Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 59
Operação em andamento




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Lucy POV

Por um segundo relembrei do que aconteceu antes. Agora que estava pensando de novo, me senti assustada. Um suor frio escorreu pela minha nuca.

Muitas vidas estavam em jogo. E todas elas pesaram nas minhas mãos. Me abracei para parar o tremor.

Não pensei direito porque tudo aconteceu muito rápido. Pedi para Rogue cortar o trem na horizontal porque os vagões atrapalhavam, já que são separados por portas. Não podia espremer a lã de Áries em cada um dos vagões. Não havia tempo.

Se eu pedisse para amortecer o trem por fora. As pessoas adentro poderiam se machucar, dando de cara em alguma parede de ferro, ou pior, uma bagagem ou objeto poderia espancar a pessoa, causando hemorragia, esmagando algum osso.

A melhor solução foi quebrar o trem para encher ela de lã, colocando todo mundo imóvel. Era o mais rápido e o mais seguro.

Mas muitas coisas poderiam dar errado. Rogue poderia não ter o poder de quebrar só as janelas e o ferro do trem todo. Áries poderia não ter lã o suficiente.

Isso foi perigoso.

Alguém poderia ter morrido.

Comprimi os lábios.

Felizmente deu certo. Deu tempo.

Suspirei, enquanto olhava para o Eucliffe cheio de energia correndo para o meio da floresta.

— Tauros, siga ele e me traga as tábuas.

— Sim, Lucy-san! -ele ofegou com uma cara corada cheia de adoração, se afastou mesmo parecendo que não queria se distanciar de mim.

— ASAS DO DRAGÃO DA LUZ! -escutei abruptamente um grito na floresta.

BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOM

Seguido com uma grande explosão de terra, com vários pássaros voando em pânico.

— GARRAS DO DRAGÃO DA LUZ!!!

KABOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOM

Outra explosão....

— Hahaha -eu vi Laxus se aproximando com os braços cruzados- Parece que você o irritou.

— Bem... -eu dei um sorriso desamparado- Isso se chama persuasão.

Me senti um pouco sem jeito, mas para o Eucliffe ser tão fácil de controlar assim... Acabei suspirando outra vez.

— ROGUE! -escutei Orlando gritando de longe, quando me virei, arregalei meus olhos- Venha aqui, e vamos começar isso rapidamente.

— Mi.... Minerva? -exclamei chocada. Ela estava com uma montanha colossal de ferro quebrado flutuando atras dela com uma magia que parecia personificar algum tipo de rede invisível- Você já terminou?

Meu queixo caiu.

— Humpf! -ela cruzou os braços com um sorriso presunçoso- Quem você acha que eu sou? Minerva Orlando! Não me compare com essas lagartixas inúteis!

— Lagartixas... -Rogue murmurou.

— Inúteis... -Laxus parecia descrente. E então ele começou a rir, e rindo cada vez mais alto- Há... Há.... Há.... HAHAHAHA.

— O... O que...? -Minerva deu um passo atrás, frisando as sobrancelhas.

— Muuuuito bem -o mago do raio deu um passo à frente, cheio de intenções malignas- É hoje Orlando!

— O que? -suas sobrancelhas ficaram em um nó mais apertado.

— É hoje que eu vou mostrar que essa lagartixa é melhor que esse gatinho que fede a maquiagem!

Orlando congelou por dois segundos, e então uma incrível energia surgiu a sua volta, com os olhos sedentos de sangue, ela abriu um o sorriso grande.

— HA! Essa fadinha arrogante não tem medo de engolir a própria língua que vou arrancar dela!

Ambos começaram a faiscar. Um lado raios estavam começando a ameaçar uma tempestade chamuscante. Do outro, o chão começou a tremular e rachar, fazendo pedaços de terra saltar.

Wendy se aproximou de mim e agarrou minhas roupas, ficando um passo atrás.

— EI EI EI! -gritei- ESPERA AI! SE VOCÊS BRIGAREM AGORA, NUNCA VAMOS TERMINAR A PONTE! COMO PRETENDEM ARCAR COM O CONSELHO!?

— HUH!?

Os dois me encararam. Percebi a sobrancelha da Minerva tremer, as veias do Laxus pulsarem.

