Silent escrita por Hey Girl


Capítulo 5
And Now?


Notas iniciais do capítulo

Agora, acabei!
Lembre-se de comentar, okay? Espero vocês.



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 Um violão costuma ser melhor que muitas pessoas. O som terno, com melodia cativante invade meus poros como uma leve brisa. Minha voz sai naturalmente externando o prazer do momento. 

   O jardim do prédio está vazio, como o esperado. As flores irradiam alegria com suas cores vibrantes contrastantes com o verde das folhas. Os pequenos arbustos podados estão por todo o caminho de pedras até confortáveis cadeiras de madeira onde me sento e toco meu instrumento. 

   Hoje é meu primeiro momento sozinha sem pensar na vida, só curtindo o momento. Acho que esse é meu erro: Tenho pensado demais. Todos acham que devo mudar a forma como tenho encaro o mundo, mas não vejo outra saída. Quero ser uma pessoa sozinha. 

   Talvez um dia ou outro ver os amigos, ter um breve relacionamento e acabou. Ninguém sai machucado. Não consigo me ver passando por todo esse processo novamente. O momento em que se deve aceitar que perdeu algo que era importante. 

   É hora de viver minha vida. Já sei qual minha decisão. 

*****

   Respiro fundo algumas vezes. Não existe mais o ar puro do Jardim, mas sim o cheiro de poluição e desastre. 

   Arrumo algumas malas com roupas simples e meu material de estudo. Encaixoto as coisas mais pesadas e as coloco no porta mala do carro. Tudo está devidamente arrumado quando Caleb irrompe a porta. 

— Oi irmãzinha. - Ele retira o paletó deixando no sofá. 

— Está sozinho? - Pergunto antes que Tobias e Eric entrem. - Vejo que não. 

— Parece séria. Oque houve? 

— Caleb, eu estou indo embora. - Digo, sem rodeios. 

— Oque? - Sua voz é inalcançável. - Beatrice... 

— Vou morar na faculdade até comprar um apartamento para mim. Não estou pedindo, é uma decisão minha. 

— Mas... 

— Eu quero viver do meu jeito e se o modo de conseguir é saindo daqui, é isso que farei. 

   Fico triste por fazer isso, mas não tenho escolha. Ou vivo do jeito que quero ou vou enlouquecer. 

— Sinto muito Leb... - Dito isso, rumo a porta com uma pequena bolsa em direção a faculdade. 

   Meus pensamentos são confusos e urgentes.   Imagino que se o trajeto fosse mais longo eu causaria um acidente. Olhando para o lado teórico, com certeza ganhei uma multa. Avanço sinais, com limite de velocidade nas alturas, desrespeitando metade das leis de trânsito de Chicago. 

   Mas sobrevivo. Acho que é o mais importante agora. 

****

   O quarto é simples. Paredes em tom bege, alguns pôsteres, quadros e uma mesa de estudo com post-its e outros lembretes colados na parede. A cama arrumada com roupa de cama amarela, cortinas brancas e livros totalmente organizados em pequenas prateleiras. Não que eu ache que irei passar mais de duas semanas aqui. 

   O quarto é individual, pelo que implorei muito, sendo dessa forma, parece mais uma casa de passarinho. É minúsculo. 

— Paz. - Respiro fundo até ouvir uma batida na porta. - Por tempo limitado. 

   Abro a porta dando com a última pessoa que pensei que fosse. 

— Tobias! Oque faz aqui? 

— Posso entrar? 

— Claro. 

   Deixo que ele entre e fecho a porta. 

— Não me respondeu. 

— Nós... estamos bem? 

— Porque não estaríamos? 

— Saí com você ontem e hoje você vai embora de casa. - Nos sentamos em minha cama. 

— Acha que saí por causa do que aconteceu entre a gente? 

— Eu só quero saber oque está se passando na sua mente. 

   Ele está tentando me entender? Porque está se aproximando? 

— Porque quer me entender? - Pergunto. 

— Pare de fazer perguntas! 

   Estamos a centímetros de distância. É perigoso. Eu não quero ceder. 

— Você quer que eu pare de perguntar, mas não me responde. 

   Suas mãos seguram meus pulsos. 

— Eu preciso entender você. Não aceito que se prenda nesse lugar por causa de um verão ou um fracasso qualquer. Não pode fazer de uma tragédia o seu eu. Você é muito maior que isso tudo. Está satisfeita? 

