We must be killers escrita por Heda


Capítulo 9
Vou me lembrar


Notas iniciais do capítulo

GENTE EU VOLTEI.
Primeiramente: eu fiz um teste de personalidade para a fanfic, é tipo "Quem você seria em "We Must Be Killers", façam lá ta bem divertido: https://uquiz.com/PBn2Pp
Eu sei que vocês querem me matar enterrada viva, mas eu vou ter que dar a mesma desculpa de sempre: a escola não me deixava em paz. Todo mundo sabe que final de ano em escola é um inferno e esse ano não foi diferente.
Graças a Jeová estou de férias.
Enfim o capítulo ta bem legal e podem se despedir de um personagem querido aqui:



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—Annabeth quase morreu - Leo balançou a cabeça - Reyna esta por conta própria, Piper não fala com a gente, Silena esta mentindo. 

— E nós estamos praticamente mortos - Percy completou.

●●

 Dez horas antes.

— Eu não quero falar sobre isso, Leo. - Reyna apontou a faca para o alvo. Em seguida a girou com força.

— Como você sabe disso tudo? - Leo perguntou tentando não soar insensível - Quero dizer, não acho que Silena tenha contado a você que transou com o namorado da melhor amiga.

Reyna se agachou pegando uma garrafa d'água jogada na grama. Eles estavam no quintal da casa dela, enquanto Reyna treinava seu arremesso vespertino. Ela estava ficando cada vez melhor, e se continuasse poderia se tornar ainda tão boa quanto era.

— Eu vi - ela fez uma careta - E não quero falar sobre isso. Na verdade eu nem deveria ter contado. Parece que alguém tem um problema serio com segredos de outras pessoas, Leo.

— Algumas coisas não se pode guardar para sempre.

— O segredo era dela, não meu. – Ela se virou para o garoto – E mesmo que eu a odeie agora, não gostaria de alguma fofoqueira espalhando o que eu fiz no passado.

Houve um breve silêncio e então Reyna se levantou pegando mais uma faca. Ela a atirou, mas essa deslizou para fora e acertou o chão ao longe.

— Eu sei - Leo concordou observando a garota - De um jeito ou de outro não será segredo por muito tempo.

Ela se virou para Leo sentado em uma mesa próximo a ela novamente e o olhou de forma repreendedora.

—_ Achei que seria uma boa ideia reconquistar a amizade de minhas amigas quando voltei para a cidade – Ela revirou os olhos – Mas Silena nunca quis voltar a ser minha amiga.

— Silena não parece o tipo de pessoa que voltaria a falar com você apenas por que pediu.

—Ela tinha que me pedir algo em troca – Reyna completou.

— E ai pediu pra que você a ajudasse na fantasia juvenil dela de colocar fogo em algumas pessoas.

— Achei que quando dissesse para Annabeth tudo o que Silena pretendia fazer naquela noite, me sentiria menos culpada.

— Não funcionou, né?

Reyna balançou a cabeça em negação.

— Eu costumava acorda a noite gritando o nome dela - ela confessou estremecendo ao lembrar-se de Bianca.

— Eu não conseguia mais falar o nome dela. – Leo olhou para os próprios pés - Acho que melhora com o tempo.

— Eu ainda acho que não.  

 

 

Reyna abriu os olhos rapidamente sentindo o cheiro familiar. Era fogo. Havia uma casa ao seu lado, ela olhou para baixo e percebeu que estava descalça, vestia trapos velhos e ouvia gritos agonizantes de uma garota. 

—Ela esta apodrecendo - uma voz sussurrou ao seu lado - É verdade?

Ela se virou. Merda! Era Bianca. Estava do mesmo jeito que estava como da última vez que Reyna a vira, muito tempo atrás.

— Me desculpa - ela sibilou.

Bianca observou as chamas consumirem a casa. 

—Não se preocupe - ela sorriu - Eu já apodreci há muito tempo.

 

Bam! 

Algo caiu no chão fazendo Reyna abrir os olhos assustada. Ela se levantou depressa de onde estava. 

— Calma - alguém disse - Você esta em casa.

Hylla a olhou como se fosse uma estranha. Ela tinha dormido? Lá fora o sol ainda estava quente, mas não se lembrava de ter dormido ali.

— O que aconteceu? 

— Nada - a irmã sorriu para algo na TV - Não é engraçado como esses programas são idiotas?

Reyna massageou as têmporas com as mãos e se levantou do sofá devagar, indo ate a cozinha e pegando um copo de suco. Por que sua cabeça doía tanto?

