nocauteei-o e corri para o mais próximo, derrubei ele e lancei a rocha na cabeça do terceiro que também caiu desmaiado, fui até ele peguei seu cajado o ultimo percebendo que estava sozinho se virou e me viu eu corri em sua direção e ele tentou me acertar com oque parecia uma flecha de fogo eu saltei para o lado e depois para frente mas ainda sim a flecha me atingiu, não foi um dano pesado mas senti o calor aquecer a minha malha, vi o medo nos olhos de meu inimigo e antes que ele pudesse fazer algo acertei o cajado em sua cabeça e ele caiu também desmaiado, olhei para os quatro caídos e depois para a garota, ela já havia percebido que pararam de persegui-la e quando virou para ver oque tinha acontecido tinha me visto, apenas não sei desde quando ela observava, olhei para ela e então disse:

—Vocês queimaram boa parte do meu bosque e você me fez nocautear quatro homens acho que mereço uma explicação – sorri para ela e me aproximei – venha, vamos sair daqui antes que eles acordem.

Ela me seguiu sem dizer uma palavra e seguimos para a aldeia destruída, quando chegamos ela hesitou em entrar e eu não havia percebido o porque, olhei em volta e vi uma de minhas cercas fantasma. As cercas fantasmas era um totem que criava uma barreira fantasma e todos aqueles que passassem eram amaldiçoados ou morriam de maneira dolorosa, bom, na verdade ela não fazia nada era apenas um totem, contudo os guardiões criavam ilusões com dardos envenenados ou armadilhas e os rumores que se espalharam por causa disso deu uma forte fama aos totens e isso era mais do que suficiente para dar alguma vantagem aos guardiões quando utilizávamos em locais estratégicos, até mesmo magos e druidas ficam cautelosos ao verem um e tentar usar uma magia de cancelamento para não ser afetado oque nos dava um alerta de que alguém queria entrar, então o matávamos com os dardos e mais boatos se espalhavam. Ela ficou olhando para mim e então fiz sinal contra o mal, para que ela pensasse que eu havia retirado o feitiço e ela entrou, percebi ela olhando minhas homenagens e acredito que não conseguiu entender oque havia escrito, seguimos para minha cabana e lá conversamos:

— Muito bem, qual o seu nome? – falei calmamente olhando para ela e apenas agora tive tempo de reparar nela, era uma garota provavelmente viu tantos invernos quanto eu, talvez menos, com cabelos castanhos e olhos azuis, tinha a pele pálida que lembrava a luz das estrelas, seu rosto era afinado e boas proporções entre olhos, nariz e boca, tinha olhos lindos e chamativos e em resumo era oque você pode chamar de modelo de belo, caso você saiba definir oque é o belo.

— Stern – respondeu ela evitando o contato com meus olhos.

Conversamos por um tempo e ela me explicou tudo que havia acontecido, assim como eu contei para ela oque eu fazia no bosque e quem sou, arrumei para ela onde dormir e então sai para ver as estrelas, enquanto observava meditei sobre oque havia acontecido e comecei a tirar minhas conclusões, no outro dia dei a ela algum dejejum, expliquei que ainda não havia tido tempo de buscar alguma comida descente, ela rio com minha politicagem e então mais calma ela me contou uma versão detalhada das coisas:

— Bom então você não pode ficar aqui, ou eles vão te encontrar e você não poderá cumprir sua missão – falei, de forma serena.

— Eu sei, mas sozinha pelo que vi hoje talvez sozinha eu não consiga – ela olhou para baixo pensativa – já sei – falou ela logo em seguida com um sorriso no rosto e olhos brilhantes – você pode vir comigo – disse ela seria, mas sem perder o sorriso;

—Eu? – falei sem entender – eu sou o ultimo guardião, não posso sair do bosque.

— Eu pago pelos seus serviços e se você me ajudar talvez o rei desista do seu boque – ela levantou animada – vou arrumar as coisas partimos ao por do sol.

— Espera, eu preciso de um tempo para pensar – eu olhei para ela, contudo ela já havia me deixado falando sozinho, então olhei para o totem e fui para a parte mais alta da aldeia e fiquei pensando.

Ao por do sol ela retornou com uma bolça nas costas e parou do meu lado sorrindo:

— É bonito aqui – ela olhou para o por do sol – sabe – ela suspirou – eu sempre quis conhecer o mundo.

— Temos uma coisa em comum então – respondi e olhei para ela.

— Bom então podemos pegar a rota mais longa – ela sorrio – quero dizer é mais seguro, não é? – ela tentou se corrigir fingindo de boba, então apenas ri e respondi.

— Para a rota mais longa então – olhei para o por do sol, mas antes de me virar percebi um sorrido de alegria no rosto dela e assim partimos direção a capital.

Naquele dia eu finalmente entendi que ela era o caminho que os ancestrais me mandaram, eles sabiam que eu morreria se ficasse e eles não queriam que eu carregasse o fardo de ser aquele que irá extinguir a tribo, não pelo menos para que assim como meu pai eu deixasse um legado, um legado para toda a historia:

— E assim eu estou aqui – sorri para Humbolt

—Hé – grunio ele – só tem um problema, na sua historia eu não estou vendo nem uma garota – ele gargalhou.

Nesse momento, Stern, a bela, gosto de chama-la desse jeito por saber do significado de seu nome completo, desceu as escadas da estalagem e disse:

— Eu gostei desse lugar é bem arrumado – ela se aproximou da gente e olhou para o anão – vejo que já vez um amigo – ela me abraço pelo pescoço e me deu um beijo, Humbolt ficou olhando para nos dois boquiaberto, talvez por Stern me beijar ou pela beleza que ela possui, talvez os dois, eu apenas ri  – vamos? – ela falou.

— Vamos, até mais Humbolt espero que nos vermos de novo – subi as escadas com ela e assim começaremos um novo dia.


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