CANCELADO Um Doutor no Mundo Mágico escrita por The East


Capítulo 2
Um Passeio No Lago


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo novos personagens entraram na história: Remo, Hagrid e Pomfrey.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/684726/chapter/2

—Doutor, acorde! -Disse Lena.

O Doutor abriu os olhos devagar. Sentando-se lentamente na cama de limpos lençóis brancos pegou a garrafa de poção Polissuco que a menina estendia e ingeriu um grande gole.

—O que aconteceu? – Indagou o Doutor, levantando-se depressa e vestindo o seu casual sobretudo.

—Fique onde está, Dr. Smith. -Gritou Madame Pomfrey da porta da enfermaria-Ainda está muito debilitado, precisa descansar...

—Não! - Disse o Doutor, apalpando os bolsos- Me sinto ótimo, Papoula, obrigado. A propósito, onde está minha Chave Sônica?

—Não sei onde está aquela coisa trouxa esquisita.- disse Pomfrey, franzindo o cenho.

O Doutor riu, olhou para Lena e oferecendo-lhe o braço se virou novamente para a enfermeira dizendo:

—Tenha um boa noite, Papoula.

 

—O que aconteceu? -Indagou novamente o Doutor quando já estavam em uma distância segura da enfermaria.

—Por onde começo?

 

A narrativa de Lena os levou de volta a cabine do trem.

Tudo estava calmo até o Dementador adentrar pela porta. O Doutor começou a se contorcer, sua face ficou pálida e uma tristeza imensa o consumiu por inteiro. Ele viu e ouviu tudo, sua dor gritava dentro dele. A Guerra, a Guerra do Tempo gritava; gritos de dor, angústia e sofrimento que só sessaram quando seus olhos por fim se renderam a escuridão de sua alma.

Lena olhava para aquele ser horrível, flutuando sob sua capa preta, o capuz escondia algo sem rosto. Um frio percorreu sua espinha. Ela sabia que, além do próprio Harry Potter, o Doutor era o que mais havia sofrido naquele trem, ou talvez, naquele mundo. 

Percorrendo o fecho com uma das mãos sem tirar os olhos da criatura tenebrosa, ela abriu a maleta, tateando e retirando de lá uma grande varinha. Sem hesitar e pensando nas palavras de Remo Lupin disse a Harry sobre como afugentar um Dementador, ela pensou na melhor memória que tinha:

—Expecto Patronum!

Uma pequena faísca de luz saiu da ponta da varinha, mas não durou nem mais que um segundo para se extinguir.

—Expecto Patronum! -Berrava a garota- Expecto Patronum!

Uma luz maior, azul como o céu em uma manhã sem nuvens percorreu o ar, mas não provinha da varinha da pobre garota. Vinha do corredor e espantava o Dementador como se afugenta um bando de mosquitos com um dedetizador.

Quando o ser encapuzado finalmente partiu, um homem alto de face pálida e cansada entrou na cabine. Ajoelhou-se diante de um Doutor inconsciente e o examinou. Depois de alguns instantes em silêncio, ele se virou para Lena e disse:

—Ele vai ficar bem, embora acho que o efeito do Dementador foi um pouco mais intenso nele. -E retirando algo de dentro do casaco, deu para a menina- Tome. Dê a ele quando acordar. Vou falar com o maquinista.

E saiu, sem dizer mais nenhuma palavra.  

Lena olhou para o que ele havia lhe dado e o mordiscou.

—Chocolate –murmurou ela, e vendo a varinha em sua outra mão percebeu imediatamente que havia aberto a maleta errada.

A varinha tinha um estranho formato, como algo mecânico. Parecia estranhamente com a Chave Sônica do Doutor. A menina riu e a pôs de volta na maleta e se aconchegando ao pequeno sofá, passou um bom tempo observando o homem desmaiado, pensando em como havia parado ali.

Depois de alguns minutos, ela abriu sua mala e notou que não estava vestindo o uniforme. Tampou os olhos do Doutor com uma capa vermelha que havia encontrado para o caso de ele acordar e se deparar com ela se trocando. Já vestida, pegou um espelho quadrado no fundo da mala e olhou por ali seu reflexo; parecia a mesma garota de sempre, mas seu rosto estava mais fino, como se espera de alguém que estava um ano mais velha. Seu cabelo castanho escuro havia crescido e estava na altura dos ombros em amplos cachos grandes. Uma presilha em formato de folha prendia sua franja.

O trem parou com um longo apito, e seus passageiros já saíam quando Lena notou que o Doutor ainda não havia acordado. Ela correu e desceu do vagão, procurando por ajuda. Ao longe viu um alto e robusto homem guiando um grupo de crianças.

