Lucy POV

— Eles estão vindo! -gritou Sting, não mais agarrado ao Dragon Slayer das Sombras.

— Me diga algo que eu não sei! -respondi com urgência, revirando os olhos.

Isso foi perigoso. Quase tive minha cabeça arrancada!

Mas agora esse mar de ursinhos macabros parece não ter fim. Como uma praga horrorosa. São milhares, a ponto de fazer o chão tremer. Corremos pelas nossas vidas.

— Biding Magic! -Milliana ergueu a palma, com vários tubos saindo.

As cordas os chicoteou, abrindo o caminho, fazendo muitos ursinhos voarem.

— Vamos! -Minerva foi na frente. Nós a seguimos de perto. Prendi a respiração ao ver a montanha de inimigos se movendo juntos como um enxame.

— Lector! -Sting chamou.

— Aye! -os exceeds levantaram vôo, juntos.

— Para aonde vamos? -Arana arfou ao nosso lado.

— Sair -foi a resposta curta de Kagura, a um passo atrás de Minerva. Assentimos em concordância.

— Stinny-chan, a entrada está muito cheia dessas coisas! -a voz do gato laranja veio do céu.

— Fro também acha que é muito!

— Consegue usar Territory para nos teletransportar? -Sting perguntou urgente.

Os olhos da princesa olhou rapidamente para nosso grupo e para o objetivo da saída ainda faltando muitos metros.

— Não... Tem algo bloqueando -murmurou.

— Bloqueando? -Arana a encarou.

— É a cidade -respondi, lembrando de um dos maiores investimentos mágicos que teve na cidade- A cidade Baumwolle é encantada para impedir magia de teletransporte. Seria ruim se pessoas clandestinas tiverem livre acesso em uma cidade turística.

— Mas voar pode? -Sting encarou os gatos no céu.

— Dá para ver eles. Mas rastrear teletransporte é mais difícil -dei de ombros.

As massas de ursinhos nos seguiram dos dois lados, posso ver seus olhos brilhando.

— Minerva, devemos forçar -Rogue disse à morena.

Isso significa usar os poderes dos Dragões. E realmente, para o nosso caminho de saída, havia uma parede de ursinhos se contorcendo.

A princesa dos tigres frizou as sobrancelhas. Logo, atrás de nós algo quebrou.

As barracas foram se desmanchando com o peso dos bichos peludos.

Cada momento havia mais e mais deles, fechando o nosso cerco. São lentos, mas o problema é seu número.

— Vamos, rápido! -Sting gritou desesperado.

— Cala a boca, estamos indo o mais rápido possível! -berrei perdendo a paciência. NÃO ESTÁ AJUDANDO ENTRANDO EM PÂNICO, MULHER!

— Frosch! -Rogue olhou para cima.

— Rogu, ainda falta muito! -o exceed respondeu assustado.

O som sinistro de pano rasgando e friccionando vindo de todos os lados é perturbador.

Não, o mais horripilante era que os ursinhos não falavam, mas riam baixinho. Como um zumbido.

— Chicote Estelar! -balancei os braços. Uma parte dos ursinhos se quebraram. Porém essa quantidade foi superada rapidamente pelos montes que continuaram surgindo.

— Fio Mágico! -Arana enrolou vários ursinhos, deixando-os imóveis. Mas logo não puderam mais ser vistos, por conta que mais deles soterraram os que caíram.

— Se afastem -a princesa comandou. Demos um passo para trás dela.

Essas coisas fechavam cada vez mais o nosso espaço, rindo como crianças que brincam de pega-pega.

Eu não queria saber nem um pouco o que aconteceria se eles nos pegasse!

— Ih Ragdo! -ela ergueu suas mãos, tentando limpar a nossa frente para a saída.

A magia destrutiva fez um caminho, como se um mar de kilômetros se partisse ao meio com uma abertura de dez metros de largura!

— Corram! -a princesa ordenou.

É um corredor com paredes vivas e sinistra, de cores marrons cheirando a mofo.

A minha mão foi segurada, olhei para baixo e há uma linda loli correndo na minha frente.

