O caminho estava novamente escuro. O humano olhava curioso ao seu redor, numa tentativa de distinguir alguma coisa ali.

— Isso aqui é um estúdio? – Flowey olhava para o teto, procurando alguma coisa. Então, os dois sentiram algo plano e frio esbarrando em eles. – O que é isso?

As luzes foram acesas, iluminando o estúdio inteiro. Existia um retângulo de papelão gigante do lado direito de Frisk e Flowey, com um recorte quadrado um pouco maior do que Frisk. O outro lado do retângulo havia sido pintado para parecer um cenário de reportagem, e Frisk conseguiu escutar o som do foguete de Mettaton ali por perto.

— OOH YEESS! – Mettaton disse, como de costume. – Bom dia, lindos telespectadores! – Frisk colocou a cabeça pelo recorte, conseguindo ver Mettaton diante de uma câmera, usando um terno amarelo com gravata vermelha. – Aqui é Mettaton, transmitindo ao vivo desde o MTT News! – Mettaton organizou os papeis com o roteiro. – Uma situação interessante surgiu em Hotland! Mas, por sorte, nosso correspondente está aqui para cobrir tudo ao vivo! – Mettaton apontou com sua mão para Frisk. – Corajoso correspondente! Encontre alguma noticia para cobrir! – Mettaton apontou para cima. – Nossos dez lindos telespectadores estão esperando por você! – Frisk concordou com a cabeça e começou a caminhar.

Eles estavam em uma zona ampla, alguns objetos estavam espalhados a sua frente, mas do lado de fora do cenário, onde Frisk caminhava, estava escuro demais para distinguir os objetos, pelo que devia caminhar até eles, onde seriam iluminados pela luz do estúdio.

O humano caminhou até o objeto circular a sua frente. Percebeu ser uma ombreira metálica preta com espinhos, ela estava bastante gasta e cheia de arranhões.

—  Uma ombreira, que beleza, não é, querido? – Mettaton disse. – Mas você não pode usar ela. Pertencia ao capitão da guarda real, Papyrus! – O coração de Frisk acelerou e ele retrocedeu. – Infelizmente, o esqueleto não está morto, mas acabou esquecendo a ombreira durante sua fuga, e aqui está ela! – Frisk se afastou da ombreira e voltou a caminhar na direção do próximo objeto, agora a sua direita. Era um pote de mostarda. O humano olhou curioso para aquele pote. – Ai meu...! – Mettaton colocou as mãos sobre a cabeça. – É um pote de mostarda completamente normal! - A voz de Mettaton falhou, mas este voltou ao normal. Frisk continuou até o próximo objeto. Mais a frente, repousava um tapa-olho sujo. – Oh não! Esse tapa-olho! – Mettaton exclamou. – É o tapa-olho de Undyne! Ela vai ficar brava se souber que você tocou nisso! – Frisk retrocedeu outra vez e continuou até o próximo objeto, a esquerda do tapa-olho. O objeto parecia ser bastante grande, mas estava escuro demais para que conseguisse distinguir. – O que é isso? Um cachorro? – Frisk olhou para a câmera, acenando para Mettaton que desejava cobrir aquilo. – Senhoras e senhores, nosso correspondente encontrou... Alguma coisa! Por favor, iluminem o objeto para que possamos ver melhor! – Mettaton apertou um botão em sua mesa e o holofote iluminou o objeto. Era Alphys.

Frisk começou a correr na direção contrária, mas Mettaton deslizou a sua frente, e o cenário caiu ao mesmo tempo em que o local era mais bem iluminado.

— Se eu fosse você, eu não correria, humano. – Alphys disse, com um meio sorriso maldoso no rosto. – O chão está repleto de minas. – Ela apontou para os pés de Frisk. – Você pode estar pisando em uma agora.

— Interrompemos nossa programação por hora, telespectadores. – Mettaton disse as câmeras. – Parece que a nossa famosa Dra. Alphys decidiu interromper outra vez.

— Nos deixe em paz, sua maluca! – Flowey ameaçou, mostrando os dentes. Alphys não se deixou intimidar e avançou com passos apressados para agarrar Frisk.

— Você vai voltar para onde não deveria ter saído. – Alphys disse, olhando para Flowey, este recuou.

— Querida, poderia dar uma olhada nisto? – Mettaton disse, e Alphys levantou os olhos. O robô segurava uma caixa de DVD preta, sem nenhuma imagem.

— O que é isso? – Alphys ergueu uma sobrancelha.

— Todos os arquivos seus sobre os testes com determinação. – Mettaton apontou com a outra mão para a caixa, seu dedo faiscou. – Queimados, se você não ir embora.

— Filho de uma...

— Olha os modos, querida! – O dedo de Mettaton começou a brilhar, Alphys recuou. – Este objeto é bem sensível! – Alphys mostrou os dentes em um rosnado mudo, então ficou seria.

— Você ainda vai voltar para o laboratório, Mettaton. – Alphys disse. – Não duvide disso. – A tela de Mettaton assumiu um tom mais claro, Alphys sorriu ao ver isso. Então ativou seu jetpack e foi embora.

— Ei, você está bem? – Flowey olhava para a tela de Mettaton.

— - Mettaton disse, sua tela tornando-se vermelha, então amarela. – Vou desativar as bombas para que possam seguir. – Mettaton apertou um botão no seu peito e várias bombas explodiram ao redor. Quando a fumaça se dissipou, Mettaton já havia ido.

Frisk ficou preocupado com Mettaton. Ele já havia visto alguns “surtos” do robô naquele mundo, mas aquele ultimo surto havia causado calafrios no humano, e com certeza na flor também.

Ele decidiu se focar mais no seu objetivo, e então avançou pelo caminho, agora esburacado, cheio de determinação.