Silent escrita por Hey Girl


Capítulo 1
Not a happy day


Notas iniciais do capítulo

Oi oi...
Meu nome é Elisa. Eu não sei bem como começar. Bom, eu vim trazer minha primeira fanfic para vocês. Há um ano eu a postei no meu perfil do Spirit, mas a exclui. Espero que gostem de todo coração.
Amo ler comentários, aceito críticas construtivas... Enfim, não tenham medo de se expressar comigo. Vou tentar ser o mais realista possível. Boa leitura <4



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Junho chegou. E com ele, os dias mais quentes e longos do ano. E qual seria o melhor lugar para aproveitar? Nova York, minha cidade natal, é claro. O último dia na faculdade fora lento. Meus olhos se alternavam entre o relógio ao lado da porta e o professor, que explicava pacientemente sua matéria. Os minutos se tornaram horas. E as horas por sua vez, eram quase como anos. Já estava impaciente, batucando meus dedos na carteira quando o sinal disparou. Eu estava como uma aluna do colegial, correndo apressada pelos corredores, a felicidade não cabia dentro de mim. Esbarrando em algumas pessoas cheguei ao meu armário. Nunca fora tão difícil colocar a senha. Não demorou muito e logo já havia guardado todo o material no armário. Sentia-me liberta.

   Uma última esgueirada para o relógio de pulso me revelou que eu estava atrasada. Eu havia feito questão de sair da Universidade de Chicago e ir direto para o Aeroporto Internacional de Chicago Midway, não podia perder um segundo. De carro, pela via E Garfield Blvd e W 55th St, foram 37min. Diferente da aula, porém, os minutos corriam quase tanto quanto os segundos. Oque era bom, não ia demorar muito e estaria com a minha família. E com Peter.

   Peter já era meu namorado há dois anos. O conheci em uma festa em NY. Muitas das vezes se mostrava ciumento e controlador ao extremo. Mas eu nunca liguei. Achava que era coisa do coração.

   O voo não atrasou naquela tarde. Sentei-me na poltrona ao lado da janela, como de costume. Logo meu acompanhante chegou, era um homem de meia-idade. O cumprimentei com um aceno e ele devolveu com um sorriso mostrando seus dentes brancos e alinhados. Fiz o mesmo. Não demorou muito e ele se apresentou. “Roberto Menezes” disse. “Sou brasileiro.” Ele completou em um inglês fluente. Ajeitei minha blusa de linho e disse: “Beatrice Prior” “Estadunidense mesmo”. Dei uma risada e ele acompanhou. Logo disse o porquê de estar em Chicago. “Vim visitar meu filho que se mudou para cá recentemente. Vou aproveitar para conhecer Nova York. Minha filha mais nova já me espera lá”. E então conversamos a viagem toda. Sobre família, filmes, notícias e lugares que já visitamos. O voo chegou no tempo esperado, 2hrs45min. Despedimo-nos e saí ansiosa para rever minha família. 

   E lá estavam. Minha mãe, meu pai e Peter em pé um do lado do outro com placas nas mãos. A da mamãe dizia “minha filha querida”, do papai “meu anjinho” e a de Peter havia um coração com a inicial de nossos nomes. Ignorei minhas malas e fui em direção aos meus familiares. Abracei todos de uma vez, apertando-os com a máxima força. Podia ouvir suas respirações abafadas em meio aquele gesto de carinho. Meus pais se desvencilharam do abraço, segundos depois e foram em direção às malas, restando somente eu e Peter. Nesse momento Roberto passou ao meu lado e sorriu, retribui o sorriso e Peter fez carranca.

— Quem era? – Ele perguntou visivelmente incomodado.

— Um amigo. – Respondi simplesmente e o envolvi em um abraço. – Estava com tanta saudade. – Disse carinhosamente, mas Peter nada disse por um bom tempo, e nem se deu ao trabalho de retribuir meu carinho.

— Ah, eu também estava. – Disse finalmente. Estava distante e olhava fixo para algo. Quando eu ia perguntar, meus pais voltaram com duas pequenas malas coloridas, as minhas.

   O caminho do Aeroporto Internacional John F. Kennedy até a mansão dos meus pais fora muito difícil. Além de muito longe, o trânsito estava um caos. Não que eu esperasse o contrário. Bridgehampton pela via I-495 E são 91 milhas, oque dá aproximadamente 1hr50min de viagem. Minha mãe estava conversando no telefone, algo sobre um contrato que precisava ser fechado. Ela mal tinha falado comigo depois de entrar no carro. Peter estava distraído. Uma de suas mãos acariciava meu cabelo e eu segurava a outra. E assim seguiu até a mansão.

   A mansão estava como da última vez em que vim para Nova York, há pouco mais de um ano. De todos os imóveis dos meus pais, com certeza a mansão em Bridgehampton é minha favorita. Não pelo tamanho ou luxo, mas pelas lembranças da minha infância correndo por todos esses corredores, pela história que construí aqui.

