Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 64
Como tudo deveria ser




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Minerva POV

Fiquei aturdida por muito tempo. Nunca fui de chorar, mas isso com certeza me abalou.

Nem percebi que o trem chegou à estação e me obriguei a levantar quando escutei um apito de fora, avisando para descermos.

Quando olhei para as pessoas que saíram dos outros vagões, muitos estão de olhos inchados e abatidos. Alguns parecem aliviados como se tivessem finalmente terminado com algum peso, ou realizado uma nova determinação.

Esperei os outros magos aparecerem. Os dragões deram olhares incomodados e quando Lucy se aproximou, seus olhos se mostraram muito vermelhos, sendo apoiada por Rogue pela cintura.

Laharl trincou as sobrancelhas bem unidas enquanto nos encarava. E então ele apontou para frente, nos pedindo para acompanha-lo.

Na própria estação de trem há uma cabine, como uma sala de reunião.

Todos nós entramos, não havia assento para todos, então nos mantivemos em pé.

E a cena cômica começou. Os grandes magos da atualidade tremendo como gravetos em frente de um único beliscão que Laharl fez com os dedos entre as sobrancelhas.

— O que vocês fizeram? -sua voz saiu baixa e grave. Os óculos de Laharl cintilaram.

A mão de luva branca se apoiou na mesa de forma perigosa.

— Nós... -Eucliffe foi o mais corajoso- Fizemos a ponte. Vamos ser punidos mesmo assim?

— Cumprimos com o que prometemos Laharl -sorriu Macao, a linha de seus lábios está duro.

— Bom, usamos magia -riu Lucy, nervosa.

— Eu perguntei. Por que todos do trem viram fantasmas?

Silêncio.

Um horrível silêncio.

— Foi assustador, Fro estava com medo -o gato com menos noção do perigo se escondeu nos braços da loira.

Laharl suspirou, apertando mais as sobrancelhas.

Parece que ele mesmo não sabia o que fazer.

— Nós... -Lucy deu um passo à frente.

Mas suas mãos tremeram, Rogue segurou seu pulso para lhe dar apoio.

— Fada-san -o gato verde sussurrou, mas no ambiente silencioso era bastante auditivel, parecia que até mesmo sua voz ecoava- Fro deve arranhar o homem que está assustando Fada-san?

— Frosch acho que não é uma boa ideia -quem respondeu foi Lector.

— Mas Fada-san não parece muito bem, Lector.

— Não pode Frosch, ele é do conselho, lembra que o Sting-kun disse que os caras do conselho é melhor você fingir que tá morto, porque eles podem te pegar e fazer experimentos malignos?

— Experimentos com Fro!? -exclamou assustado.

Lector balançou a cabeça freneticamente.

— Dizem que te colocam em uma banheira cheia de pétalas de flores para ver por quanto tempo você dura sentindo o cheiro forte até sua cabeça desmaiar de tontura! Ou te faz comer comidas piores que da princesa! Né Sting-kun!?

Espera. O QUE!?

Olhei de relance cheio de intenções para Eucliffe. Ele rapidamente desviou o olhar e tremeu de calafrio.

Você. Eu. Conversar. Mais tarde.

Falei para ele com os olhos semi cerrados.

— Coff coff coff -Eucliffe teve um ataque repentino de tosses.

— Sting-kun! -o gato laranja sussurrou assustado- Você está bem?

— Sim -ele sorriu torto, pegando o gato rapidamente nos braços, tentando faze-lo ficar calado.

— Idiotas -a gata branca buffou.

— Pff -Laxus parecia ter dito algo, mas quando o encarei ao meu lado, seu olhar era sério como sempre.

— Uhum -Lahar deu um olhar penetrante- Já mandei os técnicos e magos do conselho investigarem o que diabos vocês fizeram. Mas preciso de uma explicação aqui.

— Nós usamos magia -Lucy disse novamente.

— Para fazer uma ponte em dois dias, a única lógica é usar magia -foi a resposta fria do representante do conselho.

Ugh, implacável como sempre huh?

O olhar de Lucy amargurou levemente.

— Usamos o metal da própria ponte e madeira do rio do dragão.

O nome do rio não sei se era Rio do Dragão, mas ela deve estar se referindo à lenda local certo? Da montanha mágica que qualquer um se perdia se tentasse encontrar a boca da caverna do dragão por onde vinha a água mágica que escorre por kilometros.