Alguma coisa vibrou no bolso do seu moletom e ela pegou o celular. Uma mensagem sibilava na tela. 

A corda sempre arrebenta do lado mais fraco.

●●

Annabeth massageou os próprios braços enquanto a mãe puxava seu ombro ate o estacionamento. Estava frio e os ventos balançavam seus cabelos como em um filme de ação. O médico havia dito e recomendado que Annabeth passasse a descansar em casa desde que ficasse em extremo repouso por uma semana. O trauma na cabeça havia sido forte, mas o trauma psicológico que um ambiente hospitalar poderia causar era ainda mais assustador. Isso era possível? Alô, alguém tentou me matar não posso descansar em lugar algum- ela tentou dizer a mãe.

— Você esta bem? - a mãe perguntou quando estacionou na frente de sua casa depois de algum tempo. Seu pai provavelmente esperava lá dentro. Será que mais alguém estava lá? Ela achava que não, Percy com certeza não estaria e Silena Beauregard a quem teve a honra de receber uma visita, segundo a mãe, também não estaria. Por que elas não mais eram amigas como antes e meras conhecidas não esperam pela chegada de alguém que estava no hospital.

— Sim - Annabeth murmurou assim que colocou os pés para fora do carro.

Havia um enorme curativo onde ela tinha levado a pancada, e seu rosto estava meramente arranhado em alguns lugares. Provavelmente estava horrível, mas quem se importa com isso quando seus olhos mal conseguem capturar algo a uma distancia de um metro?

— Oi - seu pai, como ela previu, abriu a porta sorrindo - Bem vinda.

Annabeth sorriu. Uau. Eles realmente estavam se esforçando para que ela se sentisse bem. Ela conseguiu captar as obras de arte da mãe na entrada e viu a silhueta do pai a envolver em um abraço, depois disso ela se sentou no sofá da sala de estar da qual não saiu mais.

 

Mais tarde, enquanto assistia a um programa qualquer de gastronomia ela ouviu os pais conversando no escritório. Não que tivesse a intenção, mas eles falavam tão alto que ela teve certeza que estavam discutindo. 

— Ela já disse não saber de nada - O pai havia dito.

— Não me importo - ela escutou a mãe dizer - Se ela souber de algo e estiver protegendo alguém vou descobrir.

Annabeth não escutou depois disso, pois um dos dois havia percebido a porta aberta e a fechado. Aquilo era tão irresponsável da parte dela. Ela deveria contar sobre as mensagens, mas contar sobre as mensagens significava contar sobre Bianca e ela sabia que os pais, e individualmente falando da mãe, nunca a perdoariam.

Temendo que Atena a questionasse como havia feito no hospital, Annabeth subiu as escadas que davam para seu quarto. Seus olhos ainda estavam completamente sem foco e de algum jeito seus ouvidos escutavam alguma coisa de plano de fundo. O que estava acontecendo ela não sabia. Subitamente procurou pelo celular no criado-mudo. Não estava lá.  

E nem em cima da cama.

Muito menos na escrivaninha.

Então sua mente vagou por onde o viu pela última vez. Ela estava andando com ele antes de Percy lhe dar uma carona. Havia recebido uma mensagem a ameaçando. Depois o colocou na bolsa e entrou no carro. Então se lembrou.

A bolsa. Droga! Tinha esquecido na casa dos Jackson's, saíra tão furiosa com Percy e logo depois tudo aquilo havia acontecido. Se ele resolvesse fuxicar alguma coisa...

Pelo menos não o tinha perdido. Sabia onde estava.

Passou pela janela e a abriu dando uma vista privilegiada para a casa dos vizinhos. Por acaso sua janela ficava bem em frente a uma das janelas deles. A janela do quarto de Percy estava aberta e ela pode ver tudo lá dentro.

Tudo, menos o garoto.

Suspirou e fechando as cortinas se sentou na escrivaninha pegando o computador. Com certeza havia perdido alguma coisa na escola.

—Droga - murmurou ao ver os dois testes de matemática que perdeu nos dias fora.

Annabeth odiava ir mal em alguma coisa. Odiava quando tirava notas abaixo da média e odiava ainda mais ter alguém melhor do que ela em alguma coisa. Isso é claro, vinha de uma longa linhagem familiar. Os Chase's eram invencíveis em tudo. Isso bem era o que sua mãe dizia.

Ela desligou o computador e se deitou na cama por alguns segundos antes de escutar algo bater contra a janela. 

