— Eu te amo!

Len não acreditava. A verdinha havia acabado de dizer as palavras que ele mais queria que saíssem de sua boca. Mas, como um bom tsundere, ele precisava ignorar.

— V-Você o que...

— Eu te amo, Len-kun! – a verdinha disse novamente, com um sorriso enorme na face. Len poderia a beijar de novo a qualquer momento...

Mas não. Suspirou, e olhou pro outro lado.

— Que seja.

Doeu dentro dele, mas ele ignorou. E pelo visto, Gumi também.

— Tanto faz. Estou feliz comigo mesma por finalmente ter dito isso. Você saber já basta! – Gumi disse, sorrindo mais ainda. Ah, não.

Ela havia descoberto o ponto fraco de Len. Sorriso...

Len mordeu o lábio inferior, se segurando. Gumi estava satisfeita. Conseguiu se confessar, e ao mesmo tempo testar ele.

— Bom, só isso. Até mais, Len-kuun! – ela acenou, saindo para a sala de aula. Len respirou fundo.  “Kamisama...” pensou  “E agora? O que diachos eu tenho que fazer?”

— Len?

O loiro olhou para trás, e viu Kaito sorrindo com Oliver e Gakupo. Suspirou.

— A quanto tempo vocês tão aí atrás?

— Tempo o suficiente... – Kaito deu de ombros, ainda sorrindo. – Então...você já ta com a Gumi?

Len gaguejou, engasgou, corou. E seu coração bateu rápido.

— N-Não! Parem de pensar idiotices! – gaguejou, tentando se defender.

— Well, não foi o que pareceu agora. Nem em nenhuma vez que vocês dois estavam perto. – Oliver disse, piscando pra Len.

— Você...você viu? – Len perguntou, corado. Se Oliver tivesse visto o momento em que Len beijou Gumi, ele estaria ferrado.

— Yeah yeah, cara. – Oliver riu. Len quase virou um pimentão.

— Bom, viemos te chamar. A turma B vai fazer um boliche com todo mundo! – Gakupo comentou, com uma expressão animada.

— Turma B...quem é da turma B? – o loiro perguntou, arqueando uma sobrancelha.

— Vai ver no quadro, que eu não sei decorado. – Gakupo disse, sorrindo de canto. Len bufou, e foi em direção ao quadro.

Turma B:

Utatane Piko

Aoki Lapis

VY3 Yuma

Hatsune Miku

Kagamine Rin

Kaai Yuki

Hiyama Kiyoteru

Megurine Luka

Nekomura Iroha

Yuzuki Yukari

Megpoid Gumi

— Ah não...

****Suki Kirai****

— Megpoid Gumi, Megpoid Gumi, MEGPOID GUMI! – Len exclamava enquanto andava para casa com Kaito e Oliver. – Por que essa garota tem sempre que me perseguir?!

— Vai me dizer que não gosta... – Kaito murmurou audivelmente, arrancando risos de Oliver. Len bufou.

— Hey, Len. – Oliver chamou. Len olhou –You know...vocês dois parecem muito namorado e namorada. É a verdade.

— Mas vai, por favor! O boliche vai ser tão legal! – Kaito insistia. – Vamos nos divertir, prometo. Qualquer coisa você vai embora! Até a Rin-san vai!

Len queria ir. Mas Megpoid...

Len deu um enorme suspiro.

— Ora droga...Eu vou.

Kaito e Oliver comemoraram, agarrando o pescoço de Len e bagunçando seu cabelo. Len sorriu de canto.

“Aliás, o que poderia dar errado?”

****Suki Kirai****

Gumi nunca foi tão fã de contos de fadas. Nem quando criança, nem já adolescente. Mas ela sempre se sentiu atraída por um único conto, - que nem ser de fadas direito era - um que ela lia com interesse. Que realmente gostava, sem saber o porquê.

E esse conto era Alice No País Das Maravilhas.

Sempre achou a Alice corajosa, curiosa e cabeça-quente. Exatamente como ela.

E o melhor, não tinha príncipe encantado.

Gumi não gostava muito de clichês, e esse livro não era um clichê. Ou pelo menos é o que ela acha.

Alice não era uma princesa, nem uma rainha. Era apenas uma pequena menina de Londres, que viajou em seu próprio mundinho. Que achou um coelho branco, e um Chapeleiro Maluco. Que amava chá, tinha desaniversários. Gumi era assim.

Apenas Gumi. Megpoid Gumi. Que não gostava de clichês, nem de contos de fadas.

Até que ela conheceu ele...

Cabelos loiros, olhos azuis, quieto e seco. Não era um Chapeleiro Maluco, nem um Coelho Branco, mas era alguém que Gumi queria conhecer.

Então, curiosa como Alice, ela chegou no loirinho.

“- Oi! Sou Gumi, qual é seu nome?”

O garoto, impaciente, olhou para a pequena verdinha. Gumi achou os olhos dele muito mais bonitos de perto.

“- Oi. L-Len.”

“- Nome legal! De onde você veio?”

“- Kyoto.”

“- É no interior, né? Eu acho que tenho um tio de lá.”

“- S-Sim.”

E eles conversaram por um tempo, Gumi mais animada que Len. Apesar do loirinho estar gostando da conversa.

Não, Kagamine Len nem sempre foi aquele pedaço de gelo.

