Redescoberta escrita por Cogumelogin


Capítulo 3
Mais do que um amigo.


Notas iniciais do capítulo

Aproveite o terceiro capítulo dessa história.



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Outra noite começou. Dessa vez um horário mais tarde. 23:23.
        Aconteceu muita coisa hoje, essa semana aliás.

Estou eu aqui, escrevendo cuidadosamente no teclado pois já é tarde e há pessoas dormindo.

Finalmente dou segmento a minha história:

Depois de tomar aquela sopa, Maxwell e sua irmã, Marie, continuaram conversando e assistindo televisão. Terminaram o programa que estava passando sobre antiguidades, viram mais um logo em seguida que falava sobre o cosmos e por fim, estava passando um jornal de muita influência que passava todas as noites de quarta.

Marie dormiu no sofá com seu prato apoiado na barriga o segurando apenas com uma mão.

Max também havia tirado um cochilo bem rápido, por volta de 15 minutos e acordou desnorteado.

Abriu lentamente os olhos, deu duas ou três piscadas para os olhos se adaptarem com a luz da televisão, levantou lentamente seu corpo, sentando com certa postura. Não tanta. Um pouco corcunda. Olhou para sua irmã que estava dormindo ali e voltou a olhar pra TV mas sem prestar atenção. Estava só se recuperando.

Depois de uns 12 segundos parado ali, olhou de novo para sua irmã e levantou. Pegou o prato dela com cuidado para não acordá-la. Ela se mexeu e deitou de lado se encolhendo no sofá. Max pegou seu prato também e levou os dois para a cozinha para lavar no outro dia.

Se apoiou na pia e ficou pensando no passado. Quando ele e sua irmã ainda moravam na casa de sua mãe já falecida e abriu um sorriso de lado.

Voltou para a sala e pegou sua irmã no colo para levá-la até o quarto para dormir com mais conforto.

Depois disso, percebeu que já não estava tão doente mais. Achou aquilo incrível pois com apenas uma sopa e 15 minutos de cochilo ele já havia melhorado bastante. Talvez tenha sido o segredo que sua mãe tinha passado para Marie ao ensinar ela a fazer a sopa. Percebendo isso, decidiu ir a um bar próximo a sua casa. Um ou dois quarteirões dali.

Antes de sair pegou chave, jaqueta, carteira e um chiclete de nicotina que tinha para o ajudar a parar de fumar. Um pouco antes de sair do exército pegou esse hábito e estava sendo difícil parar.

Saiu silenciosamente de casa e a trancou. Foi em direção ao bar.

Chegando ao bar, abriu a porta que fez um barulho de sino ao entrar, foi em direção ao balcão, sentou em um banco e pediu uma taça de Vinho do Porto. Esperando, ficou assistindo televisão no canto da parede acima de um caça níquel que estava passando mais uma daquelas reportagens do jornal do bairro onde uma pessoa era sequestrada e encontrada no rio que passava cortando ele.

No bar, havia apenas ele, a barwoman e um homem sentado em uma das mesas que ficam do lado da janela, encostadas na parede. Este homem devia ter uns 1,79 de altura e era um pouco gordo. Ele estava encostado na parede olhando para fora da janela observando a rua deserta e fria. Bebia café e aparentava ter chegado recentemente ao bar.

— Aqui está seu tão precioso vinho, Max. - disse a barwoman, com um sorriso de canto e entregando a taça a ele.

— Este é o melhor do bairro, Beca - Disse Max sorrindo.

Beca é o apelido da barwoman.

Tomou um gole, continuou vendo a reportagem e olhou para baixo por algum tempo.

— Parece que isso nunca vai acabar aqui no bairro. Já faz 4 anos que este sequestrador está solto e ninguém sabe sequer o nome dele. É quase inacreditável existir alguém assim. - Disse Beca, olhando para a televisão e limpando as mãos molhadas com um pano de prato por lavar os copos que restavam daquele fim de noite.