Peguei a manga da roupa de Rogue. Ainda bem que Cheney está do meu lado. Engoli seco.

— Se acalmem -Rogue olhou para Minerva.

— ... -Orlando fixou o olhar por dois segundos, suspirou e fechou os olhos, fazendo com que os pedaços de terra voltarem a ficar pacíficos.

Conbolt expectador assobiou de assombro.

Os raios de Laxus também pararam. Eu botei a mão no coração, agradecendo alegremente por ter parado a calamidade. Por deus! O que menos precisamos é mais destruição!

— Vamos -Cheney deu um passo para frente, me deixando para trás.

Minerva, Rogue, Laxus e Macao se afastaram por uns cinco metros, fechando em um círculo entre eles.

Percebi que a maga dos ventos ainda estava ao meu lado. Eu ergui minha palma e esfreguei levemente em sua cabeleira azul, seus olhos se ergueram e eu sorri.

— Lucy-san... -murmurou, seus dedos soltaram a minha roupa.

— Você me parece bem saudável, Wendy.

E nesse momento, meus olhos vagaram naturalmente para Rogue, que estava a uns cinco metros de nós duas. Ele apontou com o dedo para frente, tirando uma pequena linha negra sem forma. Minerva ergueu as duas mãos e fechou a magia de Rogue em uma bola. A pequena bola foi ficando maior com o poder das trevas que foi sendo colocado continuamente.

Havia uma coisa que não pensei... Esse "forno" improvisado, se der um pouco errado, não pode se tornar facilmente em uma bomba nuclear?

A realização dessa ideia me fez estremecer. Ainda dá tempo de mudar de plano?

Mas eles parecem tão confiantes... Devo acreditar neles... Certo?

Enquanto divaguei, alguém me chamou:

— ... Lucy-san...

— ... Sim? -pisquei e me virei para ela.

— Você está feliz? Agora você é feliz? -sua voz tremeu.

Feliz? Pensei um pouco sobre isso.

— Eu... -meus olhos voltaram para Rogue- Eu sempre fui feliz, não?

— ... Nunca pensou que se arrependeu de ter conhecido Fairy Tail? -sua voz ficou mais e mais baixa- Ou o Natsu-san...?

Fiquei em silêncio por alguns segundos.

Me surpreendi. Fiquei surpresa que meu coração não se encolheu de medo. Fiquei surpresa que eu não me assustei com o nome de Natsu sendo mencionado. Claro que tem coisas que deixei pela metade em Fairy Tail por causa da minha dor, e isso me deixou desconfortável, mas agora... Eu finalmente sinto que consigo respirar com tranquilidade mesmo com Dragneel na conversa.

— Se eu não tivesse conhecido o Natsu -respondi suavemente- Eu não teria conhecido minha família. Ele que me levou para a Fairy Tail, lembra? Da mesma forma que eu me preocupo por vocês, vocês também se preocupam por mim. Como eu não seria feliz, tendo essas pessoas do meu lado?

Foi quando escutei um soluço abafado da menina. Mas eu não a encarei. Continuei olhando para a grande bola negra do tamanho de um elefante no meio daqueles magos.

Nesse momento Minerva manipulou os metais para dentro da bola. Macao começou a usar sua magia para  esquentar o forno negro. Laxus estalou os dedos para experimentar seus raios, como se estivesse vendo a melhor forma para usar a magia no forno improvisado. Uma fumaça saia de um dos buracos da bola negra e deu para ver as labaredas dentro dela, junto com fios elétricos.

A mão trêmula de Marvel segurou minha palma. Com o meu polegar, acariciei os nós dos dedos dela.

Ah, é muito pequeno.

Lembrei de quando eu vi Wendy chorar ao me contar sobre as visões de Charles. O peso nos ombros dessa garota é tão grande para o seu tamanho...

Senti o meu coração ficar com um pouco arrependido. Não pude proteger alguém tão jovem, mesmo que eu seja a adulta. Mais pareceu que Wendy era quem carregava toda a culpa, mas ela não entendeu que a responsabilidade sempre foi minha.

— Eu... -a voz da menina se ergueu, com mais energia- Eu vou ir ajudar eles!

E então ela soltou minha mão, pude ver as costas dela correndo para os outros magos. Rapidamente começou a assoprar para aumentar o fogo dentro da bola.