Kagamine Len já sorriu para Megpoid Gumi, e um sorriso amigo.

Mas isso aos 6 ou 7 anos...

Então, eles chegaram ao Ensino Médio.

E o País das Maravilhas de Gumi estava começando a aparecer.

Ela achou seu coelho branco, e este tinha o nome de VY3 Yuma.

Ela achou seu Chapeleiro Maluco, e este tinha o nome de Utatane Piko.

Mas ela tinha mais alguém para achar.

Poderia uma Alice ter príncipe encantado?

****Suki Kirai****

— Irmãaaao. – Rin chamou do quarto dela.

— O que é? – Len perguntou. Estava tentando resolver uma questão de matemática, e para ajudar, Gumi o emprestou o caderno.

— Eu vou sair com a Miku e a Luka. Volto depois! – ela disse, entrando no quarto. – Não faça besteira até eu chegar, ok?

— Blá blá. Ok. – Len bufou. Rin riu, e saiu do quarto. – Ah...

Folheou o caderno de Gumi á procura da questão, e acabou achando uma folha avulsa em meio as páginas.

— O que diabos...

Pegou, e começou a ler.

“Alice”

Creeping out

(Tropeçando)

Spinning around

(Girando)

I'm underground

(Estou debaixo da terra)

I fall down

(Eu caí)

Yeah, I fall down

(Sim, eu caí)

I'm freaking out

(Estou enlouquecendo)

So, where am I now?

(Então, onde estou agora?)

Upside down

(De cabeça pra baixo)

And I can't stop it now

(E eu não posso parar isso agora)

I can't stop me now

(Não posso me parar agora)

Oooh

I'll get by

(Eu vou superar)

I'll survive

(Eu vou sobreviver)

When the world's crashing down

(Quando o mundo estiver quebrando)

When I finally hit the ground

(Quando eu finalmente atingir o chão)

I won't turn myself around

(Eu não vou dar as costas)

Don't you try to stop me

(Não tente me parar)

I, I won't cry

(Eu, eu não choro)

I found myself (myself) in Wonderland

(Eu me achei (me achei) no País das Maravilhas)

Get back on my feet again

(De volta aos meus pés de novo)

Is this real? (Is this real?)

(Isso é real? (Isso é real) )

Is it pretend? (Is it pretend?)

(Isso é faz de conta? (Isso é faz de conta?) )

I'll take a stand until the end

(Eu vou tomar uma posição até o final)

I, I'll get by

(Eu, eu vou superar)

I, I'll survive

(Eu, eu vou sobreviver)

When the world's crashin' down

(Quando o mundo estiver quebrando)

When I finally and hit the ground

(Quando eu finalmente atingir o chão)

I'll won't turn myself around

(Eu não vou dar as costas)

Don't you try to stop me!

(Não tente me parar)

I, I won't cry

(Eu, eu não choro)

I, I'll get by

(Eu, eu vou superar)

I, I'll survive

(Eu, eu vou sobreviver)

When the world's crashin' down

(Quando o mundo estiver quebrando)

When I finally and hit the ground

(Quando eu finalmente atingir o chão)

I won't turn myself around

(Eu não vou dar as costas)

Don't you try to stop me!

(Não tente me parar!)

I, and I won't cry

(Eu, e eu, eu não choro)

Len sorriu. Gumi...

— Is this real? Is this pretend? – cantou baixinho, para si mesmo. Gumi poderia ser uma Alice...

Mas Alice não tem príncipe.

Len sacudiu a cabeça. O que ele estava pensando?

Não, Alice só tem um coelho, um chapeleiro, e um gato. Alice não tem príncipe.

Len suspirou, e olhou para a letra novamente. Era tão...

“Eu posso ser o príncipe da Alice. Posso ser o gato de Cheshire. Posso ser um chapeleiro. Posso ser tudo. Posso, Gumi?” pensou consigo mesmo. Soltou uma risada pequena.

— Depois de tudo que já reclamei, continuo pensando bobagens.  – disse, suspirando. – Não tenho jeito.

Olhou para janela. Lua minguante.

— Parece o sorriso do gato. – Len comentou pro nada. Logo depois sorriso. – Eu posso ser o gato, e sorrir para você todos os dias. Posso? Não, não posso.

Len se voltou novamente para o caderno, folheando-o. Achou a questão...

— Você fica comigo. – ele disse, guardando a folha na mochila dele.

Voltou a prestar atenção na lição. Bom, pelo menos tentou.

A campanhia tocou. Len arqueou uma sobrancelha, e foi atender.

****Suki Kirai****

— Oi? – Len perguntou, abrindo a porta. Mas não havia ninguém. – Que estranho...

Olhou pro chão, e lá tinha uma carta. Ele arqueou a sobrancelha, e a pegou.

— Vamos lá né...

E entrou em casa.

****Suki Kirai****

Engraçado que, a Gumi que não gostava de clichês havia acabado de cometer um. Deixar uma carta na porta e sair correndo? Clichê.

Mas ela estava feliz com sua decisão. Muito feliz, por sinal. Havia tirado um peso enorme de seus ombros.

“Alices cometem clichês?” perguntou para si mesma mentalmente. Deu de ombros. “Tanto faz.”

Sorriu, e correu para casa.

Uma Alice que tinha um príncipe.

Isso é normal?