—Hagrid!  -Chamou Lena, correndo e se adentrando em meio aos pequenos. Aproximou-se do homem e recuperando o folego continuou- O Doutor... O Dr. Smith está desmaiado dentro do trem. Preciso de ajuda para carrega-lo.

Alguns dos alunos mais velhos que ainda estavam por ali ficaram assustados e se perguntavam o que havia acontecido com o enfermeiro.

 -Onde ele está? - Perguntou Hagrid, preocupado.

Lena o guiou pelo corredor que levava ao Doutor, e o homem a seguia com dificuldade pelo caminho baixo e apertado.

—Aqui! -Disse Lena, arrastando o Doutor para fora da cabine.

Hagrid o pegou no colo e o retirou do trem com certo custo. Por fim parou diante dos pequenos e novos bruxos que olhavam para o ser em seus braços com curiosidade.

—Vamos ter um novo passageiro esta noite –Disse Hagrid, conduzindo o grupo, incluindo Lena, ao lago onde os barcos estavam. Deixando o Doutor em um deles, virou-se para ela sorrindo- Vá com ele neste barco. Já fez isso no ano passado, e terá a oportunidade de fazer a travessia novamente.

Animada, a menina entrou no pequeno barco e olhou para o lago escuro cheio de estrelas e refletindo as luzes do castelo logo adiante.

“Oh, Hogwarts” pensava a garota “Linda Hogwarts! ”

De repente a embarcação se locomoveu, sendo guiada por Hagrid logo a distância. Lena olhava para tudo, admirada; as torres, os picos, a lua. Ao chegarem ao outro lado do lago, Hagrid desceu do seu barco e caminhou em direção a Lena que havia saído do seu e observava o Doutor deitado no fundo do bote. Hagrid o pegou no colo e encaminhou as crianças para a porta principal do castelo, onde os deixou.

—Venha comigo, criança- disse ele- Vou levar seu pai para a enfermaria.

Após passagem por alguns corredores e vazios e escuros depararam-se com uma grande porta de madeira. Lena a abriu para dar passagem ao grande e robusto homem e depois entrou, deparando-se em uma ampla sala retangular com diversas macas vazias dos dois lados. O Doutor foi deixado em uma delas e sua cabeça foi depositada em um confortável travesseiro. Pomfrey apareceu de repente, o rosto pálido de terror.

—Oh, céus, como isso foi acontecer? –Indagou a enfermeira- Nunca vi algo assim acontecer. Dizem que houve o mesmo com o Sr. Potter, mas ele acordou logo depois.

—O que aconteceu com Harry? - Perguntou Hagrid, alarmado.

—Um Dementador o atacou- disse Lena, sem perceber.

Pomfrey bufou de indignação.

—Se isso está acontecendo antes mesmo de começarem as aulas, imaginem quando eles se posicionarem como guardas na escola...

—Sim, soube disso- murmurou Hagrid- Mas não é um bom momento para isso. Cuide desse pobre homem.

Então, dando uma piscadela para Lena, saiu.

—Vá para o Salão Principal, menina- falou Pomfrey- Seu pai vai ficar bem.

Mas Lena não se moveu.

—Vou ficar aqui até ele acordar.

Sem ter como mudar a posição da garota, a enfermeira saiu da sala e voltou trazendo uma tigela com coxas de frango e sorvete como sobremesa.

—Obrigada – disse Lena.

 

Lena acabou sua narrativa bem quando subiam o último lance de escada que levava ao sétimo andar onde ficava o dormitório da Grifinória. Durante todo o tempo em que falava o Doutor mantinha a varinha com uma luz acesa e percorria os corredores até se perder e voltar para o mesmo lugar, quando, é claro, as escadas não mudavam de lugar.

Chegando a porta onde a Mulher Gorda estava dormindo, o Doutor deixou Lena dizendo:

—Vá dormir. Amanhã será um longo dia.

 

—Espere- disse Lena, retirando algo do bolso e estendendo a ele- Chocolate.

—Boa noite- disse o Doutor rindo, e enfiando todo o grande pedaço na boca.

Quando o Doutor sumiu de vista, a menina voltou-se para a Mulher Gorda no escuro, tentando se lembrar da senha. Por fim, disse:

—Fortuna Major!

A Mulher Gorda piscou várias vezes e olhou Lena um tanto atordoada, mas abriu a porta. Provavelmente todos já haviam ido dormir.

A garotinha se viu em um amplo espaço vermelho e dourado, cheio de sofás, poltronas e pequenas mesinhas. Ela se sentou no sofá de frente para a lareira e observou o fogo que ainda a habitava estalar. Tudo estava incrivelmente perfeito para ela. E os anos seguintes trariam ainda mais surpresas.

 

 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quero comentários e opiniões!