Meus olhos embaçaram e funguei com o nariz, senti saudades dos amigos que deixei para trás. Respirei fundo e fiz meus lábios erguerem em um sorriso.

Com minhas duas mãos eu bati em minhas bochechas.

— Bem! -exclamei- Não posso ficar parada também!

Peguei meu graveto e comecei a escrever o plano da ponte no chão.

Espiei uma vez mais para os magos. Não... Aquilo não parecia um forno, parecia uma bomba maligna feita de escuridão e um núcleo cheio de ciclone com tempestade de raios e chamas. Mas os magos estavam tão concentrados que nem devem ter percebido essa visão macabra.

— Hehehe, você tem a capacidade de segurar meu poder, Orlando? -riu Drayer, animado.

— Isso é muito fraco, ainda falta anos luz para me derrubar -a mulher respondeu arrogante.

— Assopra mais forte Wendy! -Macao disse, suando e jogando todo o fogo que podia.

— E... Eu vou fazer o meu melhor! -ela inchou os pulmões.

Em vez de consertar a ponte, quem visse pensaria que estávamos fazendo um plano maligno para destruir o mundo?

Ah, vamos fingir que eu não vi isso e joguei a preocupação no fundo da minha mente. Sorri pacificamente, orando para não ser a líder que apagou metade do planeta.

Aos poucos, a montanha de madeira foi crescendo ao nosso lado. Os meninos do rio conseguiram pegar uma boa quantidade de peixes. Incrivelmente o plano do forno improvisado deu certo e os metais em forma de parafusos e longas barras também foram vindos em montes.

De acordo com meus cálculos que fiz em relação à longitude que deve ter a ponte, fiquei agradável em saber que a quantidade que fizemos de madeiras e metais já era o suficiente. O sol já estava se tornando laranja, foi quando bati palmas.

— PESSOAL. ACHO QUE POR HOJE JÁ É O SUFICIENTE! AMANHÃ MONTAREMOS A PONTE E ENTÃO ESTARÁ TUDO PRONTO!

Todos pareciam tão cansados, o pior foi

Eucliffe que estava morto no chão e foi arrastado por Tauros desde a floresta.

— STING-KUUUUUUUUN!!! -um vulto laranja passou por em uma velocidade que não achei que fosse possível- AAAAAAAAAAAAH! STING-KUNNN!!! O QUE VOU FAZER SEM VOCÊ!??

Seu choro ecoou nitidamente.

— Lec... tor... -a voz do Eucliffe tremulou- Por favor... Cuide da sua saúde... E fique perto do Rogue e Frosch... Esse traidor pode ter um coração frio... Mas ainda é meu irmão, ele vai cuidar de você...

O estirado no chão tombou a cabeça dramaticamente.

— NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!! STING-KUUUUUN! -o exceed ficou mais lamentável.

— Sting... -Rogue suspirou- Vou começar a fazer o jantar, você vai mesmo morrer?

Nesse momento os olhos do loiro se arregalaram. Era muito óbvio ver como ele ficou quieto, como se relembrasse de uma dor profunda de tortura e fome que passou nos últimos dias. E com isso, ele se sentou abruptamente. Com um sorriso revigorado, gritou:

— ROGUE! VOCÊ VAI FAZER COMIDA PARA NÓS?

O moreno o encarou e assentiu com a cabeça.

— OOOOOOOOOOH! -rapidamente ele se levantou e passou o braço em volta do pescoço do outro dragão gêmeo- MEU ROGUINHO! MEU LINDO IRMÃOZINHO EU SABIA QUE VOCÊ ERA MEU HERÓI!

Da mesma forma que Sting Eucliffe morre rapidamente, ele ressuscita na mesma velocidade.

Ergui as sobrancelhas, assombrada.

— Sting... Pare com isso, está me assustando -O Dragon Slayer das Sombras estremeceu, tentando empurra-lo.

— Rogue, tem certeza? -me aproximei- Você deve estar cansado, se quiser eu faço isso.

— AAAAH?? -Sting mostrou os caninos rapidamente, me ameaçando de morder- COMO VOCÊ PÔDE TENTAR TIRAR MINHA COMIDA DE MIM, BLONDIE?