Mais e mais os dois lados se erguiam fazendo uma grande sombra, se recompondo e estreitando o corredor, sua estranha intenção de nos soterrar foi óbvia. Muitos braços curtos de bichinhos de pelúcia se esticaram para nos pegar.

Rogue POV

Meus pulmões doem e ardem como o inferno. Eu que sou menor, descobri que não aguento correr muito.

Segurei a mão de Lucy com firmeza, seguindo o passo das outras nesse corredor vivo.

— Gravity Fall! -Kagura balançou a katana.

A frente que estava se fechando, abriu novamente, enviando os ursinhos no chão, os esmagando.

Crack crack crack

O som deles foi muito parecido a ossos se quebrando. Eles levantaram os braços, tentando se reerguer. Não sentiam dor, então teimosamente continuaram a vir atrás de nós, embora estivessem sob magia gravitacional, impedindo de se levantar.

Fomos forçados a pisar neles, macio e meio escorregadio, algo duro dentro de seus corpos deixava desconfortável de correr sob eles.

— Estamos quase -Minerva anunciou.

Eu podia ver o final. Ainda há uns bons metros.

— Coff! -Kagura se desequilibrou.

— Kagura!? -Milliana e Arana a pegaram em cada um dos seus braços para apoia-la.

Eu e Lucy que éramos os finais do grupo, fomos forçados a parar.

Sting que corria na frente com Minerva olhou para trás. Kagura se dobrou para frente, Milliana e Arana pararam.

— O que houve!? -Orlando também percebeu.

— Kagura? -Lucy a chamou, surpresa.

— Kagura! -Arana exclamou.

Sangue. Eu sinto cheiro de sangue.

Quando olhei de perto, Mikazuchi cuspiu um líquido vermelho.

— Eu estou bem -ela limpou os lábios e ajeitou a postura.

Os ursinhos comprimidos no chão tremiam violentamente, estavam ganhando força para se reerguer.

— Você está sangrando, nyah! -Milliana não acreditou.

— Eles são muitos. Parece que exagerei -ela explicou.

Os milhares de ursinhos que ela esmagou, estavam lutando contra sua magia. Parece que ela se forçou a pressiona-los. Não só isso, mais novos centenas apareciam e Kagura os empurrava juntos para que não se aproximassem. Era como uma luta de um contra todo um batalhão.

— Estúpida! -Arana ralhou, com as sobrancelhas franzidas- Como você resolveu usar magia até ficar assim?

— Não temos tempo -Kagura a encarou séria.

O som deles se amontoando novamente provou que não era o momento de discutir.

— Vamos -Minerva voltou para a liderança.

— Lector, o que você vê? -Sting olhou para o céu.

— Quase, Stinny-chan!

— Depois vamos conversar sobre isso, Kagura -Arana disse em tom zangado.

— Se segure, nyah -Milliana a ajudou apoiando seu braço.

Kagura assentiu.

Voltamos a correr.

— Você está bem? -a loira ao meu lado disse comigo.

Arfei, mal podendo responder.

— Sim -mas a verdade é que eu estava ficando tonto e com dor nos pulmões.

A nossa frente começou a ser bloqueada novamente.

Lucy começou a correr mais lenta, buscando algo de sua cintura, retirou uma chave dourada.

— Abre-te! O portal do escorpião, Scorpio!

— Heeey! -um cara mal encarado apareceu.

— Scorpio! Manda tudo voar!

— Você quem manda, chefia -parecia um gangster com cabelo meio ruivo e meio albino.

Mas descobri que ele era mais confiável que sua aparência.

— SAND BUSTER!

Um enorme furacão de areia se ergueu levando vários ursinhos, junto com os panos das barracas quebradas. A saída reabriu.

— O QUE É ISSO!? -Sting berrou surpreso, segurando a saia que começou a voar.

— Continuem correndo - Minerva berrou.

Mesmo assim ainda havia muitos ursinhos.

— A saída está quase aqui! -Arana disse.

Estranhamente não havia ursinhos fora da cerca do parque.

Falta pouco.

Nesse segundo, a mão de Lucy me apertou.

— O que houve? -olhei para ela. Sua tez estava pálida.

— Parece que Scorpio requere um pouco mais de energia que o normal.

O furacão ainda estava ativo. Espera, aquela coisa está sugando a mana de Lucy?

