Divina Commedia escrita por SayakaHarume


Capítulo 4
Quarto Canto.


Notas iniciais do capítulo

Ultrapassamos a metade, everybody!



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E quando eu chegar ao édem prometido

Oh! doce anjo, não condenes meu passado

Fui fraca e caí pelo demônio

Mas fui forte e levantei por mim

Recebei-me, doce anjo, ou não suportarei a solidão

 

Quando a primavera chegou, parecia que trazia consigo uma promessa de renovação, algo que Diana muito apreciou. Talvez fosse pelo início das aulas, talvez fosse pela nova fase de sua vida que tinha começado... Por algum motivo que ela não sabia nomear, ela estava se sentindo incrivelmente esperançosa.

― Sabe, é pecado descobrir o segredo da felicidade e não dividir com as amigas... ― July provocou, piscando um olho. As duas estavam sentadas na escada que levava a biblioteca, July um degrau acima de Diana, cada uma com um pote de sorvete na mão.

― Oh, querida, é muito simples. ― Diana riu. ― Sorvete de chocolate, com calda de chocolate e cobertura de chocolate granulado!

July acompanhou a risada.

― Mas sabe, estou realmente feliz por você estar melhor ― falou, por fim, voltando sua atenção para seu sorvete.

― Então agora você vai dizer o que você e Nimah ficam conversando nas minhas costas? ― Diana arqueou uma sobrancelha, os restos de seu riso ainda em seus lábios.

― Nada demais ― July falou com a boca cheia de sorvete. ― Ela só estava preocupada de você voltar pros braços da bad sem sua galera por perto e pediu pra eu ficar de olho em você.

― Como Nimah é dramática. ― Diana revirou os olhos. ― Quando eu terminei com a Camille, sim, eu fiquei muito triste, mas não é como se tivesse sido o fim do mundo!

― Pelo que vocês me contaram, vocês se conhecem a uma eternidade. Normal ela se preocupar. ―July sorriu. ― Mesmo que seja um pouquinho exagerado.

― Que seja ― Diana gemeu, mas ao mesmo tempo, riu. ― Então, como está sendo nas suas aulas? Já encontrou um ninho, passarinho?

― Já vi alguns ninhos promissores. ― July riu. ― E até um possível... parceiro temporário. ― Piscou um olho.

― Não completamos uma semana de aula e você já conseguiu alguém? Quem é você? Afrodite? ― Diana provocou.

July deu de ombros.

― Ele vai nos garantir passe livre para uma festa dos veteranos. O irmão dele está no penúltimo semestre de economia ― explicou. ― Uma relação com uma pessoa com tais contatos deve ser cultivada e preservada.

― Você vai ser uma total festeira ― Diana afirmou. ― Aposto que vai acabar entrando para uma fraternidade também.

― Se for pra escolher ficar bêbada em uma festa no começo ou no final do semestre, prefiro no começo, onde não tenho quilos de coisas pra estudar ― July falou quando se espreguiçava.

July esticou suas pernas pelos degraus, e Diana fez seu melhor para disfarçar o fato que deu uma conferida na pele descoberta pelo short que a amiga usava.

― Quando vai ser essa festa? ― perguntou para se distrair.

July sorriu, vitoriosa.

― Sabia que você não ia resistir ― falou, risonha.

—x-

No dia seguinte a tal festa, um sábado perfeito para ressaca, Diana estava na cozinha de seu novo flat amaldiçoando July por ter a convencido, quando a dita cuja entrou pela porta da frente, com os sapatos nas mãos e seu cabelo cacheado, que normalmente já era caótico, em um estado de calamidade.

― Caminhada da vergonha? ― Diana ensaiou um sorriso, apesar de sua dor de cabeça.

― Eu não tenho vergonha ― July gemeu e se jogou no sofá. ― Eu tenho dor nos pés. E eu estou sentindo cheiro de café?

― Você se atracou com seu “amigo” ― Diana comicamente fez as aspas com os dedos, sua expressão fazendo July rir deliciosamente ― e eu fiz amizade com o cara da vodka. Eu preciso desse café mais do que você.

July tornou a gemer e se contorcer no sofá, até ficar em posição fetal, seus olhos nunca deixando de acompanhar sua amiga. Diana, apesar de sua afirmação anterior, veio para a sala com duas canecas com café fervente e se sentou na mesinha de centro. July encostou a cabeça no braço do sofá e as duas ficaram em um silêncio confortável, cada uma com sua bebida e seus pensamentos.

Diana foi a primeira a falar, depois de quase terminar o conteúdo de sua caneca.

― Acha que você e o cara da festa tem algum futuro?

― Não parei pra pensar nisso ― July murmurou, sua face contemplativa. ― Ele é legal e tudo mais, mas sei lá... ― Se espreguiçou e colocou a caneca de forma precária na mesinha de centro. ― Não deu aquele clique, sabe?

Diana riu.

― Você é uma romântica pragmática, July. ― Pegou as duas canecas e se levantou para ir pra a cozinha.

― Você fala como se isso fosse ruim ― July resmungou. ― E você? Tem alguém em vista?

― Não e nem quero. ― Diana colocou as canecas no balcão que separava a cozinha da sala. ― Eu não estou pronta ainda.