Ignorou.

Bateu novamente. 

Annabeth revirou os olhos e foi ate a janela cambaleante. Talvez precisasse de uma cadeira de rodas para conseguir se locomover. Ela olhou para baixo e seu coração praticamente pulou quando viu quem estava lá embaixo

Deus era Luke.

O Luke que ela não via há dias. O Luke que é seu namorado.

— Oi - ela disse. Ele sorriu batendo as mãos na calça jeans.

— Se afaste - ele sussurrou - Eu vou subir.

Annabeth se afastou, observando Luke escalar sua janela. Ele deslizou para dentro como costumava fazer quando seus pais não estavam em casa e abriu a janela como um profissional.

— O que esta fazendo aqui? - ela perguntou sorrindo. 

Luke sorriu de volta. Fazia poucos dias que não o via, mas ele parecia literalmente melhor. Enquanto, bem, ela nem tanto.

— Ora, eu vim ver você! 

Ele a envolveu em um abraço e Annabeth sentiu seu cheiro extasiante. Como sentia falta!

— Eu pensei que - ela suspirou ainda o abraçando - Que estivesse com raiva de mim.

Se lembrando da festa onde Rachel havia sofrido o ataque e da discursão com Luke antes daquilo acontecer seus olhos se encheram de lagrimas.

Ele a afastou gentilmente enquanto a olhava nos olhos.

— Annie, eu nunca fico com raiva de você.  

Ela se inclinou novamente e o beijou. Ele subiu as mãos para as suas costas e aprofundou o beijo. 

— Annabeth!  - Alguém chamou e ela reconheceu a voz da mãe - Tem alguém aqui querendo falar com você. 

Luke se separou dela antes que ela mesma sentisse.

— Quem é?  

Annabeth o beijou de novo.

— Eu não sei - ela observou seu rosto atentamente - Eu não vou lá.

Luke se separou dela de novo.

— Só queria ver como você estava. Depois de tudo que bem acontecendo acho que a gente se distanciou um pouco. 

— Eu não queria...

Ele arrumou uma mecha solta de seu cabelo.

— Eu sei. Mas quem fez isso com você provavelmente não vai parar e vai fazer de novo. 

Ela arregalou os olhos. Droga! A mensagem!  Ela se lembrou da maldita mensagem: 

Vocês têm 31 dias para me entregar o assassino. Caso o contrário se machucarão.

— Luke - ela disse - Preciso contar uma coisa...

— Annabeth!  - Atena chamou novamente.

— Tudo bem, não se preocupe - ele disse – Eu volto amanhã.

Ela gemeu em negação.

— Por favor, me espere aqui – ela se virou para a porta - Eu volto em um minuto.

 

Atena se trancou em seu escritório assim que viu Annabeth passar por si em direção à sala. As janelas que costumavam ficar abertas permaneciam fechadas, portanto a luz estava sendo mantida por quatro abajures. Ela odiava abajures mais do que odiava cortinas com pano ruim.

— Você?  - ela olhou atentamente para Percy Jackson. 

Ele não estava sentado debochadamente no sofá como costumava ficar. Na verdade, estava ereto e sério o que fazia da situação ainda mais estranha.

— Soube que voltou para casa - ele disse e Annabeth percebeu sua bolsa de escola nas mãos deles. Percy a entregou - Então trouxe isso para você. 

Annabeth a pegou de suas mãos. Percy continuava sério.

— Obrigada - ela murmurou - Mais alguma coisa?

Ele olhou ao redor como se estivesse com medo do que fosse dizer.

— O que isso quer dizer?

Ele tirou algo do bolso e Annabeth viu seu próprio celular ser ligado por Percy. Mas que diabos ele estava fazendo? De repente ela ficou furiosa.

Ele virou a tela para que ela pudesse ler.

 

Você não me obedeceu então eu acho que vou ter acender uma fogueira debaixo do seu rabo?— ela leu em voz alta para só então se dar conta do que estava lendo - Droga.

— É uma droga mesmo - Percy rolou as mensagens - Tinha muito mais desse mesmo número. Algo como: Vocês têm 31 dias para me entregar o assassino.— ele exaltou a voz - Uau, Annabeth!  O que estava pensando? 

Ele parecia furioso. Será que a mãe escutaria? E Luke? Eles com certeza não gostariam de ver ela e Percy juntos novamente. Ela chegou mais perto dele e sussurrou:

— Percy isso não é nada! 