   Eu estava doida para explorar as coisas que havia deixado no meu quarto. Roupas que eu havia esquecido na última viagem, alguns livros e álbuns de quando eu era mais nova. Mas Peter simplesmente não queria ficar, estava me chamando para ir para meu apartamento, que fica a dez minutos dos meus pais. Fui, para não vê-lo com cara pior, mas queria mesmo ficar onde estava.

   Uma vez chegado ao prédio, desci do carro de Peter. Entramos de mãos dadas e o porteiro nos recebeu com um sorriso. No elevador, apertei o botão que correspondia ao meu andar, o 17°. Mal o elevador abriu e Peter saiu, só parando em frente minha porta. Fiz cara feia e abri, deixando-o passar primeiro.

   Minha sala tinha bexigas coloridas por toda parte. Olhei para Peter, mas ele estava tão confuso quanto eu. Fui caminhando até chegar à porta do meu quarto. Abri cuidadosamente e encontrei minhas queridas amigas: Tiffany e Lia. O quarto estava enfeitado com bexigas presas no teto e nas paredes e havia confetes no chão. "Ótimo", Eu pensei. "Já tenho algo para fazer amanhã.”.

   Não consegui ficar com raiva da pequena bagunça. Abracei minhas amigas. Depois do que me pareceram horas me desfiz do abraço e ambas abraçaram Peter gentilmente. Não demorou e fizemos uma pequena roda de fofocas e elas perguntavam sobre o voo e as coisas em Chicago. "Dessa vez, seu acompanhante era agradável?", Lia perguntou. Respondi prontamente: "Sim, um homem adorável." Bastou isso para que Peter saísse do quarto batendo a porta com tudo. Bufei despreocupada. O resto da noite fora incrível.

   Peter desapareceu por semanas. Uma hora estava no trabalho, outra resolvendo problemas. Minhas únicas companhias era Tiffany, Lia e as ligações de Caleb. A televisão era meu consolo, passava horas em frente a TV. Pizza, meu prato principal quase todas as noites. Já estava sem comer decentemente há dias.

   Até que Ele resolveu aparecer. Era um dia lindo e fomos para o Cedar Point County Park. Foram as melhores 4hrs que tivemos. Tiramos muitas fotos, trocamos caricias. Peter tentou pescar (e foi um fracasso), fizemos trilhas e a tarde terminou com um lindo piquenique. Mas passou rápido. Depois de uma ligação que Peter disse ser de trabalho, ele me levou até em casa e se foi.

   Aquela tarde ficava em meus pensamentos. Peter me ligava, aparecia rapidamente, mas estava estranho. Muitas das vezes quando eu ligava, ele sempre dava uma desculpa dizendo que não era o melhor momento. Quando ele ligava, era no mesmo horário. Tudo estava muito confuso para mim.

Say my name, say my name.

(Diz meu nome, diz meu nome).

IF no one is around you

(Se ninguém está perto de você)

Say baby I Love you.

(Diz, “Amor eu te amo”).

IF you ain't runnin' game

(Se você não estiver brincando comigo)

Say my name, say my name.

(Diz meu nome, diz meu nome).

You actin kinda shady

(Você esta agindo meio sombrio)

Ain't callin' me baby

(Não está me ligando, meu bem).

Why the sudden change?

(Porque a mudança repentina?).

— Sei que não estou te dando à devida atenção. - Peter estava deitado em meu colo. Acariciava seus cabelos enquanto ele olhava para mim.

— Não tem me dado atenção nenhuma.

— É. Eu sei. Estresse do trabalho, mas você não tem culpa. – Quando pensei em responder, meu celular começou a tocar.

— Alô?... Ah, oi Caleb... Sim, ele está aqui... Irmãozinho, tudo bem?... Okay, okay. Vou passar para ele. – Encarei Peter. – Caleb quer falar com você. – Ele se sentou e pegou o celular da minha mão.

— Oi Caleb... – Peter falou tranquilo. -... Oque? Você está louco?... Eu nunca faria isso. – Nesse momento, Peter gritava exasperado. Gritava com meu irmão. Estava de pé rodando de um lado para o outro enquanto discutia com Caleb. –Você é louco... Estou decepcionado com você. – Ele desligou na cara de meu irmão e jogou o celular em cima do sofá.

— Ei, Peter. Porque estava gritando com meu irmão? – perguntei nervosa.

— Seu irmãozinho me acusou descaradamente. – Ele foi até o pequeno baú que me servia de mesa centro e pegou suas chaves e carteira.

— Aonde vai? – o segui até a porta.

— Tomar um ar. Até mais. – e mais uma vez estava sozinha.

   Liguei para Caleb. Oque ele teria dito para Peter deixar o apartamento tão irritado?

— Hey Caleb.

— Irmãzinha... Sinto muito.

— Sente pelo oque? Caleb me diga, oque falou para Peter ficar tão irritado.

— Oque? – Ele parecia muito irritado. – Aquele desgraçado não te contou? Pois eu falo. Um amigo meu que mora em Nova York viu Peter com outra mulher há alguns dias.

— Impossível... Peter nunca faria uma coisa dessas.