Havia mais e mais ursinhos acumulados voando.

— Desfaça isso Lucy! -falei urgente.

Ela vai desmaiar antes de conseguirmos passar pela saída!

Lucy tropeçou. Soltando minha mão. Eu que a estava puxando, com a repentina falta de peso, caí para frente, me virei para trás e a vi arfar no chão, com o punho no peito.

— Lucy! 

Nesse segundo o furacão se desfez. Scorpio que estava fazendo uma bagunça no meio do caos, também desapareceu.

O mar de ursinho que veio do céu, caiu como uma avalanche, vindo para nosso lado.

— KYAAAAAAAAAA -escutei vários gritos.

As coisas nos soterraram.

A força com que aquelas coisas vinham aos montes, ergui os braços para proteger meu rosto. Como a onda de um mar violento.

— LUCY! -tentei chamar. Me senti ser arrastado para algum lugar.

Essas coisas estão me levando para longe da saída?

Pude ver vários pontos brilhantes. Os ursinhos sorriram, abrindo suas bocas e mostrando vários dentinhos pontiagudos.

Meu corpo foi arranhado em todos os cantos.

— RUGIDO DO DRAGÃO DAS SOMBRAS! -berrei.

Mas não foi o suficiente. A potência que deveria ter feito uma enorme cratera, apenas abriu um espaço de dois metros na minha frente.

Estou assim de fraco.

O mar de pelúcia passando por mim era muito mais alto que o tamanho de uma pessoa normal. Não consegui ver a minha frente.

Eles riam tanto, que não pude saber ou escutar o que aconteceu com os outros.

Com o pouco espaço que abri, pude ver meus braços ensanguentados. Mas logo fui soterrado novamente.

— ASAS DO DRAGÃO DAS SOMBRAS! -girei para abrir um espaço ao meu redor.

Tudo está tremendo e rodando. Provavelmente as outras estavam lutando em algum lugar.

No segundo em que pude ver o céu, um exceed estava chorando.

— ROGUU!! -seus olhos me encontraram e veio voando feito uma bala.

— NÃO VENHA FROSCH! -gritei.

Mas o gato não me escutou. Os ursinhos riram e alguns se viraram para o exceed, expectantes!

— FROSCH! NÃO! -Lector seguiu o outro. Mas Frosch era mais rápido.

Quando pensei que ele ia se dar de cara com as coisas. Um vulto laranja saltou entre o mar de ursos.

Antes que eu fosse soterrado novamente, pude ver uma Milliana ensanguentada abraçou os dois exceeds.

— BIDING CAT BALL!

A magia de cordas a rodeou como um casulo, a mulher antes de sumir dentro da própria invocação, se comprimiu em posição fetal, protegendo os exceeds com seu corpo,  como se valessem mais que a sua própria vida.

Tudo tremeu pela queda da bola que parecia um rolo de lã gigante.

— ASAS DO DRAGÃO DAS SOMBRAS! -gritei, tentando ver o que aconteceu.

O espaço de dois metros ao meu redor abriu novamente. Rapidamente busquei para aonde foi Milliana com os exceeds.

Mais a frente, havia uma enorme montanha de ursinhos, pude assistir o topo da bola de lã sendo soterrada pelos bichos que abriam suas bocas, mordendo a magia de Milliana com fervor.

Mais uma vez tudo se escureceu. A enxurrada de dentes afiados voltaram a me cortar. Protegi meu rosto com os braços. Eram muitos e estou sendo arrastado, como uma onda enfurecida.

Esse corpo... ESSE MALDITO CORPO!

O horrível o sentimento de estar limitado me tomou. Se eu estivesse na minha forma verdadeira...

Você quer minha ajuda?

A voz na minha cabeça riu. Achando minha impotência engraçada.

Tudo girou, não sabia mais aonde era o chão ou o céu. Me sentindo tonto e dolorido.

Então, no meio de toda essa bagunça, entre as risadas eu escutei várias vozes baixinhas. Os ursos estavam falando algo.

— Amigo, amigo, brinque comigo.

Então fui jogado para algum canto, ainda soterrado no meio daquelas coisas, uma barra de metal veio de encontro comigo. Bati minha cabeça.