—Nada? - Ele levantou a voz - Droga, garota! Depois do que aconteceu com Rachel você ainda acha que isso realmente não seja nada? 

— Então isso se trata sobre Rachel?!

— Também! – Ele passou as mãos pelos cabelos – Mas não só sobre ela. Puxa Annabeth tem alguém te ameaçando, nos ameaçando e você simplesmente decide esconder isso?  

Annabeth tomou seu próprio celular das mãos de Percy. Por que estava discutindo com ele de novo?  Estava claro que eles nunca se entenderiam. 

— Eu não te contei porque você, como todos os outros me fizeram mentir para a polícia sobre uma garota que morreu por que nós estávamos lá! 

— Ah, fala sério! Ninguém colocou uma fita crepe na sua boca! - ele chegou mais perto dela - Você acha que não vi você e Silena indo para a floresta aquela noite? - ele a agarrou pelos ombros.

Annabeth empalideceu. 

— Do que esta falando?

— Não se finja de burra, Annabeth - Ele apertou seus ombros como se quisesse a manter ali - Eu vi vocês duas. E eu também vi muito bem quando Nico seguiu as duas.

Annabeth engoliu em seco.

— Você não viu nada - ela disse, mas percebeu a mentira em sua voz.

— Ah, mas eu vi. E sei que isso tem algo haver com ele ter confessado tudo aquilo. 

  - Você esta me ameaçando?  - ela sibilou. 

  - É claro que não. Só estou dizendo que a verdade sempre aparece e se você acha que vai esconder isso de alguém, parece que não é tão inteligente quanto acham que é. 

Annabeth encarou Percy e então o empurrou para longe. Depois subiu as escadas correndo e entrou em seu quarto.

— Luke - ela chamou. 

Mas Luke havia ido embora.

●●

Piper estacionou na frente de onde se lembrava de ser a casa de Thalia Grace. A faixada era branca e havia mais três carros na frente da casa. 

Não se importava. Apenas desceu e tocou a campainha impacientemente. Queira o destino, mas quem abriu foi justamente quem procurava.

Jason pareceu surpreso, mas logo sorriu quando a viu.

— Oi - ele disse - Não sabia que tinha dito onde estava ficando.

Piper sorriu impaciente.

— Na verdade, não disse. - Ela disse - Preciso que me diga o que de fato aconteceu entre você e a minha irmã. 

Jason se afastou da porta e colocou as mãos nas costas de Piper.

— E quem é a sua irmã? 

Piper suspirou.

— Silena Beauregard.

 

 

Piper olhou em volta. Jason sentado a sua frente bebia um suco de laranja. Eles estavam em uma lanchonete na esquina da casa de Jason. Aquele lugar era bem silencioso, e Piper o arrastou para lá.

— Então você é a famosa irmã de Silena Beauregard?

Piper tirou um cigarro do bolso da jaqueta. Será que podia fumar ali dentro? Ela achava que não, mas não se importava.

— Defina "famosa".

Jason sorriu. Piper não conseguia olhar em seus olhos. 

— Estou surpreso que não saiba o que aconteceu entre mim e a sua irmã. 

— Eu deveria saber?

— Bem, irmãs contam coisas desse tipo uma para outra não é?  

— Não eu e Silena.

Jason acenou como se entendesse. Será que ele e Thalia tinham uma boa relação? Ela não saberia dizer, mas pela situação Silena com certeza saberia.

— Isso faz tanto tempo, Piper - ele exclamou e depois olhou para Piper - Olhando assim, vocês bem que se parecem mesmo!

Piper revirou os olhos. Todos sempre falavam isso, mas Piper sempre ouvia como: Você e sua irmã realmente se parecem, mas ela é muito mais sensual que você.

— Só me conte o que aconteceu.

— Bem – ele deu um longo suspiro e se escorou na cadeira de couro branco da lanchonete - Eu e sua irmã estávamos saindo a alguns anos. Isso você já sabia. Não era uma coisa muito séria, mas a gente curtia, sabe? Talvez ate tivéssemos ficado juntos se...

Piper estremeceu com a possibilidade.

— Por favor, não me diga que ela traiu você. 

— Não!  - ele exclamou como se nem ao menos tivesse considerado a possibilidade - Eu e ela estávamos em segredo. Thalia nunca aceitaria que uma de suas amigas namorasse seu irmão mais novo, então não contamos para ninguém. 

— E então Thalia descobriu?