— A polícia do bairro, além de ser formada, pela maioria, por novatos medrosos, os que tem experiência são corruptos. E os novatos, depois que pegam experiência também seguem este caminho. Temos que rezar por ter somente esse sequestrador fazendo isso tudo pois a cidade era pra ser uma desordem total. Pelo menos assaltos os policiais daqui conseguem resolver. Não me surpreende que nada sobre ele foi achado ainda. Os novatos tem medo dele e os corruptos devem acoberta-lo por algum suborno, o que deixa os novatos de mãos atadas. Estive investigando sobre esse sequestrador por um tempo. Posso não estar trabalhando com isso mais, mas sinto que posso fazer algo para mudar isso. - Disse Max, que logo após falar, tomou mais um gole de vinho.

 _ Ahh... Max.  As coisas aqui não estão indo bem. Semana passada morreu o Peter, filho da Betsie. Acharam ele naquele campo de futebol abandonado perto do rio onde encontram os corpos, com um corte na barriga e sem os pulmões. Foi trágico. Peter não merecia isso. Ele era um garoto bom. Queria ser pintor. Era amado por todo mundo aqui no bairro. Betsie já não consegue mais ficar em casa. Agora ela tá numa clínica se recuperando do trauma. Já não é mais a mesma.

— É, eu fiquei sabendo. Duas semanas antes do Peter morrer, ele foi lá em casa pra me levar um soro caseiro feito por ele. Ele disse que a mãe dele o ensinou a fazer para quando ele estivesse vomitando demais. Ele me viu naquela situação e quis me ajudar. E é por isso que alguém tem que fazer algo. Eu não vou deixar que a morte desse garoto seja em vão não. Esse cara tem que pagar pelo que ele fez.

— Mas Max. Você já não tem a mesma forma de antes e nem pode mais entrar em casos da polícia. Você vai se ferrar se interferir nisso. Ainda mais com esses policiais corruptos que você disse que tem por aqui.

— Eu vou dar um jeito Beca. Você sabe que eu treino desde quando me entendo por gente. Agora eu só estou com uma doença que já vai passar. Mas vou voltar a ativa logo. Esse cara não vai ficar impune. Se deixarmos isso acontecer, vão vir outros como ele e o bairro vai virar um verdadeiro caos. Se alguém não tomar uma atitude, o que será de nós?

— É... Eu acredito que você possa fazer muita coisa Max, mas também é uma pessoa querida aqui. E sua irmã te ama muito. Se acontecer algo com você, vão ter muitas pessoas que você se importa, tristes.

— Vou pensar em algo... Não vou me arriscar à toa.

— Pensa bem antes de fazer qualquer besteira Max. Você é um dos únicos clientes fiéis que eu tenho.

— É só por isso mesmo que tenho que tomar cuidado? - Max sorriu de lado e terminou de tomar sua bebida.

Enquanto os dois conversavam ali, o homem que estava sentado perto da janela escuta a conversa discretamente. Ele se levanta, leva o copo ao balcão, agradece Beca pelo café, deixa uma nota de 50 e vai embora.

— Pode ficar com o troco - diz ele, indo embora com as mãos no bolso do da sua blusa de frio feita de lã.

Max olha para ele e depois para o balcão.

— O café aqui é caro hein? - Diz Max impressionado com a quantidade de dinheiro que ele deixou no balcão.

— Ah. Isso? No começo eu me assustei um pouco, até tentei devolver parte do dinheiro pra ele mas nada feito. Ele sempre vem aqui, todos os dias, toma um ou dois copos de café cheios, deixa por volta de 40 a 70 reais, agradece e vai embora. Ele é um dos clientes que me ajuda a sustentar essa espelunca aqui.

— Ele não me parecia um homem tão rico para poder gastar tanto dinheiro. Me parecia bem humilde. As aparências enganam. - Max olha para trás, desconfiado e o observa enquanto ele vai embora pela rua de frente ao bar.

— Não sei muito sobre ele, mas ele parece um cara legal. Um dia conversei com ele. Chamam ele de Urso por aqui. Deve ser por causa do tamanho.

— É... Deve ser...


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