   Engulo em seco. 

   Nos encaramos por longos segundos. Seus olhos estao penetrados nos meus. Tento ser forte, mas lágrimas insistem em cair. Permito me rendendo a toda dor que tenho sentido. 

   Tobias faz o inesperado até para ele. Ele me deita em seu peito. Ouço seu coração se acelerar. O meu também está acelerado. Ele acaricia meus cabelos, beija minha testa, e descanso os olhos enquanto suas mãos estão entrelaçadas a minha. 

   Não quero sair desse abraço. 

— Eu não quero e nem vou te enganar, Tris. Te quero feliz. Sorrindo. Só isso já me alegra. 

***

   Tobias não quis ir embora. Precisei o expulsar com ameaça de denuncia-lo, mas ele prometeu voltar. 

   Ele não é um amigo. Não sei como me despedir dele. Um selinho ou um abraço? Tobias me deixou um beijo no rosto um tanto que demorado. 

   Foco nos estudos com a máxima força. Os trabalhos pendentes já estavam prontos, o máximo que falta é o bendito relatório da semana passada. Não, eu não fiz o tal relatório. A maioria das aulas de hoje são a tarde, então consigo fazer um bom trabalho com calma. 

   "Eee Fiim"... Grito mentalmente ao digitar a última frase. Abro o Gmail, copiando o arquivo para o e-mail do professor. 

— Beatrice? está muito ocupada? - A Sra. Lice pergunta. 

— Nem um pouco. Do que precisa? 

— Entregue esses papéis aleatórios a turma, sim? É para nosso projeto. 

— Claro. 

   Os papéis coloridos estavam dobrados algumas vezes. Entrego um para cada, até para Uriah que está um pouco distante de mim. 

— Tenho chiclete. - Digo quando entrego seu papel. 

— Conversamos depois. - Ele sorri. 

   Seguro um papel e entrego a sobra para a Sra. Lice. 

— Abram os papéis para ver quais personalidades irão entrevistar. 

   Faço e me assusto ao ver o nome de Tobias no papel. Eu sabia que ele trabalhava para o pai, em uma empresa famosa, mas isso é loucura. 

— Shakira. - Um grita entre gargalhadas. - Quem dera. 

— Vou entrevistar uma garçonete? - Nita reclama com pesar. 

— A ideia é falar sobre profissões. Alguns vão dar mais sorte que outros. - Sra. Lice pisca. - Acho que Srta. Prior deu sorte, está vermelha. 

— Aah... Talvez. 

— Quem vai entrevistar, Tris? - Uri pergunta. 

— O Tobias. 

Uriah ri. - Sério? Tirei o Eric. 

— Isso vai ser interessante. 

— E como. 

**

   Decido fazer a tal entrevista o mais rápido possível marcando para hoje mesmo. 

   Visto uma saia lápis preta, uma blusa de cetim branca, modelo meu cabelo em camadas loiras longas e por fim pego o primeiro salto que vejo. 

   Os óculos de sol impedem que vejam meu cansaço. Evito maquiagem nesse tipo de trabalho. Preciso ser transparente. 

   Os entrevistados não sabem qual universitário foi escolhido para o entrevistar, isso quer dizer que Tobias nem imagina oque espera. 

   Chego na empresa com 20 minutos de antecedência. É tudo grande demais, não que me encante de alguma forma. Me acostumei com luxo e grandeza muito cedo. 

— Tenho uma entrevista com o Sr. Eaton. - Pergunto ao meu aproximar da secretária. 

— É a Universitária? 

— Sim. 

— Sua entrada já foi liberada por Louisa. - Ela sorri. 

   Vou em direção a porta indicada com dúvida. Eu digo Sr Eaton e ela diz Louisa? Mas quem é essa? 

   Ao chegar de frente para sala, a porta é aberta por uma mulher de cabelos chocolate. Ela porta um sorriso doce. 

— Ele está te esperando. Entre. 

— Obrigada. - Falo quase inaudível. 

— Querido, hora da entrevista. A jornalista já chegou. 

— Traga ela, Lou. Vamos acabar logo com isso. 

   Ouvir tudo isso dá um nó no estômago. 

— Espera. 

— Algum problema? 

— Só quero beber uma água. 

— A vontade. Deve estar nervosa. 

— Talvez. 

— Não se preocupe. Tobias pode parecer carrancudo, mas é ótimo. Super gentil. 

