Cartas de Amor escrita por Nemesis


Capítulo 1
2 de Julho de 2005




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“Todas as cartas de amor são ridículas.

Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.

 

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,

Como as outras,

Ridículas.”

 

Álvaro de Campos

 

 

2 de Julho de  2005

 

Bem... se não quiseres ler não leias!

Estou com um mau pressentimento em relação a mim, em relação a ti, ou seja em relação a nós.

O pressentimento é a sonda da alma no mistério.

Tu estás chateado comigo, não estás? Não vale a pena dizeres que não, eu sinto-o, há algo que está diferente...

Apetece-me amar-te e não sou digna.

Apetece-me recordar-te mas a memória é um sitio muito inquieto.

Apetece-me sentir-te, mas as pedras soltam-se das rochas e o vento afasta a maresia e a intensidade.

Não te mereço...

Sem ti sou o ser completo e não sou ninguém.

Ando aqui a amar-te como as flores amam a terra nos seus vestidos loucos.

Sou estas cores todas que não vês..sou deste amor, sou do amor  não dos amores.

Falta tanto para Agosto, o tempo só existe quando não precisamos dele. Acho que há um sol dormente na ponta da faca do espaço e a linha do horizonte é um gume que dilacera o tempo.

As saudades matam-me a pouco e pouco, mas tenho de “enfiar” na minha cabecinha oca, pois sou...louca... que há momentos na vida de todos nós em que parece que o mundo vai acabar, que a dor é tão intensa que depois dela nada ficará. Julgamos desaparecer com a violência dos nossos desgostos...No meu caso é o de não poder ter quando quero (!)

 

Caem os sonhos um a um

E o sangue estremece

Caem, e ficam no chão

De quem os morde e os esquece.

 

Nesta semana atingi o limite, já não vivo, não sonho, pelo menos já não o distingo.

Está tudo tão escuro apesar da claridade, tão gelado apesar deste calor que nos sufoca. É preciso descongelar o sol, está frio como este amor que se vê bem e não se nota nem se sabe, nem se abre, nem se dá.

Chega.

 

 

 

Ps. Eh! Já passou um bocado desde que “Eu” escrevi a carta, digo “eu" porque sei que fui eu que a escrevi mas nada disto parece meu, é tudo o que eu penso mas de uma maneira muito poética, ando mesmo muito inspirada hã?

 

Na verdade nem sei se te devo mandar isto, vais fartar-te de gozar, não é?

 

Já sei que vais acabar comigo, eu não sei é se tu já sabes. Talvez não devesse ter dito isto mas eu sei e por agora tu também já sabes..

É a realidade...e a realidade é mais forte que todas as suposições.

 
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A carta nunca foi enviada, é assim tão óbvio?

 


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