— Beatrice, Luke não mentiria para mim. Ele conheceu Peter bem antes de você, sabe como ele é. Ele viu.

— Não posso acreditar, não...

— Pense bem. Os dias que ele some e as ligações que não retorna. Só quero o melhor para você. – Fiquei muda. Caleb tinha razão. Não me lembro do final da conversa, só lembro que chorei. Meus soluços aumentavam conforme eu entendia. Peter me traía.

   Luke Raymond, o tal amigo de Caleb, mora na 7 East 76th Street até hoje. Uma “pequena” mansão de cinco andares em um dos melhores locais de Nova York. Em alguns momentos Bridgehampton era péssimo, longe de tudo. Meus pais mesmo já haviam percebido isso. Tanto que em dias de semana eles não ficam na mansão, mas em um apartamento bem no coração de NY. Minhas amigas: Lia e Tiffany também só tinham Bridgehampton como passeio.

   Meu carro estava em NY há poucos dias. Quando percebi que estava largada em um pequeno Condado pedi para trazer. E foi a melhor decisão que tomei.

   Luke me atendeu prontamente. Contou tudo oque sabia, desde o início. Mesmo assim era difícil de acreditar. Difícil não, impossível. Até que ele mostrou uma foto que desmontou meu coração. Peter beijava ardentemente uma morena com cabelos lisos que iam até a cintura. Não pude segurar as lágrimas, então era verdade. Não tinha mais como conversar, mas Luke ainda tinha mais. O tal emprego do Peter, não existia. Peter nunca trabalhou. Luke desconfiava disso, foi na tal empresa e descobriu que não existia nenhum Peter Hayes lá. Nada podia piorar. Despedi-me dele agradecida. Eu precisava de ar.

   O Central Park não era longe dali. Alguns minutos. Sentei-me um pequeno banco e fiquei observando. Crianças corriam acompanhadas de seus animais de estimação, casais conversavam e amigos se reencontravam. Um casal, porém, me chamou atenção. O homem de cabelos negros beijava uma loira. Suas mãos passeavam por seus cabelos bagunçando de um jeito engraçado. Só quando se desvencilharam que percebi. Era meu Peter.

   Ele se despediu da loira e não aguentei. Aproximei-me dela.

— Ah, oi. – Falei envergonhada.

— Oi. – Ela deu seu sorriso mais gentil.

— De onde conhece Peter? – Perguntei sem rodeios.

— Meu namorado? – Ouvir essas palavras doeu. – De onde você o conhece?

— Eu estudei com ele. Desculpe a intromissão.

Seu rosto suavizou. Só naquele momento percebi o quanto estava desesperada. - Ah tudo bem.

— Mande lembranças minhas para ele. Mas uma vez desculpe-me.

— Não se preocupe querida. – Sua voz era doce. Ela não sabia da minha existência, com certeza. – Qual o seu nome?

— É... – Eu devia dizer meu nome? – Beatrice Prior. – Depois de dizer essas palavras, saí em disparada. Não aguentava mais de tanta dor.

   Foi necessária uma semana para Peter descobrir que eu já sabia sobre as traições. Soube através de Luke o nome das mulheres com quem ele mais saía. Mary Riordan e Clary Gordon. Mary é a do Central Park e Clary, a da foto. Faltavam exatos oito dias para o dia do trabalho, e, consequentemente, o último dia de férias da faculdade. O dia em que eu ia embora de Nova York. Estava jogada no sofá ainda de pijamas quando Peter ultrapassou a porta. Não consegui olhar em sua cara. Encarando o chão, comecei:

— Meu irmão é louco, não é mesmo?

— Beatrice...

— Não diga nada. Tire seus lixos do meu apartamento e suma da minha vida.

— Mas...

— Eu não vou dar a chance para você falar porque eu não quero me arrepender. – Respirei fundo. – Pegue suas coisas e vá embora.

— Eu não vou desistir de você, ainda vamos nos ver. Escreva isso. – Foi dizendo isso que ele se foi levanto tudo consigo. Minha vida parou por um segundo. Desejava seu abraço, seu carinho, seus beijos. Só queria Peter ao meu lado, mas isso era impossível. Era algo que eu não podia ter.

Scars we carry.

(Cicatrizes que carregamos).

Carry with memories, memories burned by the dark.

(Carregamos com memórias, memórias queimadas pelo escuro).


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Notas finais do capítulo

E é isso...

TRILHA SONORA

Justin Bieber - I'll Show You;
Willamette Stone - Today;
Tori Kelly - Silent; Tema.
Tori Kelly - Hollow;
Tori Kelly - Dear No One;
Taylor Swift - 22;
Passenger - Let Her Go;
Sia - Chandelier;
Tori Kelly (feat. Ed Sheeran) - I Was Made for Loving You;
Ellie Goulding - Beating Heart;
Ellie Goulding - Dead In The Water;
Tove Lo - Scars;
Sabrina Carpenter - Smoke And Fire;
Destiny's Child - Say My Name.

Obrigada amoras, beijos :)



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