— Usamos a magia de dragão da luz para corta-los. Para o metal usamos magia do dragão das sombras, dragão do vento, dragão do raio, a magia de espaço e magia do fogo.

— Espera, espera, vocês usaram magia ancestral dos dragões que eram para ter extinguido, mais magia espacial que é raro? -Laharl mostrou estar com uma dor de cabeça cada vez mais forte- Não me diga que usaram magia estelar também?

— Bom, não. Mas pedi para uma das minhas chaves me ajudar.

Ele encarou Lucy como se fosse um ser de outro mundo.

— Qual chave? -sua pergunta foi curta, parecendo que está a ponto de gritar eureka.

— Tauros -percebendo a tensão, ela respondeu com agilidade e em um som cada vez menor.

E mais silêncio.

— Então... -ele finalmente abriu os lábios novamente- Dois dos quadro elementos básicos, fogo e vento. Os dois elementos místicos da existência, luz e sombras. Um elemento dos céus, o raio. E um elemento das leis do mundo, a gravidade e espaço. Vocês usaram isso para fazer a ponte.

— Sim -a voz de Lucy foi sumindo.

— Não só isso como também foi abençoado por um dos zodíacos que só existe doze em todo o mundo, o elemento das constelações?

E todo mundo se calou.

— Isso foi o suficiente para fazer uma fissura na realidade e conectar ao mundo dos mortos por um tempo?

Engoli a seco.

Eu não fazia ideia. Não poderia ter imaginado. Sim, somos fortes. Sim, somos um dos melhores magos, das melhores guildas.

Mas poderíamos ter criado um portal assim? Em dois dias?

Parece que Laharl estava com a cara que de estar questionando o sentido da vida.

Então sua lacrima de bolso tocou.

— O que é? -sua voz saiu fria e cansada.

— Capitão, os passageiros querem embarcar. Alguns que acabaram de sair dizem que querem refazer sua viagem. Está tendo uma grande confusão na plataforma do trem -veio uma voz urgente.

— Tsk, aqui e ali. Como os rumores correm rápido. Estou indo, e silenciem as imprensas! Se o país todo souber disso, quantas pessoas vão vir em massa para cá? -ele respondeu irritado, desligou e nos encarou- Por enquanto vão para casa -suspiramos aliviados, mas então veio a última parte- Até resolvermos isso, não sumam.

Ele sorriu sinistramente. Minha nuca arrepiou e todos corremos para nossas guildas.

 

Wendy POV

Quando pisei na Fairy Tail, dei um suspiro de alívio.

— Você está bem Wendy? -a gata murmurou.

— Sim -sorri de volta.

— Ainda bem que estamos todos bem -Macao-san olhou para mim com um sorriso gentil, então pegou Romeo pelos ombros- Com licença Wendy, eu irei para casa e ter uma loooonga conversa entre homens, entende?

— P... Pai? Já não tínhamos resolvido isso?

— O que está dizendo Romeo? É só uma conversa -mas seus olhos estavam com uma certa quantia de fúria.

E o rapaz foi arrastado assim.

Eu que fui deixada para trás, suspirei.

Nesse momento, Levy-san se aproximou com muita velocidade.

— Wendy! Aonde você esteve? -ela exclamou.

Parece que sentiram minha falta.

— Eu saí um pouco. Aconteceu alguma coisa Levy-san?

— Bem, não. Apenas um pequeno escândalo. E quando percebi que você sumiu, quase fiz um escândalo também. Mas pensei que você poderia voltar logo, afinal, é uma orgulhosa maga da Fairy Tail.

Ela sorriu, aliviada.

Sim, é verdade, provei muitas vezes que sou forte.

— Mas se não tivesse notícias suas até hoje de noite, iria acionar toda a guilda para te buscar! -colocou as mãos na cintura, mostrando raiva e preocupação no rosto.

— Estou bem Levy-san, desculpa por te preocupar.

Da mesma forma que eles sabem que sou forte, ainda sim se preocupam comigo. Isso fez com que me sentisse amada. Assim como uma família.

Então me lembrei de Lucy-san, me fazendo sentir um pouco estranha.

Ela disse que voltaria. Mas é meio estranho, considerando os fatos. Por que ela faria isso?

