Ode ao Futuro escrita por Eduardo Lisboa


Capítulo 5
Onde Guardar o Desejo?


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpa por estar demorando para postar, minhas aulas começaram e acabei também diminuindo o tamanho dos capítulos.
Estamos entrando no clímax.



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"Eu te amo, cara..."

Eduardo acordou em lágrimas, em sua mente estavam memórias do dia em que Frederich e ele romperam. Deitado, olhando para o teto enquanto o travesseiro ficava encharcado, um choro limpo, sem cara feia, sem barulho. Pela janela pôde notar que a nevasca estava forte e o céu cinza escuro, não sabia que horas eram, não lembrava de ter dormido, apenas não questionou muita coisa. Sentia um vazio estranho em seu estomago, não era fome, era uma sensação ruim. Lulu ao menos, dormindo ao seu lado com a pontinha da lingua para fora, era uma coisa fofa que trazia algum tipo de emocão positiva.

Levantou cambaleante, sua face não era de alguém que havia dormido tanto, já estava anoitecendo... Me sinto até culpado pelo o que eu estava para fazer.

[7 da noite - Casa de Klaus]

— Vem... - chamou-me abrindo a porta da casa com um sorriso de canto de rosto, segurando minha mão, entramos juntos. Assim que ouviu o barulho da porta fechar, lançou-me na parede e prendeu-me lá com o corpo, os braços... E consecutivos beijos e mordidas pelo pescoço. Eu estava nervoso, tentava sair daquilo, mas sem força de vontade. Eu, na verdade, queria aquilo. E eu vim até aqui esperando por isso.

[Casa do Lucas]

— Eduardo, que horas o Lucas deveria chegar? - perguntou surgindo por trás enquanto o Dudu comia na cozinha. Ele olhou para Fred com a cara melancólica na qual havia acordado e respondeu secamente:

— Ele não disse.

— Você está bem? - questionou observando o estado que se encontrava o seu ex.

— Quantas perguntas, por que está falando comigo?

Frederich andou até o outro lado da mesa e puxou a cadeira como quem queria se juntar ao Eduardo à mesa.

— Posso?

— Quer sentar comigo...? - Fred não respondeu, apenas sentou.

— Desde que eu cheguei e soube que você estava aqui... Também não tem sido fácil para mim. Eu só me sinto sozinho.

— Sozinho? - riu com certo ar de ironia. - Eu vou te dizer o que é estar sozinho! Depois que tu me abandonou de repente, eu-

— Não vamos falar disso - interrompeu.

— E do quê vamos falar, então?

— Você é tão raso, Eduardo. Eu até tento me aproximar de você, mas esse seu jeito... Me irrita.

— Então a culpa agora é minha?

— Nunca foi, a culpa foi minha por me jogar de cabeça em águas tão rasas.

"Cada tapete, cada andar

Qualquer lugar por onde eu olhe

Subindo pelas paredes, estou subindo pelas paredes..."

[Casa de Klaus]

Eu estava deitado na mesa da cozinha, sem roupas, Klaus estava na minha frente, estávamos suados, sem roupas, ofegantes, pupílas dilatadas, querendo mais e mais...

"O que se passa por trás dessas portas

Vou manter o meu e você vai manter seu

Nós todos temos nossos segredos, todos nós temos nossos segredos."

— Klaus...

Ele posicionou o corpo sobre o meu, segurou minhas mãos com a dele, olhou dentro dos meus olhos... Não parecia ser o mesmo cara. Até ele estar dentro de mim. Não senti dor, entrou num susto, suave e limpo, e um gemido de prazer foi expulso dos meus pulmões enquanto seus movimentos se repetiam.

"Atrás de cada porta é uma queda, uma queda e,

Ninguém está aqui para dormir."

[8 da noite - Casa de Lucas]

O celular do Eduardo estava recebendo uma chamada da Ellis. Curioso, pelo horário, atendeu, afinal o Dudu odeia conversar por telefone.

— Ellis?

— Oi, fofo! Você tá bem? Sua voz tá um pouco rouca.

— Estou, só... Devo ter pego um resfriado - a verdade é que ele tinha acabado de chorar novamente.

— Entendi, posso te fazer um chá de pitanga com alho e limão, se quiser, sou ótima nisso.

— Ellis, não, não precisa, está tudo bem...

— Não parece... Eu me preocupo com você, sabia?

