Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 98
Você pode entender?




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Rogue POV

Quando vi as pessoas caídas no chão, o cheiro que senti foi a morte.

Meu nariz mais sensível pôde distinguir isso na hora. E ao mesmo tempo, fui tomado pelo medo.

— Lucy...! -chamei apavorado.

Como já vim antes para Fairy Tail uma vez, reconheci as ruas de Magnólia. Me disparando para a guilda das fadas.

A porta entreaberta como uma sombra foi arrepiante. Arfei levemente pela corrida, engoli seco e entrei naquela guilda que uma vez foi tão animada.

— Lucy? -meus passos foram cautelosos.

Minhas sobrancelhas franziram ao ver aquelas pessoas que conheço, imóveis. Me aproximei da mulher pequena nos braços de Gajeel-san.

Ergui minhas mãos trêmulas. Mas o seu cheiro já me disse claramente.

Fechei meus olhos e desviei o rosto.

Não, eu tenho que encontrar ela.

— Lucy -murmurei.

O aroma da loira fez um trilho por uma porta. Encarei a escada escura que apareceu. 

Rogue, eu aconselho você a se virar e ir embora.

Não respondi e comecei a descer os degraus. O som ecoante dos meus passos deu uma aura sombria e nefasta. Ainda assim, persegui o cheiro dela. Da minha companheira e amante.

Então me deparei com outra porta aberta.

Arregalei meus olhos quando todos os meus sentidos começaram a gritar a perigo.

Mordi o maxilar e segui em frente.

— Que demônios -trinquei mais as minhas sobrancelhas e fechei os punhos.

Havia uma enorme bola com uma imagem de terras vermelhas.

E nela, mostrou uma loira, abaixada na frente um homem sorridente.

A mão dele se ergueu.

Sem pensar muito, saltei com os braços abertos, abraçando-a. As minhas sombras nos embrulhou.

O corpo dela estremeceu.

— Lucy -chamei.

Mas as mãos dela se agarraram firmemente nos ouvidos. Enrolada em uma bola, tão frágil e lamentável.

Levantei meu olhos friamente para o homem de negro. Ele está calmo, com uma expressão pacífica.

Mas ele é perigoso. Tanto que meu corpo arrepiou. Retorci em raiva e mostrei os caninos.

— SOCO DO DRAGÃO DAS SOMBRAS! -fui para cima.

O homem sorriu e desviou.

— Rogue Cheney -ele chamou o meu nome. Arregalei os olhos meio pasmo.

Mas mais que isso. A facilidade que ele simplesmente deu um passo para o lado e acabei enfrentando ar. Isso me disse que ele não é nem um pouco normal.

Mordi o meu maxilar, meus pés se viraram, levantando poeira e pulei outra vez.

—  ASAS DO DRAGÃO DAS SOMBRAS!! -fiz um corte horizontal. 

Mas isso também não pegou nele.

— Certamente, eu fiquei surpreso -murmurou, com os olhos abaixados- Eu tenho algo a falar.

Ergui o punho novamente, depois um chute. Ele continuou a desviar, com aquela calma estampada no rosto. Fiquei mais nervoso.

— Se... A história for de Fairy Tail, eu sou o inimigo -disse algo incompreensível.

Franzi as sobrancelhas. Por que você disse algo assim?

— Rogue, espera! -mas quem reagiu foi Lucy.

Congelei com um soco no ar. Virei a cabeça rigidamente para trás e a vi de pé, com os olhos sérios.

A mão dela se ergueu para mim.

A fitei por alguns segundos, então olhei para o inimigo na minha frente. Comprimi os lábios e pulei para trás, recuando. Me pus ao lado da loira e segurei sua mão firmemente.

— O que você quer dizer com isso? -ela perguntou.

— Eu já te disse antes, certo? -uma brisa seca fez o cabelo negro do homem balançar, dando a impressão de profunda solidão- Eu sou o inimigo... Se a história for de Fairy Tail.

Lucy POV

Sim, eu lembro.

Ele disse algo tão absurdo naquele dia, como eu poderia esquecer.