— Sim - ele meio que ficou triste nesse momento. Uau. Ele ainda gostava da irmã?  - Thalia descobriu e disse que se nós não nos afastássemos, ela nunca mais olharia para nenhum de nós dois. Quero dizer, com certeza quando se tem 12 anos isso é o fim do mundo, mas olhando agora, você não ficaria chateada se a sua melhor amiga tivesse um caso com seu irmão? 

Piper estremeceu apenas em pensar em Jason e Silena brincando de médico na cama dos pais dele. Por que sua mente era tão fértil?

— E então vocês se separaram? 

— Bem - Jason pareceu culpado - Não.  E Thalia ficou bem furiosa.

Piper engoliu em seco como se finalmente entendesse.

— E então ela disse a irmã de Silena que elas não eram completamente irmãs. 

Piper se lembrava daquele dia como o segundo pior de sua vida.

Lembrava-se de Thalia batendo na porta de sua casa. Furiosa com algo que Silena tinha feito Piper não entendia. E então ela Thalia despejou que seu pai não era o pai de Silena e que seu verdadeiro pai havia a abandonado no mundo assim que ela nasceu. Silena tinha descido nesse momento e tinha chutado Thalia para fora de sua casa enquanto Piper, chocada, não dizia uma palavra. 

— No caso, você.  

— É - Piper concordou atônita a tudo.

— Sabe, Thalia foi um pouco dura, mas eu e Silena não tivemos nada realmente sério. Se não fosse por Annabeth, Thalia nem ao menos teria descoberto, e eu e Silena provavelmente teríamos acabado por um motivo qualquer.

Piper arregalou os olhos.

— Annabeth?  - ela perguntou voltando a si - Você disse que Annabeth contou a Thalia sobre você e Silena?

— Sim - ele concordou.

— Annabeth Chase? - ela perguntou para ter certeza. 

— Sim, a loira.

Piper se levantou.

 

●●

Silena enfiou a cabeça dentro da água quente da ducha. Ela podia ouvir as vozes das meninas no banheiro de Half-Blood ficar cada vez mais distantes. Havia ficado muito tempo ali? Não importava. Ela sempre ficava por último nas aulas de educação física. Não gostava de toda a dinâmica do banheiro comunitário, mas a agua do chuveiro realmente era quente e depois de tudo ela merecia. Ela se virou para a parede procurando esvaziar os pensamentos, mas não conseguia parar de pensar em Thalia, e não conseguia parar de pensar em Nico. Fazia tanto tempo! Ela nem ao menos se lembrava. Estava no primeiro ano e havia pegado Nico como parceiro de laboratório. Ela nem ao menos tinha um namorado na época! Mas Nico era tão... Diferente. 

É claro que o Nico de agora, diferentemente daquele de anos atrás, é assustador. E pessoas assustadoras costumam ser perdedoras. E se tinha algo que Silena odiava mais do que Thalia Grace eram pessoas como Nico. Na época ela e Thalia não eram mais amigas e ela sabia do namoro de ambos. Foi uma coisa tão vergonhosa que nem mesmo Silena teria coragem de contar.

Ela ainda se lembrava da briga com Thalia:

— Não dormi com Nico para me vingar de você, Thalia. Foi porque estava apaixonada por ele.

Thalia encarou surpresa o rosto de Silena.

— Você acha que eu acredito em você ou em qualquer coisa que me disser agora?

— Mesmo que não estivesse apaixonada por ele, você tinha acabado de expor a minha irmã ao ridículo e embora em parte eu tenha dormido com ele por sua causa, nós não éramos mais amigas.

— Eu sei – ela limpou uma lagrima solitária do rosto enquanto caminhava de volta a saída – Mas ate inimigos podem se respeitar.

Thalia havia saído furiosa depois da revelação de Silena e embora se sentisse gradativamente mal por ela, não podia sentir nem um pingo de remorso. Elas não eram amigas, não tinha que obter a aprovação de Thalia. Ao menos achava que não.

De repente fechou os olhos e algo a fez lembrar-se de Bianca. Tentando afastar tal pensamento abriu os olhos e olhou para as mãos.  

Mas não eram apenas suas mãos.

Estavam cobertas de um líquido vermelho e escuro. Ela se desesperou e então lágrimas ameaçaram cair. Estava chorando? Ela se virou ainda encarando as mãos e depois fechou os olhos com força.  

Os abriu novamente.

Nada de sangue.

Demorou, mas finalmente havia ficado paranoica.

