Pov Kai

Desci do caminhão com todos os outros soldados descendo também, carregando consigo suas malas que haviam levado. Peguei minha mala e me dirigi a uma estalagem. Entrei e fui até a recepcionista. Consegui um quarto e fui para lá. Chegando ao quarto eu deixei minha mala no chão e deitei na cama.

Anos de guerra, anos de perdas, anos de tanta dor. A guerra havia finalmente acabado, mas levando consigo tantas perdas, tantos lares sem homens de família, tantos pais, tantos maridos, tantos irmãos, tantos filhos...

Eu sobrevivi, fui um dos poucos que sobreviveram. O tiro que levei na guerra atingiu no meu ombro, eu ainda carregava a cicatriz comigo, e com ela a dor de uma lembrança. Jasper havia morrido! Levei o tiro tentando salva-lo. Meu amigo, um irmão que eu ganhei lá, ele se foi.

Quando acordei, estava em um hospital para soldados feridos. Vi os estragos que a guerra causara, muitos homens estavam ainda mais feridos do que eu. Quando recebi a noticia de que meu amigo havia partido, meu coração quebrou-se todo.

Comecei a chorar, pensando em como Jasper era sonhador. Seus sonhos? Quando saísse da guerra encontraria Ashley novamente. Sua amada que, quando recebeu a noticia, deve ter chorado muito. Ele a amava, e pelas cartas que ela mandava também o amava muito.

Falando em cartas, lembrei de Bonnie. A última carta que recebi lembrava muito bem no que falava, na morte de Jo e que... que eu era o irmão dela. não respondi essa carta, primeiro por que a dor de ter perdido um irmão era grande e eu só conseguia pensar em sobreviver e sair daquele lugar horrendo. Segundo por que eu não estava com cabeça para responder. Eu sei, devo tê-la magoado muito, mas eu precisava de um tempo, até por que meus planos era sair dali, voltar para Mystic Falls e encontrar Bonnie novamente. Duas dessas coisas já realizei, agora só falta a mais importante.

Quando apaguei, por ter levado o tiro, a única coisa que vinha na minha mente era que eu nunca mais veria o rosto de Bonnie. Quando acordei, fiquei feliz por saber que iria ter mais uma chance de vê-la, depois da noticia da morte de Jasper meu mundo desmoronou. Não todo ele, mas uma parte desmoronou.

Levantei da cama e fui até o banheiro. Tomei um bom banho, saí, me enxuguei e me vesti. Me olhando no espelho pude ver o quanto mudei. Quando cheguei lá eu ainda era um... um garoto, assim dizendo. Agora eu estava mais parecido com um homem. Uma barba por fazer, ombros mais largos, mais forte, mais alto... a guerra me fez um pouco de bem.

Decidi que era melhor eu ir jantar. Claro que não aqui, mas eu iria até um restaurante por aqui. Saí do hotel e segui para um restaurante, pedi um prato e o comi. Eu não sabia onde Bonnie morava, já que estava casada agora, mas eu sabia onde era o orfanato e era pra lá que eu iria. Estava indo pra lá, quando vejo uma mulher correndo desesperada, ela estava com as mãos no rosto, eu pensei que estivesse fugindo de algum assaltante, então não pensei duas vezes antes de puxa-la para dentro do beco que entrei. Assim que ouvi sua voz minha vontade foi chorar.

Bonnie: solte-me!

Kai: acalme-se Bonnie!- ela parou e me olhou, ela me reconheceu!

Bonnie: Kai!- falou chorando.

Ela se agarrou a mim em um abraço apertado e eu não ousei solta-la. Meu Deus! Seu cheiro estava muito mais intenso. Um cheiro de flores, seus cabelos estavam tão macios, sua pele parecia ainda mais sedosa, ela estava muito linda! Nos separamos e eu peguei seu rosto em minhas mãos.

Kai: ah meu Deus, Bonnie!- sorrimos em meio as lágrimas.

Xxxxxx: BONNIE!- um homem gritou e ela se assustou.

Bonnie: eu... eu preciso ir embora- ela ia correr mas eu segurei sua mão.

Kai: vamos.

Corremos pelo beco e quando saímos estávamos em outra rua, se o homem queria acha-la, não a acharia ali. Ela me abraçou novamente.

Bonnie: ah Kai, eu senti tanto sua falta.

Kai: eu também- sorri.