   Eu sei bem. Muito gentil. Me sinto a pessoa mais idiota do universo. Lágrimas pensam em vim, mas seguro. Força menina. 

   Passamos pelo Hall, dando com mais um amplo espaço. Tobias está lá, em sua cadeira sendo encantador como sempre. O espaço e perfeito para ele. Desafiador, imponente e elegante. 

   Seus olhos sobem até encontrar os meus. Quando me vê, a aparência de desleixo da ar ao um brilho que desconheço. 

— Tris? 

— Se conhecem? - Louisa pergunta. 

— Conheço Lou. - Ele responde ainda olhando para mim. 

   Louisa não se incomoda de saber que nos conhecemos nem com a expressão indecifrável que Tobias me lança. Será que ela não vê que pode está sendo traída? 

— Lou, pode me deixar sozinho com ela? 

— Claro querido. - A morena o beija rapidamente no rosto. 

— Tchau Tris. 

   Fico sem palavras. Mas oque foi tudo isso? 

*

P. O. V Tobias. 

   O dia estava estressante. Precisei buscar Lou no aeroporto, depois a deixar em casa e corri para uma reunião. Quando pensei em ir embora a secretária informa que a Universitária marcou a tal entrevista para hoje. Lou me ajudou no que podia, mas no fim havia decisões que cabiam somente a mim. 

   Agora, vendo quem é a escolhida fico em transe. De todas que o destino poderia mandar, veio logo a Tris. Então hoje não é um dia tão ruim. 

— Preciso dizer meu nome completo? - brinco, tentando arrancar um sorriso dela. 

— Vamos acabar logo com isso, por favor. Não tenho o dia toda e imagino que você também não.

— Oque foi, Tris? Não parece bem. 

— Pare de fingir que se preocupa. Pare com isso. - Ela se exaspera. - Eu sou uma idiota. 

— Hey! Oque eu fiz para você me atacar dessa forma? - Pergunto confuso. 

— Você não fez nada Tobias...- Ela parece pensar. - Quer saber, eu prefiro tirar zero do que continuar com isso. 

   Ela vai em direção a porta e preciso me apressar. Seguro suas mãos. 

— Me explique? Por favor. 

— Eu sou uma idiota de acreditar que alguém como você tem  interesse em mim. Me solta Tobias! 

   Ela está com ciúme? 

— Tris? Isso é por causa da Lou? 

— Pense oque quiser. - Lágrimas se acumulam em seus olhos azuis. 

— Tris. - A seguro na cintura, de frente para mim. Ela sentiu alguma coisa. Sente algo por mim. Sorrio. - Louisa Eaton é minha irmã mais nova. 

— Sua... Irmã? 

— Exato. 

— Ee... 

   A deixo sem palavras. Tris está igual ao pimentão de tão vermelha. 

   Me aproximo ainda a segurando. Colo nossos corpos e a beijo. Ela pensa em recuar, mas desiste antes mesmo de tentar. 

— Por que fez isso? 

— Não gostou? 

— Não. - Tris tenta mentir. - Você se acha né? 

— Nunca. Se disser nos meus olhos que odiou, te largo agora. 

   Então ela me dá um selinho. 

— Sr. Eaton, preciso te entrevistar para um trabalho da faculdade. 

— A vontade. 

— Então me largue! 

— Não. Faça as perguntas que eu respondo. 

— Ok. - Ela revira os olhos, mas não está chateada. - Costuma agarrar as universitárias que te pedem ajuda para trabalhos? 

— É o meu preço. Tem que aceitar. Manda outra. 

   Se passam alguns segundos. 

— Sinto que você é a minha perdição. Desde o momento que apareceu não tenho mais paz. Minha mente está uma confusão só. 

— E isso é bom? 

— Eu não sei. Também não quero saber. - Ela me analisa. - Oque somos? 

— Oque você quiser. - Tris sorri. 

   É estranho tudo isso. Já fui noivo, tive algumas namoradas, mas com ele tudo é novo. Tris não precisa se esforçar para ser educada ou gentil. Ela poderia ter feito um barraco por causa de Louisa, no entanto não fez. Sei que está magoada por causa do ex, mas vou tentar de todas as formas mostrar a ela que a vida merece ser vivida ao máximo. 

— Com tanto que eu tenho você Tris, tudo estará bem. 


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Notas finais do capítulo

bjs ♥



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