― Você nunca vai estar se não tentar ― July se sentou. ― Não precisa ficar por ai procurando namorada, mas... ao menos olhe pras pessoas e tente conhecê-las. Nem todo mundo vai magoar você.

― Eu estou tentando, July. ― Diana sorriu tristemente. ― Está sendo mais difícil do que eu imaginava. Quero dizer, eu não tenho vontade de voltar com a Camille, mas eu sinto falta dela. Não faz sentido.

― Nem tudo na vida faz. ― July andou até ela e a abraçou por trás. ― Talvez você não sinta só falta dela. Principalmente, eu acho que você sente falta da pessoa que você era antes. Você não perdeu pedaços de si mesma, Diana. Você só reorganizou os pedaços do quebra-cabeça.

E quando July se afastou um pouco, Diana se virou para ela e soltou a respiração que não tinha percebido que estava presa. Encarou os lábios de July, contorcidos em um leve sorriso, antes de olhar em seus olhos.

― Você é um anjo ― falou em um sussurro. ― Eu a amei demais, sabe? Fui tão estúpida. Nós nunca deveríamos dar tanto de nós mesmos pra outra pessoa.

― Oh, querida. ― July acariciou a maçã do rosto de Diana com o polegar. ― Não é sua culpa se você se apaixonou. Nós somos jovens e temos tanta pressa pra tudo, como se a vida fosse fugir se não a vivermos rápido o suficiente. Mas aí está, querida. Você só tem dezenove anos. Até agora, foi apenas o tutorial. O jogo só começou.

Quando July se aproximou e beijou a testa de Diana, esta tornou a prender a respiração. E ficou mais do que chocada quando percebeu que uma partezinha de sua mente ficou desapontada quando July se afastou.

—x-

Os meses seguintes se passaram rapidamente, e Diana fez seu melhor para seguir em frente e deixar seu antigo relacionamento no passado. O que a exasperava era que o motivo de seu sucesso era uma atração crescente por July Danvers. E já não bastava ela ser uma amiga tão próxima que Diana não arriscaria perder sua amizade por nada, July ganhava mais admiradores a cada dia.

― Qual foi a última vez que você pagou por café, July? ― Diana perguntou em um dia do início de dezembro, as duas caminhando juntas rumo ao campus.

― Eu não tenho a menor ideia. ― July riu, sem perceber a pontada de ciúme na voz de Diana. ― Ei, eu conheci esse cara que me chamou para ir no cinema com ele e ele tem uma irmã!

― Eu não faço encontro duplo com irmãos. ― Diana cortou. ― Só dá problema.

― Quem falou em encontro duplo? ― July riu. ― Eles dois são super conservadores, então só quero arrastá-los pra ver Carol e me divertir com as reações.

― Algumas vezes eu acho que você é o anti-Cristo. ― Diana jogou a cabeça pra trás, gargalhando. ― E depois do filme, fazemos o quê?

― Entregamos um panfleto sobre a importância de respeitar a diversidade e vamos pra praça de alimentação. ― July deu de ombros, tomando um gole grande de café. ― Sorvete é a solução de todos os problemas do mundo. Se as pessoas se preocupassem mais em tomar sorvete do que odiar umas as outras, o mundo seria um lugar bem melhor.

― Aprecio seus planos de paz mundial, mas vou ter que passar. Tenho alguns trabalhos pra fazer e um professor tentando me matar.

― E disseram que a vida universitária ia ser divertida ― July falou, em um tom amargo. ― Enfim, mudando de assunto! ― Sua animação retornou. ― Soube que alguém tem uma paixonite em você-ê ― cantarolou a última palavra.

― Não é assim. ― Diana sentiu suas bochechas queimarem. ― Mandy me chamou pra sair, mas não é nada do tipo. Conversamos algumas vezes na fila da cafeteria do campus e sei lá, queríamos nos conhecer. Mas não quer dizer que é um encontro.

― Mas um encontro é exatamente isso. Duas pessoas, que se gostam, saindo para se conhecer melhor. Pode ou não ter um beijo ou algo mais no final. ― July apertou Diana um pouco abaixo da costela, sabendo que ela sentia cócegas ali.

― Para, July! ― Diana riu enquanto se desviava. ― E guarde os pompons de torcedora shipper. Talvez, talvez seja um encontro, mas eu não estou a fim de nada sério, entendeu?

― Quem se importa com seriedade? ― July riu. ― O importante é se divertir. Você está nessa onda de tratar todo relacionamento como se fosse um compromisso, Diana. ― Passou o braço pelo ombro da amiga. ― Não desperdice sua juventude burocratizando tudo. Não precisa namorar, se não quiser, nem ter encontros, se não quiser. Mas não se feche por medo de se envolver. Vai acabar perdendo a oportunidade de conhecer pessoas incríveis.

― Ok, Obi-Wan Kenobi. Já chega das palavras de sabedoria. ― Diana gemeu e riu ao mesmo tempo. ― Vou sair com a Mandy com a mente aberta as possibilidades ― falou com um tom sonhador zombeteiro.

― Isso é tudo o que eu peço. ― July acompanhou a risada de Diana.

E depois, roubou a respiração desta com um simples beijo na bochecha.


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Notas finais do capítulo

Bom, é pra eu chegar de viagem enquanto vocês estão lendo isso, mas caso tenha acontecido um imprevisto, o próximo capítulo tá programado também, mesmo horário.
Beijos!



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