 

Não havia ninguém quando saiu do banheiro. O corredor estava vazio e silencioso e tudo aquilo a deixava extremamente solitária. Ela caminhou ate seu armário guardando alguns livros ali e depois se virou para ir embora, mas algo chamou sua atenção. No mural da escola. No grande mural de recados de Half-Blood havia uma foto solitária de Silena e Thalia Grace. Elas estavam abraçadas como irmãs. Mas isso não era tudo. Um pedaço de uma folha de caderno estava preso junto a uma fita adesiva transparente. Silena a arrancou junto à foto. 

 

Qual é a serenidade no olhar de quem já fodeu as duas? 

 

Silena empalideceu, amassou o papel junto da foto e o enfiou na bolsa que carregava. Seu celular vibrou. 

— Alô?

— Silena.

Era Piper. Ela parecia nervosa.

— Piper o que aconteceu? 

Alguém bateu o armário com força. Silena se virou para trás, assustada. 

— Preciso te contar uma coisa - ela disse. Parecia estar dirigindo - Mas tem que ser pessoalmente. 

— Piper, você esta bem?

Ela demorou um pouco a responder. 

— Sim.

E desligou. Silena apertou as mãos contra a celular.  Depois discou o numero com pressa.  Estava na hora de uma conversa com quem menos gostava naquele momento.

 

O sol já tinha se posto quando ela viu o carro de Nico Di Ângelo estacionar atrás do dela. Árvores rodeavam a trilha por onde havia seguido e ninguém estaria por perto.  Sem risco de alguém os ver.  Se Silena o matasse ninguém saberia.  O pensamento a fez estremecer.

Nico bateu contra a janela fazendo ela se sobressair de imediato.  As portas foram destravadas para que o garoto entrasse.  

  - Eu não sei o que você planeja - ele começou - Mas eu não tenho que olhar mais para a sua cara.  

  - Aparentemente tem já que esta aqui - ela retrucou - Mas isso não importa. 

  - Por que me chamou aqui?  Pensei que tivesse medo de que eu a matasse - ele apertou os dedos - como fiz com a minha irmã. 

  - Nico - ela se virou para ele - Thalia sabe sobre nós. 

 Ela viu seu rosto mudar de sarcástico para surpreso em apenas alguns segundos e enquanto ele assimilava tudo ela desprendeu o cinto de segurança para que pudesse se virar pra ele.  

  - Você contou a ela? 

  Silena revirou os olhos. 

  - É claro que não!  - Ela apertou as mãos contra o próprio joelho, estava ficando quente ali - Nós juramos se lembra?  E eu nunca contaria a minha inimiga que transei com Nico Di Ângelo, você não é a melhor pessoa para se ter alguma relação.  

Uma rajada de vento passou pelo carro e Silena fechou os vidros. Nico a encarou. 

  - Não importa que Thalia saiba sobre nós, não estamos juntos há muito tempo. E tenho certeza que não são mais amigas.

  - Não estou aqui apenas por isso, Nico.  Eu sei o que você anda fazendo comigo e com os outros e te digo: não é uma boa hora para joguinhos.  Então se você decidiu se vingar pelo que aconteceu, eu juro que eu vou te matar. 

  - Como matou Bianca? 

Silena arregalou os olhos surpresa.  É justo que por essa ela não esperava, mas não deveria estar preparada para algo assim vindo de Nico? O cara a odiava mais que tudo e não pouparia esforços para destruí-la.

  - Eu não matei Bianca - ela rosnou - E você sabe disso. 

  - Eu também não a matei. Mas isso não significa que eu não esteja fora de toda a merda que você tramou.  - ele levantou a coluna ficando mais alto - Leo, Reyna, Thalia, Luke, Percy, Annabeth e ate mesmo sua irmã podem acreditar que eu tive uma parcela de culpa por ter confessado. Essa é a forma deles seguirem em frente, mas e você Silena?  Você sabe o que aconteceu.  Você sabe a verdade.  

  - Sabe qual é a minha forma de seguir em frente?  É saber que eu não mandei uma pessoa boa pra cadeia.  Eu mandei você. 

 

Todo mundo sabe que paus e pedras podem machucar.  Mas as feridas causadas pelas palavras de Silena Beauregard nunca cicatrizam. 

●●

 

Quando era amiga de Silena, Annabeth, Thalia, Piper e Reyna costumava achar que era a menos interessante do grupo. Quer dizer, olhando para o resto de suas amigas ela parecia nada mais que um pequeno grão de areia de uma praia completamente cheia. 

