You and I! escrita por Izabel Nascimento


Capítulo 27
Capitulo 27


Notas iniciais do capítulo

Hello!



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Meses depois...

Pov Bonnie

Em meados de julho que todos os rumores que a tal guerra tinha começado começaram a deixar meus sentidos mais apurados e me deixando cada vez mais tensa, só de pensar que Kai estaria lá.

Charles: olá- falou entrando na biblioteca.

Levantei meus olhos para olha-lo e ele esboçava um sorriso.

Bonnie: olá- falei fechando o livro sem deixar de marca-lo antes- deseja alguma coisa?

Charles: na verdade, só vim ver se estava tudo bem.

Bonnie: sim, está.

Charles: certo. Eu... vou sair com alguns amigos para... para arejar um pouco a cabeça.

Bonnie: tudo bem, não se preocupe- ele veio até mim.

Charles: voltarei logo- pegou minha mão beijando-a e saiu.

Todas as vezes que Charles me tocava eu sentia uma vontade súbita de vomitar. Eu não o amava, e só de pensar que era com ele que eu passava a maioria das noites me sentia mal.

Deixei o livro em cima da mesa e saí. Desci as escadas indo até a cozinha onde Jacque, nossa empregada, estava cuidando do jantar.

Jacque: ah, senhora? Não a vi aí.

Bonnie: tudo bem Jacque- sorri- precisa de ajuda?

Jacque: esse não é um trabalho para a senhora.

Bonnie: ora, deixe de besteira- me encaminhei até ela- o que quer que eu faça?

Jacque: ah não senhora, eu dou conta de tudo. Aliás, o senhor Everson não gostaria de vê-la aqui e ainda por cima trabalhando- ri com seu comentário.

Bonnie: pode deixar que eu cuido de meu... marido- ainda era estranho para mim falar assim de Charles- me dê ordens, vamos- ela riu.

Jacque: poderia... cortar legumes?

Bonnie: pode deixar.

Peguei a faca e os legumes já estavam em cima da mesa. Comecei a fatia-los e me lembrei de como Flor tinha me ensinado a fazê-lo quando eu completei dez anos.

Jacque: senhora?- voltei a mim e olhei para ela.

Bonnie: algum problema?

Jacque: bom, só estava perguntando se prefere suco de tâmaras ou de uva.

Bonnie: ah... uva é bom.

Jacque: sim senhora- sorri.

Bonnie: diga-me Jacque, é casada?

Jacque: não senhora.

Bonnie: e sua família, onde vive?

Jacque: aqui mesmo.

Bonnie: e... por que trabalha como empregada?

Jacque: bom, minha família não é rica. Meu pai morreu deixando várias dividas para nós, então eu e minhas irmãs trabalhamos o máximo possível para que nossa mãe possa descansar, mas ela não descansa e também trabalha como empregada.

Bonnie: e... quantas irmãs tem?

Jacque: somos em quatro. Eu, Janessa, Emily e Jane.

Bonnie: ah... e sua mãe... não descansa por que?

Jacque: ela diz que não quer ser como aquelas velhas rabugentas que ficam se aproveitando das filhas, e não quer de jeito algum parecer velha, então pode fazer isso até se sentir realmente invalida- rimos.

Bonnie: mulher forte.

Jacque: realmente.

Terminei de cortar os legumes e dei-os para Jacque.

Jacque: para uma mulher tão fina, sabe muito bem como cortar legumes.

Bonnie: na verdade, nunca fui tão rica. Aprendi a cozinhar ainda... no orfanato.

Jacque: ah... desculpe, senhora.

Bonnie: tudo bem- sorri fraco- não me envergonho disso.

Jacque: bom, pode deixar que cuido do resto.

Bonnie: ah não Jacque, eu me sinto inválida quando não faço alguma coisa- ela riu.

Jacque: por favor, deixe que eu termine.

Bonnie: vou deixar, mas saiba que com muita má vontade- rimos- com licença.

Jacque: toda, senhora.

Saí da cozinha deixando Jacque cuidar do resto e fui para meu quarto. Chegando lá olhei para a cama, muito bem arrumada, e passei por ela indo até a janela. Olhei para o céu escuro e estrelado e me peguei pensando em tudo que havia acontecido. Como fui idiota ao ponto de não ter dado a Kai a chance de se explicar. Como tudo seria se hoje ele estivesse ao meu lado e tudo estivesse bem entre nós? Toda semana eu visitava o orfanato. Contei a tia Jo o que Selena havia feito e tia Jo deu os castigos necessários, mas não tinha castigo que recompensasse o que ela fez comigo. Meus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta.

Bonnie: sim?- falei abrindo-a.

Jacque: o jantar está pronto, senhora.

Bonnie: obrigado, Jacque- ela assentiu e saiu.

Eu saí de meu quarto e desci até a sala de jantar. A grande mesa se estendia vazia. Meu prato já estava posto e eu comecei a comer. Terminando de comer saí e voltei para meu quarto. Aproveitei para tomar um bom banho. Terminando meu banho me enxuguei e vesti uma camisola de seda. Penteei meus cabelos de frente para a penteadeira e resolvi deitar-me.