— É por isso que você simplesmente matou todo mundo? -dei um sorriso de escárnio- Me sinto estúpida por um momento ter simpatizado com você, Zeref.

A cabeça dele balançou, lentamente.

— Isso foi verdade... Pelo menos no começo... No inicio, eu realmente fui um inimigo.

— Eu já descobri isso -dei uma risada. Com um sentimento contrariado.

Como você pôde Zeref?

Você veio para mim fingindo ser um aliado? Para quê?

Fechei os meus punhos. E senti a palma do moreno ao meu lado. Os olhos vermelhos dele estavam cheio de cautela contra o mago das trevas.

— Tudo começou naquele dia. Quando nós lutamos uns contra os outros.

Eu... Lutei contra Zeref?

— Agora você está mentindo para mim? -bufei.

— Lucy, está na hora de lembrar -os olhos dele me fitaram.

Então algo que não aconteceu apareceu como um vulto na minha lembrança. 

Em uma terra de chamas, o céu alaranjado e cheio de cinzas. Os prédios destruídos e Zeref parado no meio do caos. Com o vento balançando suas roupas negras, ele observou a ruína de forma pacifica.

— O que é isso...? -minhas pupilas tremeram, com minha mão na testa.

— Lucy? -Rogue sussurrou preocupado, com a mão indo para a minha cintura, me apoiando.

— Naquele dia, Natsu estava entrando em colapso com sua magia de dragão -o homem falou.

Comecei a sentir falta de ar. Minha testa suou.

— O que você fez com ela? -a voz do Dragon Slayer das Sombras estava cheia de raiva. Eu segurei sua mão com força.

Pisquei e pude ver, um rosado com a pele deformada, cheia de escamas. Minhas mãos cheias de sangue. Seu rosto retorcido em um sorriso dolorido.

— Nessa luta... Lucy, quando um mago não é forte o suficiente, ele é derrotado. Mas a palavra "derrota" é um pouco bonita demais para o que acontece de verdade.

Os olhos de Natsu perderam a vida pouco a pouco. E então ficou imóvel.

— A derrota para um mago. Pode significar a morte -Zeref falou calmamente, com um tom de melancolia.

Minha respiração parou.

— Natsu Dragneel morreu aquele dia.

— Lucy? -Rogue me abraçou, enquanto minha mente queimou com as informações.

Encarei o chão, com a visão borrada, franzi as sobrancelhas.

— Isso... Isso não aconteceu...! -tentei me convencer.

É outra mentira de Zeref! Não seja enganada!

Mas meu coração tremeu, como se realmente tivesse acontecido.

— Isso não é mentira, Lucy -ele falou.

— Então... Como você explica que Natsu estava vivo? Eu o vi! 

— ... Antes de sermos magos, nós somos uma outra coisa -sua voz ecoou na minha cabeça- Todos nós nascemos como humanos. E sabe o que isso significa?

Meus lábios tremeram.

— Entre demônios, bestas e animais. Os humanos conseguem entrar em uma dessas classificações. E entre os irmãos Strauss, tem uma que se se especializa nisso.

— Impossível... -fiquei mais pálida. Os olhos ônix de Zeref estavam sérios demais para dizer que era uma piada.

— Se Mirajeene Strauss pode pegar os demônios e incorporá-los... Então... A garota Lisanna Strauss pegou humanos magos para a sua magia Take Over.

Meu corpo tremeu, sentindo todo o meu sangue esvair.

— Lisanna, ao ver a morte de Natsu... Usou uma magia proibida. Um tabu. Seu amor era tão grande, que enlouqueceu quando perdeu aquele homem. Uma alma foi a de Ultear, a maga do tempo. Mas ela não poderia voltar o tempo o suficiente, mesmo que sacrificasse a própria vida. Então... Ela pegou uma segunda alma. Mavis Vermillion.

Mais apavorada, abracei os meus ombros trêmulos.

— Lisanna catou as duas almas, fez uma Unison Raid dentro de si mesma. Usou a magia da morte de Mavis para trocar a vida dos outros. Seja humano, animal, planta, besta e demônio para resetar o tempo e reviver Natsu.

— Não... Para... Isso é mentira... -estremeci mais ainda, com os braços de Rogue ao meu redor, me embalando firmemente.