Silena sempre foi extrovertida e popular então ela sempre sabia como fazer novas amizades. Isso é claro, deixava as outras com ciúmes, mas ela era Silena Beauregard e ninguém conseguia ficar com raiva dela por muito tempo. 

Annabeth não era muito diferente. Era bonita e seu nome pesava em todo lugar. Os Chase's financiavam boa parte dos projetos escolares e isso fazia com que todos a rodeassem. Às vezes, Reyna não sabia por que ela cobrava tanto de si mesma, mas observando a família de onde vinha não podia se esperar menos. Além de tudo, Annabeth sabia como fazer qualquer um se sentir como ela queria. 

Thalia e Piper eram de longe as mais diferentes. Enquanto Thalia possuía uma personalidade forte e cheia de vida, Piper permanecia indiferente às coisas, usando seu próprios jeans desbotados e parecendo ainda assim...impecável.

E claro, havia Reyna. Não que fosse menos bonita, ou menos inteligente, mas ela era apenas Reyna e nada de muito grande ou revelador rondava a sua vida. 

Bem, isso foi antes de tudo aquilo acontecer. 

— Olá - a atendente cumprimentou enquanto observava tudo aquilo - Tem certeza de que não pretender matar ninguém?  - ela sorriu - Nenhum ex-namorado?

Reyna olhou sugestivamente para todas as coisas no balcão. Havia pegado um arco especializado com flechas mais resistentes, além de muitas facas de atirar com cabos extras fortes. Algumas cordas e correntes também complementavam a enorme bolsa azul a qual também levaria. Se não pudesse, comprar uma arma legalmente, então arrumaria seu próprio jeito de se defender.

— Tenho.

 

Quando saiu da loja, com a bolsa na mão e o arco na outra, algumas pessoas olharam para ela. Depois de finalmente entrar no carro ela pegou o telefone novamente e olhou atentamente para a mensagem.

 

A corda sempre arrebenta do lado mais fraco.

Acontece que estava cansada de ser o lado mais fraco.

 

Quando chegou em casa, teve uma surpresa nada agradável. Na verdade duas.

Ela não sabia por que exatamente sua irmã esperava impaciente por ela enquanto conversava nervosa com Percy Jackson e Leo Valdez, mas supunha que a irmã estava atrasada para algum compromisso, porque assim que avistou Reyna passar pela porta se despediu rapidamente e correu para fora.

— O que estão fazendo aqui? - ela perguntou jogando a bolsa delicadamente no chão.

Leo observou o arco em suas mãos com atenção.

— Não estava atendendo minhas ligações.

Reyna não sabia por que, mas sentiu uma raiva tremenda subir pelo seu corpo. Porque ela não atendia ligações agora eles tinham o direito de vir ate a casa dela?

— Não precisava ter vindo ate aqui - ela respondeu indiferente.

Houve um silêncio constrangedor enquanto ela desamarrava os sapatos. 

— Estamos aqui - Percy começou a falar como se não tivesse escolha - Por que precisamos de sua ajuda.

— É - Leo concordou.

— Por que acham que estou disposta a ajudar vocês? 

— Por que é o que você faz - Leo se escorou na parede - Você ajuda.

Reyna pegou a bolsa de volta e a levou para os fundos da casa. 

Eles a seguiram.

— Não acho que posso ajudar vocês - ela abriu a bolsa e tirou de lá as flechas.

O arco que Reyna havia pedido a Hylla para comprar era exatamente do jeito que ela queria. Perfeito para conseguir se motivar

— Eu descobri uma coisa hoje - Percy continuou - Quando estava com Annabeth.  Ela recebeu mensagens a ameaçando. - Reyna revirou os olhos. Isso todos recebiam.

— E...

— Havia algo de errado, essas eram diferentes - Percy parecia nervoso - Havia algo como: vocês têm 31 dias para me entregar o assassino. 

Reyna empalideceu. O que ele tinha acabado de dizer?  

— Como assim 31 dias? Quando ela recebeu isso?

Percy suspirou.

— Eu não sei. Mas a questão é que não podemos confiar nela.

Leo se encostou em uma parede.

— Achei que estivessem se dando bem.

— Não depois de descobrir que ela não iria contar isso para a gente - ele olhou para Reyna - Estamos nessa juntos sabe? Rachel quase foi morta por um possível "vingador" e ela recebe uma mensagem dessas e não nos conta? É como esconder um bebê de uma família!

