Pov Bonnie

E estava agora na sala de tia Jo. Já que ela estava dormindo eu não a perguntaria sobre isso agora. Abri a carta e comecei a lê-la.

Querida Bonnie.

Sabe, faz um tempo que já estou aqui no campo de batalha e, acredite, eu sinto muito sua falta. Não tem um dia sequer que eu não sinta falta de você ao meu lado. Um dia sonhei que nós dois estávamos em um jardim e nele tinham várias flores daquela que você tanto ama, nós dois estávamos felizes e nada poderia estragar aquilo. Acordei e fiquei triste de saber que aquilo era um sonho. Mas o que me deixou mais triste foi saber que eu estava longe de você.

Sabe, desde que fui para o exército eu te escrevo várias cartas. Nunca tive uma resposta da sua parte e isso me dói o coração. Eu sempre pensei que talvez você não tivesse me perdoado e que ainda guarda uma séria mágoa de mim. Mas saiba Bonnie que não teve um dia sequer que eu parasse de pensar em você, e não falo só do dia em que vim pra cá, falo desde o começo.

No começo éramos irmãos, quando o tempo foi passando e eu fui crescendo comecei a ver que não era como irmã que eu te amava, e sim como meu amor verdadeiro. Perdoe-me se te magoei e, se não for pedir muito, gostaria de uma resposta sua. Acredite Bonnie, se eu não tiver uma resposta sua eu não irei mais incomoda-la, eu saberei que não se importa comigo e quando (se) eu voltar, eu não irei procura-la. Mas, Bonnie... preciso de uma resposta sua.

Com amor: Kai!

Terminei de ler a carta e percebi que meu rosto estava encharcado com as lágrimas que caíam. Então havia sim outras cartas? Meu Deus! O que teria acontecido se eu não tivesse recebido essa carta? Ele desistiria realmente de mim? Meu Deus!

Deixei a carta em cima da mesa e comecei a procurar as outras cartas na sala da tia Jo. Após um tempo procurando, achei uma gaveta que continha vários papeis, eu peguei os papeis e neles tinha o nome de Kai endereçado a mim.

Comecei a ler todas as cartas e fiquei sabendo que ele conseguira um amigo por nome Jasper, que ele não gostava da comida de lá, que a cama era desconfortável, que o sargento era chato, mas suportável e principalmente que ele não havia me esquecido.

Elena: Bonnie?- fui interrompida por batidas na porta.

Guardei as cartas na gaveta novamente e fui abrir a porta.

Bonnie: sim?

Elena: Charles deseja falar-vos.

Bonnie: ele está aí?

Elena: sim.

Bonnie: mande ele vir aqui.

Elena: mando Stefan vir?

Bonnie: por favor- ela assentiu e desceu.

Eu me sentiria mais segura se Stefan estivesse ao meu lado. Logo Charles chegou a sala, acompanhado de Stefan.

Charles: pode descer garoto.

Stefan: prefiro ficar aqui.

Charles: não é assunto pra você.

Bonnie: prefiro que ele fique- falei e ele me olhou.

Charles: por que não avisou que viria?

Bonnie: eu não sabia que teria de vir aqui.

Charles: devia ter dito para onde ia.

Bonnie: desculpe. Fiquei tão desorientada que esqueci- ele parecia muito nervoso, mas controlou bem.

Charles: vamos para casa.

Bonnie: não irei.

Charles: como não?

Bonnie: Josette está doente e eu tenho que cuidar daqui.

Charles: não seja boba, a Flor está aí.

Bonnie: sim está, mas ela não dará conta sozinha.

Charles: e as outras meninas?

Bonnie: eu sou a mais velha. Tenho que cuidar disso- falei firme, mas no fundo com medo que ele me agredisse.

Charles: quando vai voltar?

Bonnie: ora Charles, vá para casa e só voltarei quando tia Jo melhorar.

Charles: o quê? Não mesmo. Você é esposa e tem uma casa para cuidar.

Bonnie: Jacque dará conta da casa e quanto a ser esposa, eu não sou somente esposa, eu sou filha e vou cuidar disso enquanto tia Jo não melhorar.

