Love from tragedy escrita por Mikaeru Senpai


Capítulo 3
9 de Agosto


Notas iniciais do capítulo

Seria realmente muito legal ter leitores. 'u'



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No dia seguinte, Grécia despertou primeiro. "Devem ser os remédios..." murmurou apaziguando a própria surpresa. Abriu os olhos verdes claros e mirou o semblante pacífico do Japão adormecido. Afastou, com a ponta de seu dedo uma mecha da testa do menor, suspirando quando o fez. Era doloroso ver como a própria cultura dele o feria neste momento, impedindo-o de se render e evitar mais sofrimentos. Tinha um mal pressentimento com relação à naquele dia e havia então decidido permanecer ao seu lado. 

Esfregou os olhos e jogou a bagunçada franja castanha para o lado. Logo precisava trocar os curativos. Levantou do chão e se espreguiçou, ajeitando sobre o ombro seu casaco. Mas percebeu ser melhor tirá-lo ali, não é como se fosse para qualquer lugar. Deixou a peça dobrada no quarto de visitas que Japão costumava preparar para si e foi para cozinha preparar alguma coisa, eles precisavam comer. 

Em suas últimas visitas Japão o ensinara a preparar alguns itens de sua culinária. Preparou o arroz e fritou o peixe do jeito que o oriental preferia "crocante por fora e macio por dentro... Não costuma ser assim que preparam, mas acho que o gosto fica melhor.". Sempre prestava atenção em suas preferências, eram importantes com pessoas com quem convivemos muito. 

Já preparava os pratos quando ouviu um ruído estranho, parecia algo quebrando. O ruído vinha da lateral da casa, próximo ao quarto de Japão. Franziu o cenho e decidiu vê-lo, correndo naquela direção ao ouví-lo gritar. 

Correu com o coração batendo desesperadamente e parou na porta do quarto, deparando-se com as roupas claras do menor sendo maculadas com o vermelho do sangue fresco que agora escorria. Ergueu os olhos para a saída do jardim. Um homem loiro com expressão boçal consideravelmente gordo ria e se afastava. Ele tinha um paraquedas caído nas costas e era içado de volta para um avião. 

Grécia amaldiçoou brevemente, correndo até Japão e o pegando no colo junto a si. Era grave, era terrivelmente grave. Desta vez ele fora ferido na lateral do corpo, no começo da coxa. Ele gemia febril, um gemido de dor contido, a expressão torcida em um choro quase infantil. Grécia tocou seu rosto com a mão manchada de vermelho e sussurrou que estava ali, que tudo ficaria bem e ele podia confiar em sua presença. "Vou cuidar de você.". E então ele parou de se mexer. 

Ainda respirava, constatou, mas era grave demais para ignorar. Colocou-o de lado na cama e puxou a bolsa de curativos. Limpou o ferimento, parou seu sangramento e começou a fazer o curativo habilmente. Aqueles ferimentos pareciam contaminados, era preocupante e ele não tinha certeza do que fazer quanto a isso. Mas sabia que o Japão não aguentaria sofrer outro ataque. 

O telefone tocou. 

— Yoo! Japão, tudo em cima, bro? - Disse a animada voz do outro lado da linha. Grécia ficou em silêncio. - Hey, hey, por que não fala nada? - Riu escandalosamente, após um suspiro voltou a falar. - Está indisposto? Não se sente bem? Posso ligar outra hora se quiser! Só queria mesmo saber se agora você pode parar de resistir por que nós estamos bem cansados da sua insistência. Sério, bro. É bem cansativo ter que lidar com vocês. Acho que se mais dois amigos meus te visitarem não vai sobrar nada nem pra contar história... Bom, você não parece afim de bater papo agora e eu respeito isso! Então até mais! - Antes que Grécia desligasse ele voltou a falar - Ah é, e eu serei super legal com você, Japão. Vou te dar a oportunidade de ser um herói. Renda-se, poupe os japoneses. Bye bye

Então, finalmente, desligou. A ligação deixara Grécia com dor de cabeça. Barulho, muito barulho. Tratava como podia do menor, finalmente terminando os curativos. Pegou Japão no colo e o levou para o quarto de visitas. Trocou suas roupas, limpou o sangue em seu corpo e o colocou ali. Tocou seu rosto e o alisou com o polegar. Devia ser difícil se envolver com essas coisas, e agora veja o que custou. Se odiou por não ter poder militar suficiente para defendê-lo, não poder intervir realmente e salvar sua vida. 