Um bom tempo se passou e nada de Charles chegar. Desde que nos casamos, Charles tem esse problema, entre tantos outros. Ele saía com seus amigos e voltava bêbado e quem tinha de aguentar tudo era eu. Eu realmente tinha medo desse homem. Ele podia parecer carinhoso, mas não era nem de longe. Quando eu não queria ter uma noite com ele, ele me obrigava a fazer. Eu só conseguia fugir quando minhas regras vinham e eu me sentia muito bem, pois ele não podia me forçar a nada. E quando bebia então... piorava tudo. Mas eu nunca contei a tia Jo ou a minhas amigas, pois sabia que mesmo que contasse, elas não poderiam fazer nada. Meus pensamentos foram interrompidos pela porta se abrindo bruscamente e eu sabia que meu pesadelo começaria.

Charles: aí está você- falou com a voz carregada por causa da bebedeira.

Bonnie: está... bêbado- falei sentindo meu coração bater descompassado já que sabia que agora seria pior.

Charles: um pouquinho- falou vindo até mim- o que acha de nós... termos uma noite?

Bonnie: poderei negar?- ele gargalhou alto o que só me fez sentir mais medo.

Ele subiu na cama e começou a beijar meu pescoço. Eu só queria ter um jeito de fugir dali, mas se eu o fizesse seria pior. Lembro-me muito bem da primeira vez que o fez.

Flash back on

Tinha sido a umas poucas semanas que havíamos nos casado. Talvez umas três. Charles havia saído ainda pela tarde e já era noite e nada dele chegar. Pensei que dormiria fora e que isso seria muito bom para mim. Mas me enganei assim que a porta se abriu bruscamente.

Bonnie: meu Deus- falei pondo a mão no peito com o susto.

Charles: ainda acordada?- falou com a voz arrastada.

Bonnie: sim... está bêbado?- falei olhando-o.

Charles: algum problema?

Bonnie: sim- falei firme.

Charles: não para mim, meu amor- ele falou rindo e eu senti o pânico me tomar por dentro.

Eu me levantei da cama e estava decidida a ir dormir no quarto de hospedes. Mas, fui impedida por sua mão segurando meu braço com força.

Bonnie: me solta!

Charles: onde pensa que vai?

Bonnie: dormir longe de você- ele gargalhou alto me assustando ainda mais.

Charles: você não vai a lugar algum- jogou-me no chão- e vai fazer o que eu quiser que faça.

Bonnie: sou sua... esposa- ainda doía ter que admitir- e não uma operária de suas fábricas que possa comandar.

Charles: sim, minha esposa- ele se aproximou e eu comecei a me arrastar no chão para me manter longe dele- então como minha esposa terá de fazer o que eu quiser- se abaixou segurando meu rosto com força- e agora o que eu quero é você.

Ele começou a beijar meus lábios de forma bruta, mas eu não retribuí seus beijos. Eu então mordi seu lábio e ele tirou a mão de meu rosto para pôr no lábio, que pude ver que sangrava.

Charles: não devia ter feito isso- me apavorei e tentei levantar-me e correr, mas ele me deu um tapa que acabou me derrubando de novo.

Ele subiu em cima de mim e começou a estapear meu rosto. Eu gritava sentindo a dor lancinante me tomar. Eu me debatia tentando fugir de suas agressões, mas nada adiantava. Ele então começou a rasgar minhas roupas e a me tomar a força. Eu sentia toda a dor e me debatia, mas ele conseguia me parar com mais alguns tapas. Depois de tudo feito ele me deixou no chão sem roupas e toda encolhida, chorando sentindo a dor me tomar.

Flash back off

Agora eu estava já enrolada em um lençol e Charles já dormia ao meu lado. Levantei ainda enrolada no lençol e fui até o banheiro. Deixei a banheira enchendo, e quando já estava cheia mergulhei nela deixando que meus pensamentos fluíssem.

Por que tudo tinha que ser desse jeito? Por que não podia ter sido mais fácil? A resposta é: por que você foi uma idiota de ter deixado seu amor verdadeiro ir embora sem ter feito absolutamente nada. Lágrimas tomavam conta de meu rosto agora, soluços silenciosos eram soltados por mim enquanto pensava.

Eu tinha que arrumar um jeito de ir embora. Eu não aguentava mais ser agredida e sofrer em silencio, eu tinha de fazer algo. Saí do banho e me enxuguei, logo em seguida vestindo outra camisola. Não iria conseguir dormir. Então desci, indo até a cozinha e preparando um chá para me acalmar. Logo que estava pronto eu o tomei e voltei para o quarto. Charles continuava dormindo feito uma pedra. Deitei ao seu lado e virei para encarar a janela e lá fora o lindo manto negro com várias luzes que se estendiam. Não demorou para que eu adormecesse.


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Notas finais do capítulo

Alguem avisa a esse homem que eu vou matar ele? obrigada.

Espero que tenham gostado, beijos!



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