Uma dor feroz e senti meu cabelo grudar com o líquido fresco. Meus olhos giraram.

— Ack!

Tentei me proteger da melhor forma possível, me encolhendo em uma bola, protegendo a cabeça com os braços.

As lâminas vinham de todos os lados, as patas esfregavam no meu corpo, me transportando para algum lugar.

Arfei. Nem energia para usar magia eu tinha.

Senti que ia desmaiar.

Pff... Patético Rogue! Hahaha! Aonde foi o seu orgulho agora? Hahahahah! Coff... Bom, mas eu estou em problemas se você morrer. Então...

E meu corpo foi engolido por uma manta de sombras. Como um escudo. Minha mente foi apagando.

Me agradeça mais tarde.

Sua voz tinha sorrisos.

Sting POV

Clic

A porta da cabine se fechou.

Eu não sei o que fiz. Não sei como escapei. Estava tudo uma loucura e agora pude me esgueirar para a cabine da roda gigante.

Me sentei no chão e abracei meus joelhos. Fiquei escondido.

Arfei.

Meus braços tinham muitos arranhões. Meu cabelo todo bagunçado.

O brinquedo gigante entrou em movimento lento, girando. Fiquei levemente tonto e fechei os olhos com força.

Cansado, ferido e só queria dormir.

— Há...

Dei uma risada. Estou lamentável. Isso seria mesmo o grande Sting Eucliffe?

Logo lembrei, quando o mar de ursinhos simplesmente devorou tudo. Afundando em um avalanche e separou todos.

O pior era a mordida na minha panturrilha que ainda sangrava. Não senti muito antes e pude correr. Mas agora inchou e virou uma feia ferida.

Então comprimi meus lábios. Agarrei o pompom da minha cabeça com ódio.

Essa coisa não só me transforma. Ela também come pelo menos metade da minha magia.

Quando tentei usar meus poderes quando tudo girou de ponta cabeça, uma parte do fluxo mágico foi sugado para esse monstro. Eu não podia usar cem por cento da minha força.

Esse foi o fato mais frustrante e chocante.

A coisa grudada na minha cabeça estremeceu, como se estivesse feliz e bem alimentado. Fiquei com mais raiva ainda!

Mas não podia gritar. Ou podem me encontrar por aqui. Suspirei.

Blondie disse que demoraria pelo menos uma semana... Uma semana!? Isso significa que vou ter que ficar aqui por uma semana?

Estremeci.

Ergui levemente o corpo para olhar pela janela.

A roda gigante parou, me deixando no alto. Engoli seco.

A maioria dos ursos sumiram, dando para ver o chão novamente. Aonde eles foram?

Pude ver uma montanha contorcida no centro das barracas quebradas.  Sabia que no meio daquele aglomerado estava uma bola de lã, um casulo de proteção de Milliana.

— Lector... -sussurrei.

Ali estavam os exceeds. Junto com a maga.

Olhei mais em volta. Não sabia aonde foram parar as outras magas da Mermaid. Nem a princesa, Rogue ou... Blondie.

Não culpei a maga celestial pelo o que aconteceu. Foi culpa de todos nós por não estarmos preparados o suficiente, ela tentou o seu melhor. E agora, ela é uma companheira. Mais do que zangado, estava preocupado por ela.

Me encostei novamente no chão.

Uma semana. Eu poderia sobreviver?

Ou consigo simplesmente sair correndo daqui? Usando magia para abrir o caminho?

Mas sabia que era impossível.

Nem a princesa ou aquela mulher da katana da Mermaid, mesmo usando seus poderes a gente conseguiu sair. Então eu, que estava com apenas metade do meu potencial, posso abrir o caminho?

Então, nesse segundo, tudo começou a ficar escuro.

O sol já está se pondo?

Espiei para fora. Não, o sol ainda está bem alto... Porém os ursinhos estavam se dando as mãos e criando uma enorme rede viva, pouco a pouco escondendo o sol. Fazendo uma redoma sinistra, cobrindo todo o parque.

Descobri para aonde foi que aqueles bichos tinham sumido. Enquanto meus olhos arregalados assistia a enorme sombra se erguer.