— Eu sou inútil, não sou? - Lamentou reparando que suas roupas e... Tudo, tirando especificamente suas mãos, estava sujo com o sangue do pálido inconsciente Japão. 

Levantou e foi se lavar. 

Virou o balde com água morna sobre a cabeça. A água fez sua franja ficar rente à sua pele, sensação muito desagradável. Afastou os fios de seu rosto muito mal, deixou-os bagunçados e estranhos para os lados e levantou para entrar na banheira. Então ouviu passos. Franziu o cenho e apanhou uma toalha, amarrando-a frouxamente em volta da cintura. Abriu a porta e olhou para fora ficando ainda mais tenso com o que via. 

Japão estava, inacreditavelmente em pé. Havia posto - muito mal - seu uniforme branco e dourado e agora caminhava em direção à porta. Sua face pálida obstinada com a teimosia oriental deixou Grécia irritado com sua falta de auto-preservação. 

— Japão! - Ele virou os olhos lentamente para encarar o maior, estava com tanta dor que não aparentou se importar com a ausência de roupas do grego. - O que você está fazendo? 

— Preciso... Pedir pro Imperador... 

— Você precisa se recuperar e-

— Não! - Interrompeu-o escorregando contra a parede, mas antes de tocar o chão Grécia o amparou. Era tão pequeno em seus braços. - Eu preciso... - As palavras que saíram à seguir o fizeram com clara relutância - Eu vou me render. 

— ...

— Preciso... Pedir que o Imperador se renda. 

— Tem que ser agora? - Puxou Japão para si como se aquele abraço fosse protegê-lo. - Você não podia estar pior. 

— Quanto mais cedo... Mais cedo eu posso descansar. 

— Use o telefone. 

— ... Não posso "usar o telefone" para falar com o Imperador. 

— Use o telefone ou eu vou usar. 

Japão não teve tempo de discutir com ele. Não deixaria que piorasse. Iria cuidar dele até que estivesse em 100% novamente. Deitou-o na cama contra a sua vontade e começou a tirar seu uniforme. Japão provavelmente ficaria vermelho caso tivesse sangue suficiente para isso, então ele apenas tentou segurar suas mãos. "Sério mesmo?" pensou ao lançar um olhar de reprovação ao menor. Dificilmente tinha oportunidade de vê-lo fazer aquela expressão, franzir o cenho e desviar o olhar. "Bonito". 

— Você sequer colocou sapatos.

— ... Eu estou ferido.

— Você tinha mesmo intenção de ir até o Imperador nessas condições? 

— Na verdade... - Ele manteve o rosto virado para o lado oposto, mas retomou sua expressão tranquila. - Eu imaginei que você fosse me ajudar. 

— Primeira conclusão sensata vinda de você hoje. - Sorriu. 

Japão o olhou de canto que sorriu de volta, mesmo que brevemente antes de deixar de observá-lo. Cobriu o menor e alisou o seu rosto novamente, chamando sua atenção. Os dois se observaram em silêncio como sempre, sem nenhum desconforto na ausência de palavras. Grécia levantou e trouxe o telefone daquele quarto até o menor, deixando que ele discasse.

A ligação foi inacreditavelmente breve. Japão explicou que fora atacado duas vezes por um novo e perigoso tipo de arma. Explicou que estava gravemente ferido e pediu perdão por não poder ir até o Imperador para lhe explicar tudo isso. Também explicou que era necessário que se rendessem, disse que não aguentaria um novo ataque. 

O Imperador pareceu compreender e desligou. Grécia afastou o aparelho e olhou para o amigo. Japão estava distante, surpreendia-se por ele ainda estar acordado.

— Desculpe. 

— Pelo que? - Afastou a franja escura do menor de sua testa.

— Te dar trabalho. Vou compensá-lo por isso, Grécia. 

— Não se preocupe. - Grécia levantou e ajeitou as cobertas mais uma vez. - Você faria o mesmo por mim. 

— ... Posso te pedir apenas uma coisa? - A voz dele escapava fraca e doente. Grécia fez que sim e aproximou-se para ouví-lo melhor. - Vista-se, Grécia. 

Pareceu tenso ao desviar o olhar desta vez. Havia esquecido estar apenas de toalha, entendeu o ponto do menor, apesar de nunca entendeu seu pudor exagerado. Levantou da cama decidido a terminar seu banho. 


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Notas finais do capítulo

Oi, leitores? 'u'



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