Era a milésima vez que o mesmo pensamento rondava sua cabeça: não entre!

 Mas encorajado por seus amigos afastou o pensamento e tomou coragem. Pulou a cerca ,segurou firme a câmera,engoliu em seco e atravessou o jardim.Parou de frente a varanda ,ele estava cara a cara co o seu pior pesadelo.Seus lábios tremiam levemente deixando transparecer o seu medo.

Subiu os três degraus da varanda, que rugia a cada passo, reproduzindo um som melancólico. Parado na frente da porta da tão temida casa,ele abriu uma fresta e logo um ar gélido fez a porta se escancara como se estivesse o convidando para entrar.

Seus amigos do lado de fora da cerca o observava atentamente relembrando todas as historias aterrorizantes que haviam escutado sobre a casa e o objeto que ficava no porão.

O adolescente parado de frente a porta aberta deu play na câmera e começou a entrar bem devagar, com um só destino na cabeça: o porão. A porta se fechou logo atrás de si, e um cheiro forte de carne podre invadiu suas narinas as irritando. Era como se tivesse um cadáver em decomposição bem ali.Pegou rapidamente uma lanterna do bolso e a ligou.Inspecionando a casa com a pouca luz que tinha viu que ali perto tinha uma janela coberta por uma cortina velha e rasgada.Com um pouco de dificuldade a abriu e um vento refrescante invadiu o local.Respirando melhor, examinou a sala.O ambiente era todo empoeirado,cheio de moveis velhos e destruídos,muitos deles jogados pelo chão.Tudo parecia velho,exceto uma coisa.Um porta retratos,que não estava velho nem empoeirado.Ele estava encima do mesinha de centro,brilhando como novo.A foto era de uma garota de cabelos curtos e claros com uma expressão impossível de decifrar.Enquanto o garoto olhava a fotografia,uma coisa espreitava de dentro da escuridão com um sorriso maligno.

Um barulho no andar de cima fez o coração do garoto disparar e suas pernas tremerem.

—Deve ser só ratinhos - dizia a si mesmo-so ratinhos.

 Então com a lanterna começou a procurar a porta que dava acesso ao porão. Logo a localizou em uma parede solitária. Andou ate a porta pensando o que lhe aconteceria quando chegasse ao seu destino.Ao abrir a porta um rangido ecoou por toda a casa,e depois de toda aberta revelou ao garoto uma longa escadaria.Iluminando os degraus,começou a descer.A cada passo que dava suas mãos suavam mais ainda,dificultando segurar a lanterna e a câmera.

 Quando finalmente chegou ao final, ele se encontrou num lugar muito sujo, cheio de caixas, teias de aranha e varias manchas negras estavam espalhadas pelo chão.
O garoto iluminou tudo devagar, com medo de encontrar algo terrivelmente desagradável. E ali em um canto coberto por uma capa verde estava o espelho. Devagar o adolescente retirou a capa e contemplou o objeto antigo e sujo.Ele via o seu reflexo e filmava.Ate que com um barulho estrondoso a porta se fechou.O desespero tomou conta de seu corpo,ele queria correr,mas suas pernas não se moviam.Uma força sobrenatural fez seu rosto virar bruscamente para o espelho.E lá ele viu o que temia ver.Uma garota de longos cabelos negros e roupas ensangüentadas.A temperatura do local caiu rápido.Tremores tomaram conta de seu corpo e a câmera caiu de sua mão.A garota tirou o cabelo da frente de seu rosto,revelando uma face totalmente deformada.

 Um sorriso malicioso se formou em sua boca que escorria sangue. E quando o garoto mirou em seus olhos mortos,ele sentiu mais que medo,mais que pavor,ele sentiu algo inexplicável.Ele sabia que não tinha mais volta, então  fechou os olhos esperando seu fim.Uma risada macabra soou e uma neblina esverdeada circulou seu corpo o dilacerando,seu intuito foi gritar.Seus amigos do lado de fora escutaram seu grito,porem nenhum teve coragem de se levantar,pois estavam paralisados de medo já que eles presenciavam a neblina circular a casa.

Mas já era tarde demais, e ao lado da porta retrato da garota apareceu um do garoto, brilhado como novo com a mesma expressão indecifrável. A neblina se dispersou,a janela se fechou juntamente com a porta da frente.E  ali em algum cômodo da casa uma risadinha macabra soou só esperando pelo próximo.