— Mas essa Unison Raid foi uma falha. Em vez dela conseguir controlar isso e parar para quando Natsu ainda está vivo, sempre que ela inicia com essa magia proibida, o poder de morte enlouquece. Se propagando sobre o mundo inteiro. Ao mesmo momento, se transformando em sacrifício para a alma de Ultear. Agora, Lisanna não é mais humana, e sim uma praga que devora a vida.

As lágrimas caíram. 

— E o mundo começou novamente. Natsu morreu várias vezes. E todo momento, Lisanna sempre resetou o mundo do zero. Ela não podia aceitar que o homem que ela tanto ama, não respirava mais. 

— ... -meus lábios tremeram- Não... Isso não faz sentido... Como é que o mundo pode resetar? Não importa quantas vidas sejam tomadas, o máximo seria conseguir retornar alguns dias -falei, ainda com a esperança que tudo fosse uma mentira.

— O mundo está interligado diretamente com o destino. Lucy, no segundo que Lisanna matou todos, ela destruiu o futuro. Assim como o destino. Ela pode ter matado as pessoas do presente, mas quantas pessoas ela matou que nem nasceram? Sabe, essas crianças tinham um destino especial no mundo, e elas nem puderam nascer. Isso significa que a quantidade de vidas sacrificadas, foram infinitas.

Minhas mãos foram para o meu ventre. A pequena semente que está batalhando tão fortemente.

— E isso se tornou imparável. Agora, os destinos se distorceram. Você vê esse mundo que estamos agora?

Olhei para as terras vermelhas, com ossos gigantes.

— Esse foi o nosso último mundo -ele sorriu- E nesse último mundo, eu consegui matar Lisanna Strauss... Mesmo assim, o mundo resetou.

— O... Quê?

— Se distorceu tanto, que ele gira em volta da vida de Lisanna. Agora, o mundo se tornou dependente dela.

— Você... Está preso aqui...?

— Eu que a matei, fui expulso da realidade, o mundo tentou me apagar -então seus olhos ficaram mais melancólicos- Mas não pude deixar de existir... Porque a chave de resetar o mundo é Mavis Vermillion, aquela que tem a magia nascida de mim. E a obsessão de Lisanna, Natsu Dragneel, é meu irmão de sangue. Agora sou algo que existe e não existe ao mesmo tempo.

— Mas essa vida... Nessa vida, as coisas não se consertaram...? Por que isso aconteceu?

— Consertaram? Não... 

Arregalei meus olhos.

— Aquela missão que você pegou, não era para ter acontecido. E o mundo não se reescreveu da mesma forma que o original. Aconteceu um pequeno deslize. Tudo isso girou em vários eventos e o desejo de Lisanna se realizou.

— Natsu viveu...?

— Não, Natsu a amou. E ela desejou usar a outra magia dentro de Mavis, o transformar em imortal para viver com ele para sempre.

Imortal...!

— Então eu matei Natsu Dragneel mais uma vez. Porque se Lisanna se tornar imortal junto com seu desejo realizado... -de repente o rosto de Zeref demonstrou muita dor- Lucy... A alma de Mavis vai estar presa em Lisanna para sempre. Eu quero liberta-la. Eu quero parar essa maldição.

— Libertá-la, matando Natsu e resetando o mundo? -isso não fazia sentido.

— Você não consegue entender o que aconteceu dentro da mente de Lisanna. Mas eu que a acompanho já se fazem alguns mundos, consegui finalmente entender... E para sairmos desse mundo falso... Lucy, venha comigo. Eu preciso de você. 

— O que tudo isso tem a ver comigo? -o olhei como um louco.

O que demônios significou todos aqueles sonhos?

Zeref, você está brincando!

— Existem pessoas importantes nesse doentio acontecimento. Lisanna Strauss, Natsu Dragneel, Mavis Vermillion, Ultear. E eu sou uma discrepância em tudo isso. Mas entre essas pessoas, existe mais uma que é interligada no destino dessas pessoas.

Ele apontou para mim.

— A pessoa que sempre esteve ao lado da obsessão de Lisanna.


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