Eu o ignorei, olhando preocupada para Cheney.

— VOCÊ ESTÁ ME ESCUTANDO? -ficou furioso.

— Pode deixar para mim, Lucy -o outro respondeu calmo. Realmente, não sei como Rogue se juntou com Sting, sendo que os dois são assim tão diferentes?

— ROGUINHOOOO! SABIA QUE VOCÊ ERA O MELHOR! -Eucliffe logo ficou de bom humor.

— Sim, sim, agora me solte. Preciso ir cozinhar -ele respondeu, com um suspiro cansado.

— Eu te ajudo! -Romeo se aproximou.

Cheney apenas balançou a cabeça, concordando.

— Lucy-san! -Tauros exclamou. Oh, eu ainda não mandei ele de volta?- O que mais precisa? Quer que eu traga mais algumas coisas pra você? Ou... -os olhos dele me varreram e sua respiração se tornou mais pesada e narinas dilatadas- Ou... Ou uma boa massagem? Eu posso fazer nos seus ombros, nas suas costas... Ou...

— Aaaaaah! -exclamei com um sorriso- Muito obrigada Tauros, mas já pode ir descansar! Obrigada!

E fechei o portão rapidamente, enquanto limpei o suor da testa.

— Ei, irmãzinha. -Drayer se aproximou, dando para ver o suor escorrer pelos seus músculos bronzeados- Me passa suas barracas, pode deixar que iremos montar elas, vocês garotas podem ir tomar banho primeiro.

— Ah, tem certeza? -perguntei, relutante.

— Vão logo, está escurecendo. Por sorte é verão, então podem usar o rio para se lavar.... -Macao assentiu.

— Espera -Sting nos chamou, se lembrando de algo- Quando eu estive.... -me olhou ressentido- No trabalho escravo ali, achei uma cabana destruída por perto. A gente pode não conseguir usar ela, mas perto da cabana tinha uma fonte termal bem escondida. Acho que dá para vocês tomar um banho.

— Fonte termal? -fiquei agradavelmente surpresa.

— Minha nossa! -Orlando sorriu. Ela logo pegou um pedaço de pano que estava guardado com sua magia e passou para Sting- Então nós estamos indo na frente.

— EI! EU NÃO SOU SEU SERVENTE! -o loiro enfureceu.

— Não fique ai para sempre -Laxus botou a mão nos ombros do Dragon Slayer da Luz- Vamos terminar logo. Não me diga que já está cansado? -deu um sorriso zombador.

— O quê? O QUÊ? -bati minha testa ao ver como Eucliffe foi enganado tão rápido de novo- EU, STING EUCLIFFE, NUNCA FICARIA CANSADO SÓ POR CAUSA DE UMAS ÁRVORES ESTÚPIDAS!

E enérgico de novo, se ergueu. Eu passei minhas barracas na mão de Laxus.

— Obrigada, irmão Laxus.

— De nada. -ele sorriu.

Então deixei Frosch aos cuidados de Rogue. Eu não me importaria em tomar banho com o exceed, mas tínhamos uma gata do nosso lado, então tristemente tive que deixa-lo para trás.

Eu, Minerva, Wendy e Charles fomos floresta a dentro. E como a abelha barulhenta disse, realmente tinha uma cabana destruída e abandonada. Logo atrás dela, uma parede de bambu e com um pouco de esforço abrindo caminho, achamos um paraíso termal.

Dei um sorriso, corremos e nos despimos, entrando rapidamente na fonte.

— Aaaaah... Me sinto revigorada -comentei.

— Com certeza -Minerva assentiu.

— Mas por que tinha um lugar desses? -Wendy virou a cabeça em dúvida.

Charles ergueu a pata, tocando na pedra gigante que tinha bem no meio da fonte termal e então disse:

— Acho que aqui era uma pousada.

Como todas estamos um pouco cansadas, quando ficou tudo silencioso, não criou um ambiente desconfortável. Apenas aproveitamos o momento.

Uma pousada... Realmente, esse lugar pode ser chamado de bonito. Um lugar para fugir de preocupações.

— Por que será que fechou? -murmurei.

— Quem sabe? -Minerva deu de ombros- Talvez quando o rio secou, perdeu a atração.

— O rio? -olhei para ela.