Ela disse que era para resolver o que tinha deixado para trás.

Então é uma despedida?

Mordi levemente meu lábio inferior. Perdida em pensamentos.

— Eu disse que era paranóia sua, baixinha -Gajeel-san apareceu e se encostou em Levy-san- Confia mais nela, falei que é muito mais esperta que uns certos idiotas da guilda.

— Sai Gajeel, já avisei que você é pesado!

— Gehee -riu, se divertindo- Sabe, essa aqui quase fez uma loucura em correr e te buscar, sem mesmo saber direito aonde você foi -disse despreocupado- Já estávamos muito ocupados com outra paranóica!

Pisquei algumas vezes e então uma frase chamou a minha atenção:

— Aconteceu alguma coisa? -perguntei levemente.

— O estúpido esquentadinho sumiu -o Dragon Slayer de metal deu de ombros.

Eu franzi as sobrancelhas. Olhando sob os ombros dos dois na minha frente, pude ver Erza-san polindo sua armadura. Mas o mais estranho era Gray-san sem camisa, com a cabeça tombada na mesa? Parecendo estar morrendo de tédio?

E uma suspeita sombra atrás de um pilar... Se contorcendo?

— Gray-samaaaa... Por que está assim? Mesmo, mesmo tendo Juvia, como pode estar com esses olhos de peixe morto? -seus lamentos cheio de preocupação puderam chegar até aqui. Sinistramente.

— Vê? -Levy-san suspirou.

Assenti com a cabeça.

Ah, então eles estavam pensando em Natsu-san, por isso não perceberam que eu e Romeo sumimos?

— A esposa do idiota veio e fez um escândalo. Ele deve ser um estúpido muito grande para avisar ninguém aonde ia -suspirou Gajeel-san.

— Isso sim chamados de idiota -murmurou Charles nos meus braços- Conhecendo Lisanna, como ele nem avisou ela?

Nesse mesmo momento, a porta da guilda se abriu. E um rosado bem humorado sorriu abertamente, gritando a plenos pulmões:

— E AE GALERA! SENTIRAM SAUDADES?

— NATSU!? -todos da guilda se viraram para ele.

Ele ficou aparado ao meu lado, por um segundo, me deu um estranho sorriso e bagunçou levemente meu cabelo. Fechei meus olhos.

— Huh? Natsu-san?

Por que me olhou assim? Ele sempre pareceu um irmão mais velho confiável, mas hoje pareceu ter um sorriso melancólico?

— Você sabe o quanto te procuramos!? Seu estúpido sem cérebro? -o primeiro a vir voando foi Gray-san.

Mas Natsu-san desviou.

— Esse tempo que estive fora, você ficou mais lento, picolé retardado?

Não demorou muito para vemos uma mesa voar e se quebrar ao meio.

— Naaaatssuuuu!! -uma voz sinistra apareceu entre todos- AONDE VOCÊ ESTEVE!?

— Titânia! Erza! Minha senhora! -ele começou a fugir em pânico.

— Volta AQUIIIIIII!

— Tente me pegar!

E a guilda voltou ao ânimo de sempre.

Suspirei.

Mas então um grupo inesperado começou a correr atrás de Natsu também.

— NATSUUUUUU! VOCÊ VIU LAXUS-SAMAAAA????? -era o Raijinshuu. Três magos obcessivos raivosos voaram.

— HAAAAAA?? POR QUE EU TENHO QUE SABER DISSO? -foi a resposta.

— LAXUS-SAMAAAAAAAAAAA!

— EU NÃO SEI AONDE TÁ O DONO DE VOCÊS!!

Mas eles não escutaram e pareciam zumbis com olhos ardentes em busca de seu objetivo.

Nesse momento, me lembrei de uma coisa.

No trem, eu me sentei com Laxus-san. Eu tinha um pouco de medo dele, mas ele falou comigo primeiro.

Nesse momento, ele me ensinou uma pose e me pediu algo...

Soltei levemente Charles ao chão e coloquei uma mão na cintura. Outra no bolso. Reuni toda minha coragem e chamei alto, porém ficou meio abafado por causa de toda a gritaria e bagunça da guilda:

— P... Pessoal do Raijinshuu-sans!

Os três que estavam em uma perseguição frenética pousaram na minha frente. Surpresos porque eu, a mais tímida e que nunca havia falado com eles, de repente ergui a voz.

