Redescoberta escrita por Cogumelogin


Capítulo 1
Bloqueio


Notas iniciais do capítulo

Um eu diferente.



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Eram quase 19:00 (sete horas da noite) e eu ainda não havia feito nada. Não surgia qualquer ideia dentro dessa massa que existe dentro da minha cabeça chamada cérebro para colocar naquele editor de texto simples que meu computador de qualidade mediana oferecia. Mas como eu disse. Eram quase sete horas e eu precisava colocar algo lá. Nem que fosse apenas mais uma história clichê que surgisse, como aquelas em que um garoto se apaixona por uma garota e depois de enfrentar várias dificuldades que os fazem quase separar, eles sobrevivem e vivem juntos e felizes. O bloqueio mental era horrível. Já fazia quase dois anos que não criava nada.
        Você deve estar se perguntando:
—Ele é escritor? Quadrinista? Poeta? Algum tipo de artista?
    Não. Sou apenas um adolescente desocupado procurando algo para fazer e preocupado com um futuro onde a única coisa que sei fazer de melhor é criar.

Quero formar como desenhista e criar histórias incríveis quando puder e se Deus quiser, poder ser bem sucedido nessa área. Mas como ser um bom desenhista e escritor se não me vem ideias a quase dois anos?

Cansei de esperar e fui a luta. Sentei-me em uma cadeira a frente do meu computador, apertei o botão que o liga, esperei a boa vontade dele de ligar, abri o editor de textos e repousei minhas mãos no teclado com os dedos posicionados nas teclas "A,S,D" e ''J,K,L''.

Após isso comecei a pensar em que tipo de história gostaria de escrever. Uma história em que eu veja e me dê vontade de sentar ali naquela cadeira, ter disposição de esperar meu computador que mais parecia uma calculadora ligar e escrever mais e mais os novos acontecimentos de um personagem qualquer.

Nada me vinha a mente. Nada mesmo. Foram se passando os minutos e tudo o que vinha a minha mente era eu me revoltando com aquela situação. Era frustrante. Minha mente parecia um carro velho que tentava ligar mas não conseguia de jeito nenhum. Dela, só faltava sair um barulho parecido com uma tosse e logo em seguida fumaça e cheiro de óleo.

Bom. Eram 19:21. Levantei daquela cadeira que mal era confortável (era uma cadeira de bar improvisada para sentar a frente do computador), deixei o computador ligado para caso houvesse uma ideia repentina e tivesse que correr para o quarto escrevê-la , e fui para a cozinha tomar um café. 

Não sei por que, mas café sempre me deixava mais relaxado ao contrário do que as pessoas dizem, que é ele que os faz ficar acordadas até tarde ou fazem aguentar mais um dia monótono e chato de trabalho.

Peguei um copo que era na verdade um "ex pote de requeijão", o coloquei sobre a pia onde estava a cafeteira, peguei a mesma, abri e a levei até o copo para colocar aquele tão sagrado café. Já podia até sentir o cheiro dele saindo quentinho para depois colocá-lo em minha boca e sentir aquele leve amargo sobreposto pelo doce do açúcar que o deixava com um gosto tão especial.

Com o copo na mão, depois de tomar o primeiro gole, me encostei em uma bancada que separava a sala da cozinha e fiquei pensando nas coisas que fazia quando pequeno. Eu era uma criança bem criativa e por não ter nada do que as outras crianças tinham como um videogame ou um computador, eu criava minhas próprias formas de diversão com os 4 bonecos que eu tinha. 

Todos eles tinham nomes e personalidades únicas que os deixava diferente de qualquer outro personagem que poderia existir. Bom. Pelo menos era assim na minha mente. 

O boneco que eu mais  gostava era um que se chamava Maxwell. Parecia um Max Steel mas era um boneco menor e com vestimentas de um agente de FBI. Ele era o "líder" do grupo e era o que sempre pensava nas coisas antes de fazer. Tinha um senso ético e moral elevado e por isso era o melhor a comandar todo o grupo. Geralmente ele lutava contra alienígenas e monstros que eram representados por bichos de pelúcia que a minha irmã tinha.

O segundo boneco era o Maurício.

Ele era um boneco que parecia ser um soldado da marinha. Aparentava ser mais velho e mais rabugento que os demais. Assim sendo, essa era a personalidade dele. Era um comandante da marinha, cabeça dura, rabugento, vingativo, mas tinha um coração bom. Era quase um anti-herói. Era o que comprava briga com todo mundo e adorava lutar. Confiava apenas nos parceiros e era muito difícil de lidar quando haviam mudanças em planos ou quando o assunto era não matar alguém. Esqueci de mencionar que de tanto bater ele em outros bonecos para dar mais emoção a brigas, a perna dele saiu e ele usava uma perna mecânica no lugar, feita de arame e fios. Particularmente eu adorava isso. Dava um gosto a mais no estilo do personagem.

O outro camarada dessa história que eu inventava era um Quati de pelúcia marrom que tinha uma calda antigamente, mas como eu dormia com ele todas as noites, foi se soltando e sumiu.

Este era o personagem mais velho do grupo. Não chegava a ser um idoso mas era muito sábio. Não quer dizer que ele não sabia lutar. Muito pelo contrário. Ele sabia artes marciais milenares ensinada e passada de geração em geração pelos seus tataravós, avós, pais, etc...

É um personagem tranquilo e sempre ajudava Maxwell em decisões difíceis e problemas pessoais. Era um conselheiro nato, quase um mestre. Tinha um leve senso de humor e nas horas de descanso, adorava falar sobre a guerra da sua aldeia em que ele lutou e perdeu sua calda. Era o mais alto e mais gordo do grupo. Aliás. Ele era um bichinho de pelúcia!

Enfim. O último personagem é difícil de falar. Não estou me recordando direito. Mas tem um motivo. O quarto personagem sempre era trocado pelo fato de eu ter alguns brinquedos que eu cansava. Mas sempre usava quatro personagens para brincar com eles. Então, o quatro personagem variava de desde um boneco de plástico, até um toco de madeira que eu desenhava um rosto nele e fazia ele ter uma história e personalidade qualquer. Eu admito que pra uma criança de 7 anos, eu meio que viajava demais. Mas era bom. São as minhas melhores lembranças.

E foi ótimo relembrar dessa época. Fiquei ali na cozinha por tanto tempo lembrando disso que mal vi que tinha acabado o café que havia colocado em meu copo.

Fui até a pia, lavei o copo, guardei e voltei para o computador para tentar, mais uma vez, escrever minha história.

E dessa vez não estava tão difícil colocar alguma coisa no editor.

Mexi o mouse, a tela do computador religou, reposicionei meus dedos no teclado e comecei a escrever sobre aquilo mesmo. Sim! É óbvio! Meus bonecos. Não poderia deixar uma imaginação tão inocente e única se perder para sempre. 

Me senti como se tivesse calçado tênis de corrida e saído para correr em um lugar que não havia limites ou obstáculos. Escrevi tudo o que vinha na minha mente de recordações e renovações para fazer uma história, que mesmo que fosse clichê, estivesse ali, dando alguma emoção para quem fosse ler.

E assim começou uma história a partir de um pensamento de outra pessoa totalmente diferente de mim, mas que na verdade, era eu mesmo.

 


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