— Fiquei sabendo uma ou duas coisas sobre um mito de um rio mágico que era vindo das lágrimas de um dragão e tinham propriedades de cura. Mas um mito é um mito. Quando pensei em vir aqui, descobri que tinha secado. Mas fiquei surpresa em saber que esse rio voltou. Em pouco tempo talvez essa pousada reabra.

Então tinha um mito desses. Sobre a história do dragão, não está exatamente errado.

Eu estudei bastante sobre a geologia, monstros e tudo o mais, mas com certeza contos sobre mitos não poderia ter aprendido, é uma coisa que vem e vai de uma boca para a outra das pessoas. Não eram documentados em livros de história.

Esse lugar é tão desolado que provavelmente ninguém se importou quando o rio secou, apenas a vila para qual existiu o rio. Talvez, se tivessem mais lugares que dependem do rio, esse problema já teria sido resolvido. Bom, eu penso que não está realmente ruim não tendo pessoas  pondo o nariz no túmulo de Karynne e do Dragão Dourado.

— E então Lucy? -Orlando sorriu para mim, inocentemente.

— O que? -pisquei sonolenta.

— Como assim o quê? Estou falando de Rogue Cheney! Vocês ficaram fora por tanto tempo! Vocês finalmente... Hehehe -ela começou a rir lascivamente.

Escutei um espirrar de água, quando me virei, Wendy tinha escorregado e com o rosto completamente vermelho.

— I... Isso é verdade Lucy-san?

— Ooooh! Você é bem mais corajosa do que imaginei -a gata branca se admirou.

— O.... O.... -minha cara foi esquentando mais e mais- O QUE VOCÊS ESTÃO FALANDO!?

— Ah, ainda não? -as sobrancelhas de Orlando se ergueram.

Suspirei.

— Estávamos ocupados trabalhado! TRA-BA-LHAN-DO! -que mente perversa!

Como ela pôde pensar em uma coisa dessas!?

— Que pena, achei que vocês estavam indo tão bem... E esses tantos dias fora tinham algum significado -sua voz estava cheia de decepção- Aconteceu nada mesmo?

— Bom... -pensei um pouco, com meu rosto ardendo- Talvez... Talvez a gente tenha nos dado um pouco melhor...

— Mesmo? -Orlando não ficou exatamente satisfeita, mas sorriu- Que bom que está se adaptando bem.

 

Wendy POV

"Que bom que está se adaptando bem".

Por alguma razão, quando escutei essas palavras de Minerva-san, meu coração se contraiu.

Eu segurei Charles em meus braços com força.

Olhei para Lucy-san que não percebeu como fiquei pálida. Ela parecia muito saudável, muito alegre.

Ela tinha até mesmo alguém quem gostava e que a fazia feliz.

A gata branca murmurou:

— Wendy... -foi tão baixo que apenas eu escutei, enquanto as outras duas estavam conversando animadamente.

Foi quando percebi que minha mão estava tremendo.

Hoje mais cedo, eu chorei, porque Lucy-san nunca se ressentiu de nós.

Fiquei muito feliz por ter sido chamada de "família". Mesmo com essa família que falhou com ela e não conseguimos perceber a profundidade da dor dela.

E quando percebemos, já era tarde demais, Lucy-san já estava carregando tudo sozinha.

Ela se ergueu sozinha, e ficou parada sozinha suportando.

Mordi meu lábio inferior, para acalmar minhas emoções.

Eu não devo arruinar o clima.

Dei uma olhada para Lucy-san.

Que bom que você esteja tão saudável. Que bom que depois de sair da "nossa casa", tão abalada, sombria e chegando até mesmo a ficar mais magra, você conseguiu ser tão radiante de novo.

Meu coração se sentiu um pouco mais aliviado.

Mas... Apenas descobri agora que... É realmente... Realmente... Muito tarde.

Muito tarde para me iludir que um dia você iria voltar para a "nossa casa"?

— Wendy? -os olhos da gata estavam cheias de preocupação.

— Está tudo bem Charles -sorri- Nesse momento estou muito feliz.

Sim, assim como Lucy-san está feliz, eu também estou feliz.

Mas com esse sentimento de alívio, também meu coração tremeu, como se tivesse perdido algo importante... Criando um estranho vazio e arrependimento.


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