Então a minha mão do bolso revelou uma pequena bola de cristal.

— Raijinshuu -a voz se Laxus-san surgiu dela- Eu não posso voltar nesse mesmo instante. E tenho uma coisa a fazer antes. Estarei passando minha mensagem através dessa lácrima. Então o portador dela, vocês precisam tratar como se fosse eu!

Uma voz fria e dominadora resoou.

A lácrima era de gravação, então não estava sendo transmitida ao vivo. Mesmo assim, os três magos à minha frente estremeceram e...

Os três se curvaram aos meus pés, como se eu fosse a mensageira de seu Deus.

Bom, eles viam Laxus-san como a coisa mais importante de suas vidas, então eu....

E a guilda ficou silenciosa. Estranhamente silenciosa. Todos me olharam como se eu fosse um bicho raro de zoológico e percebi que a razão deles me verem assim, era por causa do orgulhoso Raijinshuu estar ajoelhados para mim como o seu Messias.

— Nós recebemos suas ordens, Laxus-sama -falaram com tanta benevolência assim como se dirigisse ao líder deles, mesmo que ele não estivesse aqui de verdade.

Meu rosto esquentou de vergonha.

 

Happy POV

— Happy, você está com fome? -uma voz meio chorosa apareceu ao meu lado, enquanto fiquei encarando a janela.

Lisanna se aproximou e eu a olhei.

— Não, obrigado Lisanna -não queria recusar, mas sabia que ela havia cozinhado nada.

Ela tem olhos inchados e sorriu. Natsu está sumido. Não sei quando foi que ele desapareceu, mas Lisanna não parava de chorar. Seu estado de espírito parece errado, então não fiquei a vontade de pedir comida para uma pessoa que está passando mal, mesmo sentindo fome há um tempo.

Era estranho que eu não estivesse junto a Natsu. Mas desde que ele se casou, estou cada vez menos próximo dele.

Isso é algo que as pessoas que nos conhecem iriam apontar, mas eu já tinha me acostumado. E parece que os outros também.

Acontece que depois que arranjam outra pessoa para ser importante ao seu lado, o melhor amigo não pode estar grudado para sempre. Foi o que melhor entendi depois que Natsu se casou.

Um casamento é a dois. Aonde se encaixa um terceiro?

Dormi sozinho enquanto o meu lugar foi substituído por Lisanna. Quando Natsu saia, muitas vezes Lisanna quem o seguia e eu fiquei uns quatro passos atrás.

É solitário, mas não podia me impor entre eles. Acho que era algo que eventualmente aconteceria.

Escutei Lisanna ir para o quarto e um pequeno soluço foi escutado novamente. No começo fiquei sem saber o que fazer, mas depois, até com isso me acostumei. Não era eu quem podia consolar ela.

— Aonde você foi, Natsu idiota? -murmurei.

Ontem Elfman estava aqui tentando consolar a irmã, conversaram por um tempo até que ele foi obrigado a se retirar sem muito progresso.

Como eu pensei, nem a família dela poderia ajudar a tristeza de Lisanna. Foi outra coisa que percebi.

Ela sorria quando Natsu estava e chorava quando ele não estava. Se outras pessoas se aproximavam, não parecia que eram tão importantes como Natsu para ela.

É assim que o amor funciona?

E do nada a porta de casa se abriu. O rapaz alegre me assustou.

— Natsu! -o chamei.

— Happy! -ele riu de volta.

— Aonde você esteve!? -invoquei Aera e me aproximei, alegre.

— Ah... -ele coçou o cabelo rosa bagunçado, sem saber como dizer- Eu vi Romeo sair, não podia deixar ele sozinho e...

— Natsu! -a porta do quarto se abriu.

Uma albina pulou nos braços dele com uma velocidade rápida.

— Lisanna -seu tom ficou muito mais gentil- Você está chorando?

Ele arregalou os olhos, surpreso.

Era normal os magos das guildas sumirem e terem coisas repentinas a fazer, então acho que ele não tem uma boa noção sobre a preocupação de Lisanna. Bom, nem mesmo eu entendia essa preocupação. Estou há tanto tempo com Natsu e dessa vez também fui deixado para trás, mas não fiquei triste ao nível da albina.

— Sinto muito Lis -respondeu arrependido.

