Todos se congelaram no centro da saleta, nem mesmo um movimento discreto com os olhos, que apontavam diretamente para Mashasha, de maneira fixa e perplexa, os olhares arregalados combinavam com as bocas abertas e surpresas. Subitamente a brisa retorna, dessa vez no sentido contrario, um leve tilintar podia ser ouvido por Geirslei e sr Senhor Wilson vindo de dentro do grande armário, seguida de um som agudo de vidro se espatifando contra o chão, exatamente onde as chamas queimavam momentos anteriores. Eis que o transe é quebrado, e os goblins quase que instintivamente se viram em direção ao barulho, dando uma brecha para que o troll partisse em disparada, curiosamente, ele não segue para a saída, e sim para mais dentro ainda dos tuneis.

— Não mexam nele! – Ordenava o Kobold, assim que os olhares voltavam para Mashasha, sua fala era diferente, estava firme e parecia mais forte. Ele se aproximava enquanto as tatuagens sumiam rapidamente, o goblin havia caído segurando o cajado com bastante firmeza, de modo que sr Senhor Wilson não conseguisse faze-lo soltar, mesmo que desacordado. Conforme as tatuagens desapareciam de sua pele, parecia voltar a recobrar a consciência.

Ademilson e Edervilson apanhavam Mashasha pelos braços, o colocando sentado no chão, apoiado em uma das paredes e se afastavam um pouco, enquanto observavam o Kobold sussurrar algo que não pode ser entendido, pelo menos até receberem um sinal do mesmo, e então saiam da sala, em passos lentos o suficiente para ver o goblin abrir todos seus 6 olhos, enquanto via os lábios do ancião se mexer, não escutava, apesar de conseguir identificar e entender perfeitamente suas falas.

— Acho que deveríamos continuar nossa conversa.. – Os olhos do cachorro eram sérios e sua feição parecia preocupada (o que era surpreendente, nunca achou que Kobolds eram tao expressivos). – Uma visão me foi dada 4 anos atras.. De uma criatura nascida do musgo e do chorume, com capacidade para trazer a paz a nossa tribo e com um olhar capaz de ver o que nenhum goblin ou kobold poderia ver. Eu já havia perdido as esperanças de sua chegada.. Você é um xa..

A frase era interrompida subitamente por urros tao selvagens quanto os de Geirslei, o que assustava os dois, até que pela mesma porta de onde saiu o troll, entrava um goblin gritando, saltando e golpeando o ar com seu pedaço de salame que provavelmente era usado como porrete. Era uma cena linda, visto que o goblin usava uma perna de pau, tinha uma barba curta e era extremamente lindo, parecia um Cauã Reymond verde claro, mesma cor de seus olhos, um brilho o seguia por onde passava. Era ele: Bertioga.