Charles: mas quem manda em você sou eu- segurou meu pulso com força.

Stefan: ei- ele tirou sua mão de meu pulso- ela não é uma escrava sua, ela é sua esposa. E enquanto ela estiver embaixo desse teto, não vai haver agressão aqui- falou com raiva.

Charles: saia da frente. Eu já disse que isso não é assunto seu.

Stefan: agora é.

Bonnie: parem, agora- me coloquei no meio- vá embora Charles, já disse que não sairei daqui.

Charles: quando você voltar para casa, vai desejar não ter me enfrentado- saiu com raiva.

Eu só conseguia pensar no que havia acabado de fazer. Eu tinha o enfrentado e ele não deixaria isso barato. Quando eu voltasse seria uma mulher morta.

Bonnie: oh meu Deus!- senti minha pernas vacilarem, mas logo braços seguraram minha cintura.

Stefan: calma Bonnie, ele não vai fazer nada.

Bonnie: e se... se ele fizer?

Stefan: eu não vou deixar- segurou meu rosto- prometi a Kai que cuidaria de você e é isso que farei.

Nos abraçamos e quando nos separamos eu lembrei o que tinha que fazer, então eu fui até a mesa de tia Jo novamente.

Bonnie: faça-me um favor, Stefan.

Stefan: sim?

Bonnie: mande Flor fazer uma sopa e eu darei a tia Jo.

Stefan: certo- saiu.

Peguei uma folha e uma caneta para escrever para Kai. A carta era simples mas continha nela o que ele queria saber e o que ele mais esperava, que era minha resposta. Resumidamente escrevi tudo que havia acontecido nesse tempo e a pus em um envelope endereçada a ele.

Após um tempo fui até o quarto de tia Jo e Caroline veio deixar a sopa. Eu pus a sopa na mesinha ao lado e ajeitei tia Jo para lhe dar a comida.

Josette: parece boa.

Bonnie: deve estar- sorri- Flor nunca faz comida ruim.

Josette: verdade- sorrimos.

Bonnie: posso fazer-lhe uma pergunta?- falei lhe dando uma colher com sopa.

Josette: sim.

Bonnie: porque... porque me escondeu as cartas de Kai?- ela me olhou surpresa.

Josette: como...

Bonnie: o mensageiro veio entregar as cartas e tinha uma carta de Kai lá.

Josette: perdoe-me- abaixou a cabeça.

Bonnie: só quero saber o porquê.

Josette: por mais que quisesse esconder sua tristeza eu sabia que estava triste, então eu queria que esquecesse Kai e quando ele começou a mandar as cartas... eu só pensava em você e acabei escondendo-as.

Bonnie: mas... o que me deixava triste era a ausência dele.

Josette: notei após um tempo e eu pensei em lhe dar, mas aí houve seu casamento e tudo isso, então acabei adiando.

Bonnie: e quando pretendia me contar?- eu continuava calma.

Josette: eu... eu sabia que estava doente Bonnie. E eu pretendia conta-la quando eu morresse, pois assim não iria correr o risco de morrer sem seu perdão.

Bonnie: bobagem- alisei seu rosto- eu jamais ficaria com raiva por isso.

Josette: mas...

Bonnie: magoou sim- sorri fraco- mas você cuidou de mim desde sempre e só queria cuidar mais. Eu entendo.

Josette: obrigada- sorri.

Bonnie: agora vamos terminar essa sopa- rimos.

Ela tomou toda a sopa e depois eu, Elena e Caroline a ajudamos a tomar banho. Após o banho ela se vestiu e Elena penteou seu cabelo. Ela pediu para dormir e nós nos despedimos e fomos para nosso quarto.

Bonnie: saudades daqui- falei sorrindo.

Caroline: é bom tê-la aqui novamente- nos abraçamos.

Elena: e então, vai tomar banho?

Bonnie: sim. O único problema são as roupas.

Caroline: não tem problema. Emprestamos a nossa.

Bonnie: vocês são as melhores- rimos- com licença.

Me dirigi ao banheiro e tomei um bom banho. Após sair eu me vesti e me deitei. Não demorou muito para que eu adormecesse.