Ela ergueu os olhos azuis e balançou a cabeça, com um sorriso.

— Estou feliz que você voltou.

— Na... -quando eu ia falar com ele, Lisanna me interrompeu.

— Venha, eu quero falar com você -ela tinha uma aparência frágil e o puxou para o quarto.

As orbes Onix nem me olharam direito e só pude encarar a porta fechada.

Como eu disse.

Estavamos cada vez menos unidos e eu já tinha me acostumado a isso.

Sem me desfazer do Aera, voei para fora de casa e fui para a guilda sozinho. Talvez eles nem percebam que saí até o final do dia, na hora do jantar.

A guilda está animada. Tudo seguindo da forma que deveria estar. Mas ao mesmo tempo, parecia que tudo tinha mudado.

Me sentei em uma mesa um pouco distante e olhei para o pessoal, atordoado.

Não percebi quando alguém se aproximou de mim. Então levei um susto.

— Happy.

Quando me virei, me dei de cara com Wendy. Claro, Charles estava com ela, mas me senti sem forças de ficar tímido ou algo assim.

— Olá -respondi, minha voz saiu mais monótona que o normal.

Mas olhei esquisito para os três magos que seguiam a Dragon Slayer dos céus como guarda costas.

— R... Raijinshuu? -tombei minha cabeça para o lado, confuso.

— Não ligue para eles -Charles cruzou as patas e ergueu o focinho- Wendy veio te entregar algo.

Pisquei as pálpebras lentamente e olhei para ela. Sem muita expectativa.

A mãozinha de Wendy se estendeu para mim e havia uma pequena caixa na sua palma. Peguei ela, é tão pequena que cabe no meio das minhas duas patas.

— Um presente? -falei, ainda confuso.

— Sim -a menina assentiu- Não sei o que é. Foi um favor que Lucy-san me pediu quando nos encontramos no meio da minha viagem.

Minhas garras contraíram por um momento. Um sentimento girou no meu peito, e meu coração bateu forte.

O que é essa pequena caixa? De Lucy?

E então eu abri ela.

De repete um pequeno grão caiu de seu interior e se expandiu a olho nu, mais e mais grande. A ponto que a mesa aonde me sentei, se quebrou.

BOOOM.

A madeira que era tão forte para aguentar a maioria das pancadas dos magos, quebrou assim tão facilmente. O pessoal da guilda virou os olhos para esse lado, mas eu não liguei. Não pude prestar atenção em mais nada ao redor.

É um peixe gigante.

Minha respiração parou por um segundo. Não era qualquer peixe. Eu como o amante de peixes número um, podia saber apenas pelo cheiro. As escamas brilhando saudáveis e os olhos de vidro cintilaram, parecendo que ia se mover a qualquer momento.

É um peixe rei. Do tipo mais delicioso.

Então minha mente ficou em branco, com aquele cheiro me seduzindo. Uma lembrança no fundo da memória puxou um sorriso da loira.

"- Me dá um pexe, Lucy?

— QUÊ!?

— Eeeein, Lucy? Somos amigos, certo?

— Depois te pago um, ok? "

Foi há muito tempo que prometeu me dar um peixe.

Ela se lembrou. Eu disse brincando e ela realmente levou uma promessa dessas a sério.

Suspirei, sem palavras.

A caixa estranha continha magia de espaço e armazenamento, ela até mesmo teve esse cuidado para mim, porque o mais fresco é o mais gostoso dos peixes.

Me senti entupido e meus olhos arderam.

Abri minha mandíbula trêmula e dei uma mordida.

As lágrimas caíram. É delicioso. É tão bom como o inferno. A carne é macia, digna de ser chamado o rei dos peixes.

Então percebi o que estava de errado comigo, o que era aquele estranho sentimento dentro de mim que foi sufocando pouco a pouco já faz um tempo.

É diferente.

O nós três com Lucy é diferente do nós três com Lisanna. Mas eu não podia falar nada sobre isso.

Me sentia mais e mais sozinho, mas não podia contar para ninguém sobre isso.

Abandonado e esquecido.

Dei uma e mais outra mordida, era tão bom que não podia parar de comer. Senti meu coração esmagar e esticar a cada mordida.

Lucy. Eu estou com saudades. As lágrimas não quiseram parar de cair.

— Então ainda somos amigos? -sussurrei- Você não esqueceu de mim? 


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