— Isso é pior que um bebê - Reyna disparou uma flecha no alvo - Mas esqueça, eu não posso ajudar vocês.

Percy arregalou os olhos surpreso. Quando havia contado a Leo e pedido sua ajuda, o garoto havia proposto conseguir a ajuda de mais alguém, alguém como Reyna. Por que se Reyna estivesse com eles talvez Thalia também estivesse e ai Annabeth iria se dar muito mal por esconder isso. 

— Como assim "não pode"? - Leo fez aspas com os dedos e Reyna disparou outra flecha. Essa foi bem perto do centro.

— Eu não posso ajudar vocês - ela repetiu - Não agora.

— Reyna – ele disse paciente - se foi alguma coisa que a gente fez... 

— Leo - ela disparou - Não foi uma coisa que vocês fizeram, foi uma coisa que eu fiz! E quando vocês descobrirem não vão gostar tanto de mim a ponto de pedirem minha ajuda.

— Reyna...

— Leo - ela se virou disparando mais uma flecha - Vá para casa. A partir de agora, é cada um por si.

 

●●

Annabeth quase morreu - Leo balançou a cabeça - Reyna esta por conta própria, Piper não fala com a gente, Silena esta mentindo. 

— E nós estamos praticamente mortos - Percy concordou.

Percy olhou pela janela de seu quarto. Annabeth estava escrevendo em algo em sua escrivaninha, e quando levantou os olhos seu olhar encontrou o de Percy. Não por muito tempo. Ela logo se levantou e fechou as cortinas impedindo de ambos se observarem.

— Não podemos confiar em ninguém - Leo murmurou - Estamos piores do que nunca.

— Annabeth e Silena são umas mentirosas - Percy rosnou - Piper e Reyna não fazem questão de nos ajudar. Não sabemos nem se Luke sabe de algo. - É claro que ele ficaria do lado de Annabeth - Leo se jogou no carpete enquanto enterrava a cabeça entre suas pernas - Não vamos conseguir sair dessa porque vamos morrer quando sairmos daqui.  Nossas famílias serão arruinadas e nossas cabeças espetadas em um palito de pirulito na porta da prefeitura. 

  - Isso não vai acontecer - uma voz feminina irrompeu pelo quarto –Posso demorar a vida toda, mas vou acabar com ela.

●●

Piper estacionou em casa e desceu do carro mais rápido que o normal. Precisava falar com Silena. Mas não queria. Tinha enrolado durante todo o caminho para que adiasse o momento, mas não podia esperar mais. Estava na hora. Depois de anos, ela finalmente descobriu porque Thalia Grace - ate então a melhor amiga de Silena - havia jogado na cara de Piper que ela não era filha do mesmo pai de Silena. Na época, Piper havia ficado completamente arrasada, mas nunca entendeu por que de fato Thalia fez aquilo. Mas agora ela entendia. Tudo envolvia uma questão idiota de orgulho e teias de mentiras. Silena estava tendo um caso com Jason Grace, o irmão mais novo de Thalia.

Thalia havia descoberto e ficado furiosa.

Thalia contou para Piper o maior segredo de Silena.

Piper ficou devastada.

Thalia ficou com raiva.

Silena ficou furiosa. 

E Annabeth era o cabo da guerra.

Ela abriu a porta.

— Silena- chamou, mas ninguém respondeu - Silena! 

Piper olhou em volta e subiu as escadas correndo ate o quarto da irmã, mas não a encontrou.

Ela desceu novamente e parou na bancada da cozinha, onde um bilhete chamou sua atenção.

Piper,

Não sei se quando ler essa carta eu estarei fora da cidade ou se talvez eu esteja em outro Estado. Mas eu vou cair fora e se for esperta fará o mesmo. Eu não preciso dizer isso, mas Percy estava certo afinal de contas. Nico não é o problema, e mesmo que fique confusa, o fato de Nico não ser o problema na verdade é um problema. Sinto muito, mas não vou gastar mais nenhum salto alto correndo de ninguém. Sei que te devo muitas respostas e que irmãs não abandonam umas as outras, mas quero que se lembre de que viver fugindo é melhor do que morrer e ter seu sangue espalhado em uma pedra.

Tome cuidado,

S.


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Notas finais do capítulo

Aposto que vocês acharam que alguém ia morrer né? Ainda não, mas Silena vai ficar fora por alguns capítulos então podem sentir falta dela a vontade.
Não se esqueçam de fazer o teste (é rapidinho) e me contem quem deu: https://uquiz.com/PBn2Pp



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