— Acho que é a única também. Por que tu gosta tanto de mim?

— Parece que precisa conversar, algo te incomoda. Eu liguei pra te convidar pra um jantar amanhã, que tal? Daí a gente vai poder conversar, desabafar... Certo? - olhando para Frederich e pensando bem, Dudu aceitou o convite.

— Tudo bem, eu vou, onde e que horas?

— Você tem algum terno?

— Er... Tenho, por que?

— Use-o. Amanhã eu vou te dizer o endereço e então você pega um táxi, ok?

— Tudo bem...

— Estou ansiosa para amanhã - deu para ouvir risos tímidos.

— Obrigado Ellis - desligou. Foi então que eu cheguei um pouco bagunçado e ainda suado. - ... Lucas? Onde estava? Por que está tão... ofegante?

— Dudu...! Eu... - não conseguia esconder meu nervosísmo, pensei rápido para contornar a situação. - Eu fui assaltado, foi horrível... - Eduardo veio em minha direção e me abraçou.

— Está tudo bem... - acalentou-me acariciando meu cabelo. Então ergueu meu rosto em sua direção e... deu-me um simples selinho. - Vamos dormir?

— Preciso de um banho primeiro...

Enquanto a água quente caía em minha pele e preenchia o banheiro com vapor, fechei os olhos e parei para pensar no Eduardo. Ele não estava nada bem aparentemente, tinha olheiras e cara inchada. "Será que ele descobriu?" Eu me perguntava. Mas na verdade, o que eu não sabia nesse momento de nervosísmo por ter acabado de trair ele, é que ele estava na verdade sendo atormentado pelos fantasmas do passado. Em algum momento do passado, ele e Fred tiveram o mesmo sonho que estamos vivendo agora, e de alguma forma, eles estão vivendo o sonho de morar juntos em Berno, o sonho que nunca realizaram. E eu tinha virado coadjuvante sem perceber.

Berno - 3 de Janeiro de 2020 - 4 da tarde - IMB.

— Klaus.

— Fala, Luquinhas.

— Lembra aquela nuvem de calor de ontem?

— Lembro sim.

Apontei para a tela um pouco assustado e perguntando:

— É normal ela ficar tão grande assim?

— Não se preocupe, todo ano ela passa por aqui, mas dificilmente entra na cidade.

"Dificilmente?" Pensei. Então isso entra. E então eu me lembrei daquela minha curiosidade: Por que as casas daqui são tão altas?

[8 da noite - Casa de Lucas]

Eduardo não esperava algo tão requintado de uma garota que trabalha num canil, e tenho de admitir que tenhos algum ciúme com essa guria. Por que uma pessoa bancaria um jantar nesse nível para duas pessoas? Nesse horário eu ainda estava no trabalho, enquanto Eduardo e Frederich estavam na cozinha. O primeiro estava perambulando de um lado para o outro esperando uma ligação com o endereço, o outro estava vasculhando os armários até achar uma garrafa de vinho.

— Hoje a noite vai ser boa! - comemorou Fred com a garrafa de vinho na mão.

— Ela não vai ligar nunca?? - perguntou olhando para a tela do celular, andando em círculos.

— Foi feito de trouxa, Eduardo? - zombou Frederich aos risos.

— Cala a boca, não pedi a tua opinião!

— Mas falou em voz alta, retardado - Eduardo não respondeu, guardou o celular no bolso e continuou a andar. - Se sobrar algo trás para mim, ok?

— Como se eu fosse... - E então o celular tocou.

— Ellis?

— Tá pronto?

— Estou sim, achei que não ligaria mais.

— Que nada, acha mesmo que eu te abandonaria assim? Você parece estar melhor que ontem... Pega uma caneta, vou te passar o endereço.

Eduardo anotou o endereço num bloco de notas e então memorizou. Ligou para um táxi e partiu.

[20:13h - IMB]

A onda de calor parecia ter entrado na cidade, era possível avistar flashes de luz causados pelos raios no céu, eu estava ficando preocupado. Tentei ligar para o Eduardo pedindo para que não saísse de casa, mas o celular só dava como ocupado.

— Lucas, não se preocupe tanto, é normal acontecer isso, eu já disse.

— Desculpa, Klaus, só tenho um mau pressentimento...

Aquele belo céu calmo e branco... Estava completamente escuro e apocalípto.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo sai ainda nesse fim de semana ou na próxima semana.



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