Bonnie: temos... temos que sair daqui.

Kai: vamos para o hotel em que estou.

Bonnie: não, eu sou conhecida. Precisamos ir a um lugar que ele não nos ache.

Kai: e o orfanato? Eu estava indo pra lá...

Bonnie: é o primeiro lugar que Charles vai procurar.

Kai: esse é o nome dele?

Bonnie: sim.

Kai: então onde?

Bonnie: venha.

Ela me puxou e seguimos para uma capela abandonada. Não havia ninguém lá.

Kai: conte-me tudo- falei sentando no chão.

Bonnie: eu te contei tudo pelas cartas.

Kai: diga-me... a ultima era... era verdade?

Bonnie: sim- abaixou a cabeça- por que não me respondeu?

Kai: a notícia foi... foi horrível pra mim.

Bonnie: sinto muito- balancei a cabeça.

Kai: não sinta- sorri um pouco.

Bonnie: ela... ela devia ter contado antes.

Kai: não, ela só queria me proteger. Eu devia ter percebido, temos as mesmas características- rimos um pouco.

Bonnie: sinto falta dela.

Kai: eu também.

Bonnie: ela não queria que eu casasse mas... eu sei lá.

Kai: se eu estivesse aqui eu não teria deixado.

Bonnie: não se culpe.

Kai: claro que me culpo, eu não devia ter ido embora Bonnie- peguei sua mão- eu não devia ter ido e deixado você aqui.

Bonnie: se alguém tem culpa por você ter ido sou eu.

Kai: como? Por quê?

Bonnie: sei que foi embora por minha causa, Kai. Sei que foi embora por que estava magoado, eu não sabia que estava machucando tanto você, eu pensava que você gostava da...

Kai: Selena- interrompi-a- não, eu nunca gostei dela.

Bonnie: ela me contou toda a verdade.

Kai: cobra- falei com raiva.

Bonnie: eu e ela... fizemos as pazes.

Kai: como?

Bonnie: Selena está grávida, Kai.

Kai: gravida?

Bonnie: sim, e veio pedir minha ajuda.

Kai: nossa, eu tenho que saber de tudo- rimos.

Bonnie: não posso voltar pra casa, Charles está bravo por eu ter fugido e... e ele vai...

Kai: ele é um monstro- pus minha mão em seu rosto- ele não vai ousar tocar em você nunca mais. só de saber que ele abusa de você, que ele... AH!- gritei com raiva.

Só de pensar que Bonnie era violentada, machucada por aquele idiota me dava uma vontade de mata-lo.

Bonnie: ei- ela pôs sua mão em meu rosto. Olhei para ela- eu estou feliz de que esteja aqui!

Kai: eu também- pus minha mão em cima da sua.

Olhei para seus lábios e não pensei antes de beija-los. Bonnie não retribuiu no começo, mas cedeu logo depois. Ela envolveu minha cintura com suas pernas e eu a levantei encostando-a na parede. Desci meus beijos pelo seu pescoço e ela arfava.

Bonnie: Kai... estamos... estamos em uma antiga capela- parei de beija-la e a pus no chão.

Kai: desculpe- ela balançou a cabeça e sorriu.

Bonnie: eu te amo!

Kai: eu... eu também te amo!

Ela sorriu mais uma vez e nos beijamos novamente. Quando nos separamos eu estava ofegante, assim como ela. Eu já tinha completado minhas metas aqui. Agora meu plano era fugir com Bonnie.

Bonnie: temos que ir até o orfanato.

Kai: mas...

Bonnie: ele já deve ter revirado o orfanato e visto que eu não estava lá, vamos?- assenti.

Saímos juntos e quando chegamos ao orfanato Bonnie entrou. Stefan logo veio até nós com uma faca.

Bonnie: NÃO! STEFAN!

Stefan: Bonnie? Desculpe, pensei que era Charles novamente.

Bonnie: ia mata-lo?

Stefan: pelo menos ele não iria nos atormentar mais- riram- e quem... Kai?- me olhou surpreso.

Kai: oi amigo!

Stefan: ah meu Deus- nos abraçamos- mas... ah não... meu Deus- rimos- GENTE, O KAI VOLTOU!- ele saiu gritando.

Kai: nossa- Bonnie sorriu e me deu um beijo rápido.

Bonnie: bem-vindo de volta!

Kai: gosto de estar de volta- beijei-a novamente.

Finalmente em casa.