Between The Woods escrita por Mian
Saí correndo naquele dia. Era de manhã ainda, a escola inteira ia para a cidade, meus pais não me deixaram ir e eu nem queria, então, assim que todos saíram, eu fui para a floresta, já tinha marcado com Mori de nos encontrarmos para passar o dia todo juntas daquela vez. Nós tínhamos ficado muito próximas , sabíamos tudo uma da outra, a menos o fato de eu ser uma princesa, claro, aquilo poderia, e iria, assustá-la, e eu definitivamente não queria isso.
O dia da saída calhou de ser no mesmo dia da Lua Azul, os elfos faziam uma festa nessa data. Eu havia lido tudo sobre esse assunto no livro que o professor me dera.
—Oi! - Mori brotou atrás de mim, me assustando, e me abraçou.
— Oi. - Sorri.
— Olha, olha! - Ela foi para a minha frente, dando um giro, para me mostrar o vestido que estava usando. - Ficou bom?
— Você que fez? Está lindo!
— Fui. - Ela sorriu. - Ah, trouxe pra você também. - Pegou algo na bolsa e me estendeu. Eu peguei e vesti.
— Estão perfeitos.
— Nha. Mas obrigada.
— Como sabia minhas medidas?
— Medi do seu uniforme.
— Você viu?!
— Você deve ficar linda nele... - Ela sorriu, corando um pouco. - Por que não usamos nossos uniformes da próxima vez?
— O.. Ok...
— Sabe... Agora que eu parei pra pensar... É a primeira vez que vemos uma a outra vestidas. - Ela riu.
— Verdade. - Ri também.
Ficamos em silêncio por um tempo até que ouvimos o lindo canto de um pássaro, que eu nunca tinha ouvido.
— Está na hora! - Mori falou, toda empolgada. - Vamos?
— Ok.
Ela pegou sua ocarina e se sentou apoiada em uma árvore, de frente para o lago, eu me sentei ao lado dela.
— Eu treinei a semana toda, não está perfeito, nem tão bonito, mas eu vou tentar.
Ela começou a tocar aquela linda música. Eu adorava o som das ocarinas, mas quando a Mori tocava, fazia com que eu me apaixonasse por elas, ela dava o seu próprio toque para fazer com que o som saia do seu jeito, mesmo que eu não ouvisse muito, percebia isso.
— Que... linda... - Comentei quando ela acabou.
— Obrigada. Nunca havia tocado uma música tão grande antes.
— Realmente estava ótima.
— Vamos dançar! - Ela levantou.
— Não quer descansar?
— Tô bem. - Ela revirou a bolsa mais uma vez, pegando vários instrumentos. - Pode enfeitiçá-los?
— Quê?
— Aqui. - Ela me entregou um livro muito antigo, aberto. - Acha que consegue? - Nele estavam escritos feitiços.
— Posso tentar...
Pronunciei os feitiços, os instrumentos começaram a entoar uma música animada. Mori sorriu.
— Era exatamente essa que eu queria. Vem! - Falou ela, pegando na minha mão e me levantando.
— Eu não sei dançar...
— É só me seguir.
Ela começou e eu fui a seguindo. Aconteceu de ser muito divertido, a dança era tão animada quanto a música e me deixava bastante alegre. Ficamos dançando até anoitecer, paramos quando eu já até sabia os passos.
— Tire a roupa. - Mori meio que ordenou.
— Eh?!
— Vamos entrar no lago e nos banhar à luz da Lua Azul, assim que se termina a festa.
— Ah, sim, é.
Tiramos a roupa e entramos na água. Ficamos nadando e brincando por um tempo, até que paramos, uma de frente para a outra, e nos encaramos. Estávamos perto, muito perto, meu coração batia forte. Eu não sabia o que estava acontecendo. Aquele dia todo eu havia me divertido muito, estar perto dela me deixava feliz e... fazia o meu coração acelerar. O que era aquilo? Não, eu não podia gostar dela, não mesmo. Ok que eu tinha certo interesse, mas nada além disso! Não mesmo!
— A lua está no ponto exato, isso vai durar um minuto, mais ou menos. Está linda, não? - Disse ela, olhando para cima.
— Sim. - Respondi, olhando para cima também.
Voltamos a nos encarar, Mori foi chegando mais perto, passando suavemente os braços em volta da minha cintura, e eu os meus em volta de seu pescoço, meio que instintivamente. Fomos nos aproximando mais e mais, até que nos beijamos. No exato momento em que meus lábios encontraram os dela eu soube, sem a menos sombra de dúvida, não tinha mais jeito, eu gostava mesmo dela. Nos separamos lentamente, dava para notar que ambas estávamos vermelhas.
— Sabe, eu gosto de você, Mira. - Ela falou. - É estranho, eu sei, é errado, eu sei, é repentino, a gente mal se vê e mal se fala... é só que eu sinto... sinto como se isso fosse tão... certo...
— Mori...
— Ah, desculpa! Eu te assustei, não foi? - Ela se afastou um pouco.
— Não! Não... - Eu me aproximei de volta. - Eu... Eu também gosto de você...
— Gosta? - Ela pareceu surpresa.
— Uhum...
— Então... Então, então, então... Você... - Ela pegou gentilmente nas minhas mãos. - Você aceita namorar comigo?
— S.. Sim...
Ela me abraçou forte, fiz o mesmo com ela.
— Né, né, me belisca? - Ela perguntou.
— Por quê?
— Quero ter certeza de que não estou sonhan..! - Eu a interrompi, dando um beliscão de vele na sua bochecha. - Não é... um sonho... - Ela sorriu, me apertando ainda mais forte.
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