Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 36
Desespero em te ver




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Rogue POV 

O pôr-do-sol invadia as janelas da casa, sorri aprovando a minha faxina. Logo todos vão voltar, preciso começar o jantar. 

— ROGUEEEEEEEEE! -veio uma voz aflita me chamando. Me viro e vejo Frosch à beira de lágrimas, voando para o meu colo. 

— Frosch!? -exclamei surpreso, abraçando o exceed, ele chorava intensamente- O que houve Fosch?  

Fiquei alarmado, não é normal. 

— Fada-san... Fada-san... 

Congelei. Lembrei que tinha mandado Frosch ir ver Lucy. Aonde está ela!? 

— Frosch!? O que houve com Lucy!? 

— Um... Um carro mágico preto... Fada-san... Homens pegaram ela... 

Fiquei estático. LUCY FOI RAPTADA!?  

— Frosch, me leve para aonde ela foi pega. 

Ele me olhou, caiam lágimas dele, logo assentiu e levantou voo. Corri atrás, para fora da mansão. 

— Rogue!? -exclamou Minerva, me encarando. Ela voltava para a mansão. 

Passei reto, sem falar nada, apenas corri e escutei um grito indignado da morena me chamando. 

Lucy... Lucy... Lucy... LUCY.... LUCY... LUCY! 

Minha cabeça só tinha isso, estou desesperado, mal vendo por quais ruas passava, apenas corria, seguindo meu exceed verde. Então ele parou. Estávamos no parque. 

— Foi aqui que Fada-san... -chorou ele, eu botei a minha mão na cabeça de Frosch. Passei pelo exceed e fiquei de frente para a entrada do parquinho. Fiquei sério. 

— Fez bem em me chamar Frosch. Fico feliz que você está bem. Agora, pode deixar comigo que vou salvar a Lucy. Frosch, volte para casa. 

Frosch me encarou, assentiu com a cabeça. Os olhos dele também ficaram determinados, segurando as lágrimas, ele levantou voo em rumo da mansão, pelo menos apenas hoje ele não vai ficar perdido. Sorri, logo voltei a ficar sério. Fechei meus olhos. 

Procure pelo cheiro da Lucy, Rogue. Respirei fundo. O cheiro dela está aqui, está na cidade... Mas aonde!? Se concentre! AONDE ESTÁ ELA!?  

O cheiro é vago, apenas sei que a loira não saiu da cidade. Mais nada, não sei mais nada! Nervoso, soquei o chão, criando uma cratera e atraindo olhares assutados. E agora!? LUCY!? AONDE... AONDE... VOCÊ ESTÁ!? 

Pensa! E agora Rogue!? Tem que achar a Lucy! PRECISA SALVÁ-LA. 

Talvez... Se eu usar aquela magia... Mas se eu usá-la em toda a cidade, provavelmente meu corpo não vai aguentar. 

— Quer ajuda? -perguntou uma voz na minha mente. Comprimi meus lábios- Vamos, deixe as sombras tomarem seu coração. 

Eu conheço essa voz, é a voz que escuto em quase todas as noites, nos meus pesadelos. O eu... O eu que não quero ser.  

Engoli seco. 

— S... Se eu aceitar que me ajude. Irei encontrar Lucy? -perguntei, desesperado. 

— Finalmente uma resposta positiva! Sim, vai. 

Eu pensei, não devo aceitar. Mas Lucy! Preciso achar ela! 

— Eu não vou deixar as sombras tomarem meu coração. Mas farei você me ajudar - falei, ele ficou em um momento de silêncio, então respondeu em tom como se achasse tudo engraçado: 

— É um começo, Rogue Cheney. Um bom começo. É você quem manda. 

Já anoiteceu, os prédios e as casa exibiam suas luzes. Senti as sombras me tomar. Sei o que fazer. Posso usar a magia. 

— MANIPULAÇÃO DE MAGIA! BLACKOUT! 

Uma escuridão mais negra me rodeou, a magia sugava minhas forças. As sombras à minha volta se lançaram para todos os lados, se estendendo pela cidade me usando como ponto central. Ela apagava todas as luzes pelo caminho, criando um grande apagão. As sombras buscavam, procurando em cada canto de casa, em cada beco, em cada esconderijo, todos os lugares que existem aqui. Nada, nenhum lugar seria secreto. 

Senti dores. Realmente, é uma magia que gasta muita energia, se não tivesse usado a ajuda das trevas dentro de mim, poderia ter desmaiado faz muito tempo. Mas minha mente não estava se importando com a dor. Nela, só existia uma palavra: LUCY. 

Toda a cidade escureceu, negra como breu. As pessoas estão bem, não se machucaram porque é uma magia extensa de rastreio. Sinta, aonde está Lucy!? Procure... ACHEI! 

No mesmo instante, mordi forte, desfiz a magia. Virei uma sombra. E deslizei para o lugar que descobri aonde Lucy está. 

Por favor. Por favor, fique a salvo. 

Cheguei na frente de um prédio de muitos andares, sem mais nem menos, usei magia. 

— ASAS DO DRAGÃO DAS SOMBRAS. 

Um gigantesco buraco se fez na parede, escutei pessoas atras de mim gritarem assustados. E pela destruição, uma fumaça de poeira se ergueu, vi pessoas caídas, todos me encarando aturdidos. 

Procure pela loira, Rogue. 

— Aonde ela está!? -falei chegando perto de um caído próximo. 

— Qu... Quem é você!? -o desconhecido arregalou os olhos com medo. 

— Não vai falar? -grunhi- Não tem problema. 

Saltei, quebrando o teto, homens armado pararam na minha frente, gritaram: 

— FOGO!  

Virei uma sombra driblando os tiros e derrubei os homens um por um. Destruí paredes, buscando por todas as salas, homens robustos que pareciam monstros apareceram me cercando. 

Não se importe Rogue, vá com tudo, quer encontrar a loira, certo? 

Todos que ficavam no meu caminho, eu os derrotava sem pensar duas vezes, usando meus poderes e magias Dragon Slayer. Primeiro andar, segundo, terceiro, quarto, quinto. CADÊ ELA!? O prédio tremulava feito vara verde, todo esburacado, e pelo meu caminho, um monte de oponentes derrotados. Eu subia e subia mais, mais homens para derrotar. 

— LUCY! AONDE VOCÊ ESTÁ!? -berrei desesperado. 

Quando ia subir mais, mas saí pelo telhado, vi toda a cidade que voltava a se recuperar do apagão com suas luzes se acendendo outra vez, vi a lua, as estrelas. Meu coração parou. Lucy não está aqui!? NÃO! EU SINTO O CHEIRO DELA! AONDE ESSES CRETINOS ESTÃO A ESCONDENDO!? 

Comecei a cair no ar, pousando com violência no chão, uma cratera se fez, junto com um vento forte e a terra tremeu. O prédio foi se desfazendo atrás de mim, com escombros caindo. Sei que muitos me olhavam como uma platéia. Mas isso não importa. 

Voltei a pisar com raiva rumo ao prédio, mesmo que estivesse tudo desabando. Um homem se arrastava para fora de olhos arregalados, eu o peguei pela blusa e o levantei com uma mão. 

— Não! Socorro! Não me mate, por favor! -choramingou ele, desesperado. 

— Aonde ela está? -perguntei direto. 

— Q... Quê!? 

— A loira que vocês raptaram. AONDE ELA ESTÁ!? -fiquei sem paciência. 

Ele me encarou, eu fechei meus dentes fortemente, levantei um punho. 

— NÃO! ESPERA! AS MULHERES RAPTADAS FICAM NO SUBSOLO! 

O desconhecido berrou, eu o joguei no chão, como lixo. No subsolo! É CLARO! Por isso não a encontrava. 

— PUNHO DO DRAGÃO DAS SOMBRAS! -berrei acertando o chão que vibrou. Usei muita magia, está começando a doer muito. 

— E... Ei! É impossível! -exclamou ele, me vendo acertar o solo- O subsolo é revestido por pedras e um metal grosso! Ei! 

Continue Rogue, não se importe com a dor. A loira está em perigo, vá com tudo. 

— RUGIDO DO DRAGÃO DAS SOMBRAS! ASAS DO DRAGÃO DAS SOMBRAS! -continuei a bater no chão, fazendo mais e mais terremotos. 

— Ei! É surdo!? -gritava ele assustado. 

O chão racha e com um estrondo gigantesco, um buraco se forma. Eu encaro para a escuridão. Sinto o olhar do desconhecido me fitar surpreso. Salto para dentro. O CHEIRO DA LUCY! 

— Quem é você!? C... COMO!? O TETO!? -berrou alguém. 

Quando olho para essa direção, vejo um homem nojento com olhos arregalados. Uma tesoura na mão dele que reluzia prateada e do seu lado... Lucy. 

Como se minha respiração houvesse parado, olhei para a imagem dela. Deitada em uma mesa de ferro, a camisa cortada até a metade. Os olhos fechados num rosto medroso, esperando pelo pior. Presa por grossas correntes nos pulsos e tornozelos, como um animal grande sendo posto para ser dissecado. 

Meus olhos pousaram no homem.  

Minha mente se tornou em branco. Arregalei os olhos de ódio. Virei uma sombra indo para cima dele e ele gritou: 

— NÃO CHEGUE PERTO! FIQUE LONGE! -uma voz cheia de pavor. 

Não houve tempo nem para ele dar um passo para trás, revesti minha mão em sombras, criando uma lâmina negra, eu deslizava na escuridão, cortando-o nos momentos em que não olhava, várias e várias vezes, enquanto escutava a sua voz gritar de pavor. HOMEM NOJENTO, O QUE ESTAVA FAZENDO COM A LUCY!? VOU TE DESPEDAÇAR MALDITO! 

O homem freneticamente balançava a tesoura prateada em lugares alheios. Isso nunca vai me acertar. Nossos olhos se encontraram, ele chorava e eu sentia repulsa. 

O homem estava todo ferido, saindo sangue dos cortes, caiu de joelhos e tombou no chão desacordado. Parei em sua frente, ergui minha lâmina. 

Sim, lembre da imagem de Lucy, Rogue. Ela está presa que nem um animal. E foi ele que fez isso. MATE-O! MATE-O! MATE-O! NÃO SENTE REPULSA!? ELE FEZ ISSO COM A LUCY! 

Sim, devo mat... Parei minha mão que se preparava em desferir o golpe final. 

POR QUE PAROU!? MATE-O! MATE-O! NÃO SE IMPORTE EM DEIXAR AS SOMBRAS TOMAREM SEU CORAÇÃO! OLHE PARA LUCY! ELE MERECE MORRER! 

— Não... Eu não sou assassino. -sussurrei sendo tomado pelo cansaço, desfazendo a lâmina de sombras- Você tentou bem trevas, misturando seus pensamentos nos meus, quase fui enganado. Então aprendeu esse truque novo? Mas não sou assassino. Você foi muito útil, não tenho um arranhão graças a isso. Já pode ir embora. 

— Aaah... Que triste... -fez ele desanimado- Pensei que finalmente te veria coberto de sangue. Pura decepção. 

— Finalmente resolveu parar de usar o truque novo e falar decentemente comigo? -comentei dentre os dentes. 

— He he, até a próxima, estarei esperando ansiosamente. 

— Por mim te veria nunca mais. 

Escutei uma risada dentro de mim, que foi se afastando, até sumir.  

Peguei o molho de chaves que caiu no chão em algum momento dos bolsos do homem e fui até a loira. Retirei as algemas dela. Comprimi os lábios. Aah, a bochecha dela está inchada. Lucy, abra os olhos, me deixe ver que está bem... Depositei minha mão em seu rosto. 

— Lucy? -chamei temeroso. 

Lucy POV 

Mesmo tendo gritado que não tenho medo, estou realmente apavorada, mas devo sorrir, eu preciso ser forte... A tesoura está cortando o pano, sinto a ponta gelada dela deslizando pela minha barriga. Sinto um frio na espinha. 

Ai... Ai... Não quero ser cortada... Por favor... Alguém... Socorro... Por... Por favor... Quem... Quem sempre vem me salvar? Quem pode me salvar? Verdade... Quem sempre vinha me salvar era... O Natsu... 

Natsu... Natsu... Me salva, Natsu... Você sempre vem correndo para mim... Aonde você está!? Por favor, Natsu... Vem... Vem... Me salva... Socorro... Quero te ver, me lembrar de você... Com seus cabelos róseos... Com os olhos vermelhos... Com... Com... 

Hã!? 

O Natsu é assim!? Espera... Calma... Lucy, você realmente quer que ele venha!? 

Meus olhos fechados procuravam por uma imagem, mas tudo o que encontrava eram o sentimento de calma nos olhos cor de rubi. 

Espera... Pergunte de novo, pro seu coração... Lucy, você quer que o rosado venha te salvar? É Natsu quem você procura?...  

...É mentira Lucy, você não quer ver um cabelo róseo, você quer ver os cabelos espetados e negros, os cabelos que parecem bem macios... O olhar que te acalma, as orbes vermelhas... E o som da voz que te diz “tudo ficará bem”. 

Eu... Eu quero ver Rogue Cheney. 

— Quê!? A luz! -gritou o doutor louco. Paro de sentir a tesoura cortar minha roupa, fico meio tensa e retiro o sorriso forçado do rosto. 

Não tenho a coragem de abrir os olhos. Escuto um gigantesco estrondo. 

— Quem é você!? C... COMO!? O TETO!? NÃO CHEGUE PERTO! FIQUE LONGE! -escutei a voz apavorada do cirurgião. 

E mais barulhos e gritos. O quê!? QUE É QUE ESTÁ ACONTECENDO!? QUE GRITARIA É ESSA!? 

Escuto o barulho de chaves, as algemas pesadas se abriram, estou livre. Começo a tremer, estou curiosa, mas com medo do que posso ver, logo sinto uma mão calorosa tocando meu rosto. Meu coração parou. 

— Lucy? -me chamou uma voz meio temerosa. 

Eu abri lentamente os olhos. Olhei pro lado procurado o doutor louco, ele estava desmaiado no chão. Vaguei o olhar, vi o teto completamente destruído, a lua brilhava trazendo claridade. Então pousei os olhos em um rapaz de rosto preocupado, os olhos vermelhos, o cabelo espetado. Lágrimas brotaram de meus olhos, sorri, dei um sorriso de felicidade. Estou vendo exatamente quem eu queria, como um milagre. 

— Rogue. -respondi- Finalmente eu te vejo. 

Ele sorriu aliviado.  

— E eu finalmente te acho, Lucy. 

Me levantei sentando na mesa que me tinha cativeira minutos atrás e abracei o moreno. Ele está aqui. Ele está mesmo aqui! Não consigo parar de sorrir. Ele ficou meio surpreso pelo abraço repentino, mas logo correspondeu. 

— Você está tremendo. -a voz dele era um sussurro meio medroso. 

— Estou? -perguntei nem prestando muita atenção no que falávamos. 

— Está... -ele apertou um pouco o abraço- Desculpa por ter demorado tanto. 

— He he, está atrasado. -sorri, virado meu rosto no ombro dele, fazendo minha testa encostar no pescoço de Rogue. 

Ele me empurrou de leve e me encarou nos olhos com preocupação, eu sorria. Sua mão foi para a minha bochecha inchada. 

— Isso dói? -os olhos dele estavam meio sombrios. Será que imaginava se devia ir bater mais no doutor louco? 

— Só um pouco, vou ficar bem. 

Ele aproximou seu rosto de mim, deu um selinho nessa bochecha. Ele voltou a encarar profundamente meus olhos e pressionou seus lábios quentes no meu gentilmente, como se tivesse medo que eu fosse quebrar a qualquer minuto.  

Me surpreendi. Era apenas um leve roçar de lábios. Senti uma sensação engraçada no estômago, uma sensação boa. Era algo que Rogue Cheney faria, um gentil toque medroso e incerto. Mesmo assim, eu gostei. 

Descolamos o pressionar dos lábios num suspiro abafado e ele colou a testa na minha, estou corada e surpresa. Encarei o rosto dele. Rogue desviava o olhar pro chão, vermelho, ele fazia cara de não saber se devia ter feito isso. Sorri. 

Mais. Quero mais. 

Dessa vez, foi eu quem pressionou nos lábios nos dele, fechei meus olhos. Ele tremulou e correspondeu, começamos um beijo calmo seguido de outros, desejando mais e mais. Um beijo que dizia “Queria te ver”. 

Um abraço dele me envolvia cativa, uma mão na minha cabeça entre meus cabelos e outro segurava firme minhas costas. Ergui meus braços, mas o abraço protetor dele parecia uma pequena e calorosa prisão, eu queria tocar os cabelos negros dele, mas essa prisão impedia e o abracei tocando nas suas costas, senti os músculos dele. Foi nesse abraço que percebi o quanto Rogue tinha um corpo bem maior do que o meu. 

Estou tão cansada, mas quero mais... Mais, mais... Acho que vou virar um bicho muito, mas muito egoísta e viciada